A RELIGIÃO E A GRANDEZA DE DEUS
Mas veja, trazer complexidade não é o objetivo. Eu tive que falar isso tudo para poder dizer algo bem simples, que a religião não determina a existência de deus e, assim, pode existir mais de uma religião para nos ligar a deus, porque o deus supremo é divino e as religiões, todas elas, são obras humanas inspiradas por ele. O que muda nelas é a forma que as pessoas entendem deus.
Eu odeio pessoas desonestas que associam conclusões convenientes desconectadas das afirmações, como muitos teólogos e bacharéis de filósofia que eu assisto, alguns bem famosos e populares fazem, assim tome cuidado com essa técnica de enganar pessoas.
Assim eu falei as coisas na sequência:
1) religião não determina a existência de deus – Isso já expliquei, a religião é uma expressão humana de deus. Não é deus que cria a religião, são as pessoas que criam para poderem transmitir o que entendem de deus.
2) Não pode existir apenas 1 religião para nos ligar a deus – Claro, se religião é uma criação humana então muitas pessoas podem concebê-las. Deus sendo supremo e influente a todos, em todo o mundo e não apenas em um lugar, vai gerar o mesmo processo em muitas pessoas. Claro que nem todas vão querer criar uma religião nova, mas não existe possibilidade de alguém ter o direito de dizer que só ele tem a de verdade.
3) Como as religiões são criações humanas e são inspiradas por deus, podemos ter mais de uma religião inspirada pelo mesmo deus e naturalmente serão diferentes. A forma como cada pessoa entende e decide formatar esse entendimento é humano e, assim, distinto. Ninguém tem como afirmar que possui a melhor interpretação.
A base de tudo é a existência de deus. Isso é o início comum a todas as religiões.
A seguir, são as palavras de deus para nós, mas, essa transcrição é humana e tem 2 partes. Uma são os profetas e outra é a transcrição do que eles falaram, que é feita por outra pessoa, ambos, processos humanos.
Por fim, a interpretação dessas transcrições, que é a teologia, também é humana, como já expliquei.
Não tem nenhuma ideologia no que eu estou falando até aqui. Estou apenas descrevendo como as coisas são feitas.
Por essa razão é absolutamente normal que o mesmo deus supremo se manifeste ao redor do mundo através de religiões diferentes.
Esse mesmo deus, supremo, inspirará pessoas diferentes em muitos lugares e pessoas diferentes entenderão essa manifestação de maneira distinta, formatando seu entendimento baseado na visão pessoal.
Mesmo ateus ou céticos, que não acreditam em deus, entendem esse argumento de que, se existe um deus e ele é supremo, isso se dará dessa maneira, de forma isonômica. A influência, atenção, do deus supremo, o criador de tudo, que gera o fenômeno da fé e da religião não pode ser direcionada. Ela tem que ocorrer na humanidade inteira da mesma forma ao mesmo tempo.
Se o livre arbítrio é um dogma comum, deus não pode ter certeza de onde sua semente religiosa vai prosperar. Deus sabe que a religião é um componente basilar no modelo humano, como já expliquei e precisa que ela floresça e assim espalha isso pela humanidade.
Pensando de forma racional, uma dúvida honesta é por que deus precisa da religião? Por que somos obrigados a adorar e amar um deus que é supremo? Essas questão é importante e define a própria existência de deus.
A minha resposta honesta é que deus não precisa ser amado. Ele não exige adoração e veneração. Qualquer religião que diga que deus necessita disso estará espelhando um deus humano, aquele que é reflexo de você mesmo ou estará espelhando um falso deus, um não-deus.
Tem gente que diz que somos criados a semelhança de deus, assim, se temos vaidade e ego, deus também não teria? Parece-me pouco razoável. Mas, essa afirmação de sermos imagem e semelhança é apenas uma afirmação humana, o que sabemos é que somos uma criação de deus, uma criação plena.
Para não estender esse tema interessante aqui, o que eu penso é que, como já citei, a religião é um dos braços da balança da vida e o outro é o livre arbítrio. A equação da vida humana não fecha sem isso. Não pode haver livre arbítrio sem a religião, seria condenar as almas ao fim, não porque nascemos mal ou condenados, mas porque temos que ter uma ética que diz o que é o correto.
Você não pode dar a capacidade de tudo de um lado sem o que equilibra isso de outro. A religião, com seus valores e ética supra-humanos é o que nos mantêm inteiros como humanidade. Nós somos a balança e cabe a nós, de nossa iniciativa, buscar as virtudes, porque essa busca faz parte do livre arbítrio.
Esse é o modelo que encontro em Ifá e para mim faz todo o sentido.
Não estamos sozinhos nessa vida, o deus supremo através de suas emanações nos assiste, com limites e o que temos que dar para deus, em troca, é a virtude o bom caráter. No mundo que eu vejo através da religião existe espaço para o bem e o mal, o mal não é permanente e ateus não vão ser condenados ao inferno.
Dessa maneira esse é o sentido de existirem religiões e isso também justifica deus, porque é equilíbrio demais para ser apenas coincidência.
Mas deus atua no mundo todo. É como a gravidade. Todos vivemos no mesmo mundo e sofremos as mesmas leis naturais. Essas leis naturais não fazem distinção de pessoas.
Se todos entendem que existe um deus e ele é supremo e criador, como já tratamos, então toda a humanidade é sua obra e ele a influencia e atua da mesma maneira em todo o mundo e para todas as pessoas. As regras tem que ser as mesmas para todos. Não podem existir pessoas piores para deus.
Como já expliquei que a religião é uma criação humana inspirada por deus, as religiões serão criadas no mundo todo da mesma maneira e todas remetem ao mesmo deus supremo.
E porque todas remetem ao mesmo deus? Porque se elas reconhecem a existência de um mesmo deus supremo, esse só poder ser um, não podemos ter 2 deuses supremos. E nesse ponto você tem que encaixar toda a explicação que fiz sobre a estruturação de uma religião. Aquilo tudo não pode remeter a deuses supremos diferentes, pode derivar em formas de entender e estruturar diferentes.
Nas observe que, apesar do processo que eu citei ser humano e deus influenciar a todos, como eu disse que é natural de se esperar não se criam milhares de religiões. Não basta uma pessoa decidir criar uma religião, tem que haver um ou mais profeta, as comprovações da fé nisso, a transcrição, a teologia e o convencimento de muitas pessoas em torno disso para convencer outras pessoas.
Mas, sendo a religião uma obra humana ela não poderia se referenciar a um deus falso, um espirito humano ou um demônio qualquer se passando por deus ou apenas ser inventada pela cabeça de alguém?
Tudo isso é possível. Mas qual a consistência disso? Como isso se sustenta?
Tratar do erro humano é infinito, vamos ficar aqui um dia inteiro ou mais, apenas falando de coisas erradas ou coisas que podem dar errado. Esse foi caminho fácil que os cristãos adotaram porque não reconhecem a grandeza de deus.
Religiões e cultos são criados e acabam no mundo todo como consequência dessa origem errada. Mas nem sempre funciona assim tão simples ou rápido, temos atualmente uma religião grande, que exerce influência ruim entre as pessoas e que tem uma origem muito torta, mas, que permanece crescendo.
Assim, o respeito a grandeza de deus tem que nos fazer reconhecer que pessoas ao redor do mundo criaram formas e interpretações distintas do mesmo deus. Podemos não gostar por entender que estamos certos e por isso mesmo não temos que nos submeter a essas visões, mas, se cremos em um deus supremo temos que aceitar que todas tenham o mesmo objetivo que nós.
Vejam o meu caso, entendo que Ifá define muito bem deus e uma boa religião, acho que é coerente, com racionalidade, fé e demonstração da manifestação inequívoca de deus. Mas quem garante que estou certo e que não seja um pouco um muito diferente?
Ninguém. Assim o que é importante é a fé em deus e o efeito disso em nossa vida. É isso que se tira quando se espreme uma religião.
Finalmente, é nesse sentido que digo que não faz nenhum sentido a questão de qual deus devemos escolher. Não estaremos escolhendo deus, estaremos escolhendo a criação humana para nos ligarmos a esse deus. Deus sempre será deus, se estamos nos referindo, claro, ao deus supremo.
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