Como é a nossa relação pessoal com Orixá
Existe uma curiosidade e confusão no entendimento de uma coisa simples que é a relação pessoa-orixá. Esse desentendimento traz bastante problema.
Basicamente nesta religião cada pessoa deve se preocupar com duas divindades apenas, como vou explicar a seguir. Existem várias divindades, mas cada pessoa tem que se preocupar apenas com o seu anjo da guarda, ou Ori e o seu Orixá, cada pessoa está ligada por nascimento a apenas 1 anjo da guarda, seu Ori, sua divindade pessoal e a apenas 1 orixá, sendo que o anjo da guarda é realmente pessoal e o orixá é coletivo, mas ligado seletivamente a uma pessoa.
Aqui um primeiro alerta, farei outros, cubanos apareceram aqui no Brasil chamando o orixá de seu anjo da guarda, seu eledá. Não é isso, isso é o entendimento deles, baseado no fato de que eles nunca tiveram o conceito de Orí, só incluíram isso depois que aprenderam isso aqui com o Candomblé. Inclusive o entendimento deles e bem diferente do nosso, principalmente no que diz respeito ao que eu estou tratando aqui, a relação pessoa-orixá. Não caiam nessa conversa deles sem antes entender que eles entendem isso tudo aqui de outra maneira.
Tem muito brasileiro, também, que não sabia nada de Orixá, nunca se interessou, nunca teve vontade ou conseguiu entrar para o Candomblé porque era complicado e demorado, mas que virou Bàbáláwo ou santeiro. Essas pessoas descobriram uma caminho mágico através dos cubanos e da Santeria. Através deles, eles rapidamente entram para o culto, fazem uma iniciação acelerada e simples, coisa de 7 dias e já saem formados e atendendo pessoas. Isso no Candomblé ia levar uns 14 anos, no mínimo e mesmo assim ainda seriam supervisionados.
O Candomblé tem um processo de controle de qualidade dos iniciados, sempre teve. O que ocorre no mundo real é as pessoas fugirem desse processo trocando de casa e as vezes de nação. As pessoas fogem do controle de qualidade se desligando dos iniciadores. Isso não podemos impedir.
Existe um problema também real é que essas pessoas, formados por cubanos falam de Orixá (Òrìṣà) como se fosse tudo igual, elas não deixam clara a origem da formação e do conhecimento delas e elas ficam fazendo criticas, comentários e sugerem correções ao Candomblé, mas sem elas entenderem nada sobre como o Candomblé entende. Lembra que elas não sabiam nada antes? Pois é, continuam não sabendo nada e ficam querendo crescer com esse nada em cima dos locais.
Muitos nem fazem ideia que os entendimentos são muito diferentes, porque elas evitaram o Candomblé. Como elas só aprenderam com os cubanos elas nem sabem onde se meteram.
Para quem já é do Candomblé, eu recomendo, não percam tempo com essas pessoas. A conversa é impossível.
Eu já fui de Candomblé, estou ha bastante tempo em Ifá e conheci, por minha conta o entendimento da Santeria sobre Orixá, não aprendi tudo, aprendi o que me interessou para entender. Eu afirmo, é totalmente diferente do Candomblé. Digo mais, é bom para os cubanos, a Santeria é ótima para os cubanos, nós aqui temos uma tradição muito diferente e na minha opinião, religiosamente superior, o Candomblé.
Eu faço esse alerta porque o pessoal ligado a esse entendimento da Santeria não precisa perder tempo discutindo. Essas pessoas estão em outro mundo. Se quiserem entender como o Candomblé entende essa relação continue aqui.
Continuando a explicação depois desse alerta. Assim, não tratamos diretamente com deus, mas deus se manifestou teandricamente através dos orixá e desta maneira nos relacionamos com deus através dos Orixá (Òrìṣà).
Orixá (Òrìṣà) é o nosso caminho para chegar a deus, Orixá (Òrìṣà) e Orí.
Cada Orixá (Òrìṣà) representa um arquétipo humano e isso designa a razão da ligação pessoa a um determinado Orixá (Òrìṣà). É falso o entendimento de que a pessoa é influenciada pelo orixá, é o inverso o orixá é associado aquela pessoa devido aquela pessoa ter aquele arquétipo. Não é o rabo que balança o cachorro e sim o cachorro que balança o rabo.
Com o Orixá (Òrìṣà), deus se comunica com a humanidade, com as pessoas. Os Orixá (Òrìṣà) representam as pessoas, a nossa natureza humana, os nossos arquétipos comportamentais. Os Orixá são divindades, mas os vemos como humanos e, através de suas histórias, histórias humana, nos refletimos nelas e também neles e, através do comportamento manifesto nas histórias e do destino das histórias (a moral) devemos entender como nos comportar, quais os comportamentos bons, quais os comportamentos ruins e como receber as bençãos de deus.
Assim, o Orixá (Òrìṣà), surge na religião de 2 maneiras, primeiro como sendo uma ligação pessoal de deus com a pessoa e em segundo sendo o personagem de mitos e histórias que nos mostram as mensagens de deus para nós através desta religião. Em ambos os casos, os Orixá (Òrìṣà) refletem a humanidade de deus visto que, são eles que interferem na nossa vida.
Orixá também é ação, é o orixá que age em nossa vida é ele que tem o axé (àṣẹ), o poder de deus para movimentar o supernatural a nosso favor, em nosso suporte. Orixá (Òrìṣà) é o poder de deus dividido em várias partes porque se fosse reunido em uma divindade só, seria o próprio deus. Quando necessitamos da ajuda de deus, será o Orixá (Òrìṣà) que interferirá em nosso favor.
Os orixá são, assim, o próprio deus presente em nossa vida.
Mas, a quem recorremos? Temos que recorrer a todos os Orixá? Não.
Toda essa superestrutura é para cuidar de toda a humanidade de forma individual, através da relação Orixá-pessoa e também da disponibilidade dos Orixá (Òrìṣà), como manifestação de deus, para suportar todas as pessoas com os poderes de deus repartido. Mas isso não nos obriga a cultuar todos os orixás, o sentido é um por todos e todos por um.
Cada pessoa tem, em primeiro lugar, que se preocupar com ela mesma, com seu comportamento e com os problemas que causa. Em segundo lugar as pessoas devem se preocupar com seu anjo da guarda, o Enikeji ou Ori. É o anjo da guarda que cuida da gente e que busca os Orixá (Òrìṣà) para interferirem a nosso favor. Nada poderá ocorrer com a gente, através dos Orixá (Òrìṣà) se o nosso Ori não permitir.
Essa relação começa com nosso nascimento, nós nascemos com o nosso anjo da guarda, nosso Ori e com o nosso Orixá já designados a nós. Nós nascemos com a essência de um único orixá dentro de nós. Todo nós já estamos, de nascença ligados ao nosso orixá e ele é apenas 1. Não precisamos ser iniciados a orixá porque nós já temos o orixá dentro de nós, essa ligação já existe por nascença.
A feitura de orixá no Candomblé é uma liturgia que manifesta a ligação pessoa-orixá com a finalidade de fazer aquela pessoa um elegun, um meio de transporte para o Orixá se manifestar no mundo real.
A feitura de Orixá (Òrìṣà) não vai colocar aquele orixá em você ou vai ligar você aquele Orixá (Òrìṣà). Você já é ligado, repito a feitura é um processo de manifestação do orixá no mundo através de você.
O anjo da guarda, enikeji ou Ori, é a divindade que todos devem se preocupar. O orixá de cada um se manifestará na sua vida de forma natural. Não é necessário que cada pessoa, para participar desta religião, saiba qual o seu próprio Orixá, essa determinação não é um requerimento nesta religião e digo mais, é uma informação privada e pessoal, que não deve ser divulgada.
Durante toda nossa vida nós já estamos sendo protegidos por nosso anjo da guarda e por nosso orixá.
Mas a vida é difícil, passaremos por muitas dificuldades e vamos precisar de ajuda em muitos momentos. O sentido da autonomia e da auto-determinação impedem que exista qualquer interferência direta dos orixá em nossa vida, existe uma proteção geral mas se precisarmos de uma intervenção direta em determinada situação nós temos que recorrer a ele.
Para orientar o acesso aos orixá na busca de ajuda de deus, existe o oráculo. Nesta religião o oráculo é fundamental é a porta de entrada para o acesso a deus.
Por que deus interferiria em nossa vida? Porque existe uma aliança entre ele e nós estabelecida antes de nascermos. Deus se compromete a nos suportar em nossa vida e em nossos objetivos, deus quer que sejamos felizes.
É através da consulta ao oráculo religioso que nos formalizamos o pedido de ajuda a deus e a intervenção dos orixá a nosso favor que, dependerá do motivo e do merecimento.
O oráculo não tem como finalidade prever o futuro. O oráculo olha o passado e principalmente o presente, é você que constrói o seu futuro. O oráculo é um instrumento de informação e de pedido de ajuda.
Atenção: Não existe favor comprado, não se compra a ajuda de Orixá (Òrìṣà) com dinheiro ou oferendas. Ninguém aqui na vida tem o poder de intervir a favor da vida de ninguém. A intervenção só ocorre através de Orixá (Òrìṣà) e ninguém tem o poder de ordenar nenhum Orixá (Òrìṣà) a fazer qualquer coisa que não seja devida ou merecida. Orixá (Òrìṣà) não esta a venda.
Tudo o que você receber de deus será através dos Orixá (Òrìṣà) e tudo que receber dos orixá será baseado em merecimento, não existe graça comprada ou vendida.
Homens não tem o poder de deus e não podem ordenar a um Orixá (Òrìṣà) ou a deus o que fazer para você. Homens são sacerdotes, eles recebem através de sua iniciação no sacerdócio a capacidade de manipular o supernatural através do suporte dos Orixá (Òrìṣà). Iniciação não é um fabuloso processo de magia que te concede poderes. A iniciação é uma opção que você demonstra e faz de ser um sacerdote, um instrumento que será usado por deus e pelos Orixá (Òrìṣà).
Um sacerdote é apenas uma ferramenta a serviço dos Orixá (Òrìṣà). Ele une o poder do Orixá (Òrìṣà) com o seu poder humano, sua energia e matéria, sua quintessência para que os Orixá (Òrìṣà) possam fazer determinadas atividades, mas, sempre será um Orixá (Òrìṣà) operando isso.
Sacerdotes não soltam rios pelas mãos e olhos. Eles são operários, apenas isso, carregam os tijolos para os Orixá (Òrìṣà).
É inadequado e incabível o procedimento de ter que se iniciar em um orixá para ter seus problemas resolvidos. As razões são bem simples. Primeiro, como eu afirmo, ao ir ao oráculo, qualquer orixá poderá se levantar para ajudá-lo baseado na sua necessidade e merecimento. Você não precisa estar iniciado a um orixá para receber a ajuda dele.
Quando você nasce, como eu já acabei de explicar, você já está ligado ao seu anjo da guarda e ao seu orixá, o seu orixá de nascimento. Não existe sentido você se iniciar a qualquer outro orixá que não seja o seu próprio, se iniciar a outro pode inclusive trazer problema.
Se você já está ligado a um orixá se ele já faz parte de sua vida porque a iniciação seria necessária para resolver seus problemas?
Você não pode ser iniciado em algo que já possui.
Nesse momento pode vir uma questão: Já que somos ligados a Orí e Orixá (Òrìṣà) por nascimento somos obrigados ir no oráculo e no Candomblé para ter a ajuda deles?
Em princípio não, você terá esse suporte em qualquer religião que tiver, ser católico ou evangélico ou umbandista não muda isso. Se você desenvolver sua fé e sua ligação religiosa poderá ter esse suporte e ligação.
Mas, então, qual a finalidade do Oráculo de Ifá e do Candomblé? É justamente te explicar de forma rápida e direta como acessar esse supernatural e como ter esse suporte de deus para você. Eu disse que você pode eventualmente desenvolver isso, mas, nesses cultos você se contrará com pessoas que tem o conhecimento e a prática para te colocar nessa ligação.
Segundo alerta, sobre os africanos, pessoa sem caráter, vem aqui vendendo a necessidade de iniciações para resolver problemas. Eles dizem que é necessário aqui para trazer aquela energia a sua vida. Mas isso não é só eles, os cubanos e os cubanizados, também tem esse hábito.
Isso é uma bobagem infinita.
Eu não acredito nessas iniciações vendidas, acho que são placebos, mas, se elas causam algum efeito, esse efeito será certamente de prejuízo a você caso seja iniciado a um orixá que não seja o seu próprio.
A chance dessas iniciações ou assentamentos te trazerem problemas é muito grande. Existe uma pequena chance de serem úteis para algo além de dar dinheiro a pessoa que você paga.
Falando nos termos dessas pessoas, se você nasce ligado a um Orixá (Òrìṣà) você tem um tipo de energia na sua vida, em você. Trazer outra energia pode ser um conflito, você pode estar trazendo uma energia que não seja a sua e não seja compatível com a sua.
Essa presunção que você pode empilhar energias em você é uma ideia errada. Tem muita gente que sabe a prática, que aprende os ritos mas não busca conhecimento do que faz.
Cada pessoa tem seu próprio orixá para recorrer. Tem seu anjo da guarda que está acima de qualquer orixá em sua vida, por mais importante que já seja o orixá em sua vida. Você tem o oráculo para recorrer e que vai trazer para ajudá-lo os orixás que forem devidos.
Nesse modelo que expliquei, que é o modelo do culto de Orixá no Candomblé, não existe o espaço para uma pessoa ser iniciada em qualquer orixá que não seja o próprio orixá dela. Além disso a iniciação no Candomblé é para transformar você em elegun, em médiun, um sacerdote e não para trazer o seu próprio orixá para você.
O Candomblé não vende (ou vendia) nem iniciações e nem assentamentos, as Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) e Babalorixá (Bàbálórìṣà) não são loucos de fazer isso, porque, como já expliquei teologicamente não tem sentido. Só tem sentido se for para ferrar a pessoa.
O Candomblé lida com a teoria e a prática do culto de Orixá ha dezenas de anos e o Candomblé é extremamente cuidadoso em tratar tudo que diz respeito a individualidade, Ori e Orixá.
Desta maneira, para encerrar a parte da explicação, você nasce com Orixá, ninguém coloca isso em você. Ninguém tem que se iniciar no próprio Orixá. Iniciar em outro Orixá que não o seu só vai servir para ter trazer problemas sérios.
Essas iniciações são placebos, mas se fizerem algum efeito será um efeito ruim.
Se Você não faz parte da religião, apenas se ocupe com seu anjo da guarda, seu Ori. É só
Um bom babalawo pode ser uma boa pessoa para explicar isso para você, um babalawo não tem que trazer orixá para sua vida, ele deve se preocupar com Ori. Ir em uma casa de Candomblé sempre vai empurrar você para se aprofundar em Orixá porque lá tudo é orixá.
Ninguém tem que se relacionar com mais nenhuma outra divindade. A consulta a oráculo pode trazer outros orixá para ajudá-lo mas eles não serão merecedores de culto algum.
O que eu estou explicando aqui é a prática do culto de Orixá conforme o entendimento do Candomblé. Se você teve contato com outra informação é porque foi atendido como cliente em uma casa que não respeita o culto de Orixá ou não conhece de fato o culto.
Um terceiro alerta. Os africanos que aparecem por aqui fazendo e ensinando bobagens são gente nova, sem informação de orixá e sem índole, gente descomprometida com você, eles não nasceram aqui, não tem nenhuma responsabilidade ou respeito a nossa sociedade, eles não pertencem aqui. São estrangeiros, vieram aqui ganhar dinheiro. Eles não pertencem ao Brasil, não tem vínculos com nossa sociedade.
Na maior parte das vezes esse pessoal não representa nada na religião deles e trazem um péssimo entendimento. Lembro a todos que nós aprendemos sobre orixá no Candomblé a partir do século XIX, o Candomblé se estruturou no formato que tem hoje a partir de 1847 com Yorubas que conheciam Orixá e a religião.
Essa foi a origem do nosso conhecimento de Orixá.
Nós aprendemos orixá com o tataravô dessas pessoas que aparecem aqui, essas pessoas têm que vir ao Brasil para aprender sobre Orixá, aprender o que nunca souberam ou o que deixaram se perder. 99% da população da Nigéria é católica ou muçulmana. A chance de você estar falando com um muçulmano fingindo ser Bàbáláwo ou Babalorixá (Bàbálórìṣà) é imensa.
Aqui no Brasil e no Candomblé, nós não somos africanos e não precisamos ser. Nós aprendemos a religião com africanos de verdade, Yorùbá que tinham uma outra índole e ha mais de 150 anos atrás. Não tenha nenhum complexo de vira-lata, nós somos a nata desta religião no mundo. Quem disse isso foram as pessoas que estudaram essa religião na África e nas Américas.
Por fim, esses africanos têm um entendimento primário que, só eles podem ter Orixá (Òrìṣà), porque orixá é algo de descendência deles. O entendimento deles é que os Orixá (Òrìṣà) foram ancestres deles.
Assim todas as pessoas de uma mesma família ou clã são do mesmo Orixá (Òrìṣà) por causa disso, porque eles são descendentes diretos.
Eles nunca acreditaram que os orixá foram para o novo mundo e que nós estrangeiros, não africanos podemos ter Orixá (Òrìṣà). A visão teológica de religião deles é diferente.
Só que o entendimento deles está errado, nós já provamos isso a eles. O que eles acham que é Orixá (Òrìṣà) é diferente, os Orixá (Òrìṣà) sim vieram para as Américas e nossa ligação com Orixá (Òrìṣà) não se dá por descendência.
Isso é um assunto que eles não falam mais, claro estão aqui para ganhar dinheiro com isso.
Agora eles vem para cá fazer barbaridades em termos de Orixá (Òrìṣà), porque acham que é tudo placebo e que não vai nada funcionar.
Assim, consultar um Bàbáláwo nigeriano é uma coisa normal, porque Ifá foi feito para atender a qualquer pessoa, mas tome cuidado para não ser enganada ou abusada. Confiar nessas pessoas para fazer liturgias de Orixá e iniciações é loucura.