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sexta-feira, fevereiro 25, 2011

A consulta a Ifá através do ìbò

Este texto esta sendo publicado a pedido. Eu lamento se o entendimento não for completo uma vez que o mesmo faz parte de um conjunto maior e ele também teve que ser reduzido, assim, algumas coisas podem não ser entendidas. Além disso a edição não ficou muito boa, porque foi um copiar-colar de um texto em StarOffice.
O objetivo principal foi trazer uma explicação sobre o uso do Ìbò em Ifá.

O Ìbò também é conhecido como ìránnṣẹ́ e são referências usadas em Ifá para se fazer uma pergunta diretamente ao oráculo. Qualquer tipo de pergunta que seja feita a Ifá, vai ter respostas SIM e NÃO, e serão feitas usando o Ìbò. Ifá responde coisas complexas através de um Odù ou diretamente através desse processo binário de pergunta.

Um Babalawó deve usar sempre seu Ifá para saber o que fazer. Deve perguntar antes de fazer e não depois de ter feito. Essas perguntas são feitas usando o Ìbò.

Em Ìròsun-ògúndá (Ìrsoùn-wááwaá) Ifá diz:

gbọọrọ làá gbẹ́ 'lẹ̀ aláṣọ o
Com respeito as pessoas preparam o lugar de descansar de uma pessoa próspera
Kìrìmù-kìrìmù làá sunkú emèrè
Com leviandade as pessoa preparam o enterro de uma criança destinada a morrer (àbíkú)
A dià fún àbẹ̀bẹ̀-bí igbòdú
Ifá foi consultado para abébé-bi igbodu
kínní ò jé ń ráyè bá'kú lọ o
Que o preveniu de cair vítima da morte
Ìbò ọ̀pẹ̀ ní mò ń dì
Ibo foi usado para perguntar a Ifá
Ni ò jẹ̀ ń ráyẹ̀ bá'kú lọ o
E eu não fui vítima da morte

O objetivo mais comum do Ìbò é para se obter uma resposta SIM ou NÃO para uma pergunta que pode ser feita pelo olhador ou pelo consulente. A resposta é obtida através da designação de Sim e Não para 2 objetos que são escondidos dentro da mão do consulente. Sem que se saiba o seu interior de cada mão, através de 2 caídas de ọ̀pẹ̀lẹ̀ ou 2 jogadas de búzios, usa-se o Odù mais antigo para determinar a abertura de uma das mãos. O seu conteúdo vai determinar se a resposta é SIM ou NÃO, ou seja, será feita a escolha de 1 entre 2 alternativas.

O Ìbò é a ferramenta de oráculo que traz para ele a característica de interatividade, de transparência e confiabilidade ao oráculo de Ifá. 

Em Ifá o olhador não joga sozinho, ele o faz através do orí e do òrìṣà da pessoa. Assim o processo de ìbò existe para permitir esta participação conjunta do olhador e do orí do consulente.

Isso é muito diferente de você se sentar à frente de um olhador e ele falar um monte de coisas que diz estar “vendo” no jogo dele, ou você fazer uma pergunta, ele jogar os búzios e dar a resposta ou ainda, ele joga os búzios e fica falando um monte de coisas relativas a vida, outras pessoas, parentes, etc... Isso, não é Ifá, é apenas vidência e o olhador poderia estar jogando palito de fósforo ao invés de búzios.

Mas, antes de prosseguirmos, cabe uma nota. O ìbò tem, como se verá, 2 usos. O primeiro. Mais básico e convencional, que é este processo de escolha de 1 entre 2 opções através de uma interação entre o olhador e o consulente. Isto é chamado jogo do ìbò

O outro uso, exclusivo de Ifá, é quando existe um conjunto de objetos, chamados de ìbò, e que cada um tem um significado (destino, dinheiro, relacionamento, etc.). Através da jogada de um Odù para cada objeto se escolhe um dos objetos (ìbò) ou uma sequência deles e o seu significado, do objeto, não do Odù complementa a interpretação do ọmọ Odù criado inicialmente irá influenciar mais a vida do consulente.

Assim a expressão ìbò passa a traduzir este tipo de influência e não somente um simples processo de jogo de escolha.

No primeiro método, SIM ou NÃO, o ìbò é usado em um processo bem simples e aplicado toda vez que se necessita de uma resposta sim ou não. O ìbò não tem respostas intermediárias e este estado binário é o único possível. 

As perguntas a serem feitas devem ser sempre muito claras no sentido de direcionar sua resposta para um simples sim ou não. Deve-se tomar o cuidado para evitar perguntas formuladas em construções complexas onde se pede o não para uma afirmativa falsa, ou seja, o não é sim. O formato correto é uma pergunta que tenha como resposta SIM ou NÃO e cujo SIM seja a resposta que você espera.

O procedimento é bem objetivo. Para uma dada questão colocada pelo olhador ou pelo consulente, é escolhido um ìbò (a serem detalhados a seguir) para designar a resposta sim e um outro para designar a resposta não. Estes ìbò são dados para o consulente que irá mistura-los, afastado dos olhos do olhador e guardar cada um deles dentro de sua mão fechada. 

O olhador irá então jogar os búzios ou o ọ̀pẹ̀lẹ̀ para cada uma das mãos. Através de uma regra, umas das mãos será aberta. Se nela estiver o ìbò que foi associado a resposta sim, então esta é a escolhida. Se estiver o associado a resposta não será esta a resposta à questão.

Observem que o babalawó não tem como controlar o processo. Sem saber em qual mão está o Ìbò do sim e do não ele não tem como direcionar a resposta.

O segundo processo, de uso do Ìbò, é parte do processo de consulta à Ifá e visa, através do ìbò, se interpretar a área de influencia do Odù na pessoa. Em Ifá este processo é um recurso para melhorar a interpretação do olhador. 

Com os owó eyo mẹ́rindílógún isso, o uso do Ìbò, pode não ser necessário visto que a análise das caídas, antes mesmo da interpretação do ọmọ Odù pode já trazer esta informação, aliás já traz. A análise dos búzios no ọpọ́n já antecipa a mensagem do Odù.
Mas em Ifá, para esta análise mais complexa usando o Ìbò, são feitos lançamentos de ọ̀pẹ̀lẹ̀ para cada ìbò que é colocado na frente do babalawó, da direita para a esquerda. Após todos os lançamentos, aquele que tiver o Odù de maior senioridade é o escolhido e seu significado associado à consulta. Em tese este processo não pode ou não deve ser feito com os búzios.

Os tipos de ìbò

Para o uso no ìbò existem em torno de 8 tipos de objetos com significados distintos. Podem ser usados mais objetos especializando mais ainda os significados.
Existem dois ìbò que se prestam a uso geral e são o Efún (sim) e o apaadi (não).
Na tabela a seguir a última coluna pode ter 2 tipos de informação. Sim ou não quando o significado do ìbò é constante, ou sim-[ibó] ou não-[ìbò] quando o ìbò toma o significa quando na presença do [ibó]. Por exemplo, o owó-ẹyọ vai significa sim fazendo par com o apaadi e não fazendo par com o ẹfun.

Ibó
Significado
okúta - Pedra
É usada para representar a imortalidade e estabilidade da alma e espírito.
Deve ser usado para representar:
  • IRE
  • Saúde
  • Disputas, brigas, desentendimentos. Quando se briga as pessoas jogam pedras nas outras.
  • Teimosia ou recusa de ouvir as advertências e conselhos.

ẹfun
Usado em perguntas genéricas significando SIM


okoto caracol
Usa-se uma concha alongada e em espiral, pode ser de qualquer espécie desde que de água salgada
Deve ser empregada em questões que envolvem casamento, relacionamento, feitiçaria, doenças e também relativas a òrìṣà femininos relacionado com a Água
owó-ẹyọ - Búzios
Eram empregadas como dinheiro antigamente. Como moeda, o proprietário tem quase poder ilimitado para negociar e controlar uma grande quantidade de produtos e serviços.
Em Ifá é usado para perguntar 6 coisas:
  • IRE – dinheiro traz bênçãos.
  • Riqueza – dinheiro em abundância garante saúde
  • Confirmar um ẹbọ ou sacrifício para um odù
  • SIM – confimar a pergunta.
  • Disputa por dinheiro ou outros assuntos que faram o consulente gastar dinheiro.
  • IRE de esposa. Esposa significa gastar dinheiro.
apaadìCaco
Quando um prato é quebrado ele se torna sem utilidade para o seu proprietário. Não será usado para servir mais ninguém.
Em Ifá é usado para significar 4 coisas:
  • Perda
  • IBI
  • Falta de esperança – uma situação muito ruim
  • Falta de utilidade.

Gungunosso
Ossos somente são obtidos após a morte de um animal. Dessa maneira ossos representam morte e desapontamento. O fim de uma iniciativa ou projeto.
Recomenda-se usar o osso do pescoço de um roedor grande(*1).
Em Ifá é usado para representar 3 coisas:
  • Morte
  • Ancestrais
  • Egúngún


Ewé Ayófava
Semente de uma arvore frutífera e farta.
Uma variedade de favas ou sementes são usadas em Ifá: apá (african mahogany), Iṣin (akee apple), Àgbálùmọ̀ (african star apple), Ṣáyò (physic nut).
São todas de arvores africanas, é claro. O que deve se ter atenção é que essas arvores são frutíferas e estão associadas a usos benéficos, assim deve-se buscar uma associação equivalente para o Brasil.
A semente Iṣin tem um uso especial. Sempre que se pregunta alguma coisa a Ọ̀rúnmìlà ela é usada.
Usado para IRE, crianças, esposa, felicidade


orí rerecabeça
Usada a cabeça de um animal usado em um sacrifício a Ifá.
Assuntos relativos ao próprio orí da pessoa.
Dente
Se um dente é removido ele se torna sem utilidade para o proprietário. Em sua sabedoria, Ifá usam os dentes para representar perda.
Em Ifá é usado para perguntar 4 coisas:
  • Perda
  • Divórcio
  • Separação
  • Diferenças inconciliáveis



Observe que a designação destes significados bem como a quantidade de ìbò pode variar por pessoa ou tradição. Deve-se observar que o processo do ìbò pode ser usado em qualquer situação de pergunta e resposta.

Análise do ire e ibi, através dos Ìbò de boa sorte e infortúnio.

Complementando as informações sobre a análise do Odù, até este momento já sabemos qual signo se manifesta e desta forma quais as suas mensagens. Também já determinamos sua orientação (ire/ibi), sua intensidade e origem. Em termos de Odù já temos todos os 3 que serão usados na interpretação da consulta e para concluir nosso entendimento só falta determinarmos o ẹbọ e assim partirmos para a explicação disso tudo para o consulente.

É importante lembrarmos que o ẹbọ é definido antes de se explicar ao consulente sobre o Odù que saiu. Interessante, não? Mas é isso mesmo, inclusive usamos a informação do ẹbọ escolhido para também fundamentar a nossa análise.

Na prática, jogamos, jogamos, jogamos e jogamos e depois falamos, falamos e falamos. Isso pode parecer estranho para consulentes que estão acostumados com búzios onde se fala o tempo todo enquanto se jogo.

Vamos relembrar, também, que Odù não é um problema. Ele não traz um problema. Odù é a solução para os problemas. O que fazemos é decifrar o que ele vem à resolver na vida da pessoa. Deciframos a “doença” através do seu remédio. 

Prosseguindo, antes de realizarmos a determinação do ẹbọ, temos a opção de fazer um passo adicional que é uma análise complementar do Odù, através do Ìbò, para entendermos melhor a sua natureza, mensagens e energias que traz para a vida do consulente.

A análise do Ìbò é um passo opcional, muitos não o fazem, não vêem necessidade, mas, entendo que não podemos ignora-lo uma vez que faz parte do conjunto de ferramentas de Ifá à disposição do babalawó

Como já sabemos um Odù traz informação sobre energias que podem estar influenciando a vida de uma pessoa de vários aspectos. Não é uma tarefa simples determinar qual das mensagens do Odù diz respeito àquela pessoa ou qual é mais significativa para ela está afetando o consulente e existem muitas opções em cada Odù de maneira que não podemos querer enquadrar o consulente em todas elas ou mesmo fazer isso aleatoriamente. 

É claro que quando iniciarmos a discussão do Odù com o consulente a interpretação que esta vai dar para nossas palavras nos dará uma indicação importante ou definitiva do que temos que tratar, mas, a interpretação da natureza da energia do Odù através do ìbò fornece mais um pedaço do quebra cabeça e de forma alguma substituirá a interpretação do consulente, mas, melhor nos prepara para esta etapa que ainda se seguirá.

A interpretação do Odù será feita então, como iniciei, com uma análise baseada no uso do ìbò e que determina que tipo de infortúnio ou boa sorte este Odù esta mostrando. Esta é uma abordagem muito comum em Ifá e também presente no owó eyo mẹ́rindílógún africano, conforme Bascon documentou, mas as referências na diáspora são quase nenhuma.

Primeiro temos que entender o seu princípio. Associa-se a cada objeto usado no ìbò um significado que traduz um tipo de boa sorte ou um tipo de infortúnio. Usa-se o processo de escolha do ìbò para se escolher um deles ou então determinar a hierarquia entre estes significados. Assim podemos entender, naquele momento, que mensagem Olódùmarè traz através de ọ̀rúnmìlà. Esta informação complementa a interpretação do Odù em condições mais específicas já que Ifá fala através de metáforas.

Em se seguindo a ordem de procedimentos aqui sugeridos, ao se chegar a esta etapa de avaliação do ìbò, já se realizou quase toda a interpretação possível. Diferente de Ifá, o ọpọ́n do owó-ẹyọ mẹ́rindílógún não é apenas uma placa para se registrar o Odù no ìyẹrosùn, é um instrumento vivo e completo onde além da definição do Odù através dos búzios abertos e fechados, é considerado a sua posição no ọpọ́n e suas configurações gráficas. 

Mas, adicionalmente, Ifá possui este processo de análise que utiliza o ìbò e que permite de uma outra forma aprofundar nesta avaliação cabendo a cada um avaliar se isto será ou não útil. 

O Ìbò não retira do babalawó a responsabilidade de interpretar a situação, apenas adiciona mais detalhes.

Seguindo adiante o ìbò permite ao olhador melhorar a sua precisão ao indicar as áreas que mais se influenciam por este Odù. Além disso o uso do ìbò caracteriza novamente a interação entre o oráculo e o orí do consulente permitindo que o próprio orí participe do processo. 

Quando estamos tratando das pessoas que jogam através ou apoiadas em mediunidade e vidência este tipo de argumento fica sem sentido, mas se tratamos de um método que o não dependa explicitamente disso então esta interação Oráculo, orí é importante. Mas vamos ao processo.

Vamos recordar os principais tipos de ìbò:
Okúta
Owó
Irú
ehín
okoto
Egun
apaadì
Pedra
Búzios
sementes
Dente
concha
Osso
caco
E também os seus significados de uso, conforme já mostramos na tabela anterior.

Estes símbolos adquirem significados um pouco diferentes dependendo se estamos tratando de boa sorte ou infortúnio bem como a seqüência que são usados também será diferente. Antes de analisarmos o significado vamos tratar do método que é comum.

Ser estivéssemos lidando com Ifá a escolha destes ìbò obedece a um processo clássico e muito rico no qual usando o ọ̀pẹ̀lẹ̀ determina-se um Odù para cada ìbò e análise dos resultados baseado na senioridade (hierarquia) vai determinar a escolha do ìbò e desta forma da benção ou do infortúnio. Entretanto, de novo, posso fazer uma consideração adicional sobre o que é ou não padrão nesse oráculo. Apesar de esse método de análise ser descrito por algumas fontes, em um livro do Abimbola ele relaciona o uso do ọ̀pẹ̀lẹ̀ da mesma forma que o owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún, fazendo a seleção através de respostas de SIM/NÃO. Dessa maneira fica à critério de cada um, mas eu penso que o ọ̀pẹ̀lẹ̀ deve ser usado através da hierarquia, por ser esse um processo mais rico e os búzios através das perguntas de SIM/NÃO.

Com os owó-ẹyọ mẹ́rindílógún as fontes mais tradicionais dizem que não é possível fazer este processo de hierarquia, pelos mesmo motivos já explicados do porque eles não fazem hierarquia. Neste caso procede-se a uma processo de escolha baseado em sim/não para cada ìbò respeitando a seqüência indicada. No processo de sim/não são determinados 2 Odù e a análise de senioridade simples determina se aquele é ou não o escolhido. Pega-se cada ìbò tira-se 2 Odù perguntando sim ou não para aquele ìbò. É claro que o processo termina quando se escolhe um ou seja, no primeiro sim interrompe-se o processo.

Já o processo não para quando se determina o ìbò com ọ̀pẹ̀lẹ̀, é diferentemente e tira-se um Odù para cada ìbò. Assim o ìbò não é escondido pelo consulente. Coloca-se os 5 ìbò na frente do olhador e se joga o ọ̀pẹ̀lẹ̀ na frente de cada um deles, anotando o resultado. Ao fim das 5 jogadas se analisa a hierarquia da direita para a esquerda lebrando-se de considerar os Odù de valor determinante que se caírem no primeira lançamento, no primeiro ìbò da direita eles serão o vencedor, independente da caída de um Odù como ogbè méjì ou òfún méjì posteriormente. Ao se ordenar os Odù de acordo com a sua hierarquia determina-se também a hierarquia dos ìbò e da correspondente energia do Odù na vida do consulente.

Alternativamente eu poderia citar os mesmo argumentos já mencionados para justificar o uso do owó ẹyọ mẹ́rindílógún com a hierarquia, mas, lembrando que não se pode usar a quantidade de búzios abertos e sim a hierarquia entre os signos de ifá ọmọ Odù para isso. 

Fica a critério de cada um decidir isso e que use o seu próprio oráculo para definir.

No caso de se decidir usar a hierarquia para escolher o ìbò deve-se tirar um Odù para cada um deles, e seqüência da direita para a esquerda. Analisa-se a senioridade conforme já foi explicado e usa-se a hierarquia obtida para entender os fatores em ordem de influencia. Desta maneira irá se saber qual o que está sendo mais influenciado e os demais.

Boa Sorte

Se a orientação do Odù for ire a determinação da boa sorte, ou benção os ìbò devem ser analisados, como sempre, da direita para esquerda do quadro a seguir e de acordo com os seus significados:


Ìbò


Significado
apaadì
Representa
vitória e sucesso
Diz respeito a vitória na vida sobre os seus inimigos e podemos aqui incluir as relações de trabalho e negócios
Egun
Representa a
saúde
Indica que o Odù se refere a saúde do consulente ou de sua família, ou seja, mulher e filhos.
Irú
Representa a
fartura e felicidade
Filhos, felicidade e fartura
okoto
Representa a mulher
Representa os relacionamentos, a casa ou o casamento
owó-ẹyọ
Representa
dinheiro
Indica que o Odù se refere a questões de negócios
okúta
Representa
destino e a vida
Indica que o Odù se refere a questões da vida do consulente


A sequencia para colocar os Ìbò é de baixo para cima, assim o okúta será o primeiro a direita e o apaadi o primeiro a esquerda.
Segundo a cultura local uma pessoa precisa ter vida longa para poder ter tempo para prosperar e realizar os seus objetivos, se ele tiver uma vida longa poderá ganhar dinheiro que o permitirá casar, ter uma casa e esposa e os filhos serão o reflexo de seu sucesso bem como a continuidade de sua descendência sendo o seu bem mais valioso e por fim tendo uma família ele terá sucesso vitória na vida sobre seus inimigos e problemas porque sua família e casa vão dar lhe o apoio e sustento.

Infortúnios

Para os infortúnios os ìbò se apresentam da seguinte forma:

Ìbò


Significado
apaadì
Representa a perda
Diz respeito a perda de bens e de posições no trabalho.
Egun
Representa
morte
Indica que o Odù se refere a questões da vida do consulente, principalmente mulher e filhos.
Ehín
Representa a
Separações
Divórcios, separações, diferenças inconciliáveis
okoto
Representa
doença
Indica que o Odù se refere a questões de saúde ou inveja e o malefício de outros.
owó-ẹyọ
Representa
carencia
Representa problema financeiros.
okúta
Representa
destino
Representa a luta e conflitos que podem afetar o relacionamento com vizinhos, amigos, pessoas em geral e atualmente principalmente trabalho.


Os infortúnios mais temidos pelos yorùbà são a morte porque ela elimina todos os seus esforços e irá comprometer a sua família, depois vem a doença porque ela vai prejudicar a sua capacidade de reagir, trabalhar e ganhar dinheiro, entretanto pode ser remediada, depois vem a luta que é em decorrência de desentendimento, mal-entendido, discussão e pode terminar com morte ou grave prejuízo, depois vem a carência ou falta de dinheiro e por fim a derrota que implica em perda material mas pode ser recuperada.

domingo, fevereiro 20, 2011


Como Ifá pode ajudar as pessoas

Uma questão que sempre deve ser pensada sobre uma religião é sobre o SEU envolvimento com a religião. A pergunta é: O que ela está fazendo por mim, como pessoa.

Assim não se procurar uma religião porque se quer dinheiro, emprego, mulher dos outros, emprego dos outros, casa própria, etc.. Isso cada um tem que conseguir nessa vida com o próprio trabalho e com seus próprios erros e acertos, ou então procurar um feiticeiro...

Não nascemos santos e nem para ser santos, com prega o Cristianismo, também não nascemos pecadores e nem vivemos para não pecar. A gente nasceu para viver e fazer isso com dignidade, primeiro com nós próprios, depois com nossa família e por fim com a sociedade em que vivemos.

A Religião, é a ética e o conhecimento que está acima das leis e da ciência, e que procura a qualquer tempo localizar na nossa alma e espírito o nosso sentido de viver, e fazendo nós entendermos o que devemos fazer ou como devemos ser nessa vida.

Qual o sentido de vivermos e como devemos fazer isso?

Baseado nessa opinião eu nuca vejo sentido naquelas frases de ignorância perolar: sou católico mas não sou praticante. Qual o sentido de se dize como parte de uma religião se não se segue ela???

Mas eu igualmente considero um idiotas as pessoas iniciadas em Candomblé, que rezam para anjo da guarda, rezam o pai nosso, citam Jesus e não conseguem explicar qual a rotina pessoal delas ligada a pratica religiosa que tem. Elas sabem dizer a pratica coletiva de ir para o terreiro, lavar banheiro, passar roupa, varrer chão e ser ofendida pelo babalorixá e outros que tem oye.

Cada religião propõe uma forma diferente de encarar as mesmas perguntas e desafios. Assim religião é atemporal. independente da época que estamos ela será sempre a mesma bússola para o nosso caminho. Independente das leis e do regime político ela ira propor sempre a mesma ética de conduta.

As leis civis zelam para que o homem viva em sociedade, ser justo com os próximos e viva de acordo com valores que a sociedade em que vive preza. Assim leis mudam de sociedade para sociedade. A religião busca nos fazer ser melhor com a gente mesmo, em primeiro lugar, como um passo básico para que nossa vida em sociedade seja brilhante.

O resto cabe a nós fazer. A base e os instrumentos que nos possibilitam sermos boas pessoas são oferecidos, mas, cada a cada um decidir o que fará da sua existência.
Ifá por sua vez faz parte de um sistema religioso, complexo e incompleto ao mesmo tempo, mas que como parte disse também tem que servir para responder a essa mesma questão.

Assim o que Ifá vai dar para as pessoas para que ela vivam melhores? Por que uma pessoa quer ir para Ifá?

Essa é uma pergunta importante e deve ser feitas por todos independente da corrente religiosa em que estejam.

Se você está na Umbanda, se pergunte: O que eu estou fazendo aqui? O que esse culto traz para a minha vida? Como vivo diariamente com a minha religião? O que contribuo para minha vida, para minha família e para a sociedade quando não estou incorporando algum guia? O que pretendo eu estando aqui?

Se você está no Candomblé, se pergunte: Para que eu faço essas obrigações? Que objetivo tenho para minha vida com isso? O que estou aprendendo em relação ao último ano e para onde isso vai me levar? Como pratico minha religião quando não estou com uma vassoura no terreiro ou com um balde?

E por ai vai, em cada religião existem perguntas chaves que podem ser feitas a cada participante.

Ifá não é como toda a religião, mas um culto muito específico de uma religião. Assim a primeira obrigação de uma pessoa que está ou quer ir para Ifá é entender a religião onde este culto está inserido para que consiga localizar em todo esse mundo metafísico o sentido do que se faz em Ifá, porque tanta dedicação e estudo? O que se espera de um sacerdote?

Sim, a religião vem em primeiro lugar ela é o que envolve e dá sentido em todos os atos que se pratica.

É claro que uma pessoa pode ser de uma religião sem ser um sacerdote. Isso ocorre em todas as religiões. Em Ifá existe uma grande dificuldade nisso, o objetivo de Ifá é contribuir oferecendo sacerdotes.

Minha opinião é que uma pessoa para ira para Ifá tem que primeiro conhecer muito bem a religião que escolheu. Tem que ter Fé nos orixás, tem que entender a cosmogonia e teodócia envolvidas. A pessoa já tem que estar na religião dos Orixás. Existem várias tradições para isso. Temos o Candomblé, a melhor delas, O Lukumi cubano, a tradicional religião Yorùbá (YTR ou ATR) e até o Voodoo Haitiano.

Vejo muita dificuldade de uma pessoa ir para Ifá sem primeiro não ter se envolvido e apaixonado pelos Orixá, que são o centro de nossa vida junto com nosso Orí.

Após isso Ifá se abre como um caminho para pessoas que se identificarem com a possibilidade de serem mensageiros de Ọ̀rúnmìlà. Para você ser um bom mensageiro de Ọ̀rúnmìlà tem que primeiro já ser uma pessoa equilibrada e pronta para transmitir axé para os outros, através das suas palavras. Como diz os poemas do Odù Oxéotuwa, a palavra do sacerdote é que tem a força, é que tem a magia é que tem o poder.

O sacerdote de Ifá o awo não é um passador de ebó. É uma pessoa que transmite axé através de sua palavra, oral ou escrita ;-)

Ifá tem uma enorme parcela de contribuição na vida das pessoas. Ifá está intimamente ligado com o compromisso que o Orí de cada pessoa fez com olodumare, com o seu objetivo de vida e com tudo o que motivou a sua vinda do orun para o aiye. Entenda que Orí é nossa imagem no órun, o espaço espiritual. A religião Yorùbá acredita que somos um duplo, vivemos no mundo terreno, o aiye, mas temos no órun, o mundo espiritual um duplo que é nossa imagem e que nos protege e tem a chave da nossa vida. O nosso Orí conhece os nossos planos para essa vida, nós aqui perdemos esse conhecimento, como descrito nos poemas do Odù Iwori meji.

Assim quando uma pessoa enfrenta dificuldades demais, quando os caminhos ficam poder demais tortuosos quando a prosperidade falta ou ameaça a sua subsistência, quando a doença e a perda sempre ronda sua porta é a Ifá que as pessoas podem recorrer.

Ifá ira então socorrer esses oris para que eles possam retomar a sua vida e seus objetivos, sejam com reposição de axé ou mesmo com sabedoria. Ọ̀rúnmìlà não é apenas o testemunho do nosso destino, aquele que estava junto de cada um de nós quando pedimos para olodumare um destino nessa terra. Ele é também o Orixás da sabedoria, o que traz o conhecimento e as mensagens de outros orixás.

Assim um babalawo, mais do que fazer ebós também é uma pessoa que deverá ter a inteligência, a percepção e a sensibilidade para orientar as pessoas que o procuram, porque muitas vezes as pessoas precisam de palavras, estimulo e orientação.

Assim Ifá é um longo caminho para quem o adota, Ifá é um culto de sacerdotes, mas também é o caminho para que as pessoas tomem contato com a religião e com tudo o que a religião pode fazer pelas pessoas.

Quem vai para Ifá não pode cair na viela comum que outras correntes caíram onde para se falar com o sacerdote tem que se pagar uma consulta e ele sempre com aquela peneira entre os dois se traduz em ebós, obrigações, feituras, sacrifícios e um arsenal de termos, mistérios e frases incompletas.

A pessoa de Ifá um Babalawo de fato não tem meias palavras para explicar sua religião. Não se esconde atrás de falsos segredos ou de informações incompletas. Um Babalawo é a pessoa que tem axé na sua palavra e que representa a sabedoria. Uma pessoa de Ifá não esconde informações e conhecimento.

Ifá tem a capacidade de ajudar a todas as pessoas a viverem melhor. Esta é a sua virtude viceral e para isso que ele existe. O objetivo de Ifá é tornar melhor a vida das pessoas em relação a sua missão, as suas possibilidade e a sua capacidade, lembrando que durante a vida, com nossos próprios atos e opções nós criamos as próprias condições para vivermos bem e Ifá não poderá dar a ninguém aquilo o que ela não pode possuir.

Aos habitantes desse mundo, seja de que religião forem Ifá irá ajudá-los a viver. Aqueles que desejarem conhecer a religião Ifá conterá o seu significado e aqueles que desejarem ajudar outras pessoas com seu próprio temo e axé Ifá lhes dará a infinita possibilidade de fazerem isso à exaustão.

Ifá não vai prometer que vocês ganhem na loteria ou dar um novo emprego ou um novo amante. Ifá vai ajudá-los a viver a vida.