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sábado, maio 18, 2024

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS??

 

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS?

 

Os judeus e cristãos, principalmente os últimos, porque são mais numerosos, brandem o monoteísmo como sendo a coisa certa o modelo correto de religião. A partir dessa informação todas as demais religiões, não monoteístas, são pagãs. Só que, só a deles é monoteísta.

Eles usam a palavra PAGÃO no sentido pejorativo, para classificar uma religião como um politeísmo ou adoração de deuses e demônios, o termo pagão nunca é usado no seu sentido correto. Pagão é uma palavra que era usada para classificar qualquer coisa que não fosse cristão, apenas isso. Assim, nessa definição, uns 60% do mundo é pagão, incluindo o islã.

A palavra pagão é então, sempre uma ofensa, representa a ausência do deus verdadeiro, um misticismo, fetichismo ou animismo.

No modelo cristão, o monoteísmo se transforma na virtude e o diferente disso é o deletério. Contudo, uma rápida análise, que qualquer pessoa com mediana inteligência consegue fazer, mostra que somente o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são auto-proclamados como monoteístas, além do que, classificar o catolicismo como monoteísmo é absolutamente incorreto.

As demais religiões do mundo normalmente ficam em torno do Henoteísmo. Creio que, na atualidade, exceto os chamados xamanismos, que também é um adjetivo ruim, nenhuma outra religião se enquadra como um politeísmo que passa a ser apenas um modelo de referência assim como a monolatria já foi, no passado, um modelo de referência.

Para quem não sabe, no henoteísmo o reconhecimento de um deus superior convive com manifestações desse mesmo deus através de divindades auxiliares que fazem a ligação ou representação desse deus supremo junto às pessoas, à humanidade.

O henoteísmo, que é o modelo mais natural, mantêm a crença em um deus supremo. A adição de divindades é apenas a forma como nós humanos vemos esse deus supremos se projetando junto a nós. É absolutamente falso tratar essas divindades de novos deuses, como se houvessem muitos, essa é uma fala do monoteísmo contra as demais religiões.

É como em Ifá, onde o deus supremo Olódùmarè se manifesta humanizado junto às pessoas através dos Orixá (Òrìṣà), que recebem culto por causa disso e, também, através de outras divindades que não são Orixá (Òrìṣà) e por isso não recebem culto, apenas compõe o entendimento do poder e influência deste mesmo deus supremo. É o modelo de ministros e embaixadores.

Cabe alertar que o catolicismo é, na verdade, um henoteísmo.

Assim, de onde surgiu esse modelo superior de religião que somente aqueles que inventaram têm? O monoteísmo?

A história é bem simples e vai decepcionar muita gente que acredita nessa visão de superioridade. Inclusive, conhecer essa história fará vocês verem a própria bíblia de uma forma diferente. Mas, antes cabe alertar que, para explicar isso eu necessito entrar no tema de historicidade da Bíblia, mas, não vou me aprofundar nesse tema, quem se interessar pelas coisas que vou citar, pode procurar as fartas informações que hoje estão disponíveis. Mais ainda, o que vou abordar aqui, sobre historicidade, são coisas objetivas e sobre as quais não existe dúvida entre os diversos pesquisadores.

Eu principio alertando que monoteísmo não está ligado ao correto reconhecimento de deus e de sua grandeza. O reconhecimento do deus superior, o supremo não está ligado ao monoteísmo.

Os estudos históricos e arqueológicos feitos em Jerusalém e em todo Israel, feitos, inclusive, por arqueólogos e historiadores Judeus, mostraram de forma bem evidente que diferente do que está na bíblia, os judeus sempre foram politeístas. Sempre viveram em Canaã, sempre cultuaram deuses diferentes, sempre tiveram imagens e símbolos e sempre fizeram esse culto localmente em suas casas e vilas, entre centenas de outras afirmações que podemos fazer e que contrariam o que está na Bíblia.

É fantasiosa a visão de que eles se converteram ao monoteísmo através de moisés e que eram os únicos monoteístas na sua região, pelo contrário, já haviam, antes deles, manifestações de religiões que buscavam o modelo da monolatria (como no Egito), Pérsia e opções henoteístas.

O povo que hoje chamamos de judeus mas que já tiveram outras denominações não eram monoteístas e muito menos eram uma potência militar e civilizatória. Nunca foram um farol de conhecimento e lucidez, pelo contrário.

As descobertas arqueológicas e históricas mostram a Bíblia como um livro de mitos e não de história. Observe, a Bíblia não está sendo criticada como livro religioso, apenas perde o seu caráter histórico de retratar fatos e verdades. É um livro de mitos, heróis e narrativas fantásticas como qualquer outra religião tem.

É claro que a reconstituição da história antiga é muito falha. Vocês tem que entender que um arqueólogo ou historiador não encontram a história pronta em textos e documentos. Isso pode ocorrer para tempos recentes mas não para o período antigo. Essas pessoas, sozinhas ou em conjunto, encontram artefatos diversos, restos de ocupação humana, obras civis, fragmentos de textos, corpos e através da observação de uma extensa área de extratos procedem a sua datação e, por fim, criam uma narrativa de história baseada naquilo que estão vendo. Esta narrativa sai da cabeça das pessoas.

A história antiga, que muitas vezes é narrada em detalhes, é uma criação humana e que pode ser refeita em ciclos. Assim, as mesmas descobertas analisadas por pessoas diferentes podem contar histórias diferentes ou versões diferentes para as mesmas evidências. Não existe nenhuma forma que permita saber, de fato, o que ocorreu ou como eram as coisas na antiguidade e quanto mais antigo mais difícil fica.

Mas, apesar dessa criatividade, existe um evento importante e relativamente recente e por isso bem documentado, ligado aos judeus, que foi o exílio da babilônia. O povo de Judá foi conquistado pelos persas, por Nabucodonosor II, no século VI AEC. Uma pequena parte da população (umas 10.000 pessoas apenas) foi levada para o cativeiro na Babilônia, mas, este foi um cativeiro diferente. Foram levados o Rei Joaquim, sua corte, aristocratas e sacerdotes, soldados, artífices e a elite da sociedade de Judá.

O restante da população permaneceu onde estava, sendo governado por um Rei nomeado pelos Persas. O povo de Judá era eminentemente rural. No exílio, essa elite se integrou com os persas e se desenvolveu fortemente através da rica cultura da Babilônia, até que no reinado de Ciro II, no século V eles foram libertos e autorizados a retornar, isso após apenas 50 anos de exílio.

O curioso é que depois de libertos, por Ciro, eles levaram ainda 20 anos para retornar a Judá e uma parte ainda permaneceu na Babilônia e nunca retornou.

O que ocorreu, neste período, na Babilônia é que os sacerdotes tiveram contato com outras culturas e religiões, sendo a principal o rico Zoroastrismo, religião oficial do estado Persa. Esses sacerdotes, então, vendo aquela riqueza teológica e grande estrutura político-teológica, se mobilizaram para escrever os seus próprios livros sagrados. A Torá, o principal livro sagrado do judaísmo, foi feito a partir deste período. Tudo foi reescrito e recontado, da história do povo à religião. Quando eles voltaram do exílio, fizeram isso para retomar o poder que tinham em Judá e Jerusalém e trouxeram, documentada, uma nova história do seu povo e uma nova religião, que refletia muito a própria estrutura e mitos do Zoroastrismo.

Não é possível conhecer a história de Israel e da Bíblia sem ter perfeito entendimento do que significou o exílio babilônico.

A nova religião, que foi desenhada, era inicialmente um monolatrismo que instituía YAVEH como o deus principal, Yaveh nunca teve essa relevância. Foi o templo de Jerusalém que criou Yaveh.

Os textos, históricos e religiosos, foram feitos baseados em uma tradição oral, sem dúvida, mas, refletiram principalmente o projeto da nova religião. Tudo era novo, a história do povo e a religião. Ao longo de algumas décadas, o culto aos demais deuses foi sendo proibido. A cultua religiosa foi sendo mudada à força, uma nova religião e um novo deus foram impostos ao povo Judeu. As imagens foram proibidas e a população proibida de cultuar o próprio YAVEH em suas casas e vila como faziam antes (era uma população rural e dispersa). Pior do que isso, eles foram proibidos de usar o nome de deus. Isso somente podia ser feito no templo e através dos sacerdotes do templo.

O escolha de Yaveh como sendo o deus supremo é fruto de muitas pesquisas e teorias. O que é mais comum é que ele era apenas um dos deuses cultuados pelo povo, na verdade um deus externo e militar. Foi uma escolha entre outras possíveis. Gradualmente as principais divindades como El, Baal e Asherat, entre outras, foram sendo banidas. O estabelecimento da monolatria foi um processo gradual.

Um exemplo claro disso foi o texto bíblico de deus se anunciando a Moisés. Quando Moisés pergunta o nome a ele, ele não diz nome nenhum, diz apenas que era o “senhor”. É claro que tinha que ser assim, eles não podiam nomear um deus porque eles estavam substituindo os deuses que eram cultuados, transformando esses deuses de culto nesse “novo” deus supremo. As pessoas foram convencidas que o deus que elas cultuavam na verdade era aquele ali e, assim ele não podia ter nome. Além disso.

Um outro exemplo é a proibição na Torat de imagens e de chamar o nome de deus. Somente os sacerdotes do tempo poderiam invocar deus pelo seu nome. Essas supostas instruções sagradas que estão na Bíblia são atribuídas a serem criações do tempo de Jerusalém para direcionar, exclusivamente, para o tempo a prática da religião, onde, eram coletados os impostos e dízimos.

Este modelo foi aprendido do Zoroastrismo. Concentrar a religião no templo foi uma estratégia trazida do exílio. O próprio dízimo foi inserido nos textos bíblicos pelo templo para poder coletar “impostos” e não por deus.

Observe que trago uma pessoalidade ao Tempo de Jerusalém. Estou me referindo a elite sacerdotal que construiu o tempo e se estabeleceu nele, emanando a religião e as leis teocráticas. A figura do Templo de Jerusalém com essa relevância, não havia antes do exílio.

O templo foi, inclusive, reerguido, seguindo o modelo de templo Persa do Zoroastrismo e somente o tempo poderia ser usado para as atividades religiosas e o culto a deus. A população tinha que ir a Jerusalém para o culto e foi proibida de cultuar o seus deus, de exercer sua religião fora do templo.

Os textos sagrados judaicos foram sendo escritos e ajustados para refletir a nova proposta de religião e as novas liturgias. Existem historiadores que citam passagens bíblicas que instituem histórias e simbolismos que apenas resultaram em liturgias para serem feitas no templo, o Yom Kippur, citado no gênesis seria uma dessas.

O conhecimento do exílio babilônico muda forma como você encara os textos da religião e a própria religião. Lamento se você não sabia disso, mas, é impossível você não rever o que pensa sabendo do que foi feito no pós-exílio, da tomada do controle político pelo templo, do sumiço do Rei que voltou do exílio e também saber que a Torat não foi escrita pelos supostos autores.

Assim é impossível buscar historicidade na Bíblia. A história foi recontada, na verdade, a história passou ser a história inventada. Como já citei, nesse tempo, era raro ou quase impossível a existência de registro escritos dessas histórias antes do exílio. Documentar era muito caro e se tratava de um povo rural e pouco desenvolvido.

O volume de material escrito durante e posteriormente ao exílio retrata a influência da Babilônia e o projeto político de construção de uma teocracia, seguindo, inclusive, o próprio modelo Persa.

Assim, sem se entender o que foi o exílio babilônico é impossível falar de bíblia e historicidade. E foi exatamente isso o que as pesquisas arqueológicas realizadas a partir da década de 80 do último século mostraram.

Eu citei superficialmente esse monte de fatos estarrecedores apenas porque precisava fazer algumas afirmações importantes, que são as que interessam aqui, mas que ficam sem valor se não se conhece a questão do exílio babilônico e a não historicidade da Bíblia.

Os sacerdotes vindo a Babilônia trouxeram um projeto de uma nova religião e o implementaram na população que restava em Judá. Esse projeto iniciou com uma monolatria que foi imposta ao povo (que era politeísta) e tinha uma outra história e cultura religiosa e outras divindades.

Yahweh foi escolhido a dedo como sendo o deus supremo, era um deus bélico e tinha alguma popularidade, mas não era o mais popular.

A história do povo foi criada por essas pessoas, uma história que existiu apenas no papel, conforme as pesquisas feitas em populações ao redor, principalmente Ugarit, revelaram.

Os sacerdotes criaram um modelo político teológico, um estado teocrático e para isso foi necessário estabelecerem o monoteísmo.

O monoteísmo foi o resultado da evolução do modelo da monolatria para suportar um estado teocrático em Judá. Assim como ocorreu em Judá, no resto do mundo ao longo da história, o monoteísmo sempre foi imposto pela força, violência e espada, principalmente pela opressão do povo.

Observe que Jerusalém ficava em Judá, Israel era o povo do norte, que foi o reino que acabou, sumiu com a invasão dos assírios, o povo do norte se dispersou, mas, a nação acabou tendo o nome desse povo, de israel e não de Judá. Tudo ali foi uma invenção, incluindo as 12 tribos, inexistentes até hoje.

Hoje ainda se discute a profundidade da história criada e existem pesquisadores que buscam a verdade de fato e enfrentam a oposição da atual teocracia Judaica. É evidente que a Bíblia conta um romance histórico interessante, mas apenas isso, um romance mitológico.

O modelo religioso monoteísta, tão aclamado como superior, é apenas isso o que estou descrevendo, uma criação humana feita por sacerdotes que retornaram da Babilônia com uma nova religião e uma proposta de um estado teocrático mais profundo do que o próprio estado persa. O monoteísmo não é uma herança de deus para nós.

Observem que o Zoroastrismo, apesar de sua riqueza teológica que o fez influenciar fortemente o Judaísmo e o Cristianismo e antes disso o Maniqueísmo e o mitraísmo, tinha através da monolatria um foco em controle social pelo estado. No modelo monolátrico do Zoroastrismo os Persas absorviam as religiões do povo conquistado, as divindades continuavam a existir e serem citadas pelo povo, mas, não recebiam mais culto. As divindades do povo conquistado passavam a ser subordinadas ao seu deus Ahura Mazda que é quem podia receber culto. A religião Persa tinha a inteligência de conviver e subordinar as demais religiões em um processo de dominação cultural.

Desta maneira, apesar de rica em teologia, o Zoroastrismo era formatado como uma religião de estado, uma extensão do poder do estado. Assim, junto com características teológicas bem interessantes, que possivelmente tiveram origem védica e isso o coloca como parte de uma raiz religiosa muito antiga e talvez até original na humanidade, ele serviu de inspiração para outras religiões que eu citei havia esse componente político.

Os sacerdotes judeus no exílio perceberam isso, principalmente que poderiam construir sua teocracia. Eles não necessitavam absorver outras religiões e povos porque eram um povo pequeno e limitado e, assim, evoluíram esse modelo mais radicalmente, criando assim o monoteísmo, eliminando, simplesmente, as demais divindades e assim ajustando a teologia para os seus propósitos teocráticos.

O melhor exemplo, o mais clássico, disso foi o monoteísmo ter sido adotado pelo Islã que é, basicamente, um movimento teocrático que seguiu mais intenso ainda esse modelo judaico de estabelecimento de uma religião monoteísta como base para um estado teocrático. No Islã o nível da invenção político-teológica é muito maior e o foco sempre foi o estado teocrático para controle político e social. O islã, na minha avaliação é um escândalo como religião, uma apropriação do cristianismo da pior forma possível.

O monoteísmo pode ser muito bem descrito assim, pela sua origem humana e a forma como se expandiu no mundo, pela força, pela imposição e pela espada, através dos cristãos e Muçulmanos.

Ele nunca foi um modelo natural de religião. É uma invenção. As manifestações naturais e espontâneas de religiões, em todo o mundo e em toda a história, sempre geraram henoteísmos ou no máximo monolatrias. A razão disso é porque pessoas humanas sempre refletem a própria sociedade que elas conhecem nos modelos religiosos.

Isso não é um processo de criar deus à sua semelhança, como muitos críticos às religiões fazem. Nós, como criação de deus, já somos a sua semelhança e é natural espelharmos deus no que somos.

O monoteísmo nunca existiu naturalmente, foi criado pelos sacerdotes do templo. Ele reflete um modelo teológico impossível.

A impossibilidade teológica é mostrada pelo catolicismo que para poder se expandir pegou esse modelo e evoluiu ele para um outro formato, uma forma mais natural, um formato henoteísta. Os católicos disfarçam com dogmas e teologias ruins o seu henoteísmo como sendo um monoteísmo.

Os protestantes, por sua vez, fizeram um trabalho muito ruim. Eles se aproveitaram de todo o legado católico e voltaram ao monoteísmo que como eu disse não é nada sagrado e não representa a forma como as pessoas olham deus de forma natural. Eles transformaram um livro mitológico em uma peça central na religião e colocaram na cabeça de cada pessoa a sua interpretação.

Observem a história, tanto Lutero como Calvino usaram a religião para controle social. A conversão do catolicismo para o monoteísmo protestante teve essa finalidade e mostra mais uma vez a única utilidade desse modelo.

A dispersão da interpretação da Bíblia por todas as pessoas e a perda do sacerdócio era apenas a necessidade de deslegitimar a autoridade católica.

Assim não existe nada de “certo” ou “superior” no monoteísmo, pelo contrário.

Para encerrar e depois dessa avalanche de informações, o que eu afirmo é que quando olhamos a história reconstituída e fatos já documentados, vemos que o monoteísmo que você conhece e que é trombeteado por essas mesmas religiões como sendo a única e legítima manifestação de deus junto a nós é, na verdade uma criação forçada com objetivo político-teológico.

Toda religião é uma criação humana. Ninguém pode ter dúvida disso. Por essa razão é que teremos religiões ruins e boas. Ser boa ou ruim não está ligado a deus, está ligado a sua criação humana.

O monoteísmo gera uma teologia ruim, mal feita, com pontas abertas e dogmas idiotas. Não é uma forma melhor ou superior de ver deus. A única coisa que ele promove é o controle social e isso é uma verdade por várias evidências. O motivo inicial é que foi para isso que ele foi criado pelo templo de Jerusalém. As evidências são a história de dominação e submissão que ele promoveu na sociedade.

Eu não me estendo falando do judaísmo porque não tenho a propriedade para isso, mas, na minha visão os ortodoxos são os que seguem a linha do templo de jerusalém. O judeus cabalistas, mais abertos a toda a sua tradição pré-exílio e que recuperam teologias banidas me parecem ser aqueles mais fáceis de serem aceitos entendidos.

O catolicismo é muito criticado por todos, mas, quando se examina a história real, observa-se que a igreja de Roma é diferente do que falam dela. O que se fala mal da igreja de Roma é apenas propaganda protestante e são atribuídas culpas que ela não têm.

Os católicos, na verdade, são basicamente henoteístas e trouxeram a filosofia de Aristóteles e Platão com o conceito de alma e um entendimento racional de deus para a teologia. Lembro que a filosofia grega é resultado do conhecimento egípcio e assim os gregos são uma herança ou continuidade dessa fonte de conhecimento. Além disso a própria religião grega e seus mitos influenciaram o cristianismo.

Os protestantes são um desvio dessa linha. Eles rejeitam a filosofia grega e aderem a uma corrente muito pobre que é o nominalismo. O debate filosofia x nominalismo é bastante atual e reflete bem o que os protestantes fizeram com a teologia. Veja que padres católicos precisam ser formados em filosofia, mas, pastores protestantes não tem esse requerimento, basta eles lerem a Bíblia. Só esse parágrafo daria um longo debate.

Além disso o Maniqueísmo influenciou tremendamente o cristianismo. Haviam os chamados cristãos maniqueístas que foram os perseguidos pelo império romano porque representavam a cultura persa. Nem todos cristãos eram perseguidos pelos romanos, os cristãos maniqueístas eram perseguidos porque, de alguma forma, representavam a Pérsia um grande inimigo de Roma. Agostinho de Ipona, o santo Agostinho, era Maniqueísta, depois cristão maniqueísta e por fim católico.

O Maniqueísmo é derivado do Zoroastrismo que era monólatra e tem origem formal no século VI AEC mas suas raízes são anteriores ao século X AEC, sendo relacionado aos Vedas a aos povos proto-indo-arianos. Estamos falando dos povos precursores da humanidade.

O Zoroastrismo já era monólatra e desenvolvia uma teologia de alto nível enquanto os judeus vivam nos campos, eram politeístas e sacrificavam crianças a Yaveh.

O que prejudicou o catolicismo, na minha opinião, foi eles terem se ligado tão fortemente a judaísmo, em uma relação de amor e ódio. O catolicismo que conquistou o mundo e o coração das pessoas surgiu com Jesus e as pessoas que adotaram essa religião não precisavam do judaísmo ou da Torat para nada. Bastava seguirem a teologia desenvolvida a partir de Jesus.

Isso poderia ter um longo debate também. O cristianismo que conquistou o mundo através do coração e mentes das pessoas, não foi o cristianismo que ser formou pela auto-proclamada ortodoxia cristã, a patrística. Essa auto-proclamada ortodoxia se apropriou das vitórias e esforço de pessoas que não estavam alinhadas com essa teologia judaico-cristã e sim a uma teologia de Jesus.

Eu lamento se no objetivo de encerrar esse tema acabei inserindo muito mais informação, mas, são fatos e história que as pessoas desconhecem.

O que estou tentando trazer a tona é que não existe nada de errado em monolatrias ou henoteísmo. Religiões assim podem representar muito bem deus e nossa relação com ele. O monoteísmo por seu lado é deletério. Não é resultado do fluxo natural da religião que representa deus, ele agride essa relação.

O monoteísmo foi criado para controlar pessoas através da religião e é isso que a história registra, sua imposição através da força, da opressão e da violência. O Islã é o melhor exemplo da continuidade dessas ações hoje. Basta olha para o Islã e ver o que o monoteísmo realmente representa.

Assim o objetivo aqui é abrir os olhos do leitor sobre essa necessidade de monoteístas continuamente se afirmarem como sendo os únicos certos, como sendo reflexo da verdade, como sendo a representação real de deus. Essa necessidade imperiosa de afirmação é parte do processo de controle social através da verdade e não é um processo religioso de deus. Como expliquei, esse não é o caminho do deus supremo. O deus supremo nos dá opções, nos dá liberdade, está focado no objetivo final e não no meio de atingir isso. O monoteísmo leva ou orienta as pessoas a dominarem o discurso teológico e principalmente de negarem o discurso teológico paralelo.

Como expliquei, monoteístas não aceitam outra visão de deus e do supernatural que não seja a deles porque eles não estão interessados em deus. Eles querem é o controle social, um reflexo ampliado do que o templo de Jerusalém fez, o monoteísmo é o ovo da serpente.

A reforma protestante, sem nenhuma dúvida, é um processo deletério em cima de uma boa religião que é o catolicismo. Essa é minha avaliação. Não sou cristão e assim olho tanto o catolicismo como o protestantismo com o mesmo olhar. O catolicismo representa a religião que venceu todas as dificuldades e que prosperou no caminho aberto por deus, através dos impérios macedônico, romano e persa para ele prosperar. Esses 3 impérios pavimentaram o caminho para existir uma religião ampla e universal. Mas o crescimento do catolicismo foi natural, não foi Roma que o edificou, foram pessoas e comunidades que acreditaram no conteúdo e força da mensagem. Roma se apropriou desse trabalho e edificou uma instituição de 2000 anos.

Tenho restrições a parte de sua teologia e sobre isso vou comentar em outro capítulo, mas, sem dúvida o catolicismo é a recuperação do modelo henoteísta. O protestantismo é a percepção disso e a retomada do controle pelo modelo monoteísta. Os precursores do protestantismo, Calvino e Lutero, tinham apenas isso em sua mente, o controle da sociedade. Não vou recuperar essa história aqui, não cabe, mas posso rapidamente dizer que Lutero uso a religião para conquistar o poder se associou com o estado alemão e impôs o seu monoteísmo protestante da mesma forma como os sacerdotes do templo de jerusalém o fizeram, perseguindo e proibindo a prática do catolicismo. Calvino fez o mesmo a partir de Genebra, controlando a população através da religião.

Um outro exemplo desse processo deletério é o Islã que também se aproveitou do catolicismo, estabeleceu um monoteísmo mais radical ainda, criando textos do nada e uma história que só existe em livros. As críticas que fiz aos judeus e a Bíblia são infantis se comparadas com o que o o Islã fez.

Dessa forma temos um braço obscuro e negro do monoteísmo se espalhando pelo mundo através do protestantismo e do Islã. Ambos igualmente ruins e hoje representam uns 35% da população do mundo, superando o catolicismo. Eu não gosto da teologia católica, tenho uma outra visão de deus através de Ifá, mas, eu acho muito complicado as pessoas serem da religião de Orixá (Òrìṣà). Eu recomendo a todos que deem valor ao catolicismo como um escolha religiosa.

Após essa longa explicação de que o monoteísmo não é uma inspiração divina e sim uma criação humana para exercer o controle social da população, que foi criado por conveniência dos sacerdotes do templo de Jerusalém que retornaram do exílio para retomar o controle da Judéia, eu levanto a seguinte questão: O que incomoda nas pessoas o henoteísmo? O que incomoda existirem muitas divindades?

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