Você é espirita ou espiritualista?
O assunto não diz respeito diretamente a Ifá, mas tem relação com a religião e sua teologia. Estamos dentro da mesma matriz teológica e esse tema certamente já esteve ou esta presente na vida de todos.
Um Candomblecista não é espírita nem muito menos espiritualista. Até onde eu entendo, e pesquisei sobre isso, espiritualista é qualquer pessoa religiosa, independente da religião. É o oposto de não ter religião de não acreditar em Deus, de ser qualquer tipo e em qualquer intensidade de ateu.
O termo espiritualista tem sido usado meio sem sentido para mostrar uma variedade de espírita, aquele que não é bem um kardecista.
É interessante a dificuldade que as pessoas tem para se definirem. Bom, acho que muitas pensam que são mesmo espíritas, mas outras ficam na dúvida de como se expressar. Infelizmente eu não vejo nenhuma outra forma de classificar um Candomblecista que não seja como Candomblecista.
Se a pessoa não quer ser reconhecida como tal, é preferível dizer que é pagão, que significa ser "não cristão", a menos que o Candomblecista se ache um cristão, como muitos, inclusive Iyalorixás se acham e se declaram.
Olha, o catolicismo é uma religião muito bonita, iniciática como o Candomblé e direcionada para o amor ao próximo e caridade e a devoção incondicional. O catolicismo é uma religião para se sentir no coração e não nas escrituras, muito diferente dos malucos dos evangélicos. Dessa forma muito parecida com o Candomblé. Nada então mais simples do que o Candomblecista queira se achar cristão. Só que ele vai estar na
pratica errada...
pratica errada...
Voltando ao espiritismo, é uma tradição religiosa baseada no catolicismos ou cristianismo, como se queira. Ele foi criado por uma pessoa com pseudônimo de Alan Kardec (não é o jogador do Vasco rsrsrs) e faz como toda seita uma releitura das escrituras cristãs.
O cristianismo é re-encarnacionista enrustido, porque ele admite a re-encarnação para Jesus mas não para nós, assim só Jesus pode re-encarnar. Já o espiritismo procura dar uma visão mais abrangente para o cristianismo adaptando a doutrina cristã a realidade dos espíritos desencarnados, etc...
Ele é assim baseado totalmente nas teses cristãs. É só qualquer pessoa ler os livros da Kardec, que já estão em domínio público e dessa maneira podem ser baixados na forma de PDF livremente, para se constatar o que eu estou afirmando.
Já por essa razão um Candomblecista Jamais poderia se intitular espírita, exceto se ele é um dos muitos Umbandistas desiludidos ou desinformados, do tipo que frequentou centro para comer merenda na cantina, que acham que o Candomblé é uma evolução da Umbanda, assim, tem muita gente que acha que inicia pela Umbanda e depois passa para o “estágio seguinte” que é o Candomblé.
O Candomblé é uma tradição religiosa distinta de uma matriz religiosa totalmente distinta da matriz do cristianismo. O cristianismo é o que se chama de uma religião semita ou abraamica, porque descende de Abraão. O Candomblé não tem nada haver com isso.
Assim aquilo que chamamos de teogonia, teologia, etc... que são os nomes que classificam um tipo de conhecimento, ou melhor de informação religiosa, são totalmente distintas.
Além disso o espiritismo é baseado em uma visão encarnacionista muito própria. Segundo os espíritos disseram para Kardec e ele relata nos seus livros, existe uma coisa chamada Karma e a gente vem aqui nesse mundo para pagar esses Karmas. Tudo de ruim que acontece na sua vida hoje é devido aos seus Karmas de outras vidas e se você passa por uma coisa ruim você tem que continuar passando para se livrar daquele Karma. A vida é um sofrimento só e a gente vive e re-encarna só para não ter que viver de novo. Além disso você deve procurar nas suas vidas passadas a explicação dos problemas que você tem nessa.
Os espíritas são assim pessoa muito infelizes.
O interessante é que esses espíritos que falaram com o Kardec devem ser orientais porque esse nome Karma é Hindu, mas não significa isso lá na religião deles, e essa idéia de mundo de sofrimento e de não encarnar mais é uma coisa Budista, sendo o budismo uma divergência do hinduismo.
Em relação ao Candomblé, graças a olodumare, não temos nada disso. A gente não tem Karma. A gente re-encarna porque gosta de viver e porque gostamos de viver com nossos familiares. O Candomblecista tem tudo para ser uma pessoa feliz, assim como o são os africanos. Eu transcrevi um texto do odù irosun iwori que mostra uma visão de vida muito distinta dessa ideologia espírita.
Vou transcrever aqui o comentário que um amigo, antropólogo fez:
"Marcos, eu li certa vez um comentário de Jesuíta que vive em Moçambique há mais de 25 anos e hoje reencontrei este texto aqui no meu computador. É um trecho de uma entrevista ao missionário Jesuíta Eric de Rosny, que inclusive se iniciou nos cultos tradicionais de Moçambique:
"Pergunta: O senhor tem se irritado frequentemente diante das pessoas que insistem em apresentar de maneira pessimista a realidade africana. O célebre livro de René Dumont diz que "A África negra começou mal". O senhor não concorda? Rosny responde - Começou mal politicamente. Começou mal economicamente. Mas o povo africano continua estranhamente sadio e surpreendentemente tolerante. A sua força reside na capacidade de viver o momento presente, aconteça o que acontecer.
Alguém chega para dizer que o pai está morre não morre. Ou que o filho foi expulso da escola porque não tinha dinheiro para os exames. Conta tudo, e, não passam mais de três minutos, já dá uma bela de uma risada. É isso que caracteriza os africanos e os salva da depressão: a capacidade de esquecer por um momento a miséria para dar uma saudável risada, para passar um minuto de alegria com os amigos, com a ajuda de uma cerveja, uma castanha, uma fruta. Nunca vi nada de semelhante nas sociedades ocidentais, onde o sofrimento parece que obedece a um programa."
Alguém chega para dizer que o pai está morre não morre. Ou que o filho foi expulso da escola porque não tinha dinheiro para os exames. Conta tudo, e, não passam mais de três minutos, já dá uma bela de uma risada. É isso que caracteriza os africanos e os salva da depressão: a capacidade de esquecer por um momento a miséria para dar uma saudável risada, para passar um minuto de alegria com os amigos, com a ajuda de uma cerveja, uma castanha, uma fruta. Nunca vi nada de semelhante nas sociedades ocidentais, onde o sofrimento parece que obedece a um programa."
É interessante porque quando vemos reportagens sobre a África de pessoas que estão interessadas em ver aquilo que a África tem de melhor, nos deparamos com uma coisa que está na base das religiões tradicionais daquele continente, inclusive os yorubás: a alegria de viver!
Lembro quando a Glória Maria fez aquelas reportagens na Nigéria, uma das coisas que a encantou foi a alegria daquele povo, que em meio a tanta diversidade, tem um profundo e duradouro sentimento de felicidade."
Lembro que a religião é um dos reflexos da sociedade que a gera, assim, no Candomblé a gente canta e dança para os orixá. Nós festejamos a vida o tempo todo com eles.
Assim se você gosta de ser uma pessoa infeliz, de fato dizer e ser espírita é muito bom, mas acreditar no que eles dizem e comemorar com os Orixá é coisa de maluco.
Por fim existe a questão da ancestralidade. O conceito de ancestralidade do Candomblé é muito claro e também esta presente nas antigas religiões orientais. A gente re-encarna sempre na mesma família. A gente tem que casar e ter filhos para poder re-encarnar. As rezas yoruba que eu conheço sempre pedem, caminhos abertos, prosperidade, uma mulher, uma casa e bons filhos, nessa ordem.
Os espíritas não tem esse conceito, Você re-encarna para pagar os seus Karmas. Pode re-encarnar junto com um membro de sua família se isso for um Karma que precisa pagar ou então pode nascer junto com um inimigo ou um pessoa que te fez mal. Mas pode re-encarnar em qualquer lugar.
Enfim, eu gostaria de assim colocar a minha opinião de que é preferível um Candomblecista se dizer católico do que espírita quando ele não quiser dizer que é Candomblecista, acho que ofende menos as crenças da própria pessoa.
Agora, recomendo aqueles que não são obrigados a dizer que tem outra religião, ou seja, que podem dizer que são Candomblecistas, e que de livre e expontanea vontade se chamam de espíritas que revejam isso porque elas estão muito enganadas. Talvez um bori faça bem.
O candomblé fez tanto por si mesmo que o conceito é o pior possível. Candomblé se identifica não com o que é de bem, mas sim com o que é de ruim, com o mal feito ao próximo, com a mais pura baixaria e ignorância. Tudo isso fruto do mercantilismo e da ignorância que fazem considerar o Candomblé uma religião sem ética, até os antropólogos que o estudam assim o consideram.
Eles estão certos e errados. Certos porque é isso o que vemos no mundo real e o trabalho deles é refletir isso. Errado, porque não é nisso que a religião se baseia.
Eu sugiro que digam que são da religião dos Orixá, evitando assim a palavra Candomblé. Uma vez que a identificação é com os Orixá e não com a palavra ou esse corpo podre.
Para o pessoal do Umbandoblé acho que não tem problema, eles podem dizer qualquer coisa que vai estar sempre certo.
Em Ifá surge a mesma questão. Quem é de Ifá se considera de que religião?
Pode ainda dizer que é de Ifá, isso não foi estragado, ainda. Existe um misto de respeito pelo passado e significado com ignorância. Eu penso que isso esta indo para o buraco. Tenho visto muitos dos babalorixás sem ética e somente mercantilistas que tem programas de rádio e publicam jornais ou anúncios em jornais chamando clientes, mostrando festas se dizendo de Ifá porque compraram uma obrigação de awofakan.
Gente não dá para se dizer uma pessoa de Iwa Pele com anúncio publicado em jornal oferecendo serviços de feitiçaria, trocando dinheiro por favores. Não se pode se auto-entitular sacerdote de alguma religião assim. Não se pode dizer de Candomblé e se deixando fotografar e divulgando sua festa de Exu e Pombo-Gira ou mesmo divulgando seus dias de consulta.
Esses se consideram a nata do candomblé, mas são apenas a escória. Sem caráter e todos sem nem mesmo obrigações. São pessoas que vieram de umbanda, eram pais de santo e que inventaram obrigações que nunca deram, mães de santo que nunca tiveram, de preferência falecidas ou da Bahia e de estados remotos que ninguém pode nunca verificar. Poucos tem testemunhas de suas obrigações ou dos seus tempos de Iyawo. Muitos procuram Babalorixás e Iyalorixá oferecendo somas vultosas de dinheiro para dar uma obrigação de 21 anos que eles não tem direito para legitimar a mentira.
Pois bem esse povo agora se diz de Ifá, também. Vejam isso é o princípio do fim, é o Ovo da Serpente. Pior do que eles são as pessoas que dão obrigações de Ifá nesse povo, não porque como qualquer pessoas eles não mereceriam, mas, porque com eles vem toda a lama.