Pesquisar este blog

sexta-feira, março 12, 2021

Os problemas que crianças vindas do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) sofrem [ Entendendo a religião Yoruba - Pt. 50]

 texto anterior:  O envolvimento dos companheiros do egbe orun

 

 

Os problemas que crianças vindas do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) sofrem

 

Existem alguns indicadores importantes de que a criança é assediada pelos companheiros do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Mesmo não sendo Àbíkú, como expliquei isso pode ter consequências ruins.

Os indicadores disso são:

  • Desmaios frequentes

  • Ausência de atenção

  • Sonambulismo

  • Desmaios

  • Falar dormindo

Um outro indicador muito importante é quando a criança come muito e não engorda. Isso significa que seus companheiros estão se alimentando do que ela come, assim apesar do volume ela não ganha peso. Desnutrição é um sinal de egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) muito presente e até de Àbíkú.

Doenças que acometem sucessivamente a criança podem estar associado ao chamado dos amigos do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) para ele retornar.

As crianças que sofrem doenças psicológicas ou tidas como neurológicas, como deficit que atenção, dificuldades de aprender na escola, hiperatividade ou dislexia, por exemplo podem ser crianças que são perturbadas por egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Crianças com dificuldade na escola, que brincam horas sozinhas, com sonos agitados ou pesadelos, igualmente.

Atualmente, toda vez que crianças, na infância, mostram esses desvios eu recomendo que antes de gastar horas em psicólogos ou usar remédios sem fim, que se verifique se não é um caso de pertubação por egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Já vi casos no presente e do passado com essa situação. Em uma consulta vi um adulto que tinha esse vínculo e isso atrapalhou demais a infância dele e depois sua vida e o desenvolvimento dele como adulto, prejudicando bastante a sua vida e carreira.

Cabe ao Bàbáláwo, com ética e seriedade avaliar se existe relação com o egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e se ele tem algo a ajudar. Se não tem, deixe a situação com a medicina.

O egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) se afasta quando a pessoa cresce, mas, já pode ter deixado no adulto prejuízos que não serão mais recuperados.

Pode ocorrer é que o espírito do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) decide ficar no Àiyé, mas, pode ser que os seus companheiros pensem o contrário e fiquem o perturbando. Assim, a presença do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) é algo para ser evitada na vida dos nascidos. Não existe NENHUMA razão para essa ligação ser mantida. Como eu disse podem ter casos, raros, em que ajudem, mas, eu não recomendo que eles sejam mantidos junto a crianças em crescimento. O egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) é um grupo bem difícil de ser controlado, bastante indisciplinado e pouco controlado. Recorrer a ele é um risco grande. Temos entender que eles não são egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), e muito menos estão no órun (Ọ̀run), estão egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e estão no Ìrònà temporariamente.

quinta-feira, março 04, 2021

O envolvimento dos companheiros do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) [ Entendendo a religião Yoruba - Pt. 50]

 texto anterior:  A familia que recebe as crianças

 

O envolvimento dos companheiros do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run)

 

Vamos então deixar de lado a exclusividade de Àbíkú no tema e vamos tratar de forma ampla.

Por estarem localizado no Ìrònà os espíritos das crianças do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) tem acesso ao Àiyé e estão presentes entre a gente, eles tem essa facilidade de acesso. Dessa maneira, quando um de seus companheiros renasce pode haver a manutenção do contato entre eles, do renascido e das crianças do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Isso não é sempre, depende do nível de ligação entre eles lá, é claro.

Assim, para os Àbíkú, esses espíritos poderão participar do processo de retorno deles ao Ìrònà. Eu não creio que eles serão responsáveis por matá-lo, matar é uma coisa muito séria, mas podem levar a criança a acidentes por distração, por exemplo. Não são raros relatos de crianças que tem amigos invisíveis, que brincam sozinhas, falam sozinhas e veem o que a gente não vê.

Como explicado, as crianças vindas de Orixá (Òrìṣà) poderão sofrer com a presença de seus companheiros do Ìrònà, seja para brincar com ela ou para cobrar delas o seu retorno. Os mitos do Cuoco mostram bastante esta ocorrência. Todos temos que entender que, uma vez que elas vieram do Ìrònà e que os demais espíritos que conheceram no Ìrònà tem acesso ao Àiyé, a presença desses espíritos poderá ser sentida pela criança e até mesmo pela família.

Mas esse contato entre nascidos e o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) tem que ser monitorado, porque situações não tão favoráveis podem ocorrer. Temos que lembrar que esse contato é inconsciente, ocorre a noite e a criança não se lembra deles e se de dia não tem a consciência disso. Quando a pessoa cresce eles se afastam, mas, antes disso podem deixar o adulto em uma posição ruim.

A minha opinião, como Bàbáláwo é que esse vínculo tem que ser quebrado para que o renascido possa ter uma vida mais tranquila. Manter esse vínculo sempre traz problemas. É risível, na minha opinião, a intenção de Bàbáláwo que indica iniciações para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), se isso fosse sério, em vez de um placebo, somente seria aplicado se o objetivo for o de desgraçar a vida da pessoa. O que salvam as pessoas é que essas liturgias malucas como iniciar para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e fazer assentamento para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e assentar Exú (Èṣù) para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) é apenas placebo.

terça-feira, março 02, 2021

A família que recebe as crianças do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) [ Entendendo a religião Yoruba - Pt. 49]

 texto anterior:  A origem dos Abiku

 

 

A família que recebe as crianças do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) 

 

A família que está recebendo a criança vindo pelo Orixá (Òrìṣà) do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), tem a missão divina de manter esse espírito, anteriormente maltratado, no Àiyé, trazendo-o para a sua linhagem familiar. Toda as crianças vindas de Orixá (Òrìṣà), que estavam no Ìrònà vão requerer muita atenção das famílias que as recebem e esse é a minha principal mensagem aqui.

Não quero tratar apenas dos Àbíkú e muito menos tratar eles como um mal teológico. Os Àbíkú são vítimas. Quero tratar aqui de todas os espíritos que vão para o Ìrònà e voltam a renascer.

Ao receber uma criança vinda de Orixá (Òrìṣà), a família tratará sempre de um egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Saber essa situação com antecedência facilita muito o trabalho que deve ser feito e o oráculo de Ifá oferece às famílias essa possibilidade. Alerto que as religiões não são estanques, o que existe é um único deus e um único supernatural. Cada religião encontrou entendimento desigual e uma forma própria (associada a cultura onde a religião foi criada) de explicar isso para as pessoas. Não conhecer a existência de uma determinada situação, porque não teve essa fonte de informação, não nos imuniza de tratar as situações. Assim sendo, qualquer pessoa na face da terra, nos bilhões de habitantes, poderá passar por essa situação. Como eu disse, fica mais fácil quando a gente reconhece a situação.

Os Àbíkú exigem uma atenção muito especial, porque eles vão nascer e querem morrer para voltar ao Ìrònà. Manter um Àbíkú não será somente através de carinho, amor e atenção, será também através do supernatural, através de Ifá. Mas junto com isso, com a atuação através do supernatural, esse espírito também tem que se sentir amado, desejado e querido, para que ele mude de idéia e seus companheiros do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) o deixem em paz. A presença da criança tem que ser importante para aquela família que terá que se esforçar muito mais para manter o Àbíkú no Àiyé. Não será apenas um processo de magia, também será a própria família desejando isso.

O Salami é um Bàbáláwo de família tradicional entre os yorùbá, ele diz aquilo que a família dele ensina. O relato que ele fez da criança Àbíkú, no qual os pais mutilavam a criança para marcar o Àbíkú e, a cada renascimento, o tratavam de forma pior, reflete bem o pensamento e entendimento da maior parte dos yorùbá sobre o tema. Eles perderam o conhecimento da religião e da teologia, eles fazem uma religião baseada no que os antropólogos escrevem nos livros. Só que a religião deles é densa demais e complexa demais para eles procederem assim. Eles lá, na terra deles, estão preocupados em fazer ebó (ẹbọ) para os estrangeiros.

O relato dele, Salami, que eu citei, não envolveu, de fato, um Bàbáláwo, ele relatou o que a família fazia a respeito da situação, ele contou uma história, mas, de nenhuma maneira, em seu relato, ele mostrou, crítica, alternativa ou qualquer outro ponto de vista sobre o mesmo assunto. Me pareceu que, para ele, é aquilo mesmo. O Cuoco, por sua vez, mostrou os mitos, mas, comenta sua opinião, que eu destaquei, que os Àbíkú não são o mal. É isso, essa religião precisa de abordagem religiosa, inteligente e com bom senso.

Os Àbíkú são assim, de fato, um caso agudo que precisa ser tratado com amor pela família e com ajuda de um Bàbáláwo. Senão será difícil mantê-los. Eles são casos extremos.

Mas, a maior parte dos casos de crianças vindas do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), é de não Àbíkú e para eles eu volto agora a minha atenção.

Receber um egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), uma criança de Orixá (Òrìṣà), requer muitos cuidados. Informo que essas pessoas que recebem uma criança de Orixá (Òrìṣà) é porque foram pedir a Orixá (Òrìṣà) para ter um filho.

Um dos casos mais comuns que aparecem para os Bàbáláwo são as mulheres que querem ter filhos e não conseguem. Isso é um caso comum em nossa sociedade, existem causas que as vezes a medicina explica e outras que não tem nenhuma explicação decente. A medicina não tem esse compromisso de ser assertiva, mais do que crer nas religiões tradicionais, hoje em dia, crer na medicina é outra religião. Você tem que acreditar em todo o tipo de imprecisão e ainda achar que é ciência.

Mesmo os casais que recorrem a inseminação artificial, podem ter dificuldade nesse processo de fertilidade. Esta religião explica aos Bàbáláwo que existem motivos ligados ao supernatural, como maldições, feitiços, pragas-de-barriga e também pessoas que vieram ao mundo para não ter filhos. Fez parte da sua preparação, dos seus objetivos, por exemplo, não ser pai ou mãe. Assim, nesses casos, mesmo que agora queiram vai existir uma causa superveniente que os impede e, para mudar isso, esse destino ou essa maldição, alguma coisa terá que ser feita em termo de magia e através de Orixá (Òrìṣà), porque essas são condições que foram criadas aqui no Àiyé.

Falo isso com essa certeza porque eu já lidei com muitos desses casos, assim como lidei com vários casos de egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e Àbíkú. Eu não falo aqui porque eu li isso em algum livro de antropólogo, é o contrário, minha prática, meu destino (meu signo de iniciação) como Bàbáláwo me levou a ter esta experiência e sou eu que estou aqui descrevendo o conhecimento e experiência que adquiri.

No processo de reversão dessas situações de não gravidez, podemos encontrar uma causa simples, como uma coisa do corpo ou uma negatividade, feitiço, maldição ou atuação de ajé (Àjẹ́) que serão removidas com o trabalho do Bàbáláwo no seu ópon Ifá (Ọpọ́n Ifá). Mas podemos também ter essa origem mais complicada, que veio do próprio órun (Ọ̀run) e não foi gerado no Àiyé. Tudo que vem do órun (Ọ̀run) é complicado, tudo o que vem do próprio Àiyé é mais simples.

Para esses casos mais complicado não bastam os ebós e sacrifícios, a pessoa tem que estar complemente comprometida e cerimônias especiais, encenações, não apenas ebós, usamos liturgias tradicionais da sociedade yorùbá, envolvendo Orixá (Òrìṣà) especiais para isso. Liturgias serão feitas para “encenar” essa decisão e essa mudança de resolução de modo que aquilo que veio do órun (Ọ̀run) possa ser modificado, junto com a profunda manifestação do desejo da pessoa, vindo de sua alma e com a imprescindível interveniência de um Orixá (Òrìṣà). Um dos rituais para isso é chamado de Ìgbàjá.

Na religião yorùbá temos toda uma categoria de Orixá (Òrìṣà) que são comprometidos com esse trabalho de trazer os filhos e lidar com o egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). São os Orixá (Òrìṣà) Ọlọ́mọwẹ́wẹ́. Não é apenas um Orixá (Òrìṣà), são vários que entram nesse grupo. O culto de Gélede (Gẹ̀lẹ̀dẹ́), tão cercado de mistério aqui no Brasil, apenas por desconhecimento, é orientado para isso, para dar filhos as mulheres e mantê-los vivos. O culto Gélede (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) está diretamente ligado ao egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). A ligação do culto de Gélede (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) com ajé (Àjẹ́) é apenas porque ajé (Àjẹ́) é uma das principais causas de esterilidade feminina, de não fertilidade e cabe ao culto de Gélede (Gẹ̀lẹ̀dẹ́), a Ìyá Nlá, aplacar essa causa.

A interferência do Orixá (Òrìṣà) para essas questões de fertilidade que vêm do órun (Ọ̀run), os motivos “O ti órun (Ọ̀run) wá (Otọ́runwá)”, é essencial. Para atender ao pedido de ter filho, o Orixá (Òrìṣà) vai ao Ìrònà e traz uma dessas crianças, desses espíritos em sua natureza infantil ainda, para renascerem nessas famílias que pedem para eles. Assim a pessoa pede o filho ao Orixá (Òrìṣà), o Orixá (Òrìṣà) vai atender, mas, vai buscar uma criança do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run).

As crianças selecionadas poderão ser uma que se transforme em um Àbíkú ou não, não importa, uma vez que o Orixá (Òrìṣà) defina cabe a família recebê-lo. Lidar com o caso de Àbíkú será uma missão da família e existem outros Orixá (Òrìṣà) específicos para lidar com essa situação. Eu não acredito que uma família não lide com um caso de Àbíkú sem algum motivo relevante para isso. Um caso típico de Àbíkú, poderá ser o de mães que, por exemplo abortaram, como uma forma de rejeição à criança que ia nascer e o Orixá (Òrìṣà) traz essa mesma criança para a mãe.

Veja, o fato de ter abortado não implica em Àbíkú e muito menos traz o chamado “carrego de Àbíkú” para a família. Eu sempre entendi isso dessa forma e mantenho esse pensamento, esse modelo proposto por mim acomoda tranquilamente esta situação. Abortos naturais ou acidentais não são motivos de rejeição, eles simplesmente ocorrem. Pode ser que o espírito que ia nascer volte ao órun (Ọ̀run) ou fique no próprio Ìrònà aguardando a próxima oportunidade de renascer.

Nem todo aborto provocado também gerará esse sentimento de rejeição. Como eu expliquei não é automático a rejeição, quem se sente rejeitado é o espírito que ia nascer e as circunstâncias que levaram ao aborto, como mal-formação, doenças congênitas ou mesmo estupros, podem gerar no espírito que ia nascer a compreensão das razões e ele então aguardará a sua nova oportunidade.

No modelo que eu estou explicando o Àbíkú é causado pelo próprio espírito ele se transforma no tipo Àbíkú porque isso, essa rejeição a nascer e a vontade de querer ficar com seus companheiros surge nele. Inicialmente no Ìrònà ele pode não ter esse tipo de opção, mas, com o passar do tempo, por exemplo isso pode nascer nele. Vamos dizer que uma mulher aborte porque quis, algum motivo, o espírito fica no Ìrònà e com o passar do tempo, talvez anos esperando o renascimento que não vêm ele passe a rejeitar o renascimento. O que estou dizendo é que, sim, não temos uma regra, temos uma situação aleatória, probabilística na qual poderá ou não haver a ocorrência do Àbíkú. Não estou forçando nenhuma explicação, o que estou dizendo é uma coisa natural. Desta forma passamos a suporte nesse modelo o mundo real, no qual a ocorrência de Àbíkú é aleatória e não segue nenhuma regra, por mais que as pessoas tentem simplificar isso. É de fato complexo e por isso mesmo as pessoas não entendem. Veja, é complexo porque se busca as causas erradas. Como eu citei, aplicando a Lâmina de Occan, simplificamos tudo e obtemos a melhor explicação para esta situação.