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terça-feira, abril 30, 2019

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domingo, abril 28, 2019

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Resolvidos os problemas técnicos, já coloquei primeiro vídeo, é apenas uma introdução.

A seguir virão os vídeos de conteúdo.

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terça-feira, abril 16, 2019

Iniciação de crianças no Candomblé

Iniciação de crianças no Candomblé

Eu gostaria de aproveitar um tema que surgiu essa semana para falar deste assunto de iniciação. Após este texto postarei um texto antigo do Blog que fala sobre esse assunto de iniciação, mas eu gostaria primeiro de falar sobre a questão de iniciação de crianças.
Em primeiro lugar, manifesto que sou contra a iniciação de crianças no Candomblé ou em qualquer religião iniciática. Sou mais contra a iniciação de crianças do que a iniciação de adultos. Já me manifestei aqui no BLOG contrário a iniciação indiscriminada de pessoas como parte do processo de professar ou praticar essa religião.
Sou contra a iniciação obrigatória.

O Candomblé é um religião iniciática, mas o catolicismos também é e existem iniciações e iniciações.
As pessoas, no geral, têm que ter espaço na religião sem serem obrigadas a se iniciarem. Para mim, como esta no texto s seguir, a iniciação como ato obrigatório é apenas parte do processo mercantil.
Antigamente era parte do processo de controle e submissão ao dirigente, porque pessoas iniciadas devem submissão e pessoas não iniciadas, com liberdade de ir e vir, não aturam qualquer coisa. Iniciar quem quisesse frequentar uma casa era a forma de 1) submeter a pessoa a hierarquia da casa; 2) criar laços mercantis.
Devemos lembrar que no geral no Candomblé e seus dirigentes eram pessoas muito simples e humildes, pessoas que por sua própria conta se sentiam intimidadas com a presença de uma pessoa com estudo formal, profissão e independência. Tudo o que elas não eram. Eram pessoas que tinham dificuldade em se impor como líder apenas pelas qualidades de liderança e inspiração que deveriam suscitar nas pessoas.
Para controlar as pessoas nas casas os dirigentes usavam 2 coisas: a falta e o controle da informação e a iniciação. 

A Informação sempre foi uma moeda de troca, você se submetia porque queria aprender e a informação era controlada a conta gotas. 
Mas, além do dirigente, existe toda uma corte que quer também exige hierarquia na casa. Como dizem, dá dinheiro para uma pessoa mas não dá poder.

Para esse contexto o melhor processo era o de iniciação, feitura, porque a pessoa se submetida a um novo contexto social, um mundo paralelo ao mundo real no qual sua posição social mudava. As casas de Candomblé sempre foram um grande mundo paralelo, uma realidade alternativa.
Esse modelo de Candomblé iniciático não é o modelo que as pessoas querem e a religião precisa. As pessoas têm que ter autonomia e incentivo para permanecerem como abians ou frequentadores a vida toda. Veja, não é para tolerar abians, é para incentivar a permanecer como abian.
A religião católica é iniciática também, mas, ela não quer que todo mundo vire padre, monge ou freira. Imagine se para você ser católico você tivesse que ser no mínimo um monge.
O que a religião precisa é aprender com as outras que já se estabeleceram no contexto da universalização, mas, enquanto os Pais de Santo dependerem de fazer ebó e feitura para viver, isso vai ser impossível. Só depois que essa geração de gente que vive disso passar é que começa a melhorar.

As pessoas buscam em uma religião a fé, a crença em deus, a necessidade de se sentirem queridas e protegidas pelo divino. Buscam a esperança de uma vida compropósito, buscam a proteção do divino para suas dúvidas incertezas e problemas, buscam o conforto do colo de deus. Buscam se sentir pessoas melhores enquanto vivem.

É isso o que as pessoas buscam em uma religião. Ninguém entra em uma religião para servir a deus, as pessoas entram em uma religião para viverem com deus. 
É neste contexto que eu digo que não existe sentido em se iniciar uma criança.
A feitura do Candomblé, hoje, não é um processo feito para ser fácil ou agradável. É um processo longo e que exige muito esforço e sacrifício pessoal. Muita gente ainda transfere para a iniciação o mecanismo de submissão e ressocialização no mundo paralelo do terreiro. Não sou a favor de submeter crianças ao processo atual.
Vão criar um novo ou melhorarão o atual para que crianças possam se adaptar, tirando o que é desnecessários? Ótimo, todo mundo vai ganhar. Não tem sentido a continuidade da forma como muitas coisas são feitas. A feitura tem que ser um momento para trazer boas lembranças a vida toda, mas a feitura não é feita para ser um spa.
Você levaria  uma criança para fazer a trilha de Santiago de Compostela? Pois é, é a mesma coisa.

Minha opinião é que o processo é para adultos que estejam com muita vontade.
Em segundo lugar, uma feitura é uma responsabilidade grande com a religião, crianças não podem assumir essa responsabilidade sem saber o que querem para sua vida, não se pode fechar portas na vida da criança, ele tem que ter todas abertas para decidir onde vai.

Não se trata de dizer que a vida religiosa do iniciado seja ruim, mas das obrigações e disciplina que ela traz para a pessoa versus o que a vida sem aquilo representa. 

Sem essa de que é tudo igual, claro que a pessoa se inicia porque traz para si uma nova rotina e vivência, no Candomblé são feitas feituras, não é feito esse comércio de iniciações para qualquer coisa que cubanos e nigerianos trouxeram.

A feitura é um processo intrusivo na vida da pessoa.

A minha opinião, ja dita aqui, é que as pessoas tem um tempo para decidir isso. Também digo que o que precisamos na religião é apenas de abians, muitos. Poucos iniciados e muitos abians, como nas demais religiões, uma proporção de seguidores muito mais do que de sacerdotes e iniciados.

Um terreiro não pode ser uma fábrica de feituras.
Por último deixo claro que não veja nada demais em frequentar Candomblé, fazer ebó, fazer Bori ou fazer feitura. Tudo isso é normal. Não vejo nenhum tipo de agressão para ninguém, não vejo problema na pessoa ficar careca, depois o cabelo cresce.
As liturgias do Candomblé, quando bem feitas são como qualquer liturgia de qualquer religião.
Exceto se existe uma razão muito forte como, por exemplo, saúde, nenhuma criança precisa ser iniciada. Quando ela se tornar adulta poderá fazê-lo com calma e maturidade.

As pessoas tem sempre que fazer as coisas por opção e com informação. 

Para uma criança ainda falta muito tempo para ela aprender alguma coisa e decidir o que deseja e como deseja viver.


Você tem que fazer o Orixá no Candomblé?

Você tem que fazer o Orixá no Candomblé?




Paradigmas para um novo Candomblé

versão 4


NÃO

Gostaria que minha resposta pudesse ser assim tão simples, mas, vou ter que escrever dezenas de linhas para explica-la.


Quero esclarecer que o texto não foi feito totalmente para neófitos. Foi feito para pessoas que conhecem ou que já estejam tomando conhecimento do Candomblé. Este é um assunto que deve ser discutido por essas pessoas.

O Candomblé está se tornando em nossa sociedade uma religião mais conhecida e aceita. 

Provavelmente mais aceita do que conhecida, mas, sem dúvida nenhuma, infinitamente mais difundida do que antigamente quando sua prática era localizada em guetos étnicos e 
o restante da sociedade aparecia como cliente ou convidados especiais.

Minha posição é que ele já deixou de ser identificado com uma etnia, apesar de ainda ter pessoas que usam a religião junto com sua causa étnica. Não confundam as coisas.

O Candomblé não pertence aos negros e muito menos aos africanos. O Candomblé é uma tradição religiosa brasileira, que está adaptado à nossa sociedade. Os africanos que estão vindo para cá do Benin e da Nigéria nada sabem sobre nosso Candomblé ou mesmo tem propriedade para falar sobre ele.

Esta religião é do povo brasileiro. Não se trata de um tipo de induismo ou judaismo que você tem que nascer indu ou judeu para fazer parte. O Candomblé pode fazer parte da vida de qualquer um. Ainda existem negros que podem achar que isso seja alguma coisa que pertença a eles. Esqueçam, não sabem de religião assim como não sabem de nada.

Quando o Candomblé saiu do escopo da polícia civil e virou religião aceita pelo estado, a população em geral começou a ter acesso à rica teogonia e teologia que esta religião possui. A religião Yorùbá é infinitamente mais rica se comparada com o padrão de religiões africanas sub-saharianas, mas, se destaca mesmo se comparada com outras religiões do mundo ocidental e oriental. Ela está no primeiro pelotão, com louvores.

Este foi o motivo que levou somente ela a influenciar os povos do novo mundo em função da diáspora negra. Em todos os lugares que receberam Yòrúbas esta foi a religião que acima de qualquer outra se estabeleceu e gerou tradições. Mesmo na África, na região geográfica em torno da região Yorùbá. Minhas observações sobre a história daqueles povos, mesmo com poucas informações e análises objetivas, me induzem a concluir que a influência da religião Yorùbá no seu entorno é muito maior do que se supõe e a originalidade de supostas outras linhas religiosas, como a religião dos Voduns seja questionável.

Eu sou levado a pensar que, um processo histórico lento e longo fez com que os povos em volta da região Yorùbá fossem influenciados por esta religião original e em função das falhas do processo de tradição oral, uma vez que não havia tradição de escrita na região, fez com que a religião sofresse deturpações e distorções. Histórias foram recontadas, versões foram criadas, divindades trocaram de nome, animismos viraram religiões baseadas na religião Yorùbá.

Muitos elementos me levaram a isso e não tenho tempo ou mesmo formação para defender essa teoria mas me acho com liberdade de expressar essa minha opinião. Posso usar argumentos simples. O primeiro deles é que religiões originais, bem construídas, consistentes e com teologias superiores são raras, existem poucas no mundo. Essas religiões de fato, sobrevivem ao tempo e aos eventos com bastante resistência. Esse é o caso da Yorùbá.

O segundo é que a região geográfica de onde vieram Nagos e Jejes é bem pequena. É impossível que um grupo não tenha influenciado o outro bem como as distorções que podem ser provocadas por uma tradição oral são muito evidentes.

Por fim, as similaridades estruturais são muito evidentes. Assim como as óbvias variações de regionalismos que a tradição oral deve ter feito.

O grupo Bantu, muito grande na África, mas, muito pobre como cultura e sociedade, representado aqui pelo Angola, que era geograficamente distante do grupo Yorùbá, em nenhum lugar do mundo influenciou ninguém, apenas coisas colaterais e em termos de religião, apenas animismos. O Candomblé de Angola é uma invenção dos Bantus aqui no Brasil é só uma cópia mal-feita, como tudo que é Bantu. Eu já coletei material sobre esse tema e vou escrever sobre isso.

Dessa forma, assim como os Bantus inventaram uma religião que nunca tiveram, podemos considerar o Candomblé também como uma adaptação desta raiz religiosa para o nosso povo. Não temos nada, mas nada mesmo, que dar satisfação ou copiar orientação de africanos da Nigéria e do Benin.

Assim as pessoas se impressionam bastante com o que passam a conhecer quando tomam contato com o Candomblé. Infelizmente conhecer mal. Mas isso não é nada inédito. O Candomblé sofre hoje o mesmo que sofreu catolicismo antes da compilação, e depois popularização, da bíblia. É uma teologia pouco conhecida e entendida. Sim, o Candomblé precisa de uma Bíblia, um corão, uma torá ou um mahabarata, porque senão fica sendo representado pela imaginação criativa de um monte de gente e não pelo que ele é de fato. Pior, muitas vezes pelo comportamento inadequado de pessoas que dizem representar seus valores.

O que existe mesmo é gente desinformada falando bobagem, fingindo saber, insinuando conhecimento. É gente que não consegue explicar nada. Entendam, não estou falando em erudição, não, estou falando de saber a religião que dizem professar.

Estou falando de gente que não sabe explicar sua religião com 10 palavras e muito menos com 1.000. Estou falando de gente que nem sabe para o que serve uma religião na vida das pessoas. Isso se aplica de brancos a negros, de azuis a amarelos, gordos e magros, ricos e pobres.

É muito fácil você responder a primeira pergunta sobre uma coisa. Mais difícil é você responder a segunda pergunta (mais profunda) sobre o mesmo assunto, muito mais difícil ainda é seguir assim perguntado e respondendo. Quantos passam da segunda pergunta?

A maioria dos Babalorixás e Iyalorixás, como se auto-denominam por ai, só conseguem enrolar a primeira resposta, normalmente um adjetivo mal explicado. Vide aquele livro chamado, O Candomblé bem explicado, que é um manual para se responder, enrolando, a primeira pergunta, somente.…

Olha não gosto de fazer críticas genéricas, por isso não faço fofocas, escrevo textos. Mas é importante lembrar a todos esta situação. O que eu mais vejo é pessoa se dizendo sacerdote e que não consegue sustentar uma conversa com ninguém. Que não sabe explicar o que faz. Que mistura catolicismo, espiritismo, umbanda e sei lá mais o que para falar de dogmas da sua religião e de Orixá.

É muito complicado a gente falar o que é de fato parte desta religião aqui com tanta gente fazendo o contrário. Eu ouço de vez em quando uns programas de rádio supostamente sobre Candomblé, aqui no Rio. Lixo. Estelionatários declarados. Pessoas que se passam de Babalorixá e fazem um programa para vender amarração, feitiço, favores. Além de encherem o ouvido das pessoas com abobrinhas. A cada 1 coisa certa que eles falam tem 10 besteiras. Não é religião é apenas comércio de feitiços.

Claro que eles não são diferentes dos programas de evangélicos que disputam as mesmas rádios e horários. A grande diferença é que evangélicos sabem o que falar e o que defender.

A qualificação de sacerdotes é o primeiro ponto de revisão de uma religião de verdade. O grupo que ai esta é muito mal formado ou não tem formação nenhuma. As pessoas NÃO podem acreditar mais que por uma pessoa se dizer babalorixá e ter casa aberta ela é uma conhecedora da religião e vai poder orientá-la. Se o que a pessoa está procurando é aprender uma religião ela vai ter que ter muito cuidado.

Eu já falei somente sobre esse assunto em outro texto, mas resumidamente muitos desses tais Babalorixás inventaram cargos, não cumpriram suas obrigações, não pagaram o seu tempo de obrigações, ficaram pulando de casa em casa tomando obrigação com pessoas diferentes e não receberam o Oye de Babalorixá (isso vale para as Iyalorixás também, só não vou ficar escrevendo toda a vez as 2 palavras).

Em função disso ai não aprenderam o Candomblé. Vou repetir não estou me referindo a erudição, estou me referindo ao básico, aquilo que a gente aprende em gotas homeopáticas frequentando a mesma casa e tendo oportunidade para conversar com pessoas mais velhas, aprendendo delas. Isso significa entender a filosofia e os valores.

Além disso a pessoa tem a oportunidade, hoje, de buscar uma compreensão maior da religião, uma coisa que nossos antecedentes não tinham. Essa busca de melhor conhecimento não é algo errado. É algo que eles não tiveram acesso e duvido que deixariam de ter se esforçado para obter esse conhecimento.

Quando uma pessoa sai pulando de casa em casa para tomar suas obrigações e também apagar o seu passado ela também perde a referência de hierarquia. Ela passa a mandar no que faz sem nenhum controle. Assim o primeiro sinal para se avaliar uma casa e entender qual e como é o vínculo da casa e da pessoa com que o fez. Para ter certeza vá na pessoa que o fez e peça referência dele. Pergunte a cronologia de obrigações. Se a pessoa não quiser responder, vire as costas e vá embora, vai ser melhor para você, acredite.

Gente a pessoa que entra em uma religião quer saber como ela é. Quer saber o que é um orixá e o que ele representa. Quer saber como a sua vida se integra no cosmo. Não adianta dizer para alguém que perguntar sobre o que é um Orixá, com aquele sorriso amarelo e os olhos no vazio, que você ama o seu Orixá. Isso é patético.

Voltando ao Candomblé universal, se o Candomblé pretende se posicionar como uma alternativa religiosa viável para as pessoas, algumas coisas devem se modificar. A primeira é acabar com esse viés caça-níqueis e se se ocupar de fato em ser uma religião.

Viés caça-níquel é esta exploração monetária de jogos, ebós e obrigação. O comércio de liturgias. Isso é ridículo e nivela essa religião com o que existe de pior na sociedade.

Uma das principais coisas que devem ser mudadas é a questão da feitura de Orixá.
Não é verdade que as pessoas para serem desta religião tem que fazer feitura do seu Orixá. Isso acima de tudo é uma preferência do Babalorixá para pode ganhar dinheiro. 

Porque nada que ele coloca a mão é de graça e quanto mais pessoas amarradas á sua casa através de feituras, mais dinheiro ela vai garantir com obrigações, ebós e jogos.

O corpo das pessoas que fazem parte da casa é assim aumentado como um rebanho leiteiro que sempre vai garantir o dinheiro dele. Os clientes se somam a isso aumentando esta receita de forma variável, mas, a receita do "rebanho" será sempre garantida.

O que eu disse parece grosseiro, mas, é isso mesmo.

Este é o formato adotado na maior parte das casas de Candomblé, nos Ilê Axé. Não fiquem assustados e nem finjam espanto. Esta prática não é original do Candomblé, acontece na sociedade como um todo. Também acontece no Candomblé.

Para o Candomblé ser uma religião ela tem que começar acabando com isso. Quem sustenta um Ilê Axé tem que ser as pessoas que participam do Ilê Axé. Não podem ser transações comerciais associadas a venda de liturgias pelo babalorixá. Esta é uma prática muito pior do que instituir uma mensalidade, um dízimo (como na igreja, não como nos templos evangélicos que são apenas assaltantes) ou um rateio de despesas, como um condomínio.

Qualquer método que conte com a participação de todos será muito superior ao do Babalorixá cobrando por trabalho, porque essa não é uma prática adequada para uma organização religiosa.

Também não podem os membros das casas serem tratados como clientes, pagando por obrigações, ebós e jogos. Essa palhaçada de dizer que é obrigado a cobrar "chão" ou "salva" ou "cobertura de anjo da guarda" são eufemismos para esconder o simples comércio.

Uma casa precisa se manter. O dirigente tem que ter obter recursos para fazer suas próprias obrigações que são consequência da sua atividade. Ele precisa também se manter. Isso tudo a religião não oferece restrição, pelo contrário.

Mas, como estamos tratando de uma casa de religião, é necessária uma distinção entre o que custa aos membros da casa manter a sua casa funcionando, e isso pode até incluir a decisão da comunidade em manter ou subsidiar o sacerdote e, dentro disso também, o subsídio que esta comunidade define que vai receber ao atender pessoas que não fazem parte da casa.

O atendimento de pessoas que não são permanentes da casa sempre foi parte das estratégias que antigas casas de Candomblé usavam para se sustentar e ao seu Egbe. O problema é a proporção que isso tomou porque estelionatários que vendiam feitiços, favores, mentiras, amarrações usando uma fachada esotérica descobriram que poderiam melhorar o seu produto podre se passando de Candomblecista.

Essa invasão maculou o modelo honesto do Candomblé.

Outro problema foi o das pessoas que entravam no Candomblé já contando tempo para se proclamarem Pais-de-santo e viverem desta atividade. Não eram pessoa que procuravam seguir uma vocação, elas procuravam uma profissão. Gente que não servia para nada. Não queria estudar e não queria trabalhar.

Não existe problema no sacerdote profissional. Padres são sacerdotes profissionais, remunerados pela Igreja que é mantida pelos seus fiéis. Mas este sacerdócio sofre controle e um monte restrições fazendo que, acima de tudo, tenha que existir a vocação.

Já o Pai-de-santo de beco não tem nada disso. Ninguém controla, ele faz o que quer e ainda inventa controle para outros.

O que era para ser um exemplo de humildade, ver pessoas mais velhas ou até mais bem posicionadas na sociedade, por seu valor próprio se hierarquizarem em uma casa de orixá virou um escárnio, porque pessoas despreparadas, decadentes, incapazes e mentirosas assumem uma posição que não pertence a elas. Comumente são mentes psicopatas e estelionatários, desprovidos de propósito e moral abusando da fé de outros.

Por esse caso extremo, claro, porque nem todo lugar é assim e nem toda pessoa é assim, é que o Candomblé tem que reagir de forma radical a esta questão mercantil. Uma reação radical e vigorosa vai deixar de um lado as casas séria e do outro essas pessoas.
Assim não se trata de romper com o modelo da religião que não vê problema em dinheiro, através da prática da ajuda a simpatizantes, sustentar uma casa e sim de ser obrigado a adotar uma posição distinta em função da forma como a religião legítima foi usada por pessoas não legítimas.

O outro aspecto é o que eu iniciei este texto, o Candomblé precisa se adaptar ao processo de universalização na sociedade, preservando o que é bom e melhorando aquilo que é inadequado a este novo status. Sim o Candomblé e as pessoas do Candomblé aspiram a um status pleno de religião.

É necessário então encontrar um modelo de financiamento do Ilê Axé que seja distinto do empregado por esse grupo de estelionatários travestidos de Babalorixá, que falam de orixá, falam de nação, falam de Umbanda, falam de cigano, falam de ajé, falam de egungun, falam de amarração, falam de ebó e falam de qualquer coisa que a pessoa queira ouvir, porque elas sabem que tem muita gente tola, gente que você fala 9 coisas que ela não quer ouvir, mas se você falar 1 só que ela queria ouvir já basta.

Um outro capítulo nesse assunto é o assunto que eu comecei, antes de ter caído nesse "galho" do financiamento da atividade religiosa, que é a questão da feitura de Orixá. É claro que a feitura de Orixá se insere no financiamento da atividade dos estelionatários.

Uma pessoa que entra para o Candomblé deve se preocupar em entender a religião e como ela pode ajuda-lo a ter uma vida melhor sendo uma pessoa melhor e mais feliz.

É isso o que as pessoas procuram em uma religião. Procuram viver melhor. Ser pessoas melhores. Viverem em harmonia consigo mesmo e com sua família.

Mas o Candomblé, sendo uma religião iniciática, ela oferece muitos status e vaidades e, como diria Al Pacino, a vaidade é o pecado preferido do diabo.

Quando a pessoa entra para uma casa de orixá, um Ilê Axé, ela inicia como um Abian, um simpatizante ou um crente da religião. Abian é o nome que se dá.
A pessoa pode, e deve, ficar como um Abian por muito tempo, talvez toda a sua vida.

A fé não se mede se a pessoa é um abian ou um Iyawo. Fé é acreditar no divino, no Orixá e trazer isso para a sua vida de uma forma positiva, que permita a essa pessoa superar seus problemas pessoais através de aprender novos valores e uma nova forma de administrar a sua relação com as pessoas e com sua vida.


Um Iyawo é uma pessoa que passa por um complicado, sofrido e longo processo de feitura. 

Esse processo prepara a pessoa para poder ser um elegun do seu Orixá na terra. É através dos Elegun que o Orixá incorpora e se manifesta em uma casa para ajudar a sua comunidade, distribuindo axé para as pessoas.

Sem elegun não existe Orixá na casa e na nossa vida. Orixá não é apenas uma coisa que fica no ar e que sempre esta por ai. Não é verdade. A função do Elegun é justamente estabelecer a ponte para que o Orixá possa vir do Órun (mundo espiritual) ao Aiye (terra) e distribua o axé para as pessoas.

É por isso que uma casa de Orixá tem que ter muitos elegun e tem que ter elegun de todos os Orixás. O Elegun é uma pessoa importante e o Babalorixá não consegue tocar a sua casa sem eles. Toda a casa tem a necessidade de ter Eleguns dos Orixás e de qualidades diferentes inclusive.

Por isso um Babalorixá precisa fazer feitura em Pessoas e precisa encontrar e atrair essas pessoas dos Orixás que ele precisa.

Para ser um Elegun é necessário fazer a feitura e ser um Iyawo por 7 anos, no mínimo, normalmente isso vai durar muito mais tempo.

Para uma pessoa trocar de status de Abian para Iyawo deve existir um propósito. A pessoa tem que entender o que isso vai significar para a sua vida. A pessoa tem que saber no que isso muda a relação dela com o divino, mas, saber de fato e não, ser enrolada com mentiras.

A verdade é que o Orixá não vai gostar mais da gente porque a gente fez o Orixá. Não vai gostar mais da gente porque a gente tem um igba. Não seremos mais felizes por causa disso. Não seremos mais protegidos por causa disso.

Existem motivos que podem levar uma pessoa a uma feitura. O Ilê Axé pode precisar, a pessoa pode precisar. O pior motivo é o babalorixá precisar para alimentar a conta bancária dele.

Abians e Iyawos precisam de Bori do mesmo jeito, de ebós de mesmo jeito e de jogo do mesmo jeito. Um abian pode ter inclusive um igba. Como fonte de receita um abian pode ser tão promissor como um um Iyawo.…

Ser um Iyawo não é uma evolução religiosa natural. É assumir uma nova postura diante da sua religião e se comprometer com obrigações religiosas da casa e do Babalorixá. Se você busca uma religião e não esse compromisso fique como Abian sua vida toda, ai você pode ir quando quer, mudar de casa, etc…

Mas o caso é que ser um Iyawo muitas vezes é apenas uma necessidade financeira do sacerdote e uma vaidade do abian. As pessoas devem se despir de vaidade e antes de dar qualquer passo mais profundo na religião devem primeiro aprender sobre ela.

Se o Candomblé quer ser uma religião de muitos tem que se ocupar mais em se transformar em uma opção real e palatável para as pessoas. Tem que se ocupar com os seus membros e não com clientes. A gente tem que separar os Ilê Axé de verdade dos mercadores de feitiços.

Claro que é uma religião iniciática, dogmática e altamente litúrgica. Mas pode continuar a ser tudo isso sem se transformar em fazer pessoas infelizes.

Acima de tudo o Candomblé tem que se ocupar em se incorporar à vida das pessoas sem que as pessoas abandonem a sua vida normal. A Fé deve se adicionar a vida das pessoas e não substituir.

Muitas liturgias e iniciações podem ser feitas para Abians. Ser um Iyawo acabou matando essas opções.

O meu ponto aqui é o fato de que a feitura é um processo muito intrusivo na vida da pessoa. Gera muitas relações e ligações e muda o equilíbrio do axé da pessoa. As pessoas têm se preocupado em se aprofundar em liturgias sem se ocupar em saber se ela está feliz na religião que adotou.

O melhor para a vida de qualquer um é ser um Abian. Ser Iyawo é tão sério que essa opção tinha que ter registro em cartório com testemunhas.

SIM, você poder ser do Candomblé sem ter que fazer o seu Orixá. Inclusive é muito mais seguro. Entrar em uma feitura é abrir sua vida e se fragilizar. Se você fizer isso pelo motivo errado ou com a pessoa errada por ter problemas, novos, para o resto da sua vida.

Existem muitos caminhos para uma pessoa ser vida toda Abian no Candomblé. Ela pode participar de tudo o que interessa, rezar, ter acesso ao divino, receber axé, se realizar sem ser feita. Inúmeras liturgias, quase todas, podem ser feitas em Abians. Acima de tudo uma pessoa busca na religião paz e realização. Este tem que ser o foco das pessoas.


Uma casa precisa de Iyawo, mas, não é necessário que todos seja Iyawo. Vou repetir, é uma iniciação tão séria que eu sinto vergonha quando ouço que pessoas vão para uma mesa de jogo e 3 meses depois estão feitas.

O Candomblé tem que ter um modelo inspirativo. Tem que inspirar a fé, a dedicação e a transformação das pessoas para o seu melhor. Não pode ser um centro de confusões na vida da pessoa.

E mais importante. o Candomblé TEM que ser uma religião familiar. A família tem que estar junta na religião e na casa.
As pessoas falam do escando dos padres pedófilos na igreja católica. Olha na média isso é pinto visto o que se encontra nas casas por ai. Tome cuidado onde bota o seu pé limpo. 

Não existe controle das casas. O controle é seus olhos e ouvidos. Preste atenção e não se emburreça. Não faça nada, nem um ebó, sem saber muito bem como é aquela casa e pessoa.

Algumas recomendações simples: Não vá para casa onde o Candomblé é a própria casa da pessoa, onde ele toca no quintal ou na varanda, da obrigação em quartos, etc..

Não vá para esses candomblé urbanos todos acimentados, sem espaço para folhas e árvores. Candomblé exige um espaço especial, não é igual à Umbanda. Candomblé exige espaço dedicado, com muita preparação e assentamentos. Não se toca Candomblé em beco de vila. Não dá para Babalorixá misturar o seu espaço pessoal com o Sagrado. Se ele não tem recurso para ter uma casa de Candomblé, com terreno próprio, então não era nem para dizer que é Babalorixá.


Se a pessoa não quiser dizer a sua cronologia de obrigações ou a casa onde foi iniciado e se fez todas as obrigações lá e nome da pessoa que o iniciou, vá embora. Se a pessoa que o iniciou já morreu ou a casa já acabou e ele não tem nenhum irmão de orixá ou mais velho para dar referencia dele, então vire as costas e vá embora.

Se fosse um médico que quisesse te operar você ia fazer isso tudo.
Por fim, quero esclarecer que o objetivo desses textos sobre o Candomblé não é criticar o fácil, mas, trazer à reflexão das pessoas essas questões. Além disso, pessoas novas têm que acordar para a realidade.

segunda-feira, abril 15, 2019

Canal no Youtube


Como já informei haverá um canal do Youtube associado ao conteúdo deste BLOG. O objetivo e os assunto s serão os mesmos, mas, será uma mídia diferente.

Eu estou com umas dificuldades técnicas para resolver e isso me atrasou. Já capturei e editei vídeos anos atrás e estou me adaptando a novas ferramentas agora. Esta sendo um pouco mais difícil que eu imaginava, mas, superarei.