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sábado, janeiro 20, 2024

QUAL O MELHOR DEUS? - A RELIGIÃO E A DIVERSIDADE - PARTE 8 DE 11

A RELIGIÃO E A DIVERSIDADE HUMANA

Após eu ter passada essa visão de religião frente ao deus supremo, cabem alguns comentários sobre o que existe de errado com os cristãos que não veem isso da mesma forma e que são quem incomodam mais outras religiões.

Não vou ficar aqui falando de erros, porque, como eu disse, isso é infinito, mas, tudo isso neste texto, iniciou com a questão de qual deus escolher e a causa principal disso é a abordagem cristã para o tema que diz que somente eles cultuam o deus de verdade. Não se trata apenas da minha opinião, a história mostra isso.

Um dia desses, vi um padre famoso em uma entrevista respondendo a uma pergunta sobre isso, sobre a grandeza de deus e de que outras religiões poderiam levar ao mesmo deus. A pergunta tinha endereço certo, justamente o fato de os cristãos acharem que são os únicos certos e todos os demais errados. A resposta dele muito honesta, dizendo que tinha a esperança que depois que ele ou todos morressem e ao chegarem no céu descobrissem exatamente isso, que era o mesmo deus para todos. Gostei muito da resposta, considerando o contexto que ele está inserido. Contudo logo depois vi um teólogo católico, também conhecido, criticando-o, duramente, por contrariar os dogmas católicos que impedem essa posição. A posição do padre me pareceu muito razoável e equilibrada, apenas manifestando através de sua esperança uma resposta conciliatória, mas o teólogo considerou-a inaceitável, uma heresia, porque a resposta não repetia, automaticamente, um dogma basilar da igreja que sustenta o castelinho de cartas da teologia deles.

Assim a questão, que tratei aqui, está acima da honestidade intelectual, tratam-se de dogmas que devem ser defendidos a ferro e fogo.

O que vou abordar aqui, superficialmente, são algumas questões teológicas que levam o teólogo católico dogmático mediano a se posicionar como faz.

A pedra que está na base desse tema, como falei o tempo todo aqui, é o da propriedade de deus.

Atenção, vou iniciar minha explicação falando longamente dos judeus porque o problema desta questão inicia com eles mas o tema não está ligado especialmente a eles.

Como já citei, em vários momentos, os judeus escreveram que o deus supremo, o criador de tudo e todos, foi diretamente a eles, os escolheu em detrimento a todos os demais habitantes da terra em volta deles. Só eles eram bons e só eles mereciam sua atenção. Estou resumindo e traduzindo muito, mas, no fundo é esta a questão.

O mais curioso é todo mundo, até hoje, olhar para isso e achar normal. É evidente que, como eu fiz até agora aqui, que isso não faz o menor sentido, seja histórico como religioso.

Eles, os judeus, se consideram os eleitos, isso está na bíblia. No pensamento deles, como deus em pessoa foi até eles, fez aliança com eles e ensinou tudo a eles, o que eles sabem veio de deus e, assim, é a verdade absoluta. A religião que eles praticam é a única correta e qualquer outra que não seja a deles não tem validade, porque deus passou para eles daquela maneira e se tem alguém que pensa ou faz diferente é porque não foi deus quem explicou.

Mais uma vez estou simplificando muito mas é esse o caldo que sai disso.

Claro que já ouvi alguns rabinos se referenciando com respeito a outras religiões, mas, é uma posição contida, apenas educada, porque, no fundo o que vale é o que eu disse de eles serem os certos.

Sobre o judaísmo, Eu reconheço a mão de deus na construção da religião deles e respeito-os como uma religião ligada ao deus supremo. Vou mais além, o conteúdo teológico, as questões metafísicas, o entendimento exotérico, os valores e ética são muito bem estruturados. Na minha visão, considerando a visão da corrente cabalista (judeus têm muitas teologias), o entendimento que eles promovem da nossa relação com deus, do supernatural e entre nós mesmos é bastante boa, melhor até que a do que a dos católicos.

Por outro lado, a importância deles para a humanidade, na minha visão, se restringe apenas a terem servido de base para o cristianismo, porque, esta sim, foi uma religião que deus, junto com um estupendo trabalho de fé humana, usou para mudar uma parte do mundo ou ele todo.

Como todos sabem, a visão judaica da religião, não possibilita o proselitismo ou o missionarismo. Não existe a menor possibilidade de espalhar essa religião pelo mundo porque eles são um grupo étnico fechado que não aceita estranhos e não está interessado em divulgar a palavra de deus para outros povos. Eles gostam de se orgulhar com o que escreveram para eles mesmos, mas os não judeus jamais serão iguais aos judeus.

Se o fenômeno religioso é uma obra de deus e uma inspiração necessária para a humanidade, como expliquei até agora, a gente pode ver isso de 2 maneiras e prestem atenção no que vou dizer para entender esse capítulo.

Como falei a religião nasce de dentro da gente e é uma inspiração divina que abrange toda a humanidade. Algumas pessoas em especial, por motivos que poderíamos especular, mas não importam aqui, se dedicam especialmente a isso e se transformam em sacerdotes, teólogos e profetas. Criam religiões, seitas ou as promovem e espalham. Ninguém as obriga a serem isso, é algo que nasce com elas.

No caso dos judeus é evidente a ação de deus ao criar esta religião e após uns 6.000 anos de contínuo esforço moldou esse povo a valores e ética. Assim, foi um bom resultado, mas, contido nessa população. Sob o ponto de vista do deus supremo, ponto para ele, objetivo atingido. O fato deles terem desenvolvido essa visão restrita do deus supremo, como único e para eles, não é relevante para os não judeus.

Essa é então uma forma de ver isso, foi uma semente que floresceu no jardim de deus. Mas só deu uma árvore e não um pomar, não cobriu a terra. Essa semente única não permite a deus atingir todas as pessoas na humanidade.

Mas a grandeza de um deus supremo nos impede de achar que essa foi a única iniciativa dele, essa foi mais uma.

Mas, ter uma semente que possa se multiplicar para todo o lugar era o plano de deus? Era o que ele queria de fato? Se ao invés uma única religião obrigando a todos a terem o mesmo pensamento e até impondo uma cultura única, como fazem os muçulmanos, é o que deus pretendia? Ou o melhor era ter muitas religiões cada uma cobrindo regiões mais contidas com povos e culturas mais homogêneas, com diferenças, mas, remetendo ao entendimento do mesmo deus supremo e nos fazendo nos relacionar de forma ética?

Se olharmos que a civilização grega saiu do nada e criou toda a base filosófica que usamos até hoje, incluindo o sistema de governo, que isso foi espalhado no mundo por Alexandre, que depois vieram os Romanos se sincretizaram com eles e conquistaram a maior parte do mundo e que foi em cima dessa abertura, da unificação romana e da filosofia helena que o cristianismo se espalhou, a gente pode achar que, sim, parece um trabalho bem planejado e de longo prazo que deus fez.

Não sabemos, assim como não sabemos nada de deus.

Mas, com bom senso, podemos dizer que desde que cada religião atinga o seu objetivo de nos fazer pessoas melhores e de vivermos melhor uns com os outros, não faz diferença termos um única ou termos centenas.

Ter muitas religiões permite que diversidade humana permaneça como diversidade humana. Pessoas podem manter suas culturas e teias sociais próprias, sem que coloquemos todos no mesmo liquidificador.

Para a religião, importa o que ela faz com as pessoas e não a forma como faz isso. Se algumas entendem o deus supremo como 1 ou como 2 ou 3 partes, como os indus e os católicos, isso não tem nenhuma relevância.

O que temos de pior hoje em dia, na minha opinião, é o que representa o islamismo que além de impor uma visão única de teologia ela impõe às pessoas uma visão cultural e social, as pessoas nessa religião tem que viver como eles definem que vivam.

Assim, o islamismo, representa a forma mais negativa desse modelo de impor um deus único e uma religião única a humanidade. Eles são proselitistas e tem como dever uma “guerra” santa de se espalhar pelo mundo.

Voltem a pensar no que eu disse, qual o problema de termos várias religiões e ela chamarem deus de um nome diferente? Se elas se referem ao mesmo deus supremo e tem no seu corpo o mesmo objetivo, a meu ver, nenhum.

 

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