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segunda-feira, janeiro 24, 2022

Como é a nossa relação pessoal com Orixá

 

Como é a nossa relação pessoal com Orixá


Existe uma curiosidade e confusão no entendimento de uma coisa simples que é a relação pessoa-orixá. Esse desentendimento traz bastante problema.


Basicamente nesta religião cada pessoa deve se preocupar com duas divindades apenas, como vou explicar a seguir. Existem várias divindades, mas cada pessoa tem que se preocupar apenas com o seu anjo da guarda, ou Ori e o seu Orixá, cada pessoa está ligada por nascimento a apenas 1 anjo da guarda, seu Ori, sua divindade pessoal e a apenas 1 orixá, sendo que o anjo da guarda é realmente pessoal e o orixá é coletivo, mas ligado seletivamente a uma pessoa.


Aqui um primeiro alerta, farei outros, cubanos apareceram aqui no Brasil chamando o orixá de seu anjo da guarda, seu eledá. Não é isso, isso é o entendimento deles, baseado no fato de que eles nunca tiveram o conceito de Orí, só incluíram isso depois que aprenderam isso aqui com o Candomblé. Inclusive o entendimento deles e bem diferente do nosso, principalmente no que diz respeito ao que eu estou tratando aqui, a relação pessoa-orixá. Não caiam nessa conversa deles sem antes entender que eles entendem isso tudo aqui de outra maneira.


Tem muito brasileiro, também, que não sabia nada de Orixá, nunca se interessou, nunca teve vontade ou conseguiu entrar para o Candomblé porque era complicado e demorado, mas que virou Bàbáláwo ou santeiro. Essas pessoas descobriram uma caminho mágico através dos cubanos e da Santeria. Através deles, eles rapidamente entram para o culto, fazem uma iniciação acelerada e simples, coisa de 7 dias e já saem formados e atendendo pessoas. Isso no Candomblé ia levar uns 14 anos, no mínimo e mesmo assim ainda seriam supervisionados.


O Candomblé tem um processo de controle de qualidade dos iniciados, sempre teve. O que ocorre no mundo real é as pessoas fugirem desse processo trocando de casa e as vezes de nação. As pessoas fogem do controle de qualidade se desligando dos iniciadores. Isso não podemos impedir.


Existe um problema também real é que essas pessoas, formados por cubanos falam de Orixá (Òrìṣà) como se fosse tudo igual, elas não deixam clara a origem da formação e do conhecimento delas e elas ficam fazendo criticas, comentários e sugerem correções ao Candomblé, mas sem elas entenderem nada sobre como o Candomblé entende. Lembra que elas não sabiam nada antes? Pois é, continuam não sabendo nada e ficam querendo crescer com esse nada em cima dos locais.


Muitos nem fazem ideia que os entendimentos são muito diferentes, porque elas evitaram o Candomblé. Como elas só aprenderam com os cubanos elas nem sabem onde se meteram.


Para quem já é do Candomblé, eu recomendo, não percam tempo com essas pessoas. A conversa é impossível.


Eu já fui de Candomblé, estou ha bastante tempo em Ifá e conheci, por minha conta o entendimento da Santeria sobre Orixá, não aprendi tudo, aprendi o que me interessou para entender. Eu afirmo, é totalmente diferente do Candomblé. Digo mais, é bom para os cubanos, a Santeria é ótima para os cubanos, nós aqui temos uma tradição muito diferente e na minha opinião, religiosamente superior, o Candomblé.


Eu faço esse alerta porque o pessoal ligado a esse entendimento da Santeria não precisa perder tempo discutindo. Essas pessoas estão em outro mundo. Se quiserem entender como o Candomblé entende essa relação continue aqui.


Continuando a explicação depois desse alerta. Assim, não tratamos diretamente com deus, mas deus se manifestou teandricamente através dos orixá e desta maneira nos relacionamos com deus através dos Orixá (Òrìṣà).


Orixá (Òrìṣà) é o nosso caminho para chegar a deus, Orixá (Òrìṣà) e Orí.


Cada Orixá (Òrìṣà) representa um arquétipo humano e isso designa a razão da ligação pessoa a um determinado Orixá (Òrìṣà). É falso o entendimento de que a pessoa é influenciada pelo orixá, é o inverso o orixá é associado aquela pessoa devido aquela pessoa ter aquele arquétipo. Não é o rabo que balança o cachorro e sim o cachorro que balança o rabo.


Com o Orixá (Òrìṣà), deus se comunica com a humanidade, com as pessoas. Os Orixá (Òrìṣà) representam as pessoas, a nossa natureza humana, os nossos arquétipos comportamentais. Os Orixá são divindades, mas os vemos como humanos e, através de suas histórias, histórias humana, nos refletimos nelas e também neles e, através do comportamento manifesto nas histórias e do destino das histórias (a moral) devemos entender como nos comportar, quais os comportamentos bons, quais os comportamentos ruins e como receber as bençãos de deus.


Assim, o Orixá (Òrìṣà), surge na religião de 2 maneiras, primeiro como sendo uma ligação pessoal de deus com a pessoa e em segundo sendo o personagem de mitos e histórias que nos mostram as mensagens de deus para nós através desta religião. Em ambos os casos, os Orixá (Òrìṣà) refletem a humanidade de deus visto que, são eles que interferem na nossa vida.


Orixá também é ação, é o orixá que age em nossa vida é ele que tem o axé (àṣẹ), o poder de deus para movimentar o supernatural a nosso favor, em nosso suporte. Orixá (Òrìṣà) é o poder de deus dividido em várias partes porque se fosse reunido em uma divindade só, seria o próprio deus. Quando necessitamos da ajuda de deus, será o Orixá (Òrìṣà) que interferirá em nosso favor.


Os orixá são, assim, o próprio deus presente em nossa vida.


Mas, a quem recorremos? Temos que recorrer a todos os Orixá? Não.


Toda essa superestrutura é para cuidar de toda a humanidade de forma individual, através da relação Orixá-pessoa e também da disponibilidade dos Orixá (Òrìṣà), como manifestação de deus, para suportar todas as pessoas com os poderes de deus repartido. Mas isso não nos obriga a cultuar todos os orixás, o sentido é um por todos e todos por um.


Cada pessoa tem, em primeiro lugar, que se preocupar com ela mesma, com seu comportamento e com os problemas que causa. Em segundo lugar as pessoas devem se preocupar com seu anjo da guarda, o Enikeji ou Ori. É o anjo da guarda que cuida da gente e que busca os Orixá (Òrìṣà) para interferirem a nosso favor. Nada poderá ocorrer com a gente, através dos Orixá (Òrìṣà) se o nosso Ori não permitir.


Essa relação começa com nosso nascimento, nós nascemos com o nosso anjo da guarda, nosso Ori e com o nosso Orixá já designados a nós. Nós nascemos com a essência de um único orixá dentro de nós. Todo nós já estamos, de nascença ligados ao nosso orixá e ele é apenas 1. Não precisamos ser iniciados a orixá porque nós já temos o orixá dentro de nós, essa ligação já existe por nascença.


A feitura de orixá no Candomblé é uma liturgia que manifesta a ligação pessoa-orixá com a finalidade de fazer aquela pessoa um elegun, um meio de transporte para o Orixá se manifestar no mundo real.


A feitura de Orixá (Òrìṣà) não vai colocar aquele orixá em você ou vai ligar você aquele Orixá (Òrìṣà). Você já é ligado, repito a feitura é um processo de manifestação do orixá no mundo através de você.


O anjo da guarda, enikeji ou Ori, é a divindade que todos devem se preocupar. O orixá de cada um se manifestará na sua vida de forma natural. Não é necessário que cada pessoa, para participar desta religião, saiba qual o seu próprio Orixá, essa determinação não é um requerimento nesta religião e digo mais, é uma informação privada e pessoal, que não deve ser divulgada.


Durante toda nossa vida nós estamos sendo protegidos por nosso anjo da guarda e por nosso orixá.


Mas a vida é difícil, passaremos por muitas dificuldades e vamos precisar de ajuda em muitos momentos. O sentido da autonomia e da auto-determinação impedem que exista qualquer interferência direta dos orixá em nossa vida, existe uma proteção geral mas se precisarmos de uma intervenção direta em determinada situação nós temos que recorrer a ele.


Para orientar o acesso aos orixá na busca de ajuda de deus, existe o oráculo. Nesta religião o oráculo é fundamental é a porta de entrada para o acesso a deus.


Por que deus interferiria em nossa vida? Porque existe uma aliança entre ele e nós estabelecida antes de nascermos. Deus se compromete a nos suportar em nossa vida e em nossos objetivos, deus quer que sejamos felizes.


É através da consulta ao oráculo religioso que nos formalizamos o pedido de ajuda a deus e a intervenção dos orixá a nosso favor que, dependerá do motivo e do merecimento.


O oráculo não tem como finalidade prever o futuro. O oráculo olha o passado e principalmente o presente, é você que constrói o seu futuro. O oráculo é um instrumento de informação e de pedido de ajuda.


Atenção: Não existe favor comprado, não se compra a ajuda de Orixá (Òrìṣà) com dinheiro ou oferendas. Ninguém aqui na vida tem o poder de intervir a favor da vida de ninguém. A intervenção só ocorre através de Orixá (Òrìṣà) e ninguém tem o poder de ordenar nenhum Orixá (Òrìṣà) a fazer qualquer coisa que não seja devida ou merecida. Orixá (Òrìṣà) não esta a venda.


Tudo o que você receber de deus será através dos Orixá (Òrìṣà) e tudo que receber dos orixá será baseado em merecimento, não existe graça comprada ou vendida.


Homens não tem o poder de deus e não podem ordenar a um Orixá (Òrìṣà) ou a deus o que fazer para você. Homens são sacerdotes, eles recebem através de sua iniciação no sacerdócio a capacidade de manipular o supernatural através do suporte dos Orixá (Òrìṣà). Iniciação não é um fabuloso processo de magia que te concede poderes. A iniciação é uma opção que você demonstra e faz de ser um sacerdote, um instrumento que será usado por deus e pelos Orixá (Òrìṣà).


Um sacerdote é apenas uma ferramenta a serviço dos Orixá (Òrìṣà). Ele une o poder do Orixá (Òrìṣà) com o seu poder humano, sua energia e matéria, sua quintessência para que os Orixá (Òrìṣà) possam fazer determinadas atividades, mas, sempre será um Orixá (Òrìṣà) operando isso.


Sacerdotes não soltam rios pelas mãos e olhos. Eles são operários, apenas isso, carregam os tijolos para os Orixá (Òrìṣà).


É inadequado e incabível o procedimento de ter que se iniciar em um orixá para ter seus problemas resolvidos. As razões são bem simples. Primeiro, como eu afirmo, ao ir ao oráculo, qualquer orixá poderá se levantar para ajudá-lo baseado na sua necessidade e merecimento. Você não precisa estar iniciado a um orixá para receber a ajuda dele.


Quando você nasce, como eu já acabei de explicar, você está ligado ao seu anjo da guarda e ao seu orixá, o seu orixá de nascimento. Não existe sentido você se iniciar a qualquer outro orixá que não seja o seu próprio, se iniciar a outro pode inclusive trazer problema.


Se você já está ligado a um orixá se ele já faz parte de sua vida porque a iniciação seria necessária para resolver seus problemas?


Você não pode ser iniciado em algo que já possui.


Nesse momento pode vir uma questão: Já que somos ligados a Orí e Orixá (Òrìṣà) por nascimento somos obrigados ir no oráculo e no Candomblé para ter a ajuda deles?


Em princípio não, você terá esse suporte em qualquer religião que tiver, ser católico ou evangélico ou umbandista não muda isso. Se você desenvolver sua fé e sua ligação religiosa poderá ter esse suporte e ligação.


Mas, então, qual a finalidade do Oráculo de Ifá e do Candomblé? É justamente te explicar de forma rápida e direta como acessar esse supernatural e como ter esse suporte de deus para você. Eu disse que você pode eventualmente desenvolver isso, mas, nesses cultos você se contrará com pessoas que tem o conhecimento e a prática para te colocar nessa ligação.


Segundo alerta, sobre os africanos, pessoa sem caráter, vem aqui vendendo a necessidade de iniciações para resolver problemas. Eles dizem que é necessário aqui para trazer aquela energia a sua vida. Mas isso não é só eles, os cubanos e os cubanizados, também tem esse hábito.


Isso é uma bobagem infinita.


Eu não acredito nessas iniciações vendidas, acho que são placebos, mas, se elas causam algum efeito, esse efeito será certamente de prejuízo a você caso seja iniciado a um orixá que não seja o seu próprio.


A chance dessas iniciações ou assentamentos te trazerem problemas é muito grande. Existe uma pequena chance de serem úteis para algo além de dar dinheiro a pessoa que você paga.


Falando nos termos dessas pessoas, se você nasce ligado a um Orixá (Òrìṣà) você tem um tipo de energia na sua vida, em você. Trazer outra energia pode ser um conflito, você pode estar trazendo uma energia que não seja a sua e não seja compatível com a sua.


Essa presunção que você pode empilhar energias em você é uma ideia errada. Tem muita gente que sabe a prática, que aprende os ritos mas não busca conhecimento do que faz.


Cada pessoa tem seu próprio orixá para recorrer. Tem seu anjo da guarda que está acima de qualquer orixá em sua vida, por mais importante que já seja o orixá em sua vida. Você tem o oráculo para recorrer e que vai trazer para ajudá-lo os orixás que forem devidos.


Nesse modelo que expliquei, que é o modelo do culto de Orixá no Candomblé, não existe o espaço para uma pessoa ser iniciada em qualquer orixá que não seja o próprio orixá dela. Além disso a iniciação no Candomblé é para transformar você em elegun, em médiun, um sacerdote e não para trazer o seu próprio orixá para você.


O Candomblé não vende (ou vendia) nem iniciações e nem assentamentos, as Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) e Babalorixá (Bàbálórìṣà) não são loucos de fazer isso, porque, como já expliquei teologicamente não tem sentido. Só tem sentido se for para ferrar a pessoa.


O Candomblé lida com a teoria e a prática do culto de Orixá ha dezenas de anos e o Candomblé é extremamente cuidadoso em tratar tudo que diz respeito a individualidade, Ori e Orixá.


Desta maneira, para encerrar a parte da explicação, você nasce com Orixá, ninguém coloca isso em você. Ninguém tem que se iniciar no próprio Orixá. Iniciar em outro Orixá que não o seu só vai servir para ter trazer problemas sérios.


Essas iniciações são placebos, mas se fizerem algum efeito será um efeito ruim.


Se Você não faz parte da religião, apenas se ocupe com seu anjo da guarda, seu Ori. É só


Um bom babalawo pode ser uma boa pessoa para explicar isso para você, um babalawo não tem que trazer orixá para sua vida, ele deve se preocupar com Ori. Ir em uma casa de Candomblé sempre vai empurrar você para se aprofundar em Orixá porque lá tudo é orixá.


Ninguém tem que se relacionar com mais nenhuma outra divindade. A consulta a oráculo pode trazer outros orixá para ajudá-lo mas eles não serão merecedores de culto algum.


O que eu estou explicando aqui é a prática do culto de Orixá conforme o entendimento do Candomblé. Se você teve contato com outra informação é porque foi atendido como cliente em uma casa que não respeita o culto de Orixá ou não conhece de fato o culto.


Um terceiro alerta. Os africanos que aparecem por aqui fazendo e ensinando bobagens são gente nova, sem informação de orixá e sem índole, gente descomprometida com você, eles não nasceram aqui, não tem nenhuma responsabilidade ou respeito a nossa sociedade, eles não pertencem aqui. São estrangeiros, vieram aqui ganhar dinheiro. Eles não pertencem ao Brasil, não tem vínculos com nossa sociedade.


Na maior parte das vezes esse pessoal não representa nada na religião deles e trazem um péssimo entendimento. Lembro a todos que nós aprendemos sobre orixá no Candomblé a partir do século XIX, o Candomblé se estruturou no formato que tem hoje a partir de 1847 com Yorubas que conheciam Orixá e a religião.


Essa foi a origem do nosso conhecimento de Orixá.


Nós aprendemos orixá com o tataravô dessas pessoas que aparecem aqui, essas pessoas têm que vir ao Brasil para aprender sobre Orixá, aprender o que nunca souberam ou o que deixaram se perder. 99% da população da Nigéria é católica ou muçulmana. A chance de você estar falando com um muçulmano fingindo ser Bàbáláwo ou Babalorixá (Bàbálórìṣà) é imensa.


Aqui no Brasil e no Candomblé, nós não somos africanos e não precisamos ser. Nós aprendemos a religião com africanos de verdade, Yorùbá que tinham uma outra índole e ha mais de 150 anos atrás. Não tenha nenhum complexo de vira-lata, nós somos a nata desta religião no mundo. Quem disse isso foram as pessoas que estudaram essa religião na África e nas Américas.


Por fim, esses africanos têm um entendimento primário que, só eles podem ter Orixá (Òrìṣà), porque orixá é algo de descendência deles. O entendimento deles é que os Orixá (Òrìṣà) foram ancestres deles.


Assim todas as pessoas de uma mesma família ou clã são do mesmo Orixá (Òrìṣà) por causa disso, porque eles são descendentes diretos.


Eles nunca acreditaram que os orixá foram para o novo mundo e que nós estrangeiros, não africanos podemos ter Orixá (Òrìṣà). A visão teológica de religião deles é diferente.


Só que o entendimento deles está errado, nós já provamos isso a eles. O que eles acham que é Orixá (Òrìṣà) é diferente, os Orixá (Òrìṣà) sim vieram para as Américas e nossa ligação com Orixá (Òrìṣà) não se dá por descendência.


Isso é um assunto que eles não falam mais, claro estão aqui para ganhar dinheiro com isso.


Agora eles vem para cá fazer barbaridades em termos de Orixá (Òrìṣà), porque acham que é tudo placebo e que não vai nada funcionar.


Assim, consultar um Bàbáláwo nigeriano é uma coisa normal, porque Ifá foi feito para atender a qualquer pessoa, mas tome cuidado para não ser enganada ou abusada. Confiar nessas pessoas para fazer liturgias de Orixá e iniciações é loucura.


sexta-feira, janeiro 21, 2022

O QUE VOCÊ ENCONTRA NOS ODÙ ?

 

O QUE VOCÊ ENCONTRA NOS ODÙ ?


Vou repetir o meu mantra:


Esse blog e canal do youtube têm como objetivo dar informações para que vocês possam a partir de informação tomarem as suas melhores decisões. Eu falo de religião e de teologia de Ifá, de modo que eu explico Ifá sob o ponto de vista da religião que ele define e principalmente da sua (de você, não de ifá) relação com deus.


Além disso eu também explico a prática da religião para que vocês possam entender o que é o correto e avaliarem de uma forma mais lúcia as coisas que encontram e o que lhes propõem por ai.


Por isso que aqui não tem monetização, não tem número de whatsup para consultas.


Eu não falo aqui sobre a prática que existe no mundo real apenas para trazer confusão e complexidade para vocês. Eu mostro que tudo isso que deveríamos estar vendo aqui é apenas religião e explico como é complicado lidar com o mundo das pessoas que monetizam esta religião.


Não só essa, mas, qualquer religião que se disponha a ajudar às pessoas através do supernatural vai ter o mesmo problema, de lidar com a dualidade da religião ajudar pessoas e conviver com pessoas que se dedicam ao comércio de favores. Só as religiões que não se comprometem com a vida de vocês não vão ter esse problema, por exemplo, as religiões que apenas te oferecem uma salvação para depois que você morrer jamais terão esse problema de bem e mal dentro da mesma.


Eu tenho vários vídeos no qual falo de Odù, que é a base de informação desta teologia.


Nesse card ai em cima, tem um vídeo que eu explico o que é odu.


Reconheço que tudo é muito complicado, eu falo uma coisa e tem dezenas de pessoas falando outra, com sinceridade, se eu não tivesse a informação que eu tenho e a experiência que eu tenho eu também ficaria muito confuso e não saberia em quem ou no que acreditar.


A minha insistência em falar sobre o que é Odù é devido ao entendimento disso poder evitar muitos problemas que vocês podem ainda ter ao seguir determinadas interpretações orientadas para a questão ritual e não espiritual.


Esse tema aqui é importante porque é a base para várias coisas que eu vou falar em outros vídeos.


Assim prestem a atenção porque eu vou falar coisas que vocês nunca ouviram.


Odù não são divindades. As únicas divindades nesta religião são deus, os inrumolé (Irúnmọlẹ̀) e os Orixá (Òrìṣà) (que é um tipo especial de inrumolé (Irúnmọlẹ̀)). Além das divindades temos outros espíritos menores, mas, isso não vem aqui ao caso.


Se você não sabe o que é um irunmole ou orixá, não se preocupe nesse card eu explico o que são orixá. Além disso toda religião tem um conjunto hierárquico e funcional de divindades, mesmo o judaísmo e o catolicismo, além do deus supremo, tem divindades ou espíritos que tem nomes próprios .


Ter várias divindades além do deus supremo não é uma exclusividade desta religião. Só que nessas religiões eles não chamam essas divindades adicionais, como santos, anjos, profetas, espíritos de deuses. Se Jesus fosse de outra religião, seria chamado de um deus secundário, os anjos poderiam ser também chamados de deuses. Assim, como eu expliquei nesse vídeo que esta nesse Card essa é uma discussão baseada em preconceito não em razão ou lógica. Mas esse tema fica para outro vídeo que já está feito.


Odù é informação. É a palavra de deus para nós. Assim como os judeus têm o Tanaká e, assim como os católicos têm a Bíblia (que inclui a tanaká), os Islâmicos têm os versos do Alcorão e os indus têm o Vedas e o Mahabharata, nós temos os versos dos Odù. Todos são fontes de informação.


O corpo literário de Ifá, é dito ser primariamente uma tradição oral devido aos Yorùbá não terem desenvolvido uma língua escrita. Quem não sabia disso passe a ser um informado. Os Yorùbá não tinham língua escrita, apenas falada.


Ser uma tradição oral não é uma virtude. Infelizmente, para os Yorùbá eles não criaram uma escrita para registrar o seu conhecimento, talvez tivessem sido uma civilização de mais sucesso se tivessem criado isso.


A falada tradição oral não é um fim ou uma qualidade, é a consequência da falha de um povo que não desenvolveu a escrita e assim não pode preservar seu conhecimento e não o difundiu de forma adequada e ampla. Esqueçam esse glamour de tradição oral.


A maior responsabilidade por essa confusão e falta de entendimento é isso, não existe uma base comum documentada para se basear, assim, enquanto tradição oral, todo mundo fala e inventa o que quer.


Se houvesse uma base documentada nós ainda lidaríamos com o problema de ter mais de uma interpretação teológica, mas, isso é muito mais simples do que não ter nenhuma base e isso permitir invenções de toda a natureza.


Se você está se envolvendo ou interessado nesta religião, a primeira coisa que precisa entender é de onde essa religião veio.


Esta religião surgiu através do povo Yoruba e não existe história arqueológica sobre esse povo que permita uma determinação de quando esta religião foi formada ou como esse povo surgiu, como tudo na África é pouco ou nada documentado.


O povo yoruba fica na África central, na área ocidental das florestas úmidas, entre o Magreb ao norte, as savanas ao Sul e a leste a África oriental. A região deste povo ocupa uma parte do sul da Nigéria e do Benin ao oeste. Em termos de África é um espaço bem delimitado. Os Yorùbá são um conglomerado pequeno, essa região da África é majoritariamente dominada pelo povo Bantu, que tem uma cultura muito menos sofisticada.


Não há dúvida de que a civilização Yorùbá, que é um agrupamento formado na verdade por várias etnias, era um modelo interessante, organizada e solidária, uma referência que impressionou os primeiros europeus que os encontraram. A organização civil e religiosa em muito superava os próprios europeus. Não são palavras minhas, são daqueles que os viram, procurem as fontes.


Mas isso acabou por eles mesmos, eles, principalmente, se auto destruíram, mas, os que mais contribuíram para essa destruição foram os muçulmanos e por último, bem por último, os europeus. Os árabes depois que se converteram ao islã tiveram que parar de roubar entre si e tiveram que ir fazer isso em outras terras e povos não islamizados. Eles não podiam se roubar, matar e escravizar, mas podiam fazer isso com outros povos não islamizados. Sempre foram salteadores e escravagistas. A religião fez com que eles se poupassem, mas estavam livres para levar o caos para os não crentes. Muito interessante essa religião.


Mas, vamos falar de deus, olhem as obras de deus sob um ponto de vista mais amplo, olhem para a linha do tempo e para uma geografia ampliada. Para entender deus você tem que olhar o todo, em 4 dimensões e não apenas um grão de areia.


Deus criou esta religião para eles, aquele povo numeroso em uma região rica (de florestas úmidas) e central da África, uma religião boa e interessante, que valoriza a pessoa e a sociedade, que busca reunir o melhor de ambos, que integra as pessoas a deus e dá um caminho para uma vida inspirada por deus e principalmente com o suporte de deus para o seu sucesso e a vigília dele em relação às nossas ações.


O modelo de integração deus-religião-homem-e-sociedade é muito interessante, uma proposta muito equilibrada e até mesmo invasiva, fundamentada na fé que permeia todos os momentos da vida das pessoas conciliando vida e fé. É uma proposta de integração contínua da vida laica e sacra, sem dúvida nenhuma é um modelo inspirado por deus e orientada a deus.


É uma religião que exorta o homem a buscar suas virtudes e qualidades, que prega a paciência e equilíbrio para suas ações, que pede que sejamos tolerante e generosos até mesmo com nossos inimigos. Uma religião com liturgias e práticas voltadas para a harmonia social e o equilíbrio de forças entre homens e mulheres.


Não é um modelo segmentado onde você entra em uma igreja para rezar e sai dela para sua vida comum ou entra em uma igreja para se arrepender de pecados e sai livre deles. A proposta é muito mais rigorosa a intensa que esse modelo frouxo dos católicos.


O envolvimento da pessoa com a religião e o equilíbrio disso em sua vida é uma proposta muita melhor e maior do que a religião católica e o islã propõe. Sob o ponto de vista desta religião aqui, os católicos são pessoas muito pouco crentes.


Este não é um culto de fetiches e animismo. Não é uma prática de feitiçaria.


Se você está se surpreendendo com essas rápidas afirmações, é porque não conhece as bases dessa religião que estou falando, veja meus vídeos sobre teologia e aguarde o livro no qual explico toda a religião.


Como eu disse, deus olha muito a frente e muito além. Deus cria religiões de acordo com o que as pessoas precisam. Deus deu a essas pessoas, aos Yorùbá, uma oportunidade de terem um futuro melhor, deu uma religião que poderia ter, sim, melhorado a vida deles e a relação deles entre eles mesmos. Deus deu as pessoas a ferramenta divina para serem prósperas e felizes, para se entenderem. Se esta religião tivesse sido adota seriamente poderia ter evitado o que se seguiu e persiste até hoje.


Esse povo jogou fora a oportunidade de terem uma vida melhor.


Retornando a Ifá e as obras de deus, foram os europeus que criaram a escrita para os Yoruba e foram os europeus que foram lá registrar o corpo literário de Ifá em escrita para salvar e preservar o que eles tinham. Assim antes de entrar nesse mimimi de falar mal dos europeus, os terríveis colonizadores pensem 1 minuto nisso. Foram estrangeiros, europeus, tementes a deus, que foram lá e salvaram esta religião do ocaso.


Você pode pensar no que quiser, pode pensar em coincidência e no acaso. Mas eu tenho certeza que foi deus que inspirou pessoas como Verger, Bascon, Drewall (existem vários outros) a irem até os Yorùbá e resgatar a religião deles antes que ela se perdesse.


Só a vontade de deus poderia inspirar pessoas a se interessarem pelos africanos naquela época. E essas pessoas foram pinçadas entre os europeus ou do novo mundo, pessoas que ou já eram religiosas ou viviam com um povo religioso.


Eu vejo um movimento evidente de deus a favor da preservação desta religião, a vinda para o Brasil e depois essas pessoas criando uma língua escrita para eles e documentando detalhadamente o que era possível para salvar a teologia através do corpo literário dos Odù foi uma coisa de deus.


A religião que eu trato aqui se preservou através de esforços impensáveis, lembrando que religião é uma coisa que vem de deus, é sagrada. Quem é religioso e crê em deus, preste atenção no que vou dizer agora.


Religiões, todas as legítimas e inspiradas por deus, são coisas nobres, são a palavra de deus. Deus fala com a humanidade, espalhada pelo mundo em diversas línguas e em diversas formas, deus quer ser entendido, não existe esse modelo de religião única, mas, também não tem nada de errado todos terem uma mesma religião.


Se você crê em deus você não pode ser obtuso e achar que só a sua seja legítima ou boa. É muito pequeno você achar que deus só olha para você e todos os demais são adoradores de ídolos. Se olhe no espelho.


Esta religião sobreviveu ao ocaso da civilização Yorùbá, o ocaso causado por eles mesmos que abandonaram tudo o que a religião dizia para eles fazerem como pessoas e como sociedade. Mas deus deve ter planos maiores para esta sua obra religiosa e quis intencionalmente preservar essa religião e os Orixá (Òrìṣà). A diáspora negra trouxe a religião e os Orixá (Òrìṣà) para o Brasil e aqui nós aqui preservamos esta religião e somos, sem dúvida no mundo, a maior referência fora da África, talvez até incluindo a própria África nisso.


Lembre-se que os escravizados também foram para os EUA mas lá não floresceu nada, assim o destino fez a diferença.


É impossível uma pessoa não reconhecer o papel extremamente relevante do Brasil e do Candomblé para esta religião, o que temos aqui, foi muito bem criado e preservado e é um modelo para o resto do mundo. Tolos e ignorantes são aqueles que aqui no Brasil procuram essa religião em estrangeiros, principalmente em africanos que não tem nada a apresentar, eles representam apenas o fracasso.


Ifá não veio a toa para o Brasil, temos uma nova oportunidade de salvar mais um pedaço desta religião, esta é minha religião.


Assim tomem muito cuidado ao lidar com esta religião no sentido de que busquem entender a religião, não fiquem atrás de uma “cultura yorùbá” porque, religião é algo de deus e que você pode adotar, a cultura, nunca, cultura é algo muito complexo que somente aquele povo têm, o máximo que ocorre é você pegar alguns pedaços dela, coisas pontuais.


Essa cultura está ligada ao povo que fracassou. A religião que foi salva esta ligada a deus e no esforço de deus de preserva essa sua obra.


Enquanto povo, esse pessoal que vem para cá, não tem nada a exportar para o mundo, muito menos virtude e caráter. Se tivessem conteúdo e virtude eles estariam até hoje como eram no seu princípio. Não estão, eles se venderam, venderam pessoas, quase destruíram sua religião, estão longe de serem um modelo de ética e moral.


Não existem vítimas lá. Mais ainda esse pessoal que vem para cá querendo resolver os seus problemas não conseguem resolver o problema da sociedade deles, eles não conseguem convencer nem mesmo as pessoas nativas a adotar esta religião, lá menos de 1% da população pertence a religião de orixá. Vocês aqui são as vítimas deles.


Não mudem sua vida querendo se espelhar em um povo que você não pertence e que não tem nenhuma virtude para exportar ao mundo.


Lamento a red pill, o choque de realidade, mas, isso é necessário.


Voltando aos Odù, eles são textos sagrados, são a palavra de deus assim como é o tanaká, a bíblia e o vedas. Não são divindades, já disse isso e muito menos são receitas de feitiços. Esta é uma religião.


Repito o que já falei 100x os que não reconhecem isso como religião só querem te vender a magia, o fetiche o animismo. Essas pessoas não tem nada para te ensinar.


Afinal, o que contêm os Odù? De tão especial?


Eles, através de versos e histórias em versos (como outros livros sagrados) contêm ensinamentos de deus para vivermos melhor. Só isso.


Os Odù contêm o mesmo tipo de informação que contêm a bíblia, por exemplo e outros livros sagrados.


Eles nos explicam como é a vida, quais são as forças que atuam sobre ela, quais são os comportamentos positivos que levam ao sucesso e quais os negativos que levam as dificuldades. Odù ensina ao Bàbáláwo quais são os arquétipos comportamentais das pessoas, que comportamentos são bons e trazem bençãos, de deus e que comportamentos atraem coisas ruins e porque.


Odù é um manual de instruções para viver bem. Para ser uma pessoa boa.


Se o Bàbáláwo entende o que é Odù ele vai usar esses versos para entender como as pessoas se comportam, quais são as virtudes que trazem comportamentos bons e quais os desvios que trazem outros mal comportamentos. A complexidade dos Odù é explicar essa relação, um mal-raiz traz vários outros mal junto e o Bàbáláwo deve entender os sintomas para buscar a raiz do problema.


O Bàbáláwo pode levar anos observando a vida para poder aprender isso ou entender os Odù e aprender com mais rapidez, claro, se confiar na sua religião. Um Bàbáláwo deve ser um crente máximo em deus.


Os Odù explicam então os sintomas, através dos comportamentos visíveis e correlaciona eles com a origem disso para que o Bàbáláwo possa orientar a pessoa no que ela deve mudar no seu comportamento para se livrar dos problemas e das consequências ruins.


Odù nos mostra que o que passamos e sofremos são resultados de nossas ações e que nossas ações afetam outras pessoas e que somos afetados também pelas outras pessoas. É uma matriz muito intrincada de relações.



Os Odù ENSINAM ao Bàbáláwo o que ele deve saber para entender as pessoas e seus problemas e baseado em diversos padrões de comportamento identificar como ajudar a essas pessoas a entender ela e a vida delas.



Odù não são instrumentos para prever o seu futuro. Eles não são instrumentos para você ver a vida de outras pessoas em volta de você, eles são um instrumento, que permite ao Bàbáláwo te ajudar a conhecer a você mesmo.



Um oráculo baseado em Odù continua sendo um oráculo focado naqueles textos de auto-conhecimento. Ifá te ajuda a se conhecer, suas virtudes, seus defeitos e o resultado de suas ações. Nada diferente disso sairá de um oráculo de Ifá baseado em Odù.



Os textos de Odù, o conhecimento que está ali pode até ser usado sem você estar em uma consulta. Você pode estudar os versos e significados de Odù e aplicá-los de forma geral, mas, para isso precisa de um entendimento auxiliar porque os Odù tem mensagens conflitantes nos Omon (Ọmọ) Odù que são direcionados a orientações pessoais. Assim os versos de Odù podem ser usados sem o oráculo mas continuam exigindo a orientação de uma pessoa que os conheça de forma ampla.



O Bàbáláwo tem assim que ser uma pessoa com muito estudo. Tem que conseguir entender os versos de uma forma filosófica, ele tem que ter a capacidade de fazer o uso desses versos, desses textos com a finalidade para a qual eles foram criados. Isso é bem difícil.



Mas nem tudo é só comportamentos e relações interpessoais. Claro que existe uma complexidade relativa a lidar com o supernatural e questões relacionadas a nossa relação com deus e com os nossos ciclos de vida. A relação desta vida com outras e o entendimento de opções que fizemos antes de viver fazem parte.



Cada religião é levemente diferente de outra (tem muita coisa igual) e uma das coisas que mais uma difere das outras é no entendimento do que seja nossa vida, nossa existência aqui. Isso pode parecer pouco, mas, na verdade, é tudo, porque isso direciona a forma como vivemos.



Prestem atenção nisso. Entender o sentido de nossa vida aqui, o que cada religião propõe nos torna uma pessoa diferente, isso se você de fato se interessa pela sua relação com deus.



Odù é assim filosofia, muita filosofia e é isso que gera muito problema.



É isso que aprendi depois de anos, muitos anos nessa religião, primeiro no Candomblé e depois em Ifá. Tudo é muito mais simples do que fazem parecer.



Os Odù tem um significado contínuo, cada um deles aborda um aspecto da vida e eles vão se complementando, existe uma harmonia de significados. Existe integração nos seus significados.



Um complemento aos Odù é a parte da magia, aquele que lida como supernatural para te dar uma mão, para te dar um empurrão, limpar problemas passíveis de serem limpos e te energizar. Essa parte prática é um complemento. A ação, complementa o entendimento.



Uma grande quantidade de pessoas se transforma em sacerdote desta religião sem entender isso que estou explicando. Veja, não me considero nenhuma sumidade, o que estou falando é bem simples e nivela esta religião com qualquer outra.



É preciso muito tempo para aprender e se capacitar a ser um Babalawo e lidar com o conhecimento de Ifá. Quem não estuda se ocupa de fazer ebó, esse é o atalho, o caminho da ação.



Quando a pessoa não consegue entender o que fazer com Odù ela se preocupa com o que consegue entender, que é trazer significados simples e indicar as ações de magia, os ebó (ẹbọ).



O que eu digo para vocês é isso, gente, acordem, isso é apenas religião, não é magia, não tem solução mágica para a vida.



Um Bàbáláwo não pode ser um fazedor de ebó (ẹbọ). Orunmilá é considerado a divindade da sabedoria e não da ação, ele aconselhava as pessoas a como deviam se comportar. As ações eram feitas pelos Orixá (Òrìṣà) e não por ele, ele era um espectador. Isso está nos versos.



No Candomblé, voltado para Orixá (Òrìṣà), o entendimento da religião é esse o da ação, porque Orixá (Òrìṣà) é ação. Lá tudo é diagnóstico e ação.



Mas Ifá não é isso. E esqueçam esse entendimento de Odù que o pessoal do Candomblé diz que tem, eles não entendem nada de Odù.



Assim, temos aqui definida uma diferença bem marcante entre Ifá e Candomblé, entre o culto de orunmilá e o de Orixá (Òrìṣà). O culto de Orixá (Òrìṣà) se concentra em ações sobre nossa vida, para trazer nosso bem estar, mas, falta a ele o que Ifá tem o entendimento sobre a pessoa humana.



Bàbáláwo que não alcançam o espírito de ELA, se voltam para a ação, para a interpretação simples e a atuação através de Orixá (Òrìṣà). Essas pessoas falam de Orixá (Òrìṣà) o tempo todo, dizem que determinam seu Orixá (Òrìṣà), fazem iniciações, etc.. Eles fazem o que resta para eles, o caminho da ação, mas, para isso teriam que estar no Culto de Orixá (Òrìṣà), no Candomblé porque falta conhecimento no culto de Ifá sobre a liturgia ligada a Orixá (Òrìṣà). Bàbáláwo sabe muito pouco sobre Orixá (Òrìṣà), que conhece Orixá (Òrìṣà) é a Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà).



O que eu vejo em Ifá é como aquela cena do filme 2001 uma odisseia no espaço, quando o monólito negro aparece para os macacos e eles ficam pulando em volta sem entender o que é e meio maravilhados. Assim é Ifá, todo esse conhecimento humano e de deus e a realidade é um monte de “macaco-babalawo” pulando em volta e também os “macaco” não Bàbáláwo pulando junto.



A pessoa consulta Ifá para você e tudo o que ela se preocupa é rapidamente escolher um ou mais Orixá (Òrìṣà) para recorrer através de, oferenda, sacrifício, assentamento e até iniciação. Orixá (Òrìṣà) vira o objeto do trabalho e foco porque ele é o agente externo da mudança Orixá (Òrìṣà) é a ação, mas, isso não é Ifá, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) não é Orixá (Òrìṣà).



Esse é o caminho do babalawo sem conhecimento real, o que consulta ifá para escolher o ebó, orixá a assentar ou iniciar, preocupado com a ação.



Mal comparando mesmo, os católicos têm também 2 caminhos o de Marta e o de Maria, vejam isso em Santo agostinho, Ifá é o caminho de Maria, o Candomblé, é o caminho de Marta.



E Ifá nisso? Onde fica?



Isso é Ifá?



Não, já expliquei, Ifá não é fazer ebó (ẹbọ), iniciação e assentamento para Orixá (Òrìṣà), isso não resolve nada, o que resolve é você mudar. Claro que você pode precisar de ajuda e é para isso que os Orixá (Òrìṣà) se apresentam.



Não adianta ir a Ifá para sair de lá com uma receita de iniciação, paga, é claro, para isso vá em uma cartomante ou a um jogo de búzios.



Ifá não é um Oráculo para receitar ebó (ẹbọ). A Magia não é a base disso, o oráculo não é um instrumento para receitar magia. O Bàbáláwo não é a pessoa para tratar de Orixá (Òrìṣà), o Bàbáláwo trabalha através de orixá porque tudo nessa religião é através de Orixá (Òrìṣà). Essa não é uma religião onde a pessoa, tem o poder de fazer as coisas, os Bàbáláwo não são profetas ungidos com o poder absoluto de deus. Bàbáláwo e Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) são pessoas que recebem o sacerdócio, a capacidade de atuarem em conjunto com os Orixá (Òrìṣà) para o bem da pessoa.



Apesar de o Orixá (Òrìṣà) ser tudo nessa religião, ser a presença humanizada de deus entre nós, um Bàbáláwo não tem que se preocupar com qual Orixá (Òrìṣà) você está ligado, isso não importa para ele, ele vai trabalhar junto com os que naquela consulta vierem para ajudá-lo.



Para o Bàbáláwo só importa a interpretação do oráculo e o que está sendo pedido complementar para se fazer, mas, o trabalho do Bàbáláwo é interpretar o oráculo.



Para finalizar, um Bàbáláwo, pode falar sobre Ifá e Odù para você sem citar nenhum Odù ou fazer qualquer consulta. Se você fosse sincera o suficiente ele poderia dizer o que está errado e certo e direcionar suas atitudes e comportamentos, baseado no que está em Ifá.



A consulta direciona o que ele deve falar, reduz o escopo e direciona o que deus recomenda que deve ser dito, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) fala para o Bàbáláwo quem você é porque ninguém se auto-reconhece, por isso que tem que iniciar com a consulta a Ifá.


Assim Odù é isso. A Magia não é o mais importante, mas, quando a pessoa não entende Ifá é mais fácil ser um profissional de ebó (ẹbọ) e oferenda. É mais fácil ser uma Bàbáláwo que só fala de Orixá (Òrìṣà) porque é muito difícil ser um Bàbáláwo que representa Órunmila (Ọ̀rúnmìlà). Orunmilá é a palavra de deus e a sabedoria, Sabedoria exige conhecimento e experiência de vida. Para falar de Odù o Babalawo tem que aprender sobre o mundo, tem que conhecer, pessoas, a vida, a experiência de viver, acertar e errar.


É por essa dedicação a ação, ao supernatural, é que muita gente nos chama de fetichistas e animistas, por isso que muito gente não reconhece na nossa atuação a inspiração de deus, mas isso é papo para outro vídeo.


Eu respeito muito o culto de Orixá (Òrìṣà), todos aqui sabem disso eu amo o culto de Orixá (Òrìṣà), tenho muita saudade, mas, ser Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) e Babalorixá (Bàbálórìṣà) é para as multidões. Ser Bàbáláwo não.


Bàbáláwo não é superior a Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà), mas ele lida com outro aspecto da religião e digo mais, para fazer o que uma Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) deve fazer precisa de muito conhecimento e muita experiência. Se você encontra um Bàbáláwo envolvido com Orixá (Òrìṣà) querendo fazer o que uma Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) faz esse é um Bàbáláwo perdido, ele nasceu no sexo errado e se iniciou no sacerdócio errado.


Conhecer e entender a religião através de Ifá exige dedicação absoluta a isso, não tem espaço para fazer as duas coisas. Um Bàbáláwo tem que estudar filosofia e não fazer livro de ebó (ẹbọ).