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segunda-feira, janeiro 22, 2024

QUAL O MELHOR DEUS? - A DEMONIZAÇÃO DAS OUTRAS RELIGIÕES - PARTE 10 DE 11

 

A DEMONIZAÇÃO DAS OUTRAS RELIGIÕES

Como eles podem justificar esse modelo de vida única, inferno eterno e salvação pela igreja se têm ao lado uma religião que eles reconheceriam ser do mesmo deus supremo e o entendimento delas for outro?

Não podem.

Essas outras manifestações têm que ser cultos a falsos deuses ou ao diabo que enganam a pessoa com uma falsa teologia e uma falsa esperança para afastá-los da salvação e os condenarem ao inferno eterno, que é o objetivo do diabo.

Igualmente, se na visão deles, se você não for a deus você não será salvo e o único deus o de verdade é o deles, porque o próprio deus anunciou assim.

Desta maneira, como uma consequência da teologia diabólica, as demais religiões o condenam ao inferno porque o afastam da igreja e se o afastam da igreja o afastam do deus de verdade e assim são, na verdade, obras do diabo.

As demais religiões, Ifá entre eles, reconhecem a importância do deus supremo e o distanciam naturalmente das pessoas. Ele está presente, ele existe e é reconhecido, mas, ele cuida do todo da existência, a vida emana dele, o equilíbrio emana dele, é ele que mantêm tudo funcionando. A presença do deus supremo junto a nós é humanizada, assume sim, de fato, uma face humana nas divindades que o representam junto a nós. O deus supremo se faz representar junto a nós de forma humana para que nós nos reconheçamos nele. Em Ifá o deus supremo não tem forma, mas, suas divindades, ministros, têm.

O que isso tem de errado ou de menor? Criticamente, ao meu ver, nada, pelo contrário é muito mais razoável do que esperar que o deus supremo cuide individualmente de nós.

Mas os judeus e cristãos não reconhecem divindades. Apesar deles reconhecerem, no próprio AT que deus se manifestava através de anjos, eles não reconhecem divindades. Apesar dos católicos terem um culto com anjos e santos, eles não reconhecem divindades nas outras religiões. Apesar de Jesus ter sido um semi-deus, eles não consideram que outras religiões entendem que temos divindades representando deus junto a nós e que representar deus não os torna deuses..

Apesar de em Ifá e na religião de Orixá (Òrìṣà) nós termos contato e experiência real com divindades que representam deus e delas só emana o bem, eles não acreditam no nosso bom senso e juízo.

Apesar de na Umbanda termos contato com espíritos menores, ex-vivos, que trabalham pelo bem e a caridade, tratando os problemas e ajudando e salvando vidas em nome de deus, eles continuam a achar que não temos bom juízo e que milhares de pessoas são enganadas.

O mundo real mostra que milhões de pessoas acreditam, veem e sentem manifestações de um supernatural que é diferente da teoria da bíblia, mas, isso não importa. Não interessa o nosso conhecimento, não interessa a nossa experiência, não importa nós falarmos que aquilo é divino, não importa deus fazer pequenos e grandes milagres na nossa vida.

Nós não importamos.

O que importa é o que está escrito no livro que eles veneram e adoram como um deus e que foi escrito por pessoas. O que importa são regras antigas e que a realidade atual o que vivemos na pele, mostra que não têm razão e que ou alguém se enganou ou eram coisas que tiveram um contexto naquele tempo, mas que mudaram.

Para pessoas que se dizem religiosas essas pessoas não tem nenhuma fé humana.

Não somos 55% da população da terra, mas, somos milhões de pessoas que presenciam essa atuação de deus e mesmo assim, somos pessoas enganadas na visão deles.

Na visão deles que rezam para o silêncio e cuja resposta a suas preces é apenas a fé e o silêncio, nós somos os tolos.

Nesse contexto, qualquer outra religião passa a ter que ser uma obra do diabo. A teologia, humana, que eles inventaram leva a isso. Lembro a todos que a natureza humana é falha e assim toda obra humana é sujeita a erro. Qualquer teologia é uma obra humana, já expliquei isso e assim pode estar toda ou parcialmente errada. Deus é sagrado, mas, as obras humanas podem falhar em algum grau.

Contrariar a teologia cristã não é contrariar a deus.

Enquanto a teologia de induístas, Orixaístas, budistas, shenistas, xintoistas e outras são diferentes entre si mas podem conviver perfeitamente uma ao lado da outra, a religião cristã não tem como conviver com elas, não com a teologia que têm.

Desta forma sejam os judeus como os cristãos, cada um a seu modo, inventaram essa tese insana de propriedade de deus, que lhe é conveniente, mas que despreza a grandeza de deus.

É nesse ponto que as demais religiões do mundo, obras do mesmo deus supremo, assim como a religiosidade natural das pessoas, passa ser um elemento de oposição que dever ser combatido e eliminado. Não só porque não podem ser criações de deus, uma vez que deus em pessoa foi até eles, como, também, porque sendo obras de deus não podiam ter teses teológicas diferentes das deles, que não obrigam a pessoa a se submeter a religião.

Essas demais religiões têm que se tornar obra do diabo, de demônios de falsos deuses ou deuses fracos e estranhos.

Essa parte menos nobre que eu citei é criação teológica humana, sem nenhuma base em cristo. Mas isso gera um pacote que obriga as pessoas a serem religiosas e da religião certa, a deles. A religião deixa de ser uma opção e passa a ser uma imposição ou se é religioso ou se sofre no inferno pelo resto da existência. Além disso, traz para a humanidade a questão escatológica do apocalipse eminente. É o império do medo.

Mais uma vez, cada um que viva como quer, se você gosta disso seja cristão. Mas, não é tão simples. Para esse modelo funcionar não pode ter outro modelo falando diferente. As demais religiões, que não falam isso não podem ser coisas de deus. Não pode ter outra religião, ligada ao mesmo deus com uma teologia diferente.

Temos a raiz dessa intolerância. Como eu desenvolvi, o problema não é eles acharem que o próprio deus apareceu para eles. O problema é a teologia que eles construíram por conta deles, em concílios que incorpora dogmas que tornam a existência de outros dogmas inaceitáveis.

Como vai funcionar a teologia católica se tem uma religião do lado, ligada ao mesmo deus, que cultua o mesmo deus e que diz que não tem inferno? Que você vive várias vidas? Que o mundo não vai acabar um dia?

Se eles aceitam que a religião do lado fala com o mesmo deus e não tem essas coisas as pessoas vão para essas religiões. Dessa maneira deus só pode ser o deles e os demais têm que ser demônios.

Qual o modelo que separa todo o tipo de anjo (são vários) e santos e seus milagres das divindades das demais religiões? O que precisa fazer um Orixá (Òrìṣà) para ser um diabo?

Qual a sua capacidade de julgar o trabalho de deus através de outra religião? Para você falar que é o diabo na outra religião você tem que entender e mostrar porque é o diabo. Por que não é deus. O que naquela religião e naquela manifestação relaciona o que você vê com o diabo, lembrando que o conceito de diabo é apenas cristão. O diabo é uma invenção cristão medieval, não existe na bíblia.

Explicar que o diabo é medieval e que não está na bíblia é algo que quem discorda pode buscar esclarecer com facilidade, fora a própria bíblia existem pessoas que analisam isso em detalhes através de literatura. Este é um tema interessante porque é uma certeza de muitos, base teológica de vários e assim dá um grande prazer de enfrentar, mas, não dá para fazer aqui. Fica essa dica, o diabo, assim como o apocalipse é uma invenção medieval. Toda essa cultura angelical também, o que as pessoas falam de anjos está em literatura apócrifa e foram coisas que os judeus aprenderam no exílio da Babilônia, isto é, aprenderam com outros povos.

Encerrando esse texto, quero ressaltar 2 coisas. A primeira é que esta foi a razão de eu ter iniciado longamente sobre a discussão da grandeza de deus. Sem esse conceito fica impossível chegar até aqui. A posição judaica e cristã são uma ofensa a grandeza de deus.

A segunda é que a teologia católica tomou rumos absolutamente humanos através do concílios, a teologia foi definida ali, por pessoas e essas decisões foram referendadas pela afirmação de que aquelas pessoas todas faziam aquilo inspiradas por deus. Os católicos têm razão ao dizer que sejam católicos primeiros e depois abram a bíblia, uma coisa não tem a ver com a outra.

Mas o problema da intolerância com as demais religiões tem origem de fato na visão do deus pessoal, particular. Isso obriga que as demais estejam erradas se forem diferentes. O que os católicos fizeram depois foi amplificar isso e materializar de uma forma que os judeus não fazem. Os judeus acham que estão certos, mas, para os católicos os outros tem que estar errados.

Assim para encerrar esse longo texto para um assunto tão simples, não temos um melhor deus a escolher. Se você crê em um deus supremo se sua religião crê em um deus supremo, você já escolheu o deus certo, o único.

Os cristãos têm um problema teológico particular para resolver.



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