Mais uma nova versão do vídeo sobre matriz religiosa afro-brasileira.
Postei nova versão video, a anterior ficou bastante confusa. Creio que agora esta bem mais objetiva e clara.
Infelizmente a duração não reduziu, já fiz esse vídeo inteiro umas 3 vezes e não consegui reduzir o tempo de maneira que o tempo é esse mesmo.....
Já esta no canal
Blog destinado a explicar e discutir a religião Yòrúba. Conteúdo especializado em Ifá e Candomblé, com aspectos teológicos e também sobre o cotidiano da religião na sociedade
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domingo, setembro 29, 2019
sexta-feira, setembro 27, 2019
Qual a diferença entre Ifá e o jogo de búzios - Complemento
Qual a diferença entre Ifá e o jogo de búzios
Complemento
Depois de
concluído o texto original eu observei que faltaram algumas
informações sobre o tema, ligadas a forma de uso dos dois oráculos.
Desta maneira estou completando aqui. O texto inicial esta em:
Diferença entre Ifá e jogo de búzios
A forma de usar os 2 oráculos é bem distintas, assim vou explicar a
seguir.
No jogo de búzios, os búzios são deixados cair sobre uma superfície (o tipo não importa) e as seguintes características são usadas para determinar sua interpretação, lembrando que não existe um padrão, existem várias técnicas e falar sobre esse tema é bem complicado, assim, tenham atenção nas características principais e não nos detalhes:
No jogo de búzios, os búzios são deixados cair sobre uma superfície (o tipo não importa) e as seguintes características são usadas para determinar sua interpretação, lembrando que não existe um padrão, existem várias técnicas e falar sobre esse tema é bem complicado, assim, tenham atenção nas características principais e não nos detalhes:
1. É observada a quantidade de búzios total que cai aberta. Esse
número de búzios determina um Odù ou um orixá (Òrìṣà). Isso
varia de técnica de interpretação. Sendo uma coisa ou outra não
importa, Odù ou orixá (Òrìṣà) vão significar para o olhador
significados pré-determinados.
2. Além da quantidade principal o olhador divide a caída de búzios
em caídas menores de búzios abertos separados por búzios fechados,
descontinuidades. Essas quantidades menores, ou grupamento de
quantidades menores trazem novas interpretações seja por Odù ou
por orixá (Òrìṣà).
3. A posição dos grupamentos menores faz diferença. A área é
dividida em setores e cada setor tem um significado especial, assim,
é feita a análise daquela sub-caída naquele setor.
4. Os búzios também podem formar grafismos e esses grafismos podem
trazer novas informações ao olhador.
5. Novas caídas podem ser feitas. Existe um padrão de 4 caídas, no
qual as 2 primeiras indicam o problema e as demais trazem os
trabalhos a serem feitos. A combinação da primeira caída com a
segunda também traz novos significados bem como adicionalmente as
demais, assim repetições de caídas tem significados especiais.
6. Algumas pessoas podem fazer mais do que 4 caídas, como eu disse
isso varia da técnica. O padrão de 4 caídas com o uso das 2
primeiras para o significa é um padrão que se aproxima de Ifá.
7. Por fim, a mediunidade do olhador pode adicionar informações.
Desta forma, como eu disse, o jogo de búzios é muito rico em
informações e detalhes.
No caso de Ifá a forma de consultar e bem diferente:
1. O Bàbáláwo
usando Ikin ou opele
(Ọ̀pẹ̀lẹ̀) Ifá determina qual o Odù da
consulta. No caso do opele
(Ọ̀pẹ̀lẹ̀) é apenas uma caída e o Odù é
desenhado, com Ikins é um processo bem mais lento.
2. O Odù que saiu é o que determina a mensagem principal do
oráculo. Além disso na análise é usado o Odù
inverso da consulta o Omo Iya.
3. Após determinar o Odù principal é determinado que se eles está
em Ire (positivo) ou Ibi (negativo). Essa determinação traz um novo
Odù. Essa determinação assim como as seguintes são feitas usando
o Ìbò, que é uma forma de interação do oráculo com o consulente
e que impede o Bàbáláwo
de direcionar a consulta. Existem Bàbáláwo
que não usam Ìbò.
4. É determinado, com novas caidas, qual é o tipo de Ire ou Ibi.
5. É determinado que traz ou quem salva esse Iré ou Ibi
6. É determinado qual é o ebó (Ẹbọ) e trabalho a ser
feito
Com isso tudo determinado o Bàbáláwo
inicia então a análise da consulta. Isso significa na prática que
o Bàbáláwo
fica trabalhando sozinho um bom tempo, para então falar com o
consulente.
O diálogo com o consulente pode seguir e caminhos. O tradicional
onde o Bàbáláwo
tem que contar histórias baseadas em versos, várias delas e depois
conversar para através da reação do consulente às histórias ele
ir convergindo para descobrir o problema do consulente. O Bàbáláwo
deve usar seu conhecimento sobre o Odù mas, principalmente, usar as
histórias para interagir com o consulente.
Modernamente, os Bàbáláwo,
principalmente da tradição cubana ou gente que aprendeu com eles
não usa as histórias, eles sabem os significados do Odù, que estão
documentados nos tratados, mas de forma às vezes falha, e dizem para
o consulente o seu problema baseado nesse conhecimento de
significado.
Além do Odù principal, o Bàbáláwo
pode usar mais 2 Odù na sua análise (3 Odù), mas, isso varia, em escolas
que podem indicar mais. Isso é real e eu considero um exagero, o Odù
principal é a mensagem primária de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
mas, enfim, como eu disse isso pode mudar.
Como os búzios, Ifá usa vários Odù para interpretar uma consulta,
entretanto, como pode ser observado, não é tão rico e interativo
como os búzios. Os métodos são organicamente diferentes.
Existe uma tradição de jogo de búzios por Odù que também usa
histórias, mas ela é muito rara. O normal é que o pessoal do
Candomblé, antes de Ifá, não entendia o que fazer com as
histórias.
Entre outras menores, a principal diferença entre os 2 oráculos deveria ser a forma de se chegar ao problema. Nos búzios várias sinalizações indicam os possíveis problemas e dessa forma o olhador já traz as questões para o consulente confirmar. Em Ifá os significados pré-determinados deveriam ter muito pouca relevância, ou melhor, menos importância, o importante tem que ser:
- A participação do consulente através do uso do Ìbò que impede que o Babalawo somente saiba de respostas junto como consulente. Eu considero o uso do Ìbò imperativo em uma consulta de Ifá e uma dos elementos de maior diferença com os Búzios, porque nos búzios o olhador te fala o que tem que fazer, por exemplo, sem chance do seu ori, seu anjo da guarda confirmar.
- A análise do problema do consulente a partir da interpretação conjunta das histórias. Interpretar histórias é um processo muito rico que impede que se tenha uma pré-determinação do problema, voc6e só chega ao problema real, junto com o consulente.
Entre outras menores, a principal diferença entre os 2 oráculos deveria ser a forma de se chegar ao problema. Nos búzios várias sinalizações indicam os possíveis problemas e dessa forma o olhador já traz as questões para o consulente confirmar. Em Ifá os significados pré-determinados deveriam ter muito pouca relevância, ou melhor, menos importância, o importante tem que ser:
- A participação do consulente através do uso do Ìbò que impede que o Babalawo somente saiba de respostas junto como consulente. Eu considero o uso do Ìbò imperativo em uma consulta de Ifá e uma dos elementos de maior diferença com os Búzios, porque nos búzios o olhador te fala o que tem que fazer, por exemplo, sem chance do seu ori, seu anjo da guarda confirmar.
- A análise do problema do consulente a partir da interpretação conjunta das histórias. Interpretar histórias é um processo muito rico que impede que se tenha uma pré-determinação do problema, voc6e só chega ao problema real, junto com o consulente.
Como podem ver, ambos oráculos usam múltiplas informações em uma
consulta, são estruturados em uma fase de análise e outra de
determinação dos ebós, mas fazem isso com métodos bem distintos.
É minha opinião que Ifá usando opele
(Ọ̀pẹ̀lẹ̀) é muito similar ao jogo de
búzios caso o Bàbáláwo
não se atenha a ortodoxia na consulta e queira na verdade ter
velocidade. Tem muita gente que se preocupa apenas em tirar o
trabalho a ser feito e encontrar o motivo principal da consulta sem
explorar mais minuciosamente as informações dos Odù.
Porque considero que Iyanifá ou outras neologias são invenções ilegítimas para africanos ganharem dinheiro?
Porque considero que Iyanifá ou outras neologias são invenções ilegítimas para africanos ganharem dinheiro?
O
texto a seguir é parte do texto sobre a mulher em ifá, mas como o
texto ficou quase completo, mas, muito longo, resolvi publicar apenas
minhas conclusões. O objetivo das longas e inúmeras histórias é
justamente fundamentar essas minhas conclusões, assim, quem quiser
leia o texto todo.
As
histórias relatadas estão longe de cobrirem todas as existentes mas
foram destacadas por terem alguma relevância ao entendimento ou por
trazerem informações importantes.
Esta
é a religião do equilíbrio e Ifá tem isso em suas entranhas. Eu
não coloco Ifá acima de nenhum outro culto, todos que leem o que eu
escrevo sabem disso, mas, a realidade é que a noção do equilíbrio
esta contida em tudo que Ifá faz e nos versos de Odù.
No
Odù Òdí Méjì temos a
história principal sobre o equilíbrio de Ifá, quando Ifá explica
porque se marca um ou dois traços quando se consulta com Ikin. Isso
é perene em tudo de Ifá. Dessa maneira, Ifá é um culto masculino,
mas todo o poder do Bàbáláwo para interferir no mundo
físico, no Àiyé vem da mulher, de Odù
sua esposa mítica.
Também
são muito especiais as histórias onde Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se encontra
com as ajé (Àjẹ́) e obtêm delas cooperação, mostrando sempre
que não ha forma de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), ou
qualquer um, superar o poder de ajé (Àjẹ́). A
atuação masculina de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se une ao
poder feminino, que foi dado a elas por Olódùmarè
para atuar no mundo.
Para
eu cobrir todo o fundamento teológico disso precisaria destacar mais
um Odù com a história de Òdí
Méjì (que não vou relatar aqui, porque é bem longo e não está
ligado a figura feminina) e o mito que está em Ọ̀sá Méjì, o
qual narra o momento em que Olódùmarè
dá para Odù a cabaça com o
pássaro com poder absoluto e depois ela se entende com Eégún e dá
para ele o seu poder através do pássaro que ficará empoleirado no
seu ombro.
Vejam
um trecho final do verso:
ela
diz, grita, eis Eégún eis Eégún.
Ela
diz, eles gritam por causa dele.
Ela
diz, ele arrasta seu chicote no chão, ela diz, a honra cabe a ele.
Ela
diz, a partir de hoje,
ela
diz, ela concede Eégún ao homem.
Ela
diz, por causa dela,
ela
diz, mulher alguma nunca mais ousará entrar na roupa deEégún.
Ela
diz, por causa de Òrisàlá, ela diz, ela dá Eégún ao homem.
Ela
diz, mas se ele deve sair,
ela
diz, ela tem o poder que ele utiliza.
O
motivo se deve à amizade entre Eégún e eleye.
No
lugar de onde vem Eégún, as eleye (também) vêm.
Todo
o poder utilizado por Eégún é o poder de eleye.
Odú
diz, mulher alguma jamais entrará na (roupa) de Eégún. mas ela
poderá dançar, ir ao encontro de Eégún,
Quer
dizer que se Eégún sair,
ela
dançará diante dele,
ela
dançará na estrada, ao encontro de Eégún.
Ela
diz, a mulher fará isto unicamente.
Ela
diz, a mulher não ousará nunca mais entrar de novo no pátio dos
fundos. Ela diz, a partir de hoje é o homem que levará Eégún para
fora.
Ela
diz, ninguém, nem os netos, nem os velhos poderão zombar da mulher.
Ela diz, a mulher tem mais poder sobre a terra.
Ela
diz, além do mais, a mulher nos pôs no mundo.
Ela
diz, todo mundo nasceu da mulher.
Ela
diz, todas as coisas que as pessoas quiserem fazer, se não forem
ajudadas pelas mulheres, ela diz, não podem fazer.
(É
por este) motivo que os homens nada podem fazer na terra, se não o
obtiverem das mãos das mulheres.
Eles
cantam.
Por
essa razão
Òbàrisà
também canta.
Quando
é o quinto (dia), eles fazem (a festa) da semana.
Ele
diz que todos os cânticos que eles cantarão serão este aqui, vi
ndos do (odu de ifá) òsá méji.
Ele
diz, eles saúdam as mulheres,
Ele
diz, se eles saudarem as mulheres, a terra será tranquila.
Eles
cantam assim:
“Dobrai
o joelho, dobrai o joelho para as mulheres.
A
mulher nos pôs no mundo, assim somos seres humanos.
A
mulher é a inteligência da terra, dobrai o joelho para a mulher. A
mulher nos pôs no mundo, assim somos seres humanos”.
Creio
que esse Odù é bastante o
suficiente para colocar esse equilíbrio entre forças no qual o
poder de Olódùmarè dado a ajé (Àjẹ́)
se encontra com o poder do homem depositado em Eégún.
Eégún
é a representação do homem, o poder do homem, visto que a mulher
não é também representada em Eégún. Lembro a todos que a
figura de Eégún e do culto d Eégún é para mostrar
a todos que a vida é contínua, que a alma não morre, que vivemos
para sempre e podemos reencarnar. Esta é a razão da religião ter
Eégún, seja pelo sentido de valorizar o vínculo familiar
contínuo e perene como por demonstrar que vida e um ciclo sem fim.
Somente
Eégún pode conter o poder de ajé (Àjẹ́). Essa é uma
informação que poucos têm. Além disso existe um velho dito
popular que fala que somente Olódùmarè
pode salvar o homem de uma esposa vingativa. É a mulher que prepara
a comida, as oferendas e isso é o caminho para o orun
(Ọ̀run).
É
uma sociedade patriarcal e se engana quem acha que isso foi
diferente, mas, as mulheres são dotadas de capacidades especiais
para quebrar esse domínio.
Acredito
que isso ficou, também, claro nas histórias que mostrei.
O
assunto mulher não está restrito a teologia e Ifá e para falar
sobre ele é preciso entender alguns conceitos importantes sobre a
sociedade Yorùbá e outras estruturas da religião. Eu acredito que
a maior parte dos erros de entendimento aqui no Brasil e na diáspora
são advindos de nós não entendermos de forma ampla a sociedade e
valores e também outras estruturas religiosas que completam o todo.
O
equilíbrio do poder masculino-feminino na sociedade fica evidente
quando analisamos a estrutura dos cultos de Ògbóni e Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́).
Ẹdan
é o símbolo máximo da sociedade e representa uma figura masculina
e ua feminina unidas por uma corrente.
Ilé
(Ilẹ̀) a terra, deve trazer paz, felicidade, estabilidade social e
sobrevivência, é a terra que dá poder a Ògbóni mas também
alimenta ajé (Àjẹ́) que é a ira de Ilé (Ilẹ̀). As sociedades
Ògbóni e Geledé (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) estão unidas no seu aspecto
social, muito mais do que uma estrutura religiosa é uma estrutura da
sociedade yorùbá e por esta razão não foram transportadas pela
diáspora. O seu significado é a busca de equilíbrio e pacificação
do espírito feminino representado por Ilé (Ilẹ̀).
Mesmo
nas sociedades masculinas de Eégún e Orò a mulher tem
cargos.
Observe
que Eégún é o culto festivo e alegre e Orò representa
sempre o poder sombrio de Eégún, Orò é a manifestação de
Eégún no seu aspecto punitivo para a sociedade. É Orò que
executas as mulheres feiticeiras, ajé (Àjẹ́) que usam seu poder
para o malefício.
Ilé
(Ilẹ̀), a grande mãe Ògbóni em seu aspecto sombrio, se
transforma em Ọ̀gẹ́rẹ́, a manifestação irascível e
vitimizadora, que traz morte a seus filhos. Esta é a visão
ambivalente da sociedade frente a terra. Ela mostra o potencial
explosivo da relação homem-mulher em uma sociedade masculina e a
necessidade de exercer a diplomacia.
Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́) surge da visão Ògbóni de omón iya (Ọmọ
ìyá), os filhos da mesma mãe e tem o objetivo de sensibilizar a
mãe natureza Ìyá Nlá aos problemas dos filhos e da sua
responsabilidade maternal.
O
objetivo é fazer os membros da comunidade a amarem e interagirem um
com o outro como filhos da mesma mãe. A manifestação de Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́) através do seu festival é feita para pedir saúde,
vida longa, prosperidade, muitos filhos, evitar doenças, mortalidade
infantil e evitar desastres. O objetivo do culto que pode ser através
de uma grande festival ou de eventos menores e até mesmo para apenas
uma família, tem a finalidade de promover a paz e o bem estar
social. Pessoas de todos os cultos de orixá (Òrìṣà) participam.
Os
cultos de Ògbóni e Geledé (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) são assim mais uma
manifestação do equilíbrio dos poderes masculino e feminino.
Muitos
aqui se questionam porque as pessoas dos cultos de orixá (Òrìṣà)
e demais segmentos desta religião não são unidas. A razão é que
trouxeram apenas o culto de divindades e não o entendimento de
equilíbrio da sociedade integrado coma religião.
Ninguém
entende aqui o que é ajé (Àjẹ́) porque para entende ajé (Àjẹ́)
tem que se compreender uma dimensão muito maior de sua atuação.
Não se trata apenas de feiticeiras e sim do poder feminino no
equilíbrio do mundo.
A
feitiçaria em sí, o malefício, é combatido pela sociedade.
Para
finalizar isso eu digo que não existe sentido no culto de Ifá da
presença da mulher como sacerdotiza.
Essa
posição de mulher-sacerdote é uma violação do princípio básico
de equilíbrio da religião. A Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) foi dado o
poder do oráculo e à sua união com Odù
foi trazido o poder feminino.
Apesar
do tudo o que foi dado a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), ao ser o
intermediário com Olódùmarè, junto
com Exú (Èṣù) as únicas divindades que podem ir ao deus supremo
e também a bolsa da sabedoria, o axé (àṣẹ) para fazer coisas,
transformações é dado a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) por Odù, a
figura feminina que recebeu esse axé (àṣẹ), esse poder de
Olódùmarè.
É
o casamento de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) com Odù que
traz isso a Ifá, e por favor entendam essa casamento como uma
metáfora. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) também se
casa com Iwa (o caráter) e com Aje (a prosperidade), mas, essas 2
histórias eu ainda vou incluir no texto.
O
importante é entendermos que em Ifá permanece o grande equilíbrio
entre o poder masculino de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e de Odù o
seu símbolo mais importante. É o receptáculo de Odù que é a
ferramenta maior de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) , seu maior
símbolo de poder.
Não
se trata apenas de ficar interpretando versos ou aceitar a história
que está em Orangun méjì. Trata-se de entender que não é
possível sob o ponto de vista teológico se reunir em uma única
pessoa as duas coisas, uma mulher em atividade fértil feminina não
pode ser detentora de 2 poderes isso é romper com os princípios da
religião e da própria sociedade.
Para
aceitar a iniciação de mulheres um Bàbáláwo teria que
fazer 2 coisas. A primeira é jogar no lixo o que está escrito em
Orangun Méjì. A segunda é ignorar um princípio que norteia a
sociedade e a religião. Entender o equilíbrio masculino e feminino
é tão importante quanto entender o que é axé (àṣẹ).
Dessa
forma não acredito e não aceito em iniciações para Ìyánifá ou
qualquer outro neologismo que se invente. Para mim isso é
desonestidade. Não reconheço Iyanifas.
Assim, não seja tola, não jogue seu dinheiro fora.
Qual a diferença entre Ifá e jogo de búzios?
Qual a diferença entre Ifá e jogo de búzios?
Está é uma questão bastante interessante que pode ter respostas teóricas e práticas. Eu inclusive vejo uma linha bem longa de explicações, mas, tentarei encurtar isso ao máximo.Ambos, Ifá e búzios, são oráculos que pertencem a mesma religião, mas a cultos diferentes. Ambos tem a mesma finalidade, orientar as pessoas no seu dia a dia, trazendo ajuda para entender o que fazem errado, o que está errado e o que elas devem fazer para mudar sua vida ou corrigir os problemas.
É para isso que um orácula serve na religião.
Como oráculos, ambos representam o ponto máximo da fé das pessoas em deus, na forma de Olódùmarè e são o compromisso de deus com o nosso sucesso nesta vida. Existe de verdade uma aliança de deus com nossa vida no Àiyé, não uma arca, mas uma aliança de fato, para que nossa vida seja próspera, feliz e cheia de realizações. O oráculo é o instrumento que faz parte desta aliança.
Como Bàbáláwo me sinte orgulhoso de trabalhar, ser um operário, nessa aliança entre deus e as pessoas.
Já comentei isso em outros textos. Este é o sentido teológico de um oráculo. Deus está preocupado com o nosso bem estar.
O oráculo de Ifá pertence ao culto de Ifá e o oráculo de buzios pertence ao culto de orixá (Òrìṣà). O culto de Ifá é um culto especializado em oráculo, a única atribuição de um Bàbáláwo é cuidar do oráculo, da comunicação entre as pessoas e o divino. Mas, ter um oráculo não é privilégio do Bàbáláwo, o Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) também têm porque tudo nessa religião depende de oráculo.
Dessa maneira, qual a diferença?
Como eu disse, ambos são oráculos e atendem a qualquer pessoa, não existem privilégios especiais no mundo, deus está para todos os seres humanos, não existe na minha concepção um deus que escolhe pessoas ou 12 tribos apenas e ignora todo o resto da humanidade.
O que eu vou falar a seguir, sobre os oráculos, são apenas aspectos práticos baseado na minha longa convivência com os 2 oráculos, seja como consulente ou como operador (olhador ou Bàbáláwo).
Como é minha opinião vai ter gente que poderá discordar, mas, sobre isso cada um escreva o que acha que deve escrever.
Se o seu interesse é ver coisas relativas a Orixá (Òrìṣà), como obrigações e oferendas o oráculo a ser usado é o de búzios. Se você quer saber se fez obrigações corretas ou se foi iniciada para o orixá (Òrìṣà) correto e a qualidade certa, Búzios é o oráculo onde os orixás falam. Procure um Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) para tratar disso.
Essas são dúvidas comuns mas perigosas porque podem levar você de encontro ao seu iniciador. Cuidado antes de entrar nesse caminho sem volta. Procure um bom olhador e uma pessoa ética que não demonstre nenhum interesse em capturar você para a casa dele.
Para tratar desses assuntos você tem que falar com uma pessoa que tenha conhecimento de orixá (Òrìṣà) e do culto de orixá (Òrìṣà), um Bàbáláwo não é uma pessoa para você tratar disso, em nenhum caso. Jamais procure estrangeiros para isso. O oráculo para isso é o jogo de búzios.
Em Ifá quem fala é Órunmila (Ọ̀rúnmìlà). Assim em uma casa de orixá (Òrìṣà), de candomblé, os búzios devem ser o oráculo para ser usado para se tratar com orixá (Òrìṣà). Existem inúmeras questões para isso principalmente envolvendo os iniciados.
Se a pessoa quer saber algo ligado a orixá (Òrìṣà) não adianta procurar um Bàbáláwo, só vai arrumar problema para a vida dela.
Em relação as pessoas laicas, não ligadas a religião, principalmente, ou mesmas as iniciadas que quiserem tratar de coisas relativas a vida delas, eu considero Ifá, quando bem feito o oráculo mais completo e profundo. Um bom Bàbáláwo tem, através de Ifá, explorar as questões e problemas mais profundamente. Um Bàbáláwo tem essa oportunidade, ele pode não aproveitar, mas, o oráculo permite isso.
Se o consulente quer tratar de questões simples do dia a dia, problemas, e orientações do dia a dia mais imediato e que não requerem uma avaliação mais profunda de suas questões, o jogo de búzios é muito melhor.
Suas repostas são objetivas, cheias de contexto, os búzios permitem uma interpretação mais completa, trazem mais informações e possibilitam um diálogo bastante interativo. Considerando que a maior parte dos Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) usam ainda sua mediunidade nas consultas de búzios, as possibilidades deste oráculo são excelentes.
O problema aqui é o mesmo que citei em Ifá. Pessoas mal intencionadas, despreparadas para uso do oráculo, que não se dedicam e não se preparam para o seu uso. Nesses casos corre-se um grande risco de ser enrolado pelos olhadores.
Como eu disse antes, é necessário fé, mas, também, uma visão crítica do processo para você estar 100% satisfeito e não ser enganado.
Você também pode ir a Ifá para resolver questões simples e imediatas, não tem problema, um Bàbáláwo usando o opele (Ọ̀pẹ̀lẹ̀) Ifá é quase igual a um olhador de búzios, rápido e objetivo, mas, você não vai ter a parte da mediunidade do olhador para complementar.
Eu vejo em ifá um uso muito superior quando a consulta é feita com Ikins, mas os Bàbáláwo não gostam disso, preferem usar o opele (Ọ̀pẹ̀lẹ̀) ifá que é um processo rápido.
Uma boa consulta de búzios pode demorar 1 hora ou um pouco mais. Uma boa consulta de Ifá com ikins vai demorar umas 4 horas, mas, como opele (Ọ̀pẹ̀lẹ̀) Ifá demora a mesma 1 hora.
Em relação ao formato das consultas, os búzios são sempre muito direto, o olhador vai dizendo os problemas e você confirma se é aquilo ou não. As coisas nos búzios têm muito significado.
Em ifá não é assim, deveria ser bem mais complicado. O formato correto é o Bàbáláwo te contar histórias e você interpretar as histórias para eles e falar como seu sente com elas, se você se identifica com elas, etc..
Essas histórias são os famosos versos de Ifá. A dificuldade é entender as histórias e contá-las. Os poemas são bem típicos dos yorùbá, contêm referência difíceis de entender e são metáforas e parábolas. Tem que ter um bom nível de interpretação de texto e de abstração para entender os versos.
Todo mundo acha lindo os versos de Ifá, mas usar eles que é bom mesmo ninguém quer.
Isso leva um bom tempo, é um processo de análise gradual que vai se aprofundando e faz surgir as verdadeiras questões do consulente. Mas isso demora.
A gente sempre fala que em ifá a pessoa não pode ser burra. Tem que ser inteligente, tem que saber interpretar, tem que saber abstrair, criar cenários, tem que saber falar com a pessoa que está na sua frente.
A maior parte dos Bàbáláwo não usa a interpretação de versos, eles usam o opele (Ọ̀pẹ̀lẹ̀) Ifá e não trabalham com histórias e com a interpretação conjunta. Eles vão direto nos significados e pré-interpretações que tem em relação as caídas do opele (Ọ̀pẹ̀lẹ̀) Ifá (Odù). Nesse formato, as coisas funcionam, mas eles ficam igual ao jogo de búzios que trabalha da mesma maneira, com significados prontos para as caídas, tem muito Bàbáláwo que concorre com búzios no mesmo tempo e no mesmo jeito de interpretar o oráculo, mas, não tem a mediunidade para complementar.
Dessa maneira ambos os oráculos são bons.
Concluindo, se quer lidar com coisas de orixá (Òrìṣà), vá nos búzios, se quer tratar de coisas imediatas de sua vida, decisões e orientações pode ir em ambos, mas se quer avaliar sua vida de forma mais profunda, só Ifá vai te dar isso.
Em qualquer caso, para ter sucesso, tem que ter um bom olhador. Mais ainda, não falei seu problema, o oráculo tem que falar.
COMPLEMENTO: complemento
Ifá é Religião?
Ifá é Religião?
O
título deste texto é uma dúvida que passa pela cabeça de muitas
pessoas, incluindo nesse grupo Bàbáláwos. Isso mesmo, existem
pessoas que tem dúvida do que Ifá é, mas ainda, tem Bàbáláwo
que tem certeza de que não é religião.
Esse
grupo de pessoas não consegue identificar a estrutura e prática de
Ifá como religião e, talvez, devido ao aspecto universal de Ifá
que pode ajudar a qualquer pessoa independente da religião dela,
podem entender que isso transforma Ifá em uma ciência ou mesmo
agnóstico.
Não
é isso, Ifá é religião.
Este
Blog não podia se furtar de entrar nessa discussão, é claro, e
vamos aqui contribuir para que os Bàbáláwo encontrem o seu
caminho. Não vou fazer nenhum texto denso e hermético, vou dar a
abordagem mais simples possível.
De
um certo ponto de vista, entendo essa dúvida. Para pessoas não
ligadas à religião Yorùbá, não é fácil reconhecer ou aceitar
uma nova religião. É muito fácil ouvir por ai Babalorixás e
Iyalorixás se referindo a religião delas como uma seita, é fácil
ver Iyalorixás tradicionais da Bahia pertencendo a irmandades
católicas e tomando bença para padres.
Em
um ambiente onde temos uma religião muito bem organizada e influente
na sociedade e, ao mesmo tempo, sacerdotes que não se reconhecem e
se submetem a essa mesma religião, torna-se difícil esperar que
pessoas laicas à religião a reconheçam como tal.
Neste
mesmo contexto, temos ainda a herança dos bantu com videntes e
feiticeiros que vendem favores possíveis e impossíveis da mais
baixa ética para a sociedade que avidamente procura soluções
sem ética para assuntos imorais.
O microcosmo afro-brasileiro ainda é dominado pelo mercantilismo e a falta de religiosidade sincera. A teologia da prosperidade, característica das seitas neo-protestantes, sempre foi a tônica das pessoas que procuram cultos afro-brasileiros.
Mas
esse panorama está mudando. Novos entrantes procuram a religião
Yorùbá como uma religião de fato, trazem novos padrões éticos e
não tem o foco no vil mercantilismo de trocas. A informação é
mais fácil e acessível e pessoas descobrem que existe uma religião
por trás da liturgia.
Claro
que ainda vamos ter o grupo inicial, este que dominou a cena até
agora e que contribuiu para espalhar a visão de que é uma religião
desprovida de caráter e moral (para entender o que eu digo aqui,
antes de me criticar, sugiro ler o livro, Candomblés de São Paulo
de Reginaldo Prandi, pode ser baixado em forma de PDF gratuitamente).
Mais uma vez repito, herança de miseráveis, gente que precisava de
enganar outros para viver e da prática Bantu do baixo espiritismo.
Muito mudou e ainda vai mudar, mas ainda temos um bom caminho à
frente.
Não
me crucifiquem por dizer isso. Todo mundo sabe que é isso.
Claro
que existem boas pessoas e lugares decentes. Não estou dizendo que
todo mundo é ruim e não presta, estou dizendo apenas que existe
essa divisão e que o lado ruim (na minha opinião claro, porque pode
ter gente que acha isso normal), é muito visível.
Neste
contexto social, como falei, não é fácil para pessoas olharem para
isso e imaginar que ali existe uma religião. Em uma sociedade
populada de videntes, adivinhos, tarólogos, "ciganos",
jogadores de búzios e macumbeiros em geral, como supor que um
Bàbáláwo, que
é mais um manejador de Oráculo, seja algo diferente? Seja um
religioso? Um sacerdote?
Mesmo as pessoas que se dispõe a ser Bàbáláwo, podem se ver apenas como videntes qualificados.
Será
que eles tem acesso à informação para entender que fazem parte de
uma religião?
Será
que elas entendem que existe uma Teologia, uma cosmogonia, uma
teogonia própria suportando aquela prática?
Será
que eles sabem o que são essas coisas? Será que sabem o que
estrutura uma religião?
Será
que elas sabem que além de liturgias que devem aprender que elas
também representam uma teologia?
Será
que eles não se veem apenas como a pessoa que recebe um cliente,
interpreta com a ajuda do cliente o problema dele (na maior parte das
vezes você nem precisa fazer nenhum esforço, a pessoa senta na sua
frente e já fala o problema dela e diz o que você precisa dizer
para fazer ela feliz...) e vai fazer um ebó para resolver o
problema, recebendo dinheiro por esse trabalho?
Pode
ser complicado cobrar de uma pessoa a postura de um sacerdote se ele
não sabe o que é religião e o que é um sacerdote, porque,
independente de achar que estão em uma religião eles se nomeiam
sacerdotes. Ai, fica muito difícil.
Primordialmente,
para eles, eles estão em uma relação de consumo.
Problema
+ $$ = solução
Não
sei se todos têm acesso à informação e conhecimento de que aquilo
ali deveria ser uma religião. Não apenas os Brasileiros mas também
cubanos. Quanto a Nigerianos, não convivo com eles, não posso
dizer, não confio de forma alguma no caráter dos que vem para cá
mas me faltam elementos para qualificá-los.
Defendendo um pouco essas pessoas, Babalawos, que não sabem que fazem parte de uma religião, a forma de aprender o Ifá cubano não ajuda. Os tratados são um instrumento religioso muito ruim. Não são as escrituras sagradas, não contém os versos originais de Odù conforme define a religião e traduzem uma visão muito deturpada da teogonia.
Isso
mesmo, vou repetir, tratados cubanos não contém os versos de Ifá.
Eles
são muito práticos, permitem ao Bàbáláwo
ir rapidamente a interpretação do oráculo e na busca da solução
mágica, mas, não ajudam ao Bàbáláwo
ver o que fazem como uma religião. Apesar de eu reconhecer que são
um bom instrumento para o Babalawo, eu sou muito crítico no que diz
respeito a visão religiosa.
Se
eu não já conhecesse os Orixás e seus mitos através do Candomblé
e o meu contato inicial fosse através dos pataki (histórias dentro
dos Odù) cubanos eu teria uma péssima visão de Orixá, na verdade
teria uma visão decepcionante.
Mas
vamos voltar ao nosso tema.
O
argumento mais simples e idiota que posso usar para com os Bàbáláwo
(não com as pessoas) é que uma vez que eles se declaram como
“sacerdotes” de Ifá não existe possibilidade de Ifá não ser
uma religião. Não lembro de ver Bàbáláwo se autoproclamando como
vidente, eles fazem questão de se pronunciar como sacerdote de Ifá.
Para
quem tem dúvida vamos ao que está na wikipedia:
Sacerdote
ou Sacerdotisa (do latim Sacerdos – sagrado; e otis –
representante, portando "representante do sagrado") é uma
autoridade ou ministro religioso, habilitado para dirigir ou
participar em rituais sagrados de uma religião em particular. Eles
também têm a autoridade ou o poder de administrar os ritos
religiosos, em especial, os ritos de sacrifício e expiação de uma
divindade ou divindades. Seu cargo ou posição é chamado de
Sacerdócio, um termo que pode também se aplicar a essas pessoas
coletivamente
Assim,
se o Bàbáláwo não é parte de uma religião ele deve se
autodenominar vidente, olhador, adivinho. Eu sou não sou
olhador, eu sou, Bàbáláwo e sacerdote de minha religião. Mas as
pessoas podem ser o que quiserem, se o objetivo de alguma pessoa que
se consagrou Bàbáláwo é apenas ganhar dinheiro com a prática da
sua ciência e curandeirismo, então é mole, não precisa dizer que
é sacerdote.
O
que ele não pode fazer é dizer que os demais são como ele, eu não
sou como esses, eu sei o que sou e onde estou.
Mas
vamos esquecer que a resposta a essa pergunta pode ser dada pelos
próprios Bàbáláwo ao se apresentarem como sacerdotes.
Vamos
entender porque Ifá é uma religião.
Em
primeiro lugar Ifá é parte de uma religião. Ele não é a religião
por sí mesmo. Ifá é uma culto que faz parte da religião Yorùbá.
Esta religião que surgiu em uma área que hoje pertence em parte ao
Benin e em parte a Nigéria, a região Yorùbá. Esta religião tem
uma estrutura bem completa e complexa e se espalhou pela região em
volta dela de forma bem ampla. Foi trazida ao novo mundo durante a
diáspora negra.
Esta
religião é dividida em 3 cultos principais: O culto de Orixá, o
culto de Ifá e o culto de egungun. Cada um desses cultos tem uma
especialização e um objetivo. O Culto de Orixá cuida da pessoa e
da família. O culto de egungun, no qual as pessoas se comunicam com
ancestres, cuida da comunidade e o culto de Ifá é dedicado ao
oráculo da religião.
A
especialização de Ifá é o oráculo e só. O Bàbáláwo é uma
pessoa dedicada a ser um mensageiro entre o divino e nós. O trabalho
do Bàbáláwo é aprender a interpretar a forma como deus fala com a
gente através do oráculo.
Mas,
para melhorar o entendimento vamos a origem do oráculo. A questão
é, por que o oráculo de Ifá existe na religião?
Simples,
o oráculo representa o compromisso de deus, de Olódùmarè,
com a nossa vida, com o nosso sucesso e nosso bem-estar. A
preocupação de deus, Olódùmarè, com
a gente é tanta que ele criou os Orixá (Òrìṣà) para nos
ajudarem e o oráculo para que possamos nos orientar em nossa vida.
Deus quer que a gente seja feliz.
A
religião Yorùbá é encarnacionista, acreditamos que vamos viver
muitas vezes, vamos renascer continuamente. Existe um mundo
espiritual, o Orun, e um mundo natural ou físico o Aiye, que é onde
estamos agora. Antes de nós nascermos, novamente, ainda no Orun nós
estabelecemos objetivos para nossa nova vida e antes de irmos para o
aiye, para nascermos, nós nos ajoelhamos na presença de deus,
Olodumare tendo como testemunha somente uma divindade Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
é o único testemunho de nosso destino, somente ele e deus sabem o
que planejamos para nossa vida.
Deus
sabe que a vida no aiye é bem difícil, que existem dificuldades,
acidentes, incidentes, catástrofes naturais, imperfeições
congênitas e pessoas que podem atrapalhar esse nosso destino. Dessa
maneira ele encarregou os Orixá de cuidarem de nós e Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
de ser o mensageiro entre as pessoas, os orixá (Òrìṣà) e deus.
O
culto de Ifá é dedicado exclusivamente a uma divindade, a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
O Bàbáláwo em sua vida vai cultuar somente esta divindade que é a
divindade que responde em seu oráculo. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
como testemunho de nosso destino junto a deus é o único que sabe o
que planejamos para nossa vida, de forma que, quando temos uma
dificuldade que não conseguimos resolver, vamos ao oráculo da Ifá,
para que através de Òrúnmìlà possamos nos comunicar com o
divino, com ele, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
que sabe o nosso destino e com os orixás que nos assistem na nossa
vida.
O
que torna o oráculo de Ifá especial para as pessoas é o conceito
de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ter sido a testemunha de nosso destino, ele sabe o que nós
planejamos para nós mesmos.
Esta é uma
explicação religiosa. Esta explicação é feita dentro do contexto
da religião, é a religião que dá sentido a importância do
oráculo de ifá. Existem muitos oráculos e videntes, muitos deles
muito bons, mas, é esta história de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ser o testemunho do nosso destino, o eleri ipin, que torna o oráculo
importante, sem esta história Ifá seria como búzios, cartas, tarot
e outros.
Dessa
maneira, vamos revisar:
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
– é uma divindade
Olódùmarè
– é o deus supremo yorùbá
O
oráculo de Ifá é um instrumento de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
para se comunicar com as pessoas que vive no mundo material
Mas, apesar disso,
tem Bàbáláwo
que diz que Ifá não é religião?
Eu
não consigo definir Ifá de outra maneira. Não acho que seja uma
ciência, não acho que seja uma "coisa", para mim é
religião.
Como
toda religião, não existem exclusividades. Esta religião está
disponível para ajudar a todas as pessoas. Todas as pessoas foram
até deus antes de nascer, assim acreditamos. Dessa maneira, qualquer
pessoa pode ser ajudada por Ifá. Você não precisa fazer parte da
religião, esta religião, assim como as demais, visam o bem das
pessoas e não existem escolhidos, todos somos os eleitos de deus.
Ao
ir a Ifá você não é obrigado a se converter para a religião
Yorùbá. Você não terá que cultuar Orixá. O Bàbáláwo, como um
sacerdote falará com você citando versos dos textos sagrados da
religião, contará mitos que fazem parte da religião com metáforas
equivalentes às parábolas e vai dar a você orientações baseados
nos valores da religião. Se você quiser ser ajudado o Bàbáláwo
irá ajudá-lo através de Òrúnmìlà, exu e dos orixás, porque
esse é o caminho da religião, mas, você não precisa mudar sua
religião.
Não
confunda assim o aspecto universalista da religião com o fato de Ifá
ter sua existência exclusivamente justificada pela religião Yorùbá.
Sou
Bàbáláwo, sou sacerdote, faço parte de uma religião, Ifá é
parte de uma religião, aberta a ajudar qualquer pessoa.
Quem
não esta em uma religião é vidente, ou olhador de oráculo, Babalawo é cargo religioso.
segunda-feira, setembro 23, 2019
recomendo a todos a leitura do texto sobre a mulher em Ifá
é um texto longo mas contêm referências importantes em Ifá sobre a mulher e o poder feminino. É uma nova versão de texto já publicado, mas totalmente revista, com novos versos e análises.
Leiam até o fim. Se quer entender porque uma mulher não pode ser iniciada em Ifá, tem que ler o texto.
é um texto longo mas contêm referências importantes em Ifá sobre a mulher e o poder feminino. É uma nova versão de texto já publicado, mas totalmente revista, com novos versos e análises.
Leiam até o fim. Se quer entender porque uma mulher não pode ser iniciada em Ifá, tem que ler o texto.
A mulher em Ifá
A mulher em Ifá
O poder feminino em Ifá e porque uma mulher não pode ser iniciada
Como
eu sempre digo, Ifá é um culto religioso masculino. Sem blablabla,
é isso mesmo, um culto masculino. Já participei de várias
discussões sobre isso e de um lado tem apenas os argumentos de que
tem que ter igualdade, que não pode fazer essa diferença e bla,
bla, bla. Só que, isso não é sociedade civil, é religião e
religião tem dogmas e tradições.
A
grande, a enorme questão é que as pessoas hoje em dia estão
absolutamente mimizentas, não sabem ouvir um não, não sabem seguir
regras, não sabem seguir hierarquias, não sabem seguir tradições
e nem sabem o que é ortodoxia. Toda vez é uma discussão “podre”.
Em
Ifá a presença da mulher é muito restrita, mas, muito restrita
mesmo. Sou sincero sobre isso. O culto feminino é o culto de Orixá
(Òrìṣà). É neste culto, Candomblé por exemplo, que a mulher
tem lugar, importância e relevância.
Eu
não sei, de verdade porque mulheres querem ser de Ifá, é uma
posição que não enriquece sua dignidade.
Para
poder tratar disso, vou listar aqui uma série de textos, versos e
histórias de Ifá que mostram a visão de Ifá para a figura da
mulher.
Chamo
a atenção que esta é uma seleção minha. Claro que consultei
fontes e vou deixar isso bastante explícito, mas, eu selecionei o
que considerei relevante.
Existe
um livro chamado Apetebi, do Ifayemi. Não vi este livro em Português
de maneira que pouca gente deve ter lido. Ele também fez uma seleção
e também colocou seus comentários, como faço aqui. É uma outra
fonte de referência. Eu não copiei este livro e até mesmo não
gostei dele, mas estou citando. As histórias do livro estão muito
resumidas, perdem o brilho. O livro é bem antigo, pelo menos, o que
eu tenho e reflete a visão da sociedade deles sobre o tema.
O
tratamento da mulher pela sociedade e por conseguinte pela religião
é muito típico deles, não é fácil de entender e não vou tentar
fazer isso aqui. Por um lado elas são importantes e temidas, mas,
por outro lado não recebem o devido respeito.
Nos
textos de Ifá esta situação ou paradoxo é bem típico. Se a gente
lê as histórias e os versos vai observar claramente o tratamento
indiferente dado a mulher. É como esta no texto seguinte, “…
tome leve para você...” como algo que pode trocar de propriedade.
Essa
atitude também é observada na forma como os africanos quem vêm
para o Brasil, os tais Bàbáláwo, fazem aqui.
Nos
textos de Ifá as mulheres sempre representam atitudes ruins. Isso é
muito emblemático. Em Ifá, nos versos, determinados “objetos”
tem sempre o mesmo sentido. Assim o carneiro sempre é traidor, a
tartaruga inteligente e a mulher traiçoeira ou condutora de atitudes
ruins.
Eu
vejo muitas mulheres interessadas em Ifá, mas, gente, numa boa,
estão no culto errado.
Hoje
em dia, em função do comércio, as pessoas estão fazendo coisas
para mulheres que não deveriam fazer. Os Nigerianos principalmente.
Mas eles querem é ganhar dinheiro e assim, fora da terra deles fazem
coisas que jamais fariam, ou melhor, fazem para estrangeiros coisas
que não fariam para os nativos. A questão Iyanifá é parte disso.
Como eu disse aqui, tem umas mulheres tolas que acham que receberam
alguma coisa sendo feitas Iyanifa. Isso é apenas comércio de
Nigeriano. Nada mais.
Os
cubanos não são muito diferentes, colocam as mulheres como Apetebi
e ponto. Fazem comida, limpam a casa e preparam ebós. Mulheres, o
seu culto é o culto de Orixá (Òrìṣà), Vocês podem ser muito
mais do que serem empregadas de luxo.
Mas
vamos aos textos. Depois faço mais comentários. Espero sinceramente
que as pessoas que estão lendo esses comentários entendam que estou
aqui mostrando uma realidade e não fazendo apologia chauvinista.
Mas,
uma coisa que eu já percebi é que as pessoas adoram se enganar, ou
melhor, para conseguir o que querem elas se enganam.
A
seguinte história foi obtida do Bàbáláwo Ayo Salami
Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) a esposa de Àgbonnìrègún
Na
vida de Àgbonnìrègún e Orunmila (Ọ̀rúnmìlà), há tantas
coisas que se encontra difícil de explicar. Uma delas é a questão
da Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀). Em alguns versos de Ifá,
Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) é referida como a esposa de
Àgbonnìrègún. Em muitos outros, ela era a esposa de Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà). Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) era a esposa de
Àgbonnìrègún mas tornou-se a esposa de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
mais tarde.
Um
dia, durante uma das visitas habituais de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
para dar conta de sua viagem feita por longos destinos, ele conheceu
uma mulher chorando pela porta da casa de. Ele consolou-a, mas não
podia esperar para descobrir o motivo de sua tristeza. Ele não
poderia também abrir a discussão com seu irmão Àgbonnìrègún,
pois não fazia parte dos assuntos que ele veio discutir.
Mas,
no segundo dia, ele a encontrou no mesmo local enrolada e
lamentando-se. Movido por suas lágrimas, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) teve que
quebrar o protocolo (de discutir exclusivamente os acontecimentos de
sua viagem e notícias em casa), pedindo que a questão da mulher
chorar fosse discutida.
-
Por quê? Oluwo Àgbonnìrègún perguntou.
-
É porque eu notei que ela tem chorado por dois dias consecutivos
agora – Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) respondeu.
-
Ah, se é por causa do que a mulher, eu não sei o que dizer
Seu
caso é peculiar. Quando me casei com ela, ela não estava
menstruada. Consultei Ifá e ofereci sacrifício, e ela começou a
menstruar.
Por
um longo tempo, ela ainda não poderia engravidar, eu consultei
novamente e ela ficou grávida. Mas os bebês que ela tem tido não
foram sobrevivendo. Na verdade, o último morreu há três dias, e
esta é a razão para ela chorar, Àgbonnìrègún explicou.
Se
for esse o caso, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) respondeu,
por que você não executar uma akose sob o Odù ose ogunda para a
mortalidade infantil para parar?
Isso
pode não ser necessário, responder rapidamente Àgbonnìrègún.
Eu
tenho tantas coisas para fazer que são mais importante do que cuidar
dela.
Àgbonnìrègún
então chamou Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀), que ainda estava do
lado de fora chorando. Assim que ela entrou, Àgbonnìrègún
agarrou-a pelo pulso e entregou-a a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
-
Olúwo! Ele disse
Leve-a,
da cabeça aos pés. Case-se com ela como esposa e enfermeira das
crianças. Todas as coisas que você quer que eu faça parar as
crianças pararem de morrer, faça você por ela.
E
assim Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀), a ex-mulher de Àgbonnìrègún
tornou-se a esposa de seu irmão Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
Isto
é o motivo pelo qual as esposas dos Bàbáláwo, então, vieram a
ser chamar de Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀). O outro nome para
eles apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí).
Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) na maioria dos casos, é o nome dado
a mulheres que foram casadas antes, mas, dadas a um Bàbáláwo para
se casar, provavelmente, depois que ela se divorciou do marido ou
depois que o marido morreu.
Depois
de ser dada para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) as crianças
de Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) não morreram mais.
Nota
Ayo
Salami, traz no seu livro Yoruba Theology and tradition - The Worship
uma visão interessante que separa Orunmila de Agbonniregun. Segundo
ele, eles seriam irmãos e enquanto um rodava as cidades o outro
ficava em casa.
Existem
diferentes escolas Yoruba, que variam pela região. Se isso está no
livro dele é porque faz parte da tradição dele, por mais distinto
que possa parecer para nós que estamos acostumados com outra visão.
Mas
isso, de serem ou não irmãos, assim como outras coisas é apenas um
detalhe. Não estamos tratando de história e nem que arqueologia.
O
objetivo dessa história é mostrar a origem do nome dado a esposa de
um Bàbáláwo e também mostrar a forma como a cultura Yorùbá
vê a mulher. O irmão de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se desfaz da
mulher como se estivesse se livrando de um móvel de casa, ou um
eletrodoméstico estragado. Isso é parte da cultura deles.
A origem do nome Apetebi (Apẹ̀tẹ̀bí)
Apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
é um outro nome para as esposas dos Bàbáláwo. Os acontecimentos
que envolveram o surgimento do nome estão registrados em um verso
sob o Odù Obara Ogunda (Ọ̀bàrà ègún tán). O versículo diz
assim:
Ọ̀bàrà
ègún tán
A maldição está encerrada
Fechando a porta com firmeza contra qualquer maldição futura
Eles são os que consultaram Ifá para o pilão
Eles são também os que consultaram Ifá Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
No dia em que estava embarcando em uma viagem de adivinhação para a casa de Àsedó
A maldição está encerrada
Fechando a porta com firmeza contra qualquer maldição futura
Eles são os que consultaram Ifá para o pilão
Eles são também os que consultaram Ifá Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
No dia em que estava embarcando em uma viagem de adivinhação para a casa de Àsedó
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) recebeu uma
mensagem de que ele devia embarcar em uma viagem a uma cidade chamada
Àsedó. O rei da cidade o havia convidado para vir e fazer
adivinhação para ele e para todos os habitantes. Na verdade, ele
deveria ir e ficar com eles por um tempo como seu sacerdote-chefe de
Ifá.
Como
de costume, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) , antes de
começar a viagem, foi ao encontro com os seus sacerdotes que fizeram
adivinhação para ele Nenhum outro Odù de Ifá foi visto que não
Ọ̀bàrà Ògúndá.
Os
Bàbáláwo interpretaram os versos e disseram que ele estaria indo
em uma viagem para um lugar distante.
-
“Há muita boa sorte para você no caminho e no local para onde
vai. Mas você deve oferecer sacrifício de modo que sua prosperidade
tenha um aumento monumental em sua vida ”, Assim os Bàbáláwo
previram.
-
"Quais são as coisas que eu devo oferecer? Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) perguntou.
Centenas de ratos, centenas de peixes, aves e animais, disseram os
Bàbáláwo.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) ofereceu o
sacrifício e todas as coisas correram bem. Pouco depois, ele partiu
para a terra de Àsedó. Ele já tinha viajado muito quando o céu
ficou preto e as nuvens pesados de chuva. “Onde eu vou me abrigar?
Eu não passei por qualquer aldeia, e a cidade que eu estou indo para
é ainda uma longa distância ”. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) começou a
correr na esperança de encontrar uma casa de fazenda para o abrigo.
Enquanto ele corria ele sentiu cheiro de fumaça e tentou rastrear a
sua fonte. Ele, então, viu uma pequena cabana e correu em direção
a ela. Antes de cobrir metade da distância, a chuva começou e ele
estava encharcado dentro de segundos, mas conseguiu chegar até a
casa. Quando ele entrou, ele encontrou uma mulher muito bonita,
iluminada somente pelo fogo do forno. Ela cumprimentou-o
calorosamente e rapidamente tirou a carga da cabeça de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) . De onde
você vem para ter pego por este tipo de chuva?
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) explicou a
ela que ele estava indo para a cidade de Àsedó onde ele havia sido
convidado pelo rei. Ela logo terminou sua culinária e ambos comeram
com satisfação.
-
“Onde estão os outros?” Orunmila perguntou, notando que ninguém
mais tinha aparecido no meio da densa floresta.
-
“Eu sou a única aqui, eu logo deixaria a casa para ir para a
cidade ”, disse ela. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
Vendo
isso como uma oportunidade, cortejou-a e desde que a noite já estava
caindo e a chuva não acalmava ele resolveu ficar com ela até o dia
seguinte. Durante a noite, eles fizeram amor apaixonadamente.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) acordou cedo
no dia seguinte para sair. Ele já estava tentando fazer perguntas
pertinentes sobre ela e como eles poderiam encontrar novamente,
quando ele percebeu manchas brancas em sua pele e seus dedos
perplexo!
-
“Ela é uma leprosa”. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) interrompeu
a sua história e, segurando sua bolsa debaixo da axila, saiu
correndo e foi para a cidade de Àsedó, sem sequer perguntar o nome
da mulher.
Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) chegou a
Àsedó, ele começou a executar trabalhar com Ifá para o rei os
habitantes de toda a cidade. Como ele estava realizando adivinhação
e eles estavam oferecendo sacrifícios; os doentes eram curados, as
estéreis foram se tornando mães e as crianças foram crescendo.
Em
alguns casos, Ifá falou sobre suas filhas, que deviam ser dadas a um
Bàbáláwo como esposas. As moças foram dadas em casamento a
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
Enquanto
isso a mulher leprosa não sabia que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) tinha visto
sua pele leprosa. Poucos meses após o seu encontro, ela descobriu
que estava grávida e ela não tinha feito sexo com nenhum outro
homem.
Ela
esperou notícias Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) por mais de
dois anos. Ela já estava decepcionada e com raiva. Todas as manhãs,
ela colocava água na frente de si mesma e fazia uma chuva
maldições sobre o homem que a engravidou.
Enquanto
isso Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) ficou na
terra de Àsedó por muitos anos com suas novas esposas sem que
qualquer uma delas ficasse grávida. Ele tentou todos os meios para
isso e não adiantou.
É
a mim mesmo que todas as mulheres têm vindo nesta cidade para ter
filhos e todas elas ficam grávidas. Por que as minhas esposas são
estéreis? Ele ficou tão envergonhado com isso que decidiu visitar
um outro sacerdote Ifá.
Quando
o Odù de Ifá foi lido para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) , ele foi
informado de que a incapacidade de suas esposas para engravidar foi
devido a algum negócio inacabado em algum lugar.
-
“Há uma certa pessoa que está chovendo maldições sobre sua
cabeça”, o Awo disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
-
“E, a menos que a situação seja resolvida e as maldições
removidas as suas esposas não engravidarão ”, concluiu ele.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) não se
lembrava da mulher leprosa, havia sido tão rápido e a tanto tempo,
mas, ofereceu os sacrifícios prescritos pelo Bàbáláwo.
Ele
ofereceu cada um das prescrições de IFA 16 vezes. Através dos
meios de OlOdùmarê que ninguém pode explicar, o sacrifício moveu
a mulher de dentro da floresta densa, um dia depois de completar
todos os sacrifícios, e ela foi para a cidade, segurando a mão da
menina que ela tinha tido com Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
-
“Ele me disse que estava indo para a cidade de Àsedó. Deixe-me ir
procurá-lo, pelo menos, eu serei capaz de reconhecê-lo ”, pensou
ela.
O
mesmo sacrifício também fez sua vinda para coincidir com o dia em
que o rei estava organizando uma festa para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) por que
estava prestes a partir para Òkè Ìgẹ̀tí, em Ilé Ifẹ̀.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) caminhava ao
lado do rei, acompanhado por centenas de outros sacerdotes a quem ele
havia ensinado e iniciado para Ifá na cidade de Àsedó, os
habitantes da cidade estavam dançando.
De
longe, a mulher leprosa viu Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) acenando
para toda aquela gente feliz. Ela reconheceu Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) como o pai
de sua filha. Ela abriu caminho através da multidão até que ela
ficou diante de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
-
“O que você fez para mim é muito ruim ”, disse ela, ao bloquear
o caminho de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) .
-
“Esta criança é o resultado da nossa relação sexual há dois
anos”.
Memórias
passaram pela mente de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e ele
rapidamente ligou a mensagem de seu Bàbáláwo com o encontro que
teve com a mulher. Ele baixou a cabeça em pensamento. Os guardas
avançaram para afastar a mulher, mas, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) os parou.
-
“Por favor, levem na e limpem a para mim. É uma longa história ”,
disse ele para o desespero de todos.
Foi
assim que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) levou a
mulher, incluindo a criança a Òkè Ìgẹ̀tí. Na chegada, ele
chamou todos os Bàbáláwo de Ilé Ifẹ̀ para ajudá-lo a curar a
mulher.
-
“Ela é minha mulher e isso é uma vergonha para mim e para o minha
filha pequena”, disse Orunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Dentro
de um piscar de olhos os Bàbáláwo trouxeram diferentes tipos de
medicamentos, akose, e muitas outras preparações. Tome esta para
si. Essa é a filha da mulher cuja lepra você ajudou a curar. Ela é
sua nova esposa, a partir de agora, ele disse a eles, um após o
outro. Eles são os Ọmọ ìyá tí a pa ẹ̀tẹ̀ bi (filhos
resultantes da cura da hanseníase).
Este
é o início do Apetebi (Apẹ̀tẹ̀bí) outro nome, dado às
esposas de Babalawôs.
Notas
Esta
história, além de explicar a origem do nome traz informações
importantes. Observem que nada pode fazer Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) através de
Ifá para resolver as maldições que a mulher jogava sobre ele.
Isso
é a identificação da mulher como ajé (Àjẹ́). As referências
do poder de ajé (Àjẹ́) estão escondidas dentro dos versos de
Ifá, elas não aparecem explicitamente, você deve observar quando
Ifá está mostrando ao Bàbáláwo como é o comportamente e
fundamentos de ajé (Àjẹ́).
Observem
também a forma como ela mandava essas maldições, usando água, de
manhã, isso é um clara referência a Óxun (Ọ̀ṣun) como lider
das ajé (Àjẹ́) e vao ao econtro dessa mistura da figura de Óxun
(Ọ̀ṣun) com a de Iyami Osoronga.
Como
por exemplo é mostrado no Odù Oxé Otuwa, não adianta nada contra
o poder de ajé (Àjẹ́), as coisas ocorrem errado e não de
descobre o problema. A solução não foi um contra-feitiço, Ifá
permitiu que ele encontrasse a mulher se solucionasse o problema da
forma correta.
Toda
mulher é uma bruxa e basta ela falar e desejar para amaldiçoar
alguém.
Como
eu sempre ouço e repito para muitas pessoas, o pior feitiço é o
feitiço da língua. Não tem trabalho no chão que supere as pragas
ditas, principalmente por mulheres. Manifesta-se aqui a ligação com
Óxun (Ọ̀ṣun) e com o poder de ajé (Àjẹ́) que toda mulher
tem.
Ifá
ensina a quem sabe aprender.
Ọ̀ṣun a esposa de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
Talvez
uma mulher de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) que merece
muito destaque é Óxun (Ọ̀ṣun). Lembro a todos que a presença
de orixá (Òrìṣà) nos versos de Ifá é muito rara. Os versos
são compostos por Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), exu e um
monte de pessoas comuns.
Mas
existem alguns que são presentes. Óxun (Ọ̀ṣun) é um desses.
Por um longo tempo, ela foi casada com Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e, através
dela, muitas práticas que foram abençoados por Olódùmarè se
tornaram institucionalizadas. Existe no texto sobre éerindinlogun
(ẹẹ́rìndínlógún),
grande referência a importância de Ọ̀ṣun e sua ligação com
Ifá.
Foi
Ọ̀ṣun que trouxe um programa de iniciação especial chamado “IFA
Elegan (Ifá Ẹlẹ́gán)”. Isto foi o resultado do fato de que
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), seu marido,
era uma pessoa que viajava frequentemente. Era Óxun (Ọ̀ṣun), sua
esposa que estaria em casa para tratar as pessoas e atender às suas
necessidades, tanto médica como espiritual.
Isso
tem duas implicações decisivas, Óxun (Ọ̀ṣun) tinha que fazer
alguma coisa para salvar a vida das pessoas e, ao mesmo tempo, manter
a consistência de regra e retidão de procedimento que a casa de
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) era conhecida.
Entre
as pessoas que vieram ao seu encontro estavam os interessados em
serem iniciados para Ifá. Mas, desde que Óxun (Ọ̀ṣun) é uma
mulher ela está proibida de ver Odù
. A entidade sagrada do oráculo de Ifá não pode ser vista, exceto
se a pessoa é um homem, se ele é iniciado e que lhe seja dado o
antídoto para reduzir o efeito da energia que “Ile Odù
” pode ter ao verter sua energia em cima dele.
De
acordo com Ifayemi, uma pessoa que é iniciada sem ver Odù
será uma Ẹlẹ́gán. Este é o principal modo de iniciação
para mulheres mas homens também sê-lo, dependendo do Odù
que recebem. Se a pessoa vê Odù então ela será Olodù.
Existe
ainda um outro tipo de iniciação, chamada Agbàmátẹ̀, que
são aqueles que recebem os Ikin sem necessariamente adquirir
conhecimento de Ifá. Podem estar envolvidos em liturgias mas não
serão sacerdotes completos.
Ọ̀ṣun
também seria lembrada pelos passos que ela tomou durante uma longa
ausência de seu marido para salvar as vidas de alguns vizinhos.
Tornou-se necessário para ela falar com o Ifá de seu marido sobre
os problemas que as pessoas tinham.
O
verso de Ifá diz que Ọ̀ṣun levou quatro peças de búzios
do Ifá de seu marido, orou sobre elas e pediu as bênçãos do
espírito de seu marido para entrar nos búzios. Nesta época ela
ainda não sabia como divinar usando os Ikin.
Ela,
então, usou os Ibo para perguntar qual era o problema, doença,
esterilidade ou aborrecimento que a pessoa trazia para ela. Um após
o outro, ela testaria todas as coisas que ela viu seu marido escolher
para cada caso.
Uma
vez que o Ibo e os búzios diziam “sim”, ela pediria a pessoa
para trazer os itens específicos, colocá-los todos em cima de Ifá
de seu marido e dizer para a pessoa ir embora. E assim eles ficavam
curados. Então Ọ̀ṣun continuou por muito tempo fazendo isso até
o retorno de seu marido.
Quando
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) retornou ele via na sua sala muitas nozes
de kola, no quintal, viu cabras de diferentes tamanhos e sexos, as
galinhas eram incontáveis.
-
“Quem possui tudo isso? " Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) perguntou
surpreso.
-
“Eles são todos os presentes de Ifá que coletei usando estes
búzios”.
Óxun
(Ọ̀ṣun) respondeu o marido mostrando os búzios que ela estava
usando. Ela também contou os sucessos que ela tinha alcançado.
Na
próxima vez que Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) visitou Olódùmarè para
dar relatório do que estava acontecendo na Terrai,
ele narrou o que Ọ̀ṣun havia conseguido usar os búzios e contou
sobre todos os itens do presente que ela obteve através de Ifá.
Olódúmarè
disse para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) para dar a Óxun (Ọ̀ṣun) 16
Odù semelhantes à adivinhação por Ifá.
-
“Ela pode usar estes Odù e búzios para o tratamento de clientes
que vieram para ela, enquanto você estiver fora da cidade”.
Assim,
a adivinhação com 16 búzios começou com Ọ̀ṣun, conforme está
descrito em versos similares de Wande abimbolá descritos na postagem
sobre o éérindinlogun (ẹẹ́rìndínlógún).
Esta história aqui é de Ayo Salami.
Notas:
É
importante em Ifá a inteligência e perspicácia em entender a
analisar os versos e histórias. Além disso um conhecimento geral da
religião e de mais versos torna a compreensão muito maior.
Observem
que esta história, narrada aqui, mas já transcrita anteriormente,
Fixa a relação de Ọ̀ṣun com Ifá e do oráculo dos búzios com
Ifá. Além disso abre a possibilidade de um tipo de iniciação
especial, que permite a mulheres se utilizarem de Ifá através de
búzios.
Elas
serão Elegan (Ẹlẹ́gán), não terão a capacidade ou
formação de um Bàbáláwo mas poderão exercer o seu papel. Esta
aplicação é bem diferente da atribuição comum dada a uma Apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí) que fica encarregada apenas de limpeza e cozinha.
Mas de nenhuma forma torna as mulheres equivalentes aos homens no
culto.
Uma
interpretação mais ortodoxa poderia inclusive dizer que como Óxun
(Ọ̀ṣun) realizou as coisas através do Ifá de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), seu marido,
esta função mais completa poderia estar reservado a esposas
de Bàbáláwo, que se utilizariam do Ifá do marido e não
de mulheres independentes de Bàbáláwo exercendo Ifá.
Dessa
maneira Ifá reserva para a mulher uma posição relevante mas
secundária, junto a seu marido o Bàbáláwo. Não existe em
Ifá nenhum verso onde a mulher sozinha atua em Ifá.
Óxun (Ọ̀ṣun) recebe o oráculo de Olódùmarè
A
transcrição desse Odù
esta no artigo "The Bag of wisdom - osun and the origin of ifá
divination" de Wande Abimbola.
A
cada 16 anos
Olódùmàrè
usava chamar os adivinhos da terra para um teste.
Para
saber se eles estavam dizendo mentiras para os habitantes da terra.
Ou
se eles estava dizendo a verdade
Este
teste consistia em chamar Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e outros
olhadores da terra
Olódùmàrè
diria o que ele ira ver neles.
Quando
eles chegaram
Olódùmàrè
pediu para eles consultarem o oráculo para ele.
Quando
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) terminou a consulta
Olódùmàrè
perguntou: Quem é o próximo?
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) disse que a próxima pessoa vinha a ser sua
companheira
O
qual era uma mulher
Olódùmàrè
então perguntou:
Ela
também é uma advinha, uma olhadora?
O
qual Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) respondeu, “Sim, isto é verdade”
Olódùmàrè
então pediu a ela para consultar o oráculo para ele
Quando
Oxun (Ọ̀ṣun) examinou Olódùmàrè,
ela
viu tudo em sua mente
Mas
ela não disse para ele tudo o que viu
Ela
mencionou a essência
Mas
ela não disse as raízes do problema assim como faz Ifá
Olódùmàrè
então perguntou a Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) o que era aquilo?
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) então explicou a Olódùmàrè
como
ele honrou Oxun (Ọ̀ṣun) com o owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún
Olódùmàrè
disse, “Esta tudo certo”
Ele
disse que mesmo sabendo que ela não lhe contara tudo o que sabia
Ele
daria a sua autoridade para ela
Ele
adicionou “De hoje para sempre,
até
mesmo quando o owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún
não
disse tudo detalhadamente
Qualquer
um que desacreditar dele
sofrerá
as consequencias imediatamente
Isso
não precisará esperar até o dia seguinte
Este
é o motivo pelo qual as previsões do owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún
ocorrem rapidamente
Esta
foi a forma como o owó ẹyọ mẹ́rìndínlógún recebeu o seu
Àṣẹ diretamente de Olódùmàrè
Notas
Esses
versos mostram claramente que é Óxun (Ọ̀ṣun) a dona o oráculo
de búzios e que é inegável a relação entre o oráculo de búzios
e o oráculo de ifá, com como a sua máxima confiabilidade.
Óxun (Ọ̀ṣun) perde o saco da sabedoria para Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
Um
outro verso contido no Odù
Okanransode, que foi transmitido pelo Babalawo Ifátóògùn, famoso
sacerdote de Ìlobùú, conta a história do saco da sabedoria.
Olódùmàrè jogou na terra o saco da sabedoria e pediu a todos os
orixa (Òrìṣà) que procurassem por ele. Ele garantiu que o orixa
(Òrìṣà) que o encontrasse seria o mais sábio de todos eles.
Olódùmàrè mostrou como era o saco para todos os orixa (Òrìṣà)
para que eles reconhecessem quando o vissem.Uma vez que Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e Oxun (Ọ̀ṣun) eram íntimos eles decidiram
procurar juntos.
Uma
pessoa velha amarou um um fio de contas mas ele se abriu
Um
sábio amarrou um fio de conta e el ficou frouxo
Somete
uma pessoa que apoia suas costas em ikins
irá
amarrar um fio de contas que irá durar
Ifa
foi consuktado para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
quando
ele e Oxun (Ọ̀ṣun) foram procurar pela sabedoria
Foi
Olódùmàrè que chamou as 401 divindades (da direita)
e
as 201 divindades (da esquerda)
para
se reunierem no Orun (Ọ̀run)
Quando
elas chegaram lá
Ele
disse que queria dar para elas profunda sabedoria e poder
Ele
disse que que qualquer um poderia ver isto
que
ele iria dar para o Ori deles
E
esta seria a pessoa mais sábida na terra
Ele
disse que 19 dias a frente
Ele
jogaria o saco da sabedoria na terra
Mas
se isso seria na floresta
ou
seria no campo
Ou
seria no rio
ou
seria em uma cidade
ou
seria em uma estrada
Ele
não diria onde extamente seria
Olódùmàrè
mostrou então a todos o saco da sabedoria
Ele
disse “É isso”
Olhem
bem
E
observem bem.
Quando
eles chegaram de volta a terra
alguns
deles iniciaram a fazer sacrificios
Alguns
fizeram remédios
Alguns
planejaram a sua propria estratégia
Todos
disseram “Essa coisa, serei eu quem vai achar”
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e Oxun (Ọ̀ṣun) costumavam fazer coisas juntos
Eles
estavam sempre um na companhia do outro
Ambos
adicionaram 2 búzios a 3
e
foram consultar Ifá
Eles
perguntaram aos babalawo para verificarem sobre ambos
“A
coisa que os orixa (Òrìṣà) estão procurando poderiam ser ambos
eles as pessoas que a encontrariam?”
Os
babalawo pediram a Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e Oxun (Ọ̀ṣun) que
fizessem um sacrifício
Com
os grandes alakas que eles estavam usando
Cada
um deles deveria oferecer um cabrito
e
um rato domético
Bem
como 201 ọ̀kẹ́ cheios de búzios para cada um deles
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) disse a Oxun (Ọ̀ṣun) que eles deveriam fazer o
sacrifício
Mas
Oxun (Ọ̀ṣun) disse m “por favor, deixe me descançar”
Vá
fazer o sacrificio com o seu alaka
Qual
a relação disso com o que estamos procurando?
Oxun
(Ọ̀ṣun) se recusou a fazer o sacrifício
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) cujo outro nome era Àjànà,
pegou
o seu alaka e ofereceu em sacrificio
Ele
também usou um rato doméstico e dinheiro para o sacrifício
Eles
então procuraram pelo saco da sabedoria mas não acharam
Todos
os outros orixa (Òrìṣà) tmbém não encontraram
Eles
procuraram em Ẹ̀gá ajá
Ele
foram longe até Ẹ̀sà adìẹ
alguns
foram ainda até Ìkọ Àwúṣẹ̀
alguns
procurara também em Ìdòròmù Àwúṣẹ̀
Onde
o dia vira noite
Mas
ele não encontraram
Um
dia um rato doméstico foi até o alaka que Oxun (Ọ̀ṣun) usava
E
fez um buraco no bolso
No
dia seguinte eles se consideraram prontos
e
procuraram o saco da sabedoria mais uma vez
Então
Oxun (Ọ̀ṣun) o encontrou!
Ela
exclamou “Han-in este é o saco da sabedoria!”
Ela
colocou então no bolso do seu alaka
Ela
então foi embora apressada
Como
ela estava atravessando florestas mortas e subindo por troncos
repentinamente
o saco caiu do seu bolso
pelo
buraco que o rato tinha feito
Oxun
(Ọ̀ṣun) estava chamando Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
Dizendo
“Orunmila (Ọ̀rúnmìlà), cujo outro nome é Àjànà
Venha
rápidp, venha rápido
Eu
vi o saco da sabedoria
Quando
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) estava indo ele viu o saco da sabedoria no
chão
Ele
então colocou no bolso do seu próprio Alaka
Quando
ele chegou em casa
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) disse: Oxun (Ọ̀ṣun) deixe-me ver o saco
mas
Oxun (Ọ̀ṣun) disse que ela jamais mostraria para um homem
Mas
se um homem precisasse ver
Ele
teria que dar lhe 200 ratos
200
peixes
200
passaros
200
animais
e
um monte de dinheiro
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) implorou por muito tempo para ver o saco
mas
ela não permitiu
Ele
então retornou para a sua própria casa
Quando
Oxun (Ọ̀ṣun) tentou pegar o saco no seu bolso
de
maneira que ela o visse mais uma vez
Ela
colocou a sua mão no bolso
e
sua mão entrou dentro do buraco feito no fundo do bolso
Então
Oxun (Ọ̀ṣun) foi encontrar Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) na sua casa
Ela
começou a implorar a ele
Ela
começou a agradar Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
Assim
foi então como Oxun (Ọ̀ṣun) foi para a casa de Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
para
viver com ele como marido
De
maneira que ele pudesse ensinar para ela um pouco de sabedoria
Nos
tempos antigos, quando uma pessoa se casava
Não
era obrigatório para a esposa ir para a casa do marido viver com ele
Assim
foi como os casais passaram a viver juntos
Quando
Oxun (Ọ̀ṣun) tirou o seu alaka
ela
colocou àṣẹ na sua boca e disse
daquele
dia em diante nenhuma mulher ia vestir um alaka como os homens
Ela
então jogou o seu alak no lixo
Depois
de muitos pedidos de Oxun (Ọ̀ṣun)
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) pegou um pouco de sabedoria e deu para ela
Este
é o eerindinlogun (ẹẹ́rìndínlógún)
O
qual Oxun (Ọ̀ṣun) faz uso
O
saco de sabedoria é Odù
Ifá,
os
remédios e todas as demais profundas sabedorias do povo Yoruba
Notas:
Vou
destacar de forma bem objetiva o que o Odù
Okanransode ensina:
- Oxun (Ọ̀ṣun) foi a primeira a ter acesso a sabedoria de Ifá. Ela encontrou o saco de sabedoria e olhou para ele, assim ela obteve antes de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) a sabedoria de Ifá. Devido a sua teimosia, falta de fé ou preguiça ela perdeu o saco para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) que assim teve a posse dele por todo o tempo e a sabedoria e poder que Olódùmàrè prometeu. Mas não se pode ignorar o acesso que Oxun (Ọ̀ṣun) teve a Ifá.
- Oxun (Ọ̀ṣun) foi viver com Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e este lhe deu mais sabedoria de Ifá.
- Esse Odù nos dá também uma excelente explicação de porque somente homens tem acesso pleno a sabedoria de Ifá. Oxun (Ọ̀ṣun) se tivesse acesso teria omitido isso dos homens, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) observando isso limitou o acesso de Oxun (Ọ̀ṣun) ao conhecimento de Ifá. Essa interpretação deve ser estendida aos homens em geral e as mulheres também, e não especificamente a Oxun (Ọ̀ṣun) e Orunmila (Ọ̀rúnmìlà). Oxun (Ọ̀ṣun) é a essência feminina e um Odù é uma metáfora. Assim isso explica o papel de Babalawo e de Apetebi.
- Outra lição é o mal destino que teve a ambição ou ganância no uso da sabedoria de Ifá. O desejo de Oxun (Ọ̀ṣun) era se enriquecer com essa sabedoria. Isso foi penalisado, assim a sabedoria de Ifá jamais deve ser usada para enriquecer ninguém.
- Outro aspecto foi o preço a ser pago para se tornar sábio. Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) pagou o preço e se tornou sábio, Oxun (Ọ̀ṣun) não quis pagar e não obteve exito na sua busca. A sabedoria exige sacrifícios de bens.
Apesar
disso tudo é inegável o vinculo de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) com
Oxun (Ọ̀ṣun) ou seja de Oxun (Ọ̀ṣun) com Ifá. Mesmo depois
desse episódio Oxun (Ọ̀ṣun) e Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) ficaram
mais próximos.
Unindo
os versos de Okanransode com o de Ogbè-Ọ̀sá fica demonstrado e
clara e evidente ligação entre Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e o
eerindinlogun (ẹẹ́rìndínlógún).
Oxé otuwa – Óxun (Ọ̀ṣun) de vira contra os orixá (Òrìṣà)
Os
versos abaixo são uma parte do Odù
Oxé otuwa onde é mostrado o que Óxun (Ọ̀ṣun) fez contra os
demais orixá (Òrìṣà) que a extavam desprezando como uma igual.
…
Orunmila
diria a essa pessoa que
é
a Orò que ela devia adorar.
E
ela seria conduzida à floresta de Orò.
Eles
seguiram essas práticas durante muito tempo. Enquanto realizavam as
diversas oferendas, eles não chamavam Oxun.
Cada
vez que iam à floresta de Eégun,
ou
à floresta de Orò,
ou
à floresta de Ifá.
ou
à floresta de ooxa,
a
seu retorno, os animais que eles tinham abatido,
fossem
cabras,
fossem
carneiros,
fossem
ovelhas,
fossem
aves,
entregavam-nos
a Oxun para que ela os
cozinhasse.
Preveniram-na
que quando ela acabasse de preparar os alimentos,
não
devia comer nenhum pouco, porque deviam ser
levados
aos Malè, la onde as oferendas são feitas.
Oxun
começou a usar o poder das mães ancestrais —
-
e a estender sobre tudo o que ela fazia
esse
poder de ìyá-mi-àjé, que tornava tudo inútil.
Se
se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer,
essa
pessoa não deixava de morrer.
Se
fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria,
a
pessoa sobrevivia.
Se
se previsse que uma pessoa daria a luz um filho,
a
pessoa tornava-se esteril.
Um
doente a quern se dissesse que ele ficaria curado
não
seria jamais aliviado de sua doença.
Essas
coisas ultrapassavam seu entendimento,
porque
o poder de Olódúmarè jamais tinha falhado.
Tudo
o que Olódúmarè lhes havia ensinado eles o aplicavam,
mas
nada dava resultado.
Que
era preciso fazer?
Quando
se congregaram numa reunião,
Orunmila
sugeriu que,
já
que eles eram incapazes de compreender o que se
estava passando por seus próprios conhecimentos,
não
havia outra solução senão consular Ifá novamente. Em
conseqüência, Orunmila
trouxe seu instrumento adivinhatório,
depois
consultou Ifá.
Contemplou
longamente a figura do Odù que apareceu
e
chamou esse Odù pelo nome de óxétua,
Ele
o olhou em todos os sentidos.
A
partir do resultado definitivo de sua leitura,
Orunmila
transmitiu a resposta a todos os outros Odù-àgbà.
Estavam
todos reunidos e concordaram que não havia outra
solução para todos eles,
os
Orixá -irumale, senão encontrar um homem sábio e
instruido que pudesse ser enviado a Olódúmarè
para
que mandasse a solução do problema
e
o tipo de trabalho que devia ser feito para o restabelecimento da
ordem,
a
fim de que as coisas voltassem a normalizar-se, e
nada
mais interferisse em seu trabalho.
Diziam
que tudo o que acontecesse,
Orunmila,
deveria ir até a Olódúmarè.
Orunmila
ergueu-se. Serviu-se de seu conhecimento para
utilizar a pimenta,
serviu-se
de sua sabedoria para tomar nozes de obi,
despregou
seu òdùn (tecido de rafia) e o prendeu no seu ombro,
puxou
seu cajado do solo,
um
forte redemoinho o levou, e
ele
partiu até os vastos espaços do outro mundo para encontrar
Olódúmarè.
Foi
la que Orunmila reencontrou Exu òdàrà.
Exu
já estava com
Olódúmarè.
Exu
fazia sua narração a Olódúmarè.
Explicava que
aquilo
que estava estragando o trabalho deles na terra
era
o fato de eles não terem convidado a pessoa que constitui a décima
sétima entre eles.
Por
essa razão, ela estragava tudo.
Olódúmarè
compreendeu.
Assim
que Orunmila
chegou,
apresentou seus agravos a Olódúmarè.
Então
Olódúmarè
lhe disse que deveriam ir e
chamar
a décima sétima pessoa entre eles
e
leva-la a participar de todos os sacrifícios
a
serem oferecidos.
Porque,
além disso,
não
havia nenhum outro conhecimento que Ele lhes pudesse
ensinar
senão
as coisas que Ele já lhes havia dito.
Quando
Orunmila
voltou a terra,
reuniu
todos os Orixá
e
lhes transmitiu o resultado de sua viagem.
Chamaram
Óxun e lhe disseram que ela deveria segui-los
por
todos os lugares onde deveriam oferecer sacrifícios,
mesmo
na floresta de Eégún.
Óxun
recusou-se:
ela
jamais iria com eles.
Começaram
a suplicar a Óxun e ficaram prostrados um longo tempo.
Todos
começaram a homenageá-la e a reverenciá-la.
Óxun
os maltratava e abusava deles.
Ela
maltratava Orixá (òrìṣà nlá)
maltratava
Ògún,
maltratava
Orunmila
maltratava
Osayin (Ọ̀sányìn),
maltratava
Oranfe (Ọranfe),
ela
continuava a maltratar todo mundo.
Era
o sétimo dia, quando Óxun
se apaziguou.
Então
eles lhe disseram que viesse.
Ela
replicou que jamais iria,
disse,
entretanto, que era possível fazer uma outra coisa
já
que todos estavam fartos dessa história.
Disse
que se tratava da criança que levava no seu ventre. Somente se eles
soubessem como fazer para que ela desse a luz
uma criança do sexo
masculino,
isso
significaria que
ela
permitiria então que ele a substituísse
e
fosse com eles.
Se
ela desse a luz uma criança do sexo feminino,
podiam
estar certos de que essa questão
não
se apagaria em sua mente.
Ficariam
ai pedaços, pedaços e pedaços.
E
eles deveriam saber com certeza que
esta
terra pereceria;
deveriam
criar uma nova.
Mas
se ela desse a luz um
filho-homem,
isso
queria dizer que,
evidentemente, o próprio Olódúmarè os
tinha ajudado.
Assim
apelou-se para Orixá lá e para todos os outros Orixá
para saber o que deveriam fazer para que a criança
fosse do sexo masculino.
Disseram
que não havia outra solução
a
não ser que todos utilizassem o poder — Axé (àṣẹ) —
que
Olódúmarè tinha
dado a cada um deles; cada dia
repetidamente
deveriam
vir, para que a criança nascesse do sexo masculino.
Todos
os dias iam colocar seu àṣẹ — seu poder —
sobre
a cabeça de Óxun,
dizendo
o que segue. "Você Óxun!
Homem
ele devera nascer, a criança que você traz em si!"
Todos
respondiam "assim seja", dizendo
“tó!”
acima de sua cabeça...
Assim
fizeram todos os dias, até que
chegou
o
dia do parto de Óxun….
Notas
Apesar
de todo o poder dos orixá (Òrìṣà), juntos, bastou Óxun (Ọ̀ṣun)
tomar a decisão de prejudicá-los para que nada mais desse certo.
Mais uma vez fica evidente o enorme poder que existe na mão de Óxun
(Ọ̀ṣun) e das mulheres. Eu vejo Óxun (Ọ̀ṣun) como o poder
feminino fundamental, o pode eque equilibra o mundo.
Se
alguém não ouviu isso, entenda que, a palavra que define essa
religião é EQUILÍBRIO. Apesar da posição da mulher ser
secundária em Ifá, ela é justamente a origem do poder máximo
sobre a terra, isso ficará claro quando eu apresentar os versos de
Odù a espeosa mítica de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Contudam
aprendam com Ifá, precebam o grande poder feminino e sua
superioridade sobre tudo o que se faz. No cosmo yorùbá o poder
feminino se equilibra com o poder maculino.
As
pessoas que não sabem, aprendam que na sociedade yorùbá é a
mulher que trabalha no mercado, no comércio. A mulher trabalha para
se sustentar e o local dela é o mercado, o mercado é um local dela.
A
razão disso é simples, os homens cuidam da produção. Mulheres na
sociedade yorùbá não fazem trabalhos braçais, são os homens que
o fazem, assim em uma sociedade rural, o homem trabalha no campo e na
produção de coisas e é a mulher que trabalha no comércio.
A Traição de Apetebi
Eu
tenho muito orgulho de publicar alguns textos neste Blog. Existem
textos aqui que refletem bases profundas da religião, dogmas ou
fundamentos importantes. No meio de tanta besteira, coisa inventada,
frivolidades e superficialidades que se fala e escreve, alguns textos
devem nos remeter a uma análise séria. Este aqui é um deles.
Para
entender o modo de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) deve-se conhecer este
texto. Não é uma coisa isolada. De tudo que li de versos a atitude
de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) é sempre a mesma.
Esta
história faz parte do Odù Ogbè Oligun. Foi extraído da
obra de Osamaro Ibie, composta de vários livros e que
recomendo que seja adquirida.
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) e a paciência
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diz que,
para seguir seus caminhos é preciso aprender a arte da paciência e
da perseverança. Ele diz que medicamentos e feitiços podem falhar,
mas a eficácia da paciência é tão constante como a existência do
céu e da terra.
Paciência,
diz ele, exige paciência, é claro, mas também a capacidade de
resistir à tentação de vingar um mal fazer.
Se
alguém está ofendido com as ações dos outros, não é esperado
para reagir através de vingança, mas, deixar isso para o julgamento
das divindades que o protegem e nos assistem a todos, que certamente
intervirão do lado da justiça.
Por
qualquer motivo, as pessoas são motivadas a ficarem irritadas o mais
frequente e rápido possível. Contudo este temperamento, não devem
ser autorizados a estender por mais do que uma sono, porque o
calor da água fervida não dura do crepúsculo ao amanhecer.
Embora
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) nunca perdoe
aqueles que seduzem sua esposa, ele não deixa de ser impassível em
sua atitude para esta sedução. Qualquer pessoa que seduz sua
esposa, assim como a mulher que se permite ser seduzida pagará caro
no final, por sua transgressão.
Ewure,
a esposa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) gostava de
dizer-lhe que ela tinha muitos admiradores, muito mais atraente do
que ele mesmo. Um dia, a esposa desafiou-o que um admirador há muito
flertava com ela, e que, se ele não permitir que ela "coabita-se”
com o homem, ela iria deixá-lo para se casar com o homem.
Alaminagun,
Ajaminagun, Emietiri, Eyiteemaari looni yiojutire, miilo adifa fun
Apetebi Orunmila nijo toun lofe ale. Esse é o nome do Awo que fez
divinação para a esposa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) quando ela
queria flertar com um amante.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), quando foi
confrontado com o ultimato de permitir que sua esposa a flertar com
outro ou deixá-lo, ele lhe disse que ela estava livre para convidar
seu amante para a sua casa, em vez de arriscar o perigo de perder a
sua vida por se envolver em infidelidade secreta.
A
esposa perguntou se existia algum homem que fosse capaz de desafiar a
vermelhidão dos seus olhos para seduzir sua esposa. Ele, contudo,
respondeu que ela tinha sua sua total permissão para trazer o amante
para a casa. Ela, então, vestiu-se e foi para a casa de seu amante,
e convidou-o para sua casa matrimonial.
O
homem nunca suspeitou que ela era a esposa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), sua Apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí). Ao chegar na casa o amante foi convidado por
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) para aproveitar a comida que havia
preparado para ele. Ele também arrumou sua cama e acenou para sua
mulher para ela deitar na cama com o amante, enquanto ele foi dormir
em outro quarto.
Depois
de deitar-se, a mulher acariciou o amante para fazer amor com ele.
Depois de hesitar por um longo tempo, o homem se recusou a ter
relações sexuais com ela, porque ele não sabia quais eram as
intenções do marido.
Antes
do amanhecer. o amante fugiu, mas não antes de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) ter ido
buscar a água do rio para sua mulher e seu amante tomarem seus
banhos. Tendo feito isso, ele saiu para visitar seus amigos.
Quando
Apetebi (Apẹ̀tẹ̀bí) percebeu que era por medo de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) de que o
amante a quem ela tanto gostava recusou-se a fazer amor com ela, ela
saiu de manhã para trançar seu cabelo com um determinado penteado
chamado SHUUKU, tendo dois grampos perpendiculares usados em
tecelagem. Depois disso ela saiu de casa para se estabelecer com o
amante, como havia ameaçado. Ela passou exatamente três anos com o
amante tempo durante o qual Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) não fez nada.
Enquanto
isso, as outras divindades estavam começando a ridicularizar
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) por sua falta de coragem de lutar de volta,
depois de que um companheiro seu tinha seduzido sua esposa. O sedutor
acabou por ser Sapana, a divindade das epidemias. No terceiro
aniversário de sedução de sua esposa, Ògún veio até ele e
acusou-o de ser um idiota e imbecil. Ele retrucou perguntando a Ògún
se ele estava irritado, como resultado da ação de sua esposa. Ògún
respondeu dizendo que se qualquer divindade o tivesse ofendido de
forma semelhante ele reagiria com a ferocidade de um leão ferido.
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) então pediu Ògún para lutar em seu
nome, se ele sentiu que sua raiva era irresistível.
Ògún
perguntou a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) qual seria sua recompensa? Se
ele forçasse sua esposa a voltar para ele. E, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà),
respondeu que ele o compensaria com um galo.
Na
noite seguinte, Ògún esperou a mulher cair em sono profundo.
Ele então foi para o quarto da mulher e bateu na cabeça dela com
uma marreta. Imediatamente ela desenvolveu uma dor de cabeça. A dor
de cabeça se tornou tão grave que a mulher entrou em coma e Sapana
foi para a adivinhação, naquela mesma noite. Foi solicitado a ele
para dar um galo para o ex-marido da mulher Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Na manhã seguinte, ele deu uma galo a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) que
o deu para Ògún para compensá-lo pelo trabalho que tinha
feito.
A
mulher ficou bem, mas ela não voltou para a casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Poucos dias depois, Xangô (Ṣàngó), a divindade do trovão veio a incomodar Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) perguntando porque ele não usava seus poderes para ter sua esposa de volta?
Poucos dias depois, Xangô (Ṣàngó), a divindade do trovão veio a incomodar Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) perguntando porque ele não usava seus poderes para ter sua esposa de volta?
Mais
uma vez, ele disse a Xangô (Ṣàngó) que ele só se tornaria
irritado se Xangô (Ṣàngó) também se mostrasse que ele também
estava irritado. Xangô (Ṣàngó) confirmou que ele não estava
apenas irritado, mas profundamente envergonhado de que uma divindade
júnior poderia tratar Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) com uma ofensiva
tão mesquinha e ainda ter impunidade. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
disse o que Xangô (Ṣàngó) poderia para fazer para demonstrar sua
raiva. Perguntado sobre qual seria sua remuneração se ele
conseguisse trazer de volta a mulher, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
confirmou que ele compensaria Ṣàngó com um galo. Com isso, Xangô
(Ṣàngó) partiu para casa de Sapana.
No
meio da noite, a chuva começou a ameaçar e as nuvens estavam
carregadas. Esposa de Xangô (Ṣàngó), Oya colocava a luz na forma
de raios para Ṣàngó poder identificar seu alvo. Sango entrou na
casa de Sapana e rugiu no peito da mulher e assim ela teve um ataque
cardíaco que imediatamente fez ela ficar inconsciente. Uma vez mais,
Sapana foi para uma adivinhação, apressadamente, e foi-lhe dito
para enviar um segundo galo segundo seu o ex-marido da mulher. Sapana
foi com o galo para Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), que por sua vez o deu
para Xangô (Ṣàngó).
Uma
vez mais, a mulher ficou bem, mas, ela não retornou para a casa de
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà). As divindades ferozes tinham esgotado as
suas capacidades sem realizar seus objetivos. Era hora de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) reagir,
ainda que por procuração.
Ele,
então, convidou Exú (Èṣù), seu árbitro favorito, e prometeu a
ela uma galinha para ele trazer de volta Apétebi (Apẹ̀tẹ̀bí)
apenas para com isso salvar a sua dignidade divina. Prometeu-lhe dar
um bode, depois que a mulher infiel voltasse à sua casa.
Depois
de comer a galinha, Exú (Èṣù) se mudou para o quarto da mulher
nas primeiras horas da manhã. Ele amarrou as mãos e os pés,
garganta e peito, e bateu na sua cabeça. Ela entrou em coma. Quando
Sapana acordou de manhã, ele observou que sua esposa ainda estava
aparentemente dormindo. Era luz do dia e ela ainda não estava de pé.
Ele, então, foi para o seu quarto, apenas para encontrá-la
inconsciente. Ele fez de tudo para acordá-la, mas ela não podia nem
falar.
Naquele
momento Sapana entendeu que estava lutando uma batalha sem chance de
vitória. Ele juntou suas coisas e foi à casa da mãe de Apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí) e pediu para que ela fosse à sua casa e pegasse o
corpo inerte de sua filha. Depois disso ele correu para a floresta
onde permanece até hoje.
De
sua parte a mãe vendo a condição de sua filha correu para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), para ele salvar a vida de sua filha. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) pediu a ela um Bode o qual ele Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
deu para Exú (Èṣù).
Depois
do sacrifício Apetebi (Apẹ̀tẹ̀bí) recuperou a consciência
porque Exú (Èṣù) tirou dela todos os laços que havia dado. Tão
logo ela ficou bem para ficar de pé ela se ajoelhou frente a
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) e pediu perdão por tudo de errado que ela
tinha feito.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) apontou seu cajado em direção a ela. Ele disse que
ela havia com seus atos, desgraçado a honra dele, a sua
masculinidade e a sua autoridade divina, ao ter desafiado a sua
autoridade como marido. Ela levou 3 anos para desfazer sua
transgressão e somente quando ela estava entre a vida e a morte ela
se arrependeu.
Por
esta razão ela sempre vai ficar nesta posição que está agora na
sua frente, com joelhos e mãos no chão. Os 2 grampos de cabelo que
ela usou quando saiu de casa vai ficar para sempre na sua cabeça
como chifres.
Com
essa proclamação, Ewure, pediu pelo perdão de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) chorando “moobee, moobee, moobee”. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) a transfigurou em um cabrito chamado Ewure
(cabrito em yoruba).
O seu choro permanece até hoje como o berro do cabrito.
Notas
Órunmila
aconselha perseverança em tudo o que seus seguidores fazem. Eles não
devem por sua própria vontade vingar qualquer mal feito a eles por
outros. Ele não quer que seus seguidores a se envolver em atos
diabólicos especialmente aqueles destinados à destruição de
outras pessoas. Ele aconselha em um poema que aqueles que tomam as
almas dos outros também vão pagar com suas próprias almas ou com
as de seus filhos e netos
Ele
insiste que ele estará em uma posição melhor para proteger seus
filhos, se eles não tomarem as leis da natureza em suas próprias
mãos.
É
um texto muito duro com a visão da mulher. Nas histórias de
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) é sempre a
mulher quem o trai.
O sofrimento de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) em Iwo
O
texto a seguir também faz parte do Odù Ogbe Oligun. Este
texto é muito importante por 2 aspectos.
O
primeiro é que é um texto famoso de Ifá e relata a origem do nome
Iyawo, que é largamente utilizado no Candomblé. Talvez poucos
saibam que tem origem em Ifá com Orunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Segundo
que ele endereça uma coisa muito chata principalmente no Ifá
cubano. Os cubanos são muito esquisitos. Eles inventaram uma mimica
associada a cerimônicas que fazem. Existe um tratado de mímica que
ensina que gestos devem ser feitos em Odùs específicos.
Para
mim aquilo é coisa de T.O.C.
Além
disso adoram proibições. Assim fulano de Odù tal não pode fazer
tal coisa o outro não pode fazer aquilo, etc... são centenas de
proibições. Parece até Candomblé.
No
Candomblé ao invés das pessoas se preocuparem com o bem do outro
ficam mais preocupados em proibir coisas. Claro que proibições
fazem parte de dogmas e liturgias, mas, o importante é o que a gente
realiza.
Conheço
um Pai de Santo no Rio de Janeiro que faz uma lista de proibições
para clientes que sentam na mesa dele. A pessoa pode nem ser de
Candomblé, foi lá apenas para jogar e ela sai passando proibições
que deveriam valer apenas para membros da casa e principalmente
Iyawos. Mas ele vai além, a pessoa é abian e já ganha as mesmas
proibições de Iyawo, como se tivesse feito Orixá, ou seja, ela não
tem direito a nada e já tem direito as proibições. Sabe, se você
não tem alguma coisa de bom para falar então é melhor ficar
quieto.
Mas,
voltando ao Ifá dos cubanos eles também adoram isso.
Gente,
sem sentido. Um Bàbáláwo não tem restrições.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) não tem
restrições e não dá restrições para seus Babalawo. Onde já se
viu um Babalawo com restrições que o impeçam de fazer o que tem
que fazer? Ainda mais uma pessoa que fica mais tempo sozinha do
que acompanhada!
Mas,
esse meu ponto de vista é explicado aqui. Assim, leiam até o final.
Posso dizer e afirmar que nunca vi em versos de Odù, Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) com restrições ou sendo penalizado por isso. Mas
estou falando de versos de Odù e não os pataki.
Acorda
gente!
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diz que quando ele está com pressa, sua velocidade
de ação não é tão rápida quanto o ritmo em que a menor formiga
anda ou os movimentos mais rápidos de caracol. Ele diz que mesmo
quando ele está se movendo e uma árvore cai para obstruir seu
avanço, ele ficará com a árvore caída, até que ela apodreça
antes de prosseguir em sua jornada.
Se
por outro lado, uma pedra bloqueia seu movimento: ele vai esperar até
que a folhagem seja descamada aos montões e se acumule até a altura
da pedra, antes de atravessar a pedra usando essa ponte fornecida
pela pilha de folhas. Mesmo quando ele decide reagir, ele não o faz
diretamente. Ele apela a uma das divindades mais agressivas, como
Esu, Ogun, Omolu ou Xango, fazendo-lhes sacrifícios e exortando-os a
agir em seu nome.
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diz que se ele reage muito cedo, ele vai fazê-lo em
três anos e somente quando sua paciência se esgotou Mas quando ele
finalmente decide reagir, ele o faz de forma muito impiedosa.
Ogbe
suru fornece a ilustração mais clara de como Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
opera neste contexto:
Era
uma vez, uma princesa que viveu em Iwo e cuja beleza foi tão
cativante que todos os homens de Iwo não foram considerados
elegíveis suficiente para ela. Seu pai, o Oba de Iwo tinha dito que
não iria forçá-la a desposar ninguém, exceto com um homem
escolhido por ela mesma.
Quando
o povo de Ifé ouviu de sua fama e beleza, eles decidiram competir
pela mão dela em casamento. Ògún foi o primeiro a fazer uma
tentativa. Ògún foi para iwo e ante a visão da princesa, ficou
completamente nervoso, e ele prometeu fazer de tudo para conquistá-la
Quando
Ògún professou amor para ela, ela aceitou-o sem qualquer hesitação.
Ela, no entanto, insistiu que ela tinha de viver com seu pretendente
na casa de seu pai, sugestão que Ògún prontamente concordou.
Ela
entreteu Ògún elaboradamente nos primeiros sete dias. No terceiro
dia da chegada de Ògún a iwo, ela pediu Ògún lhe dizer o que era
proibido para ele a fim de diminuir a margem de atrito entre eles.
Antes
de Ògún deixar Ifé para ir para Iwo, ele havia sido avisado
para fazer o sacrifício de seu anjo da guarda e Exu (Èṣù), a fim
de voltar para casa vivo de sua missão. Ògún se gabou de que uma
vez que nenhuma batalha já havia desafiado sua força e bravura que
não vê a justificação em fazer todos os preparativos do
sacrifício quando ele estava indo se encontrar com uma mulher. Ele
não fez o sacrifício.
Em
resposta à pergunta da princesa Ògún lhe disse que a ele era
proibido o óleo de palma (Adin) e a menstruação. Em outras
palavras, ele está proibido de ver a menstruação de qualquer
mulher. Assim que os sete dias de hospitalidade se foram, a
princesa viu a sua menstruação chegar. Ela, então, preparou uma
refeição com óleo de palma (adin) para Ògún para comer. Quando
ela deu a comida para Ògún para comer, ela deliberadamente se
sentou em seu santuário sem segurar o seu fluxo menstrual.
Quando
Ògún se sentou para apreciar a refeição, ele descobriu que a sopa
foi preparada com óleo de palma. Quando ele levantou a cabeça em
fúria para consultar a ela sobre isso ele viu que havia também
descarga menstrual em seu santuário, em fúria Ògún levantou-se
para golpeá-la e ela rapidamente correu para o apartamento de seu
pai por socorro. Quando o pai viu Ògún perseguindo a sua filha, o
Oba usou seu AXÉ para conjurar-lhe para parar e rapidamente ordenou
Ògún transfigurar na marreta usada pelos ferreiros, que ele é até
hoje. Esse foi o fim da tentativa de Ògún para ganhar a princesa de
Iwo para sua esposa.
Depois
de esperar em vão por Ògún para voltar com a princesa de Ifé, seu
irmão júnior Osayin decidiu avançar para Iwo para a dupla missão
de procurar Ogún e, se possível, de ganhar a princesa para si
mesmo. Antes de ir para Iwo ele também foi aconselhado a fazer o
sacrifício de seu anjo da guarda e para oferecer um bode a Exú
(Èṣù). Ele também disse que como o proprietário de todos
os medicamentos diabólicos que existiam, seria degradante para ele
fazer qualquer sacrifício para qualquer outra divindade. Ele então
partiu para iwo.
Ao
chegar a Iwo, ele foi rapidamente apresentado à princesa que
ofereceu a ele a recepção inicial e hospitalidade que ela havia
previamente tratado Ògún. No terceiro dia de chegada Osanyin, ela
também pediu a ele para revelar a ela o que era proibido para
ele, a fim de minimizar o risco de atrito. Em resposta, Osanyin
queria saber se ela já conhecia Ògún. Ela confirmou que sim, mas
que, em vista da recepção pobre que ela deu para ogun, ele se
sentiu muito envergonhado de voltar para casa e decidiu procurar uma
nova morada longe de Ifé e iwo. Em um tom de bajulação ela
disse a Osanyin que os olhos de Ògún eram demasiados terríveis
para seu gosto e que ele Osanyin de fala mansa, era o seu tipo de
homem. Com isso, Osanyin foi desarmado e começou a revelar-lhe que
ele era proibido de comer o óleo de palma e menstruação. Ela
assegurou a Osanyin, confiante como fez Ògún antes dele, que
ela apenas fez a pergunta a fim de evitar o risco de qualquer
mal-entendido entre eles.
Logo
após o término da lua de mel a princesa começou a sua menstruação.
Ela, então, preparou um guisado com óleo de palma para Osanyin para
comer. Ela também foi para sua cama para manchá-la com seu fluxo
menstrual. Quando Osanyin estava prestes a começar sua refeição
favorita, ele descobriu que ela foi preparada com óleo de palma
(adin).
Ele
então abandonou a comida, lembrando-lhe que ele lhe proibiu o óleo
de palma em seu alimento. Ela pediu desculpas a ele, abraçando-o e
persuadindo-o a ir a seu quarto para o romance. Mas logo que ele
estava prestes a deitar na cama, viu descarga menstrual e acusou-a de
tentar matá-lo!
Quando
ele tirou sua varinha para amaldiçoar a princesa, ela voltou
correndo para o apartamento de seu pai e o pai parou Osanyin com seu
machado. O Oba ordenou Osanyin transfigurar em um pote de água, que
é o que ele é, até hoje.
Depois
de esperar em vão por Ògún e Osanyin voltar para casa, o povo de
Ifé intimou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) para ir em
busca deles. Ele então convidou seus AWOS para adivinhação e
disseram-lhe que Ògún e Osanyin não eram mais vivos. Ele foi
avisado de que antes de ir para iwo, ele deve fazer sacrifício para
seu Ifa e dar bode para Exú (Èṣù). Ele foi avisado de que o
tratamento muito pobre lhe aguardava em iwo, e que ele preparasse sua
mente para nunca para esgotar sua paciência até o fim. Ele fez o
sacrifício e, em seguida, partiu para iwo
Em
chegando lá, ele começou a dançar na porta de entrada para a
cidade, e as pessoas se reuniram para recebê-lo. Posteriormente, a
princesa veio e professou o amor a ele. Ele retornou o seu amor e
concordou em viver com ela na casa de seu pai. Ela estendeu a
hospitalidade habitual para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà), e acabou
perguntando-lhe o que a ele era proibido. Antes de concordar em
responder a sua pergunta, ele perguntou pelo paradeiro de seus irmãos
mais velhos, que vieram mais cedo para iwo para pedir a sua mãos em
casamento.
Ela
disse que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) que o
primeiro era muito agressivo para o seu gosto, enquanto o segundo era
muito diabólico para o seu conforto. Foi por isso que ela recusou
suas insinuações e, como resultado de suas decepções, eles
decidiram nunca mais voltar para visitar Ifé ou pisar na terra de
iwo. Ela presume que eles tinham ido para fundar novas casas em
outras cidades. Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) não acreditou na história,
mas foi o suficiente para colocá-lo em guarda.
Finalmente,
ele revelou a ela que ele era proibido de comer rato, peixe, galinha,
cabra, azeite de dende, vinho de palma e a menstruação das
mulheres, aliás, exceto pelo último item, todos os outros eram os
alimentos básico de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
Poucos
dias depois, a mulher começou a sua menstruação e ela preparava a
comida com ratos para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e sentou-se
diretamente em seu santuário Ifa. Quando Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
viu o rato na sua comida, ele perguntou por que ela deu a ele o que
ele proibiu. Ela explicou que era porque não havia carne em casa.
Após uma profunda reflexão, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) lhe disse, a
essência do casamento é o compartilhamento de dores e prazeres
mútuos. É por conta de sua amada que se come o que se proíbe. Por
que eu deveria ter medo da morte, quando eu tenho a rainha da beleza
do meu lado. Com essas observações amorosas, ele abraçou a mulher
e decidiu comer o rato para agradá-la. Depois de ter comido, como
ela se levantou de onde ela se sentava em seu santuário, para
recolher os pratos, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) viu que o pano branco
adornando o seu santuário, tinha sido manchada com descarga
menstrual, mais uma vez, ela pediu desculpas a ele, alegando que a
descarga veio inesperadamente. Ele perdoou prontamente e saiu para
lavar a roupa suja.
A
princesa ficou intrigada. Um após o outro, a mulher deu-lhe, cada um
o que Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) lhe disse que ele proibiu, mas ele se
recusou a perder o seu temperamento. Depois de esgotar a lista de
alimentos proibidos Orunmila (Ọ̀rúnmìlà), e ele não perder seu
temperamento, a princesa de iwo decidiu, em um ato completamente nova
provocação, ela convidou um amante de fora para vir visitá-los sob
o pretexto de ser uma pessoa de sua relação. Na noite, o amante fez
amor com ela diante dos olhos de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà). Isso foi
exatamente três anos após Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) estava morando
com ela.
Na
manhã seguinte, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) foi buscar água para o
amante ter o seu banho. Como ele estava prestes a sair, Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) sugeriu que ele se juntasse a sua mulher para que
esta o acompanhasse.
Já
era tempo para ele reagir.
Assim
que eles estavam fora da cidade, ele invocou Exú (Èṣù) para
intervir. Exú (Èṣù) usou a sua própria cabeça para constituir
uma pedra no caminho, e o amante, que estava na frente, bateu o
pé sobre ela, e caiu. Ao mesmo tempo, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà)
apontou o Uranke para ele e ele transfigurou-o em um caracol, que ele
rapidamente quebrou e usou para limpar o corpo da mulher da
poluição que ela recebeu do intruso
Quando
voltou para casa, a princesa, que tornou-se muito assustado com a
coragem deste pretendente infinitamente paciente e foi para seu pai
para proclamar que ela havia encontrado o marido que ela concordava
em se casar. Seu pai rapidamente convidou Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) e
sua filha e ambos professavam que eles estavam dispostos a tornar-se
homem e mulher.
No
mês seguinte, ela ficou grávida. foi nessa fase que Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) buscou a permissão de seu pai-de-lei para voltar à
sua cidade natal, ifé com sua esposa. Ele concordou prontamente. Em
chegar em sua casa em Ife, ele intrOdùziu a esposa como iya ile iwo
- o que significa o prOdùto de meus sofrimentos em Iwo. Esta é a
origem ou a palavra iorubá "iyawô", que significa uma
esposa.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) então
compôs uma música especial em louvor a perseverança, e fez uma
festa de júbilo para o sucesso de sua missão de três anos sobre a
Iwo.
Essa
experiência também foi para confirmar uma filosofia fundamental Ifá
que se um homem revela o que ele proíbe a sua esposa, é exatamente
o que ela vai fazer com ele quando ela planeja desfazer dele.
A
pessoa que não proíbe nada apenas prolonga a sua vida. É por
isso que Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) não proíbe nada para seus
Babalawo.
Notas
Mais
um texto onde é a mulher quem é traiçoeira e que traz problemas a
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà). Longe de
ser um exceção, isso é uma regra em Ifá.
O sofrimento de Orunmila em Iwo
A
história a seguir foi obtida em Popoola. E um pouco diferente da
anterior porque alivia a barra das mulheres.
Iya
era filha do Oniwoo de Iwo. Ela era muito bonita e também muito
trabalhadora. Ela era também muito querida por Oniwoo. Em função
disso Oniwoo resolveu tomar papel ativo na sua escolha de seu marido.
Oniwoo queria garantir que qualquer pessoa que fosse se casar com sua
amada filha deveria ser paciente e não deveria ser provocado
facilmente.
Ele,
portanto, definiu diferentes testes para pretendentes em potencial.
Todos eles falharam. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) foi então para
alguns de seus alunos para consultar Ifá e determinar se ele iria ou
não se casar com Iya a filha de Oniwoo. Ele também queria saber se
a relação deles daria bons frutos e se ambos seriam felizes.
Os
estudantes asseguraram-lhe que a relação seria muito gratificante
para ele, se ele fosse se casar. Entretanto foi aconselhado a ser
muito paciente e não deveria nunca ser provocado. Ele foi informado
de que o pai de Iya definirá muitos testes para ele para determinar
sua resistência e o nível de sua paciência. Ele foi, então,
aconselhado a oferecer sacrifício com um galo, óleo de dendê e
dinheiro.
Ele
obedeceu e partiu em sua viagem. Quando Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
chegou ao palácio de Oniwoo, ele foi calorosamente recebido e
pediram para ser dado a ele um quarto para dormir. Estranho para
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), o quarto foi chiqueiro do porco de
Oniwoo. No alto topo era onde as galinhas de Oniwoo eram mantidos.
Durante
três dias, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) foi mantido dentro desta sala,
sem comida ou água. O quarto fedia insuportavelmente e as galinhas
defecavam no corpo de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà). Ao longo do
calvário de três dias, nem por uma vez ele pediu assistência de
qualquer pessoa. Ele nunca saiu, ele nunca pediu comida ou água para
beber e ele nunca pediu água para limpar seu corpo.
No
quarto dia, Oniwoo convocou Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) para o seu
palácio, quando o viu, ele estava cheio de fezes e estava fedendo
muito. Ele perguntou a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) como havia sido a
sua estadia em seu quarto. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) respondeu que o
quarto foi como um segundo palácio para ele.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) foi, então, convidado a mudar-se para outra sala ao
lado da cozinha. O calor e a fumaça eram asfixiante. Ele ficou
dentro do quarto por mais três dias sem comida ou bebida.
No
quarto dia, ele foi convocado para o palácio na presença de Oniwoo.
Ele perguntou a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) como havia sido sua
estadia em seu quarto. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) respondeu que o
quarto foi muito agradável. Oniwoo ordenou que a Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) deveria ser dado alimento pela primeira vez. Ele
comeu a comida.
No
próximo quarto dado a ele estava cheio de água podre, vermes e
insetos. Ele não conseguiu dormir os três dias que passou no
interior do quarto. Quando ele foi convidado a sair do quarto ele
tinha picadas de insetos por todo o corpo. Quando Oniwoo perguntou
como havia sido a sua estadia no quarto, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
respondeu afirmativamente.
Durante
três meses, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) foi passando de uma prova para
outra. Ele suportou tudo sem reclamar.
Os
próximos três meses, foram testes físicos, tais como o corte de
árvores de grande porte em tempo recorde, a limpeza de grandes
extensões de terra e transporte de cargas pesadas de um lugar para
outro. Todos estes ele fez sem reclamar.
Depois
disso, Oniwoo convocou Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) para se encontrar
com ele e tomar o seu banho e usar uma nova roupa que lhe fora
presenteada por Oniwoo.
Antes
de voltar ao tribunal palácio, ele descobriu que em todos os lugares
e todo mundo estavam em clima festivo. Todo mundo estava cantando,
dançando. Oniwoo pediu para Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) sentar-se ao
lado dele. Ele o fez. Oniwoo então entregou Iya a ele para levar
para casa como esposa. Oniwoo elogiou a resistência Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e também a sua paciência, e a calma e gentileza
que ele teve para passar pelos sofrimentos que foi submetido. Ele,
então, pediu Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) cuidar de Iya para ele, já
que ele havia mostrado que era capaz de cuidar bem de uma mulher.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) estava cheio de alegria que ele tinha finalmente
conseguiu o que vários outros tinham falhado. Ele, então, disse que
a partir daquele dia, todas as mulheres a se casarem com um homem ou
àqueles já casados deveriam ser chamado Iya-iwo ou lyawo (o
sofrimento em Iwo). Ele, então, chamou sua esposa de Ere Iya-iwo (o
ganho para o seu sofrimento na Cidade iwo). Desde esse dia, todas as
esposas passaram a ser conhecidas como lyawo.
As tarefas da Apetebi
Esta
é uma história muito interessante para mostrar o que Ifá reserva
para as mulheres e mais um exemplo do caráter que Ifá atribui às
mulheres.
Essas
histórias são metáforas, a gente tem ter atenção nos detalhes,
nos comportamentos, nas reações, etc..
No
fim do texto eu faço os comentários finais
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
diz que - “muito cedo
vamos amarrar contas do ide de Ifá”
Eles
responderam que - “nós
também nos adornar nossos braços com as pulseiras de latão de
Oxun”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
pergunta se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida do santuário de Ifá
santuário ou se ela não o faz. Eles responderam que apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida do santuário de Ifá
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
declara que - “Se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí) cuida do santuário de Ifá, Ela vai ser abençoado
com uma vida em seu ventre”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
diz que - “muito cedo vamos
amarrar contas IDE”
Eles
responderam que - “nós também nos adornar com pulseiras de latão
Osun”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
pergunta se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida de Ifá santuário Ou ela não o faz
Eles
responderam que - “apetebi
cuida de Ifá santuário”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
declara que - “Se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida de Ifá santuário”
-
“Ela vai ser abençoado com
uma vida em seu útero”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
diz que “muito cedo vamos
amarrar contas do ide”
Eles
responderam que - “nós
também vamos nos adornar com as pulseiras de latão de Oxun”
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
pergunta se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida do santuário de Ifá ou se ela não o cuida
Eles
responderam que apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
cuida do santuário de Ifá
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
declara que - “Se apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí) cuida do santuário de Ifá”
-
“Ela vai ser abençoado com
um mensageiro para todos os propósitos em suas mãos”
Estas
foram as declarações de Ifá para Jebutu que era a esposa de
Agbonniregun, quando
chorando em lamentação de sua incapacidade de ter um filho.
Ela
foi aconselhada a oferecer sacrifícios.
Jebutu
era a esposa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) por vários
anos. Ela não teve filhos. Todas as mulheres que ele se casou depois
dela tinham sido abençoadas com filhos. Ela foi, porém, a única
entre as esposas de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) que estava
fazendo tudo o esperado de uma boa apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí).
Ela
costumava cuidar de todos os visitantes, cozinhar para eles, preparar
sempre o santuário Ifá, limpar o local com total dedicação. Ela
estava sendo ridicularizada pelas outras esposas há algum tempo por
causa disso. Mas essas ações delas nunca a dissuadiram de fazer o
que ela sabia que era certo e apropriado.
Um
dia, porém, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) teve alguns
visitantes que eram Bàbáláwo . Jebutu, como de costume,
teve o cuidado com eles e arrumado o santuário Ifá para eles.
Quando ela estava para o quintal, uma de suas esposas mais novas de
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) comentou que
elas deviam permitir que Jebutu para continuasse cuidando dos
alimentos para os visitantes, enquanto as esposas restantes
continuavam a cuidar das crianças de seus maridos.
Este
comentário feito para Jebutu a dexiou tão triste que ela explodiu
em lágrimas de tristeza. Em agonia, ela ergueu os olhos para o céu
e disse:
Odidere
(papagaio), o pássaro do alto mar de Aluko (Maroon Touraco
Musaphagidae),
o pássaro da lagoa
o pássaro da lagoa
Se
nós falharmos de vermos um ao outro outra vez
Não
deixe de fazer aquilo que nós já conversamos
Estou
cansada e esgotada
Por
favor, escutai as minhas orações hoje
Porque
eu estou cansada e exausta.
Enquanto
ela estava dizendo isso, um dos visitantes Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà), que tinha
ido para o quintal para atender o chamado da natureza a ouviu. Depois
de muita persuasão, ela narrou todo o seu calvário para ele. Ele a
levou para o meio de todos os Awo. Todos eles tiveram pena dela. E aí
então, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) consultou
Ifá. Foi quando Ifá declarou que desde Jebutu tinha cuidado do
santuário Ifá, ela será abençoada com três coisas: uma vida em
seu útero, uma vida em suas costas e um mensageiro para todos os
propósitos em suas mãos. Ninguém sabia o que estes três bênção
significavam.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) respondeu
que a gravidez é a bênção de uma vida no ventre de uma mulher,
uma criança é a bênção de uma vida de costas e dinheiro é a
bênção de um mensageiro para todos os propósitos em suas mãos.
Foi
assim que ficou grávida Jebutu, tornou-se uma mãe orgulhosa e uma
mulher rica devido à sua perseverança.
NOTA:
Esses
versos são bem representativo da visão que Ifá um culto masculino
reserva para a mulher. Claro que é uma visão Nigeriana, mas mesmo a
visão cubana é idêntica, com pequena variação.
Como
eu sempre digo e repito. Ifá é um culto masculino. Ao longo dos
inúmeros textos que eu publiquei aqui, os mais relevantes para se
entender a visão de Ifá para as mulheres, vimos um desfile de
versos que mostram que Ifá reserva para as mulheres tarefas
domésticas. Uma apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
serve a um Bàbáláwo e sua atividade é manter limpa a sua
casa e assentamentos.
Os
Nigerianos a veem como a mulher de fato do Bàbáláwo , ele
dorme com ela. Os cubanos inventaram o cargo de apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí),
deram uma pompa qualquer, mas, no fundo é a mesma coisa. O que Ifá
reserva para a mulher é através de Oxun, o seu poderoso oráculo e
isso diz respeito a todas as mulheres e não a apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
em particular.
Espero
que vocês tenham observado nos demais textos, mas, neste em
particular que as histórias de Ifá sempre reservam para a mulher
atitudes de pouca índole e traiçoeiras. A visão da personalidade
da mulher é pequena e mesquinha.
Assim
seja na atribuição de tarefas práticas como também às atitudes
que a mulher espelha nos versos, a visão reservada à mulher é
muito ruim. Por isso eu digo e repito, Ifá é um culto masculino.
Aqui
no novo mundo, apenas por motivações comerciais se invenou a figura
de Iyanifa. Iyanifa é uma sacerdotiza de Ifá, uma mulher que recebe
o conhecimento, terá a capacidade de jogar, mas, somente irá fazer
isso se não houver nenhum babalawo disponível. Além disso ela
nunca poderá ver Odù.
Essa
figura não existe no Ifa cubano, apenas no Nigeriano. No Ifá cubano
a mulher será Apetebi. E ponto.
Na
África Iyanifa é um cargo muito raro. Reservado apenas a mulheres
de famílias de tradicionais familias de Babalawo, casadas com um
Babalawo. São muito raras porque isso significa muita dedicação e
nenhum privilégio.
Aqui
para o novo mundo, onde a mulher tem uma figura mais independente
eles encontraram isso como uma forma de ampliar o seu comércio de
falsidades. Principalmente nos EUA mas também aqui no Brasil a gente
vai ver mulheres que acham que são alguma coisa porque foram
"iniciadas" como Iyanifa. Esqueçam, elas não são nada,
são apenas mais uma vítima do comercio Nigeriano. Eles, os
Nigerianos, fazem isso aqui, porque, lá na terra deles, com seu povo
onde são cobrados para terem seriedade els não fazem. Lá eles
seguem as regras restritas que tem.
Aqui,
no novo mundo, é terra de Malboro, lugar para ganhar dinheiro de
branco.
Minha
visão não é negativa em relação a esta assunto, O caminho da
mulher em Ifá esta ligado a Oxun e ao eerindinlogun. É nesta
atividade que mulher encontra o seu lugar nobre e isso esta
muito bem descrito no longo texto que eu fiz sobre o eerindinlogun e
Ifa.
Não
gosto de ver gente enganada, assim, mulheres não se iludam com essa
conversa de Apetebi. É história da carochinha. No caso Nigeriano,
eles não dão valor nenhum. No caso do cubano é só para inglês
ver. Como sempre este Blog representa a minha opinião e o culto onde
a mulher tem valor e relevância é no culto de Orixá.
Odù a mítica esposa de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà)
A
história a seguir compilada a partir de versos é uma das mais
importantes para Ifá, como vou explicar no final. Eu não
transcrevi os versos originais, farei um resumo dos versos na forma
de uma história continua, fica mais fácil de entender, mas, ler os
versos é obrigatório para o Bàbáláwo, porque as
informações estão neles.
Que
tu pises no mato.
Que
eu pise no mato.
Que
pisemos juntos no mato.
Ifá
é consultado para Odù.
5
Eles dizem Odù veio do além para a
terra.
Quando
ela chegou à terra,
eles
dizem, tu Odù, esta é tua partida.
Olódùmarè
lhe dá um pássaro.
Ela
pega esse pássaro para ir à terra.
Aragamago
é o nome que Olódùmarè dá a esse pássaro.
Aragamago
é o nome que tem esse pássaro de Odù.
Ele
diz, tu Odù,
ele
diz, toda tarefa para a qual ela o enviaria, ele a cumpriria.
Ele
diz, ao lugar onde agradasse a ela enviá-lo, ele iria.
Ele
diz, se fosse para fazer o mal,
ele
diz, se fosse para fazer o bem,
ele
diz, todas as coisas que ela gostasse de dizer a ele para fazer, ele
faria. Odù leva esse pássaro para a terra.
Odù
disse que ninguém a poderia olhar.
Ela
diz que não a olhem,
se
um inimigo de Odù a olhasse,
ela
lhe romperia os olhos (ela o cegaria)
com
o poder desse pássaro ela lhe romperia os olhos.
Se
um outro inimigo seu quisesse espiar o que contém a cabaça desse
pássaro, esse pássaro Aragamago lhe romperia os olhos.
E
assim que ela utiliza esse pássaro.
Ela
o utiliza até chegar à casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) vai consultar seus Bàbáláwo.
Vai
consultar: “Se ensinarmos a inteligência a alguém, sua
inteligência será inteligente”.
“Se
ensinarmos a estupidez a alguém, sua estupidez será estúpida”.
Os
Bàbáláwo da casa de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) consultam ifá para
saber o dia em que ele
tomará
Odù como sua mulher. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) é assim, tomará
Odù como sua mulher.
Os
Bàbáláwo de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) dizem ei!
Eles
dizem, Odù que tu queres tomar como mulher, eles dizem, um poder
está em suas mãos.
Eles
dizem, (para) esse poder Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) fará uma
oferenda ao chão, por causa de toda a sua gente.
Eles
dizem (para que) com seu poder ela não mate e coma, porque o poder
dessa mulher é maior do que o de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Eles
dizem a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) que faça rapidamente essa
oferenda sobre o chão.
Eles
dizem as coisas que Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) preparará sobre o
chão.
Eles
dizem que Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) tenha um rato òkété.
Dizem
que ele tenha um rato.
Dizem
que ele tenha um peixe.
Dizem
que ele tenha um caracol.
Dizem
que ele tenha azeite de dendê.
Dizem
que ele tenha 8 shillings.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) faz a oferenda.
Quando
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) fez a oferenda, eles consultam ifá para
ele.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) leva (a oferenda) para fora.
Ao
chegar Odù, ela encontra a oferenda na rua.
Ah!
o que veio fazer esta oferenda no chão?
Ah!
diz Exu (Èṣù), Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) fez essa oferenda ao
chão, porque quer desposar a ti, Odù.
Odù
diz, nada mau.
Todos
aqueles que Odù leva atrás dela são as coisas más.
Ela
diz que todos eles comem.
Odù
também abre no chão a cabaça de Aragamago, seu pássaro.
Ela
diz que ele come.
Odù
entra na casa.
Quando
ela entrou na casa, Odù chama Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Ela
diz, tu Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) Ela diz, ela chegou.
Ela
diz, seus poderes são numerosos,
ela
diz, mas ela não deixará que eles te combatam.
Ela
diz, que ela não quer brigar contigo, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Ela
diz, mesmo que alguém pedisse sua ajuda, lhe dissesse que te
combatesse,
ela
diz, ela não te combaterá,
pois
Odù diz, eles não farão Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) sofrer.
Porque
se eles quisessem fazer Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) sofrer,
Odù
com seu poder e o poder de seu pássaro combateria essas pessoas.
Quando Odù acabou de falar,
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) disse, nada mau.
Então
eles vão chegar.
Quando
chegou o momento, Odù diz, tu Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), ela diz,
aprende depressa minha proibição (de Odù).
Ela
diz, ela quer dizer-lhe qual é sua proibição.
Ela
diz, ela não quer que as outras mulheres dele, olhem o rosto dela.
Ela
diz, que ele diga a todas as suas outras mulheres, ela diz, que não
olhem o rosto dela.
Aquela
que olhasse seu rosto, veria sua batalha.
Ela
diz, que ela não quer que ninguém olhe seu rosto.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diz, nada mau.
Então
ele chama todas as suas mulheres.
Ele
as previne.
As
mulheres de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) não olharão o rosto dela.
Odù
diz a Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) que,
ela
diz, ela vem contigo fazer com que seu fardo se torne benfazejo.
Ela
diz, que ela consertará todas as coisas.
Ela
diz, tudo aquilo que ele quisesse estragar, ela não consertará.
Ela
diz, se ele conhece sua proibição,
ela
diz, tudo aquilo que é seu completamente ficará bom.
Então
aquele que as quisesse estragar, ela não deixará que nada seja
estragado.
Se
Odù quiser estragar,
ela
diz, ela não (o) deixará (agir),
então
ele mesmo será estragado.
Ela
diz, nenhuma àjé é capaz de estragar uma coisa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Ela
diz que Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) não brinca com ela.
Ela
diz, todas as suas coisas, completamente, ficarão boas.
Ela
diz que não brigará com Órunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Não
brigará com sua gente.
Ela
diz que Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) sabe as tarefas que ele quer
mandar que ela faça.
Ela
diz, se ele envia uma mensagem para fazer alguém sofrer, se ele
quiser enviá-la, ela entregará (a mensagem).
O
poder de seu pássaro,
se
alguém quisesse fazer Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) sofrer,
ainda
que somente beliscá-lo, Odù brigaria
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diz hein! tu Odù.
Ele
sabe que tu és importante.
Ele
sabe que tu és superior a todas as mulheres do mundo.
Jamais
ele brincará contigo.
Todos
os seus filhos que são Bàbáláwo, previne-os para que jamais ousem
brincar contigo, porque Odù é o poder dos Bàbáláwo.
Ele
diz, se o Bàbáláwo possui ifá, ele diz, ele também tem Odù.
Ele
diz, o poder que então Odù lhe dá diz que,
todas
as mulheres que estão junto dele não ousem olhar o rosto dela.
A
partir desse dia, todos os Bàbáláwo, sem faltar nenhum, não há
quem não tenha essa Odù.
Aquele
que não tivesse essa Odù não poderia
consultar ifá.
No
dia em que ele tiver Odù,
nesse
dia ele se tornará alguém, que Odù não abandona ao sofrimento.
Eu
tenho uma outra versão desta história contada pelo Bàbáláwo
Pópóólá.
Odù
não era uma mulher bonita, mas era conhecida no mercado por ser uma
mulher dotada de grandes poderes e com eles ajudava muito seu pai.
Essa sua capacidade havia sido identificada no seu nascimento.
Ela
era de fato temida por todos em razão do sei grande poder. Quando
chegou a idade de se casar, seu pai sabendo que ela não poderia ser
desposada por uma pessoa comum, procurou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e a ofereceu
em casamento.
Quando
ela e Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se
encontraram pessoalmente para combinar isso ela disse para ele que
faria tudo para ajudá-lo mas que nunca aceitaria ser desrespeitada
por ninguém. Ela jamais seria superada por ninguém. Ela queria ser
mimada e adorada por seu futuro marido, mas, não queria contato com
nenhuma outra mulher e qualquer mulher que colocasse os olhos nela
sofreria uma consequência terrível.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) reuniu suas
mulheres e falou das exigências de Odù
para morar com ele, dizendo que Odù
não queria ser vista por nenhuma mulher e que elas deveriam
concordar com isso. Caso não concordassem ele desistiria de se casar
com Odù.
Elas
disseram que não havia nenhum problema naquelas exigências e que
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) poderia sim
se casar com ela. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) perguntou 3
vezes para suas esposas se eles concordavam com as exigências de Odù
e que se eles não concordassem ele desistiria de se casar com ela.
Três vezes elas disseram que sim.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
concordou então
com
as condições de
Odù
e a levou para casa colocando-a em um quarto em uma parte da casa
reservada somente para ela. Odù
gostou muito de seu local e
as demais mulheres também.
Contudo
6 meses depois de ela ter se mudado para a casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
uma das esposas de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
que havia concordado com as condições, juntou as demais mulheres e
disse era um insulto para as demais mulheres que a esposa mais nova
de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
vivesse na casa sendo cuidada por elas as mais antigas. Elas tinham
que cozinhar para ela, lavar as roupas dela, limpar a casa para ela e
que ela não participava em nada das obrigações da casa.
Algumas
argumentaram que depois que Odù
foi para a casa que a condição delas no mercado havia melhorado e
que elas deveriam levar aquilo em consideração antes de fazer
qualquer coisa contra Odù.
Outras
disseram que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
devia ser consultado, mas, as que estavam contra Odù
disseram que ele estava dominado por ela. Elas então decidiram
procurar ela diretamente e dizer que ela deveria assumir as
obrigações da casa como todas elas.
Para
isso pegaram lâmpadas
e foram para a parte da casa onde ela ficava. Elas
entraram no quarto e quando a
luz da lâmpada iluminou o rosto de Odù
e as mulheres viram elas todas caíram mortas.
Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
chegou ele viu os corpos das esposas empilhados na porta do quarto de
Odù.
Ọ̀rọ̀
mọ̀dímọ̀dí, também conhecido como Odù, era filha de Olówu
Ṣàkoorogbále. A partir do momento que sua mãe passou a levar ela
em seu ventre, ficou claro que Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí não
era uma pessoa normal.
Quando
ela nasceu, os eventos que aconteceram em torno dela e de todo o
mundo confirmaram que ela não era um ser humano comum. Durante a
cerimônia Ìkọsẹ̀dáyé, o Awo que estavam lá para realizar os
ritos colocou ênfase no fato de que o bebê foi especialmente dotado
de qualidades únicas e de poderes do orun. Ela não podia, e não
deve ser casada com uma pessoa comum, quando ela crescesse para a sua
maturidade.
Eles
a chamaram de Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí , também conhecida como
Odù.
Odù
estava abaixo da média em beleza e aparência física. Ela era muito
ciumenta das outras mulheres. Numa fase de sua vida, Odù só poderia
ser encontrada no meio dos homens, como resultado de seu ciúme por
seus colegas mulheres.
Todos
aqueles ao seu redor estavam convencidos de que Ọ̀rọ̀
mọ̀dímọ̀dí era dotada de poderes espirituais extremamente
elevados. Ela aplicou esses poderes para ajudar seu pai Olówu
Ṣàkoorogbále para ter sucesso e tornar-se grande na vida. Outros
homens que se aproximaram dela para serem ajudados foram igualmente
assistidos.
Quando
ela estava amadurecida o suficiente para ir para o mercado de
casamentos, muitos homens, no entanto, a temiam. Eles sabiam que não
podiam suportar sua proeza espiritual. Foi por isso que seu pai Olówu
Ṣàkoorogbále se aproximou Ọ̀rúnmìlà para ele se casar com
ela, em conformidade com a orientação de Ifá, durante sua
Ìkọsẹ̀dáyé, que nenhum homem comum poderia se casar com ela.
Ọ̀rúnmìlà
consultou Ifá e Ifá lhe deu o sinal verde para se casar com ela.
Ifá no entanto advertiu que ele deve chamar esta mulher e pedir-lhe
para ela lhe dizer que ela gostava e o que não gostava antes de ela
entrar em sua casa.
Como
resultado deste aviso de Ifá, Odù foi convidado pelo Ọ̀rúnmìlà
para uma discussão um-para-um. Ela pediu a Ọ̀rúnmìlà para
encontrá-la na casa de seu pai em uma data especificada. Quando se
conheceram, ela prometeu a Ọ̀rúnmìlà que ela iria assisti-lo ao
sucesso e grandeza. Ela disse que ninguém seria capaz de vencê-lo.
Ela disse que nenhum dos seus companheiro Irúnmole seriam tão
grande quanto ele. Ela disse que adorava ser paparicada, adorada e
respeitada por seu futuro marido. Ela concluiu que ela não gostava
de ser visto por outras mulheres - como uma questão de fato, ela
nunca iria tolerar ser vista por qualquer mulher em terra. Ela
colocou ênfase no fato de que qualquer mulher que se atrevesse a
vê-la, encontraria com uma terrível consequência.
Quando
ela disse isso, Ọ̀rúnmìlà disse-lhe que ele já estava casado
com muitas mulheres, em consequência disso, ele teria de discutir
isso com as suas outras mulheres antes que ele pudesse dar-lhe
qualquer resposta sobre seus gostos e desgostos. Ọ̀rọ̀
mọ̀dímọ̀dí concordou com ele. Outra data foi fixada para uma
nova rodada de discussão antes de Ọ̀rúnmìlà partir para sua
casa.
Em
casa, Ọ̀rúnmìlà convocou todas as suas mulheres e explicou-lhes
o que tinha acabado de ser conversado entre ele e Odù. Disse-lhes
que Odù foi intransigente sobre o aspecto de que nenhuma mulher deve
vê-la. Pediu-lhes para dizer-lhe a sua opinião verdadeira e
consciente de que se elas sentiram que poderiam acatar o pedido
incomum de Odù, e se não, ele estaria disposto a não de casar com
ela.
Todas
as mulheres disseram Ọ̀rúnmìlà que não havia nada de
espetacular com isso. Elas disseram que desde que a mulher não
estava preparada para vê-las ou ser visto por elas, elas também não
estavam prontos para vê-la. Elas pediram a Ọ̀rúnmìlà ir em
frente e casar com Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí.
Quando
Ọ̀rúnmìlà e Odù se encontraram novamente, ele disse a ela que
não havia nenhum problema. Odù disse Orúnmlla voltar para casa e
confirmar isso muito bem. Três vezes chamou Ọ̀rúnmìlà suas
esposas para perguntar-lhes se elas estavam certas de que elas seriam
capazes de lidar com Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí e três vezes
todas elas disseram que não havia problema. Por este motivo, o
casamento foi contraído.
Quando
Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí mudou para a casa Ọ̀rúnmìlà, a
ela foi dada uma sala no extremo da casa. Ela amava o arranjo e todas
as outras mulheres adoraram também. Durante seis meses, eles viveram
juntos sem problema.
Um
dia, no entanto, uma das mulheres na casa de Ọ̀rúnmìlà chamou
as outras mulheres e disse lhes que era um grande insulto para uma
mulher, ter que se submeter a mais nova esposa desta maneira,
pedindo-lhes para não a verem e e estabelecendo para elas, esposas
mais antigas uma regra! Ela disse que ficou claro que essa mulher
estava usando um truque sobre elas para que ela evitasse de
participar das tarefas domésticas. Para adicionar pimenta a ofensa
ela lembrou que eram elas que cozinhavam para ela, buscavam-lhe água,
varriam a casa e lavavam a roupa para ela!
Ela
alegou Ọ̀rúnmìlà fora enganado ao aceitar as regras da mulher.
Ela acusou Ọ̀rúnmìlà de dançar as músicas para a mulher mais
jovem. Como poderia Ọ̀rúnmìlà permitir que essa mulher mais
nova ser capaz de ditar regras às pessoas mais antigas da casa? A
situação deve ser tratada e corrigida!
Algumas
das outras esposas admitiram que houve uma melhoria significativa em
suas vidas no pouco período pouco que Odù entrou na casa. Eles
sentiam que tal benefício deveria ser considerado antes de tomar
qualquer decisão contra a mulher.
E
daí? a outra mulher gritou. Foi isso o suficiente para ela ser a
única a dar ordens na casa? Ela deve ser colocada em seu devido
lugar! ela declarou.
Uma
delas sugeriu que elas deveriam enfrentar Ọ̀rúnmìlà e pedir-lhe
para encontrar solução para o problema. Três outras mulheres disse
que Ọ̀rúnmìlà não podia fazer nada porque sua cabeça estava
permanentemente na axila da mulher. A mulher, Odù era quem
controlava Ọ̀rúnmìlà.
Se
houvesse qualquer solução, ela deveria ser encontrados pelas
mulheres. E, foi assim que todos elas concluíram que todas elas
iriam conhecer a mulher, arrastando-a para fora do quarto dela e
fazê-la a participar nas tarefas domésticas. Se ela era temida pelo
seu marido, elas não tinham medo dela, todos elas assim concluíram.
Uma
vez que Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí estava vivendo na sala no
extremo da casa, o lugar estava sempre escuro. Eles passaram a olhar
para as luzes que acendiam para vê-la em seu quarto. Ela estava
vivendo na escuridão desde que havia chegado nessa casa. A mais
velha das esposa disse a todas as outras mulheres para trazerem as
suas lâmpadas de seus quartos. Elas fizeram. Ela declarou que elas
deveriam arrastar Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí fora naquele mesmo
dia para expor a sua face. Sim! todos elas disseram em coro, e elas
partiram.
Elas
invadiram seu quarto com as suas lâmpadas e concentraram as lâmpadas
em sua cara. O que elas viram foi indizível e indescritível.
Naquele mesmo instante, todas elas desabaram, caíram mortas!
Quando
Ọ̀rúnmìlà chegou em casa, ele sentiu algo terrível tinha
acontecido, ele não conseguiu encontrar nenhuma das suas esposas.
Ele chamou-as e não havia ninguém para responder. Ọ̀rọ̀
mọ̀dímọ̀dí não deixou seu quarto. Ọ̀rúnmìlà se moveu
para dentro só para encontrar os corpos das mulheres empilhados uns
sobre os outros na porta de Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí. Quando
ele percebeu que elas estavam todas mortas, a dor tomou conta dele.
Ele gritou e acusou Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí de introduzir
agonia em sua casa, dizendo:
Oro,
eu não entrei em aliança com você para a morte
Nem
eu negociei para ter aflição
E
eu não acordei com você que minha casa seria incendiada
Quando
Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí ouviu isso, ela simplesmente respondeu
assim:
É
verdade que você não entrou em aliança comigo para a morte
E
que você não fez barganha para aflição
Mas
você também não me disse que a luz seria levado a olhar na minha
cara!
Foi
assim que Ọ̀rúnmìlà soube que as mulheres de sua família foram
as que trouxeram luzes para o quarto de Odu para olhar para seu rosto
em desafio. Isso foi o que provocou-a para atacá-las.
As
folhas de Ọ̀dundun são grossas ao toque
as
folhas de Tẹ̀tẹ̀rẹ̀gùn são longos e grande na aparência
Se
você olhar para Adẹ́tẹ̀. As folhas do Cactus
E
olhar para as folhas Ọ̀dundun
Eles
se parecem exatamente o mesmo
Estas
foram declarações de Ifá para Ọ̀rúnmìlà
Quando
ele foi se casar com Ọ̀rọ̀ mọ̀dímọ̀dí
A
descendência de Olówu Ṣàkoorogbále
Ele
foi aconselhado a oferecer ebo
Ọ̀rúnmìlà
começou a cantar e sua música se tornou uma canção de lamentação,
ele disse:
Ọ̀rọ̀
mọ̀dímọ̀dí, eu não entrei em aliança com você para a morte
Nem
eu negociei para ter aflição
E
eu não acordei com você que minha casa seria incendiada
É
verdade que você não entrou em aliança comigo para a morte
E
que você não fez barganha para aflição
Mas
você também não me disse que a luz seria levado a olhar na minha
cara!
Ifá
diz que não importa o que aconteça nenhuma mulher deve ser
autorizado a ver Odù ou possuir Odù. Foi Odù ela mesma, uma
mulher companheira, que decretara contra a ser visto por qualquer
mulher.
Notas:
Esse
verso é importantíssimo, mostra que Odù recebeu o poder absoluto
de Olódùmarè e depois de “casa”
com Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà). A mulher
não tem nenhum espaço no sacerdócio de Ifá e isso esta definido
aqui.
Mas,
é da mulher que orunmilá recebe o axé (àṣẹ) de Olódùmarè,
o poder absoluto e o controle sobre ajé (Àjẹ́).
Mais
uma vez eu destaco a questão do equilíbrio, o sacerdote de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
é homem mas seu poder vêm de Odù a mulher.
Essa
história mostra mais uma vez a narrativa comum dada em Ifá as
mulheres. Elas mentem e são traiçoeiras. Esse comportamento, como o
mostradona história de Pópoólá é a forma mais comum como a
mulher é mostrada nos versos de Ifá. Observe que minha experiência
com os versos mostra padrões e determinados personagens sempre
surgem para se comportar da mesma maneira.
O
Olofin (rei, chefe, líder) da aldeia sempre tem o mesmo
comportamento e os animais também, cada um deles representa uma
personalidade. A mulher é tratada da forma como eu destaquei nessas
histórias.
Se
por um lado ela é dotada de poder destrutivo através de sua
inerente característica de ser ajé
(Àjẹ́) por outro seu
comportamento sempre reflete, mentira, traição e falsidade.
Igbadu
O
texto a seguir retirado de verso de Odù
mostra como é criado o Igbadu.
Aquele
que ofende padece a morte do faltoso,
Olá,
Òsé’yèkú.
Ifá
é consultado para Odù
que
diz que ela se sente como seu apèrè (espécie de grande caixa
cilíndrica). Eles dizem, tu Odù, que
se senta com seu apèrè, eles dizem, faz uma oferenda.
Ela
diz, por que deverá fazer uma oferenda?
Eles
dizem, por causa de teus filhos, tu farás uma oferenda.
Eles
dizem a Odù que ofereça dez ovos de galinha.
Eles
dizem que ela prepare dez caracóis.
Eles
dizem que ela prepare dois mil (búzios) (5 shillings).
Odù
faz a oferenda.
Quando
Odù fez a oferenda,
Ifá
é consultado para ela, Odù que se senta com seu apèrè.
Eles
dizem, tu Odù,
eles
dizem, ela ficará idosa, ela se tornará uma velha.
Eles
dizem, será dito que sua cabeça ficará toda branca, que ela se
tornará muito velha.
Eles
dizem que ela permanecerá no mundo, que ela não vai morrer
rapidamente, tu Odù.
Quando
Odù não morre rapidamente,
Odù
goza de boa saúde.
Quando
o tempo passa, Odù torna-se muito idosa.
Eles
devem pedir a palavra a Odù.
Até
quando irá sua velhice.
Odù
nada mais sabe.
Talvez
ela tenha ouvido a palavra que eles disseram?
Talvez
não tenha ouvido a palavra que eles disseram?
Quando
chegou o tempo, Odù chama todos os seus filhos.
Ela
diz, vós, filhos deles,
ela
diz, a velhice chegou para ela.
Ela
diz, se eles quiserem pedir-lhe (a palavra),
ela
diz, procurará algo que a ajude, algo ao qual eles podem pedir a
palavra.
Odù
parte.
Odù
retorna,
ela
vai convocar todos os seus companheiros para que compareçam juntos.
Naquele
tempo Odù está com a cabaça.
Todos
os seus companheiros, em conjunto, pensam na palavra que a cabaça
virá dar. São quatro (conselheiros).
Aquele
que comparece naquele dia é Ọ̀bàriṣà.
Após
ter chamado Ọ̀bàriṣà, ela chama Babalúayé.
Após
ter chamado Babaluáyé, ela chama também Ògún.
Quando
acabou de chamar Ògún, ela chama também Odùdúà.
Odùdúà
é então o quarto entre eles.
Odù
diz que ela está sentada em seu apèrè.
Odù
diz que ela tornou-se muito idosa.
Odù
diz que deseja ir ao lugar aonde os velhos vão.
Ela
diz, a coisa que ela lhes pede.
Ela
diz, se alguém quiser partir, deverá falar com sua gente, dizer que
ela quer partir.
Eles
dizem, ah!
Eles
dizem a ela que não parta.
Eles
dizem, o lugar de que falaram, esses quatro então olharam o mato,
assim viram a cabaça coberta de excrescências.
Quando
viram a cabaça coberta de excrescências,
Ọ̀bàriṣà
diz a Ògún para ir colher a cabaça.
Ògún
então colhe a cabaça, colhe quatro delas.
Ọ̀bàriṣà
diz a Ògún para cortá-las.
Ògún
corta essas cabaças.
Ọ̀bàriṣà
diz que ele dê uma delas a Odùdúà, que Ògún também dê uma a
Ṣòpọ̀ná.
Ògún
diz que é a cabaça deles que ele corta.
Quando
Ògún cortou as cabaças, corta as cabaças em quatro caminhos.
Ògún
diz que cortou.
Odù
diz, juntos batamos em nossos peitos com nossas mãos (a união faz a
força).
Ela
diz, ela quer que toda a sua gente,
que
todos ponham a mão (aceitem) por ocasião de sua partida, que todos
ponham a mão (aceitem) na coisa decidida, que os filhos e os filhos
de seus filhos, que eles peçam a palavra que ela vai dizer.
Quando
ela assim falou.
Ọ̀bàriṣà
gosta de ẹfun (pó branco).
Obàlúayé
gosta de osùn (pó vermelho).
Ògún
gosta do carvão vegetal,
Odùdúà
gosta da lama.
Ọ̀bàriṣà
pega a cabaça de ẹfun.
Ele
diz, a cabaça de ẹfun,
Ele
diz, ele a leva para ela, Odù.
Ele
diz que ela a ponha com seu apèrè.
Ele
diz, se seus filhos lhe prestarem culto, que eles a invoquem, ele
diz, assim eles farão o culto da cabaça de ẹfun.
Ele
diz, ele a leva para ela, Odù.
Ele
diz, todas as coisas que eles pedirem a essa cabaça, ele diz, essa
cabaça as fará por eles,
Ele
diz, ele, Ọ̀bàriṣà, não os combaterá
ele
diz, porque ele e ela, Odù, são uma única coisa.
Ele
diz Ọ̀bàriṣà (a) dá a Odù.
Obàlúayé
pega o osùn,
no
osùn com o qual ele esfrega seu corpo.
Ele
o leva na cabaça.
Ele
diz, tu esta cabaça,
ele
diz, ela se toma sua cabaça (de Odù) hoje.
Ele
diz todas as coisas que teus filhos te pedirem, eles as receberão
todas.
Se
for dinheiro que eles pedirem, então ele o fará por eles.
Aos
apelos que seus filhos fizerem, ela responderá no interior dessa
cabaça, pois ela tornou-se idosa.
Assim
ele fala.
Odù
aceita e isso se torna duas cabaças.
Ògún
também traz a cabaça de carvão vegetal.
Ele
traz a cabaça para Odù.
Ele
diz, tu Odù,
ele
diz, eis a cabaça de carvão vegetal.
Ele
diz, todas as coisas com as quais eles farão o culto de sua cabaça,
ele diz, eles também adorarão esta cabaça que ele te dá.
Ele
diz, seus filhos não morrerão na infância.
Ele
diz, seus filhos não envelhecerão em meio ao sofrimento.
Odù
aceita, isso se torna três cabaças.
Odùdúà
também traz a cabaça de lama.
Ele
a traz para ela.
Odùdúà
diz que eles adorem essa cabaça de lama com o apèrè de Odù, com
as cabaças que os outros orixá (Òrìṣà) têm levado a Odù.
Odù
aceita, isso se torna quatro cabaças.
Essas
quatro (cabaças) são aquilo que todos adoram.
Eles
dizem, os quatro cantos do mundo estão nas quatro cabaças.
Odù
diz, se seus filhos adoram o apèrè que lhe pertence, assim adoram
também a ela.
Ela
diz, as coisas que eles lhes dizem para fazer, ela as fará para o
bem. Ela diz, se eles adorarem a cabaça de ẹfun que é de
Ọ̀bàriṣà, que eles também a venham adorar lá, ela responderá.
Ela
diz, se eles adorarem a cabaça de osùn, ela responderá.
Ela
diz, se eles adorarem a cabaça de carvão, ela responderá.
Ela
diz, se eles adorarem a cabaça de lama, ela responderá.
Ela
diz, mas se agora eles trouxeram o apèrè,
ela
diz, vós, todos os seus filhos, é ela que vós adorais,
que
vós queirais vir adorá-la em um único corpo que ela pôs nesse
apèrè.
Desde
essa época, com obi branco e obi vermelho
eles
adoram Odù.
Se
eles sabem que querem entrar em seu aposento,
que
eles irão adorá-la,
eles
recorrem à água da calma,
esfregam
os olhos com ela.
A
água da calma com a qual esfregam os olhos naquele dia, é de folha
òdúndún, folha tètè, folha rínrín, limo-da-costa, caracóis.
Eles
o esmagam na água.
Quando
alguém esfregou os olhos com ela, pode entrar na casa de Odù., pode
ir ver igbádú.
Eles
chamam o apèrè de igbá Odù.
Eles
chamam o apèrè de casa de Odù.
Ah!
ireis abrir o apèrè igbádú, ireis olhar.
Odù
pôs suas coisas lá antes de morrer.
Ela
disse que seus filhos vêm adorá-la, no corpo da cabaça que ela pôs
no apèrè.
Eles
vão adorar Odù. naquele lugar.
Desde
esse dia, adoramos Odù. no interior do apèrè.
Se
o Bàbáláwo quiser adorar Ifá, ele irá na floresta de Ifá,
se
(anteriormente) ele não adorou Odù. no apèrè, ele nada fez,
Ifá
não sabe que ele veio adorá-lo, não sabe que ele tornou-se seu
filho.
Ele
diz que todos os seus filhos que vieram à floresta de. Ifá, adoram
novamente Odù. sua mulher no apèrè.
Conclusões
As
histórias relatadas estão longe de cobrirem todas as existentes mas
foram destacadas por terem alguma relevância ao entendimento ou por
trazerem informações importantes.
Esta
é a religião do equilíbrio e Ifá tem isso em suas entranhas. Eu
não coloco Ifá acima de nenhum outro culto, todos que leem sabem
disso, mas, a realidade é que a noção do equilíbrio esta contida
em tudo que Ifá faz e nos versos de Odù.
No
Odù Òdí Méjì temos a
história principal sobre o equilíbrio de Ifá, quando Ifá explica
porque se marca um ou dois traços quando se consulta com Ikin. Isso
é perene em tudo de Ifá. Dessa maneira, Ifá é um culto masculino,
mas todo o poder do Bàbáláwo para interferir no mundo
físico, no Àiyé vem da mulher, de Odù
sua esposa mítica.
Também
são muito especiais as histórias onde Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se encontra
com as ajé (Àjẹ́) e obtêm delas cooperação, mostrando sempre
que não a forma de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) superar o
poder de ajé (Àjẹ́). Assim, a atuação masculina de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) encontra no
poder feminino, que foi dado a elas por Olódùmarè
a forma de atuar no mundo.
Para
eu cobrir todo o fundamento teológico disso precisaria destacar mais
Odù com a história de Òdí
Méjì e o mito que esté em Ọ̀sá Méjì, o qual narra o momento
em que Olódùmarè dá para Odù
a cabaça com o pássaro com poder absoluto e depois ela se entende
com Eégún e dá para ele o seu poder através do pássaro que
ficará empoleirado no seu ombro.
Vejam
um trecho final do verso:
ela
diz, grita, eis Eégún eis Eégún.
Ela
diz, eles gritam por causa dele.
Ela
diz, ele arrasta seu chicote no chão, ela diz, a honra cabe a ele.
Ela
diz, a partir de hoje,
ela
diz, ela concede Eégún ao homem.
Ela
diz, por causa dela,
ela
diz, mulher alguma nunca mais ousará entrar na roupa deEégún.
Ela
diz, por causa de Òrisàlá, ela diz, ela dá Eégún ao homem.
Ela
diz, mas se ele deve sair,
ela
diz, ela tem o poder que ele utiliza.
O
motivo se deve à amizade entre Eégún e eleye.
No
lugar de onde vem Eégún, as eleye (também) vêm.
Todo
o poder utilizado por Eégún é o poder de eleye.
Odú
diz, mulher alguma jamais entrará na (roupa) de Eégún. mas ela
poderá dançar, ir ao encontro de Eégún,
Quer
dizer que se Eégún sair,
ela
dançará diante dele,
ela
dançará na estrada, ao encontro de Eégún.
Ela
diz, a mulher fará isto unicamente.
Ela
diz, a mulher não ousará nunca mais entrar de novo no pátio dos
fundos. Ela diz, a partir de hoje é o homem que levará Eégún para
fora.
Ela
diz, ninguém, nem os netos, nem os velhos poderão zombar da mulher.
Ela diz, a mulher tem mais poder sobre a terra.
Ela
diz, além do mais, a mulher nos pôs no mundo.
Ela
diz, todo mundo nasceu da mulher.
Ela
diz, todas as coisas que as pessoas quiserem fazer, se não forem
ajudadas pelas mulheres, ela diz, não podem fazer.
(É
por este) motivo que os homens nada podem fazer na terra, se não o
obtiverem das mãos das mulheres.
Eles
cantam.
Por
essa razão
Òbàrisà
também canta.
Quando
é o quinto (dia), eles fazem (a festa) da semana.
Ele
diz que todos os cânticos que eles cantarão serão este aqui, vi
ndos do (odu de ifá) òsá méji.
Ele
diz, eles saúdam as mulheres,
Ele
diz, se eles saudarem as mulheres, a terra será tranquila.
Eles
cantam assim:
“Dobrai
o joelho, dobrai o joelho para as mulheres.
A
mulher nos pôs no mundo, assim somos seres humanos.
A
mulher é a inteligência da terra, dobrai o joelho para a mulher. A
mulher nos pôs no mundo, assim somos seres humanos”.
Creio
que esse Odù é bastante
suficiente para colocar esse equilíbrio entre forças no qual o
poder de Olódùmarè dado a ajé (Àjẹ́)
se encontra com o poder do homem depositado em Eégún.
Eégún
é a representação do homem, o poder do homem, visto que a mulher
não é também representada em Eégún. Lembro a todos que a
figura de Eégún e do culto d Eégún é para mostrar
a todos que a vida é contínua, que a alma não morre, que vivemos
para sempre e podemos reencarnar. Esta é a razão da religião ter
Eégún, seja pelo sentido de valorizar o vínculo familiar
contínuo e perene como por demonstrar que vida e um ciclo sem fim.
Somente
Eégún pode conter o poder de ajé (Àjẹ́). Essa é uma
informação que poucos têm. Além disso existe um velho dito
popular que fala que somente Olódùmarè
pode salvar o homem de uma esposa vingativa. É a mulher que prepara
a comida, as oferendas e isso é o caminho para o orun
(Ọ̀run).
É
uma sociedade patriarcal e se engana quem acha que isso foi
diferente, mas, as mulheres são dotadas de capacidades especiais
para quebrar esse domínio.
Acredito
que isso ficou, também, claro nas histórias que mostrei.
O
assunto mulher não está restrito a teologia e Ifá e para falar
sobre ele é preciso entender alguns conceitos importantes sobre a
sociedade Yorùbá e outras estruturas da religião. Eu acredito que
a maior parte dos erros de entendimento aqui no Brasil e na diáspora
são advindos de nós não entendermos de forma ampla a sociedade e
valores e também outras estruturas religiosas que completam o todo.
O
equilíbrio do poder masculino-feminino na sociedade fica evidente
quando analisamos a estrutura dos cultos de Ògbóni e Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́).
Ẹdan
é o símbolo máximo da sociedade e reprenta uma figura masculina e
ua feminina unidas por uma corrente.
Ilé
(Ilẹ̀) a terra, deve trazer paz, felicidade, estabilidade social e
sobrevivência, é a terra que dá poder a Ògbóni mas também
alimenta ajé (Àjẹ́) que é a ira de Ilé (Ilẹ̀). As sociedades
Ògbóni e Geledé (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) estão unidas no seu aspecto
social, muito mais do que uma estrutura religiosa é uma estrutura da
sociedade yorùbá e por esta razão não foram transportadas pela
diáspora. O seu significado é a busca de equilíbrio e pacificação
do espírito feminino representado por Ilé (Ilẹ̀).
Mesmo
nas sociedades masculinas de Eégún e Orò a mulher tem
cargos.
Observe
que Eégún é o culto festivo e alegre e Orò representa
sempre o poder sombrio de Eégún, Orò é a manifestação de
Eégún no seu aspecto punitivo para a sociedade. É Orò que
executas as mulheres feiticeiras, ajé (Àjẹ́) que usam seu poder
para o malefício.
Ilé
(Ilẹ̀), a grande mãe Ògbóni em seu aspecto sombrio, se
transforma em Ọ̀gẹ́rẹ́, a manifestação irascível e
vitimizadora, que traz morte a seus filhos. Esta é a visão
ambivalente da sociedade frente a terra. Ela mostra o potencial
explosivo da relação homem-mulher em uma sociedade masculina e a
necessidade de exercer a diplomacia.
Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́) surge da visão Ògbóni de omón iya (Ọmọ
ìyá), os filhos da mesma mãe e tem o objetivo de sensibilizar a
mãe natureza Ìyá Nlá aos problemas dos filhos e da sua
responsabilidade maternal.
O
objetivo é fazer os membros da comunidade a amarem e interagirem um
com o outro como filhos da mesma mãe. A manifestação de Geledé
(Gẹ̀lẹ̀dẹ́) através do seu festival é feita para pedir saúde,
vida longa, prosperidade, muitos filhos, evitar doenças, mortalidade
infantil e evitar desastres. O objetivo do culto que pode ser através
de uma grande festival ou de eventos menores e até mesmo para apenas
uma família, tem a finalidade de promover a paz e o bem estar
social. Pessoas de todos os cultos de orixá (Òrìṣà) participam.
Os
cultos de Ògbóni e Geledé (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) são assim mais uma
manifestação do equilíbrio dos poderes masculino e feminino.
Muitos
aqui se questionam porque as pessoas dos cultos de orixá (Òrìṣà)
e demais segmentos desta religião não são unidas. A razão é que
trouxeram apenas o culto de divindades e não o entendimento de
equilíbrio da sociedade integrado coma religião.
Para
finalizar isso eu digo que não existe sentido no culto de Ifá na
presença da mulher. Essa posição de mulher sacerdote é uma
violação do princípio básico de equilíbrio da religião. A
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) foi dado o
poder do oráculo e à sua união com Odù
foi trazido o poder feminino.
Ninguém entende aqui o que é ajé (Àjẹ́) porque, para entender ajé (Àjẹ́), tem que se compreender uma dimensão muito maior de sua atuação no contexto social e cosmogônico. Não se trata apenas de feiticeiras e sim do poder feminino no equilíbrio do mundo.
A feitiçaria em sí, o malefício é combatido pela sociedade através de Orò.
Afirmar a não participação de uma mulher em Ifá, não
é apenas ficar interpretando ou repetindo que dizem versos ou aceitar ou não como verdade a história
que está em Orangun méjì. Trata-se de entender que não é
possível sob o ponto de vista teológico se reunir em uma única
pessoa as duas coisas, os 2 poderes, uma mulher em atividade fértil feminina não
pode ser detentora de 2 poderes, isso é romper com os princípios da
religião e da própria sociedade.
Para
aceitar a iniciação de mulheres um Bàbáláwo teríamos que
fazer 2 coisas. A primeira é jogar no lixo o que está escrito em
Orangun Méjì. A segunda é ignorar um princípio que norteia a
sociedade e a religião. Entender o equilíbrio masculino e feminino
é tão importante quanto entender o que é axé (àṣẹ).
Dessa
forma não acredito e não aceito em iniciações para Ìyánifá ou
qualquer outro neologismo que se invente.
O que a mulher pode fazer em ifá?
Após todos esses textos, explicações e opinião,
muitos podem surgir com essa questão. Não vou deixar de responder.
O que acho que mulher não deve fazer em Ifá é o
que nigerianos e cubanos querem que elas sejam, apenas empregadas
domésticas deles. Ser Apétebi (Apẹ̀tẹ̀bí) é primariamente
isso na visão dos estrangeiros.
Ha, sim, elas também cozinham, seja as comidas de
axé (àṣẹ) como principalmente as comidas de “branco”.
Se você, mulher, se satisfaz com isso, ok, Ifá
será um bom lugar para você.
Sobre comida de axé (àṣẹ), que no Candomblé,
culto de orixá (Òrìṣà) é uma coisa importante, requer
conhecimento, confiança e tem até cargo para isso, lembro que pouco
se cozinha para orixá (Òrìṣà) em Ifá, não existe complexidade
e volume.
O que as mulheres deveriam fazer?
Deveriam aprender e usar búzios como oráculo,
deveriam aprender os Odù Méjì,
deveriam aprender a rezar em Ifá, deveriam semanalmente fazer
oferenda de obi (ou coco) para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e
sim deveriam preparar oferendas e ebós. Não existe razão para o
Bàbáláwo
não fazer tudo o que uma mulher faz como atividade, mas, todo mundo
precisa de ajuda ter uma apetebi
(Apẹ̀tẹ̀bí)
pata manter a casa preparada para uso é importante.
O
mesmo se aplica a essas pessoas que fazem cerimônia de Awofakan,
afinal, o que eles aprendem?
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