Pesquisar este blog

quarta-feira, março 20, 2019

O Candomblé e a matriz religiosa afro-brasileira

O Candomblé e a matriz religiosa afro-brasileira

Esse blog fala de Candomblé e Ifá mas existe um tema importante que é o que esta além do Candomblé no Brasil.
O candomblé, como já é extensivamente explicado em outro texto deste BLOG, é o culto de Orixá (òrìṣà) no Brasil. Ele é composto, na verdade não por uma unidade, mas sim por vários cultos distintos e estes tem raízes religiosas bem diferentes, isto é, cultos que representam matrizes religiosas originais distintas e por esta razão não deveriam ser nomeados juntos. Mas, aqui no Brasil, essa diversidade religiosa afro-brasileira recebeu o nome comum de “Candomblé”.
É importante estar atento para o fato de que nem tudo que faz parte da dita matriz religiosa afro-brasileira é Candomblé.
A matriz afro-brasileira é bem maior do que o Candomblé, que é apenas o mais conhecido em grandes centros do sudeste. Existem outros cultos afro-brasileiros como o Batuque, o Tambor da mina, o Chambá e o Xangô (ou Nagô) que não ficam debaixo do mesmo guarda-chuva chamado de Candomblé.
Eu já abordei com detalhes esta diversidade religiosa afro-brasileira em outro texto, como já citei, recomendo que este texto seja lido para que as pessoas que não tem intimidade ou conhecimento deste contexto religioso possam entender isso.
Eu, aqui no Blog, me foco na teologia religiosa do Candomblé, esse é um Blog voltado para isso, para teologia e especificamente, dentro do Candomblé, para a teologia Yorùbá. Neste sentido o meu foco é a religião Yorùbá e não a religião do Dahomey, do grupo Jeje.
Vamos de novo, como eu já citei, Candomblé é uma denominação bem genérica para coisas que podem ser diferentes, parecem iguais, são todas afro-brasileira, mas, em termos de religião representam coisas distintas.
Eu, em meus textos, quando falo de Candomblé me refiro sempre ao conjunto de cultos ligados a religião Yorùbá (culto de orixá (òrìṣà) e Ifá). É muito comum eu trazer aqui visões novas para temas que já são conhecidos por pessoas do Candomblé, muitas pessoas, por pertencerem ao Candomblé, já tem um conhecimento ou mesmo nada sabem do que eu trato, isso é natural.
O que as pessoas do Candomblé tem que compreender é que se a casa a que elas pertencem esta ligada a raiz religiosa Yorùbá, como as casas de Ketu, Efon, Ijexá, por exemplo, então, o que eu estou falando é algo que elas devem prestar atenção.
Se elas pertencem a raiz religiosa Jeje então nada aqui se aplica a eles, podem ler como curiosidade, mas não é a religião deles.
O meu contexto religioso para o Candomblé, contempla 2 grupos religiosos bem distintos e fortes, o grupo Yorùbá e o grupo Jeje. O outro grupo, muito citado por ai, é uma mistura de coisas desses 2 com coisas de bantu e desconheço qualquer referência que legitime eles como uma tradição religiosa bantu, são apenas uma colagem, essa é minha visão após anos de convivência.
Esta é a razão de eu ter que mencionar essa diversidade. Como a palavra Candomblé designa coisas diferentes, muitas pessoas podem não entender ou saber disso e podem também estar ligados a cultos que não tenham ligação com a religião Yorùbá.
Assim, aqui o tema é a religião do grupo Yorùbá, mas atenção, como já disse isso não define a matriz afro-brasileira que é bem maior. Nosso país é muito grande mesmo.
Não posso deixar de mencionar a Umbanda como um destaque, visto que sua popularidade a torna referência para muitas pessoas que conhecem a Umbanda e não conhecem o Candomblé.
A Umbanda é uma religião brasileira, ela não faz parte do contexto afro-brasileiro. Essa não é apenas uma afirmação minha é a história da Umbanda que mostra isso e qualquer pessoa que conheça o assunto sabe disso.
A Umbanda é altamente sincrética e com o passar de muitos anos ela absorveu alguns cultos afros que acabaram desaparecendo. Todo o grupo Bantu que promovia a Quimbanda ou a Macumba acabou, sua prática foi superada pela Umbanda.
Esse grupo Bantu, de origem africana, não fazia parte da matriz religiosa Yoruba-jeje, era um grupo distinto, de prática religiosa bem pobre e objetiva voltada para a troca de favores e mercantilização desta atividade eram os feiticeiros. Uma parte se travestiu de culto de Orixá (Òrìṣà) e virou o Omolokô. Outro, a maioria se transformou em casas de Umbanda, assim se autodeclarando.
Foi esse grupo que ao ser duramente digerido pela Umbanda trouxe a africanização do formato da Umbanda e essa africanização estética faz as pessoas pensarem que a Umbanda seja parte do contexto afro-brasileiro. Não é, mesmo tendo incorporado alguns elementos africanos, como os tambores, a Umbanda é um culto e religião distinta e brasileira.

Por que um oráculo é necessário em uma religião?

Por que um oráculo é necessário em uma religião?


Por que um Oráculo é importante?

No caso da religião yorùbá, a importância disso é teológica e envolve um evento supremo. De acordo com a teologia da religião Yorùbá, é Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) a única divindade que compartilha junto a Olódùmarè o destino de cada pessoa. Cada pessoa antes de nascer, vai a Olódùmarè pedir o seu destino, na verdade estabelecer com ele o que ela vai fazer na vida, que objetivos vai buscar. Este momento no qual cada pessoa no mundo espiritual, no órun (Ọ̀rún), tem contato direto com Olódùmarè, se ajoelhando à sua frente é único e especial. Em nenhum outro momento temos acesso a Olódùmarè. Mais ainda, nenhuma divindade, exceto Exu (èṣù) e Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà) tem acesso a Olódùmarè, mas, nós, nesse momento único e especial nos prostramos diante dele para pedir a ele nosso destino.
Este é o sentido desta divindade em especial, Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà) e não outra, estar ligado ao oráculo e sendo ele conhecedor do destino das pessoas. É esse evento que torna relevante um oráculo através de Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà) de um outro que seja através de outra divindade, outro orixá (òrìṣà).
Muita atenção nisso, aqui esta a razão teológica desta discussão.
Nessas informações que passei está o motivo teológico da existência do oráculo nesta religião (talvez em qualquer outra religião). O oráculo é o suporte que Olódùmarè dá a cada pessoa, através da religião, para que ela tenha sucesso na vida, a vida que ela pediu a Olódùmarè.
Olódùmarè, o deus, a divindade suprema, nos concede a vida e junto com isso todo o suporte para que tenhamos sucesso nela. Junto com a presença dos orixá (òrìṣà), cujo sentido é nos suportar na nossa vida, o oráculo é o instrumento divino que devemos usar quando precisamos de ajuda.
O oráculo na religião é a forma que os crentes têm para se comunicar com deus, diretamente ou através de seus representantes. O oráculo é sempre um instrumento de ligação e comunicação entre o mundo natural e o supernatural, entre o homem e o divino. Através dele, comunicamos nossos problemas insolúveis e buscamos a ajuda do divino, de deus, para seguirmos nossa vida aqui na terra, no àiyé.
Nesta religião quando rezamos a deus ou quando o procuramos, a resposta de deus não é o silêncio. Nossas preces são atendidas pela presença dos Orixá (òrìṣà), os ministros de Olódùmarè no àiyé e pelas mensagens que obtemos do oráculo. Deus fala com a gente.
O Candomblé não trata apenas com fiéis ou frequentadores. Existe uma legião de pessoas, consulentes que o procuram para resolver seus problemas de vida sem que pertençam ou queiram pertencer ao Candomblé e a religião de orixá (Òrìṣà).
O Babalorixá ( Bàbálórìṣà) e a Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) atendem esses consulentes não apenas por questões comerciais, para ganhar dinheiro. Atendem porque faz parte dessa religião ajudar a todas as pessoas a atingirem os seus objetivos. Existe um compromisso de deus, Olódùmarè, em termos sucesso na vida, principalmente em sermos felizes, como explicado anteriormente e assim, o sacerdote da religião deve ajudar a todos que o procuram.
Olódùmarè assiste a todas a pessoas. Deus é único ele não faz distinção. Não existe nesta religião a figura de um deus raivoso e vingativo que escolhe um único povo como seu preferido e passa por cima dos demais.
A questão comercial no Candomblé envolve o que o sacerdote vai cobrar, se vai cobrar e quanto vai cobrar por isso.
Existe um outro uso do oráculo e que envolve questões teológicas da casa e dos membros, mas esse é um uso específico e menor considerando o atendimento a consulentes.
Esta é a razão pela qual o oráculo é extremamente importante no Candomblé e porque a questão da ligação do Jogo de Búzios com Ifá, está no núcleo dessa discussão teológica que estou trazendo. O conflito entre o sacerdote do culto de orixá (Òrìṣà) e o de Ifá é um aspecto colateral mas bem vivo no contexto.
Talvez para muitos que estão lendo eu esteja trazendo uma questão inexistente ou trazendo uma dúvida que não existe para elas e também, por esta razão, não deveria existir para mim. Contudo, sim, ela existe, a questão é importante e é este ponto de vista teológico, a representatividade do oráculo do Jogo de Búzios na religião do Candomblé, que eu estou trazendo a tona.
O Jogo de Búzios é um instrumento de comunicação com os Orixá (òrìṣà) ou é também um instrumento de comunicação com Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà)? Isso faz uma grande diferença teológica e prática.
Os Babalorixás (Bàbálòrìṣà) e Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) sempre disseram que seu oráculo era Ifá, sempre referenciaram o seu Jogo de Búzios como Ifá, mas, isso é o que eles falavam sozinhos, sem ter ninguém para os contestar ou questionar. Certamente o nível de conhecimento que eles tinham da religião os levava a afirmar isso.
Com a chegada no Brasil, em quantidade, de Bàbáláwos vindos de Cuba, Nigéria e Benin, eles trouxeram o culto de Ifá original e, o que se viu, foi uma enorme distância entre o que se dizia aqui no Candomblé que era oráculo, Ifá, itan e Odù com o que esses representantes do culto original de Ifá mostravam que ele de fato era. Tudo era diferente. O oráculo era feito de outra forma e com outros instrumentos, os versos de Ifá eram totalmente diferentes e tinham pouco ou nenhuma relação com os ditos itans de Ifá que são contados no Candomblé.
Com certeza esse choque de realidade não foi percebido por todos, mas, muitos observaram isso. Se não fosse isso, porque a multidão de Babalorixás (Bàbálòrìṣà) e Iyalorixá (Ìyálòrìṣà) que procuraram os Bàbáláwo para se iniciarem em Ifá e, dessa forma, darem validade, ou mesmo entendimento e consistência, para sua prática oracular? Se não houvesse insegurança em relação ao uso ou desinformação sobre a religião isso não teria ocorrido, se os Babalorixá (Bàbálòrìṣà) tivesse certeza de que o seu oráculo de búzios também era Ifá eles não tinham que procurar um Bàbáláwo. Mas procuraram, aos montes, repito, seja para terem um título de iniciado como o de aprenderem o que não sabiam, e acharam que poderiam obter dessas pessoas.
Para finalizar, a grande diferença de um Oráculo de búzios e Ifá é a questão de Órunmilá (Ọ̀rúnmìlà), ele fala através dos ikins e foi ele que estava junto de nós quando falamos com Olódùmarè, dessa forma, as questões mais profundas ligadas a nossa vida virão através desse oráculo.
As questões do dia a dia, que são resolvidas através dos Orixá (òrìṣà) podem ser melhor e eficientemente resolvidas em Jogos de Búzios. O jogo de búzios é o oráculo para tratar de coisas de Orixá (òrìṣà). Se você tem dúvida sobre sua vida religiosa, questões relativas a liturgias ou sua formação sacerdotal isso será feito através do Jogo de Búzios de forma muito melhor e mais completa. Igualmente as questões do dia a dia, nossos problemas, vão ser sempre bem endereçadas pelos Búzios. Ifá de ajuda em questões mais profundas e muito mais difíceis.
Não estou dizendo que você não possa ir a Ifá para tratar de qualquer coisa, pode, mas para qualquer coisa perderá tempo, os Búzios são muito melhores.
Lembro a todos que o oráculo de Búzios através de Oxun é o que tem ligação com Ifá.


domingo, março 10, 2019

LIVROS SOBRE A SOCIEDADE YORUBA

LIVROS SOBRE A SOCIEDADE YORUBA

Junto com o livro sobre a religião, é importante ao Bàbáláwo entender como funciona a sociedade e seus valores. Sem um entendimento mínimo sobre isso fica muito difícil entender a própria religião.
Os livros a seguir abordam a sociedade. É preciso ler, pensar e entender, não é tarefa fácil assim como não é fácil ser um Bàbáláwo. Você não pode ser burro e nem preguiçoso para ser um Bàbáláwo.
The Gelede Spectacle Babatunde Lawal Inglêsuniversity of Washington press

Maravilhosa obra de Lawal. Conheci ele pessoalmento no Rio e é uma pessoa com muita energia. Seus livros esnobam qualidade.
Esse livro fala sobre o culto de Gelede, mas, para isso aborda de forma ampla a cultura oral relacionada ao tema, passando por aspectos muito importantes da sociedade. Não é possível entender Gelede sem enteder de forma ampla a sociedade Yorùbá.
TEM QUE TER.
Visions of Africa – Inglês – babatunde Lawal – 5 continents
Lawal desfila sobre a arte e estética yorùbá, que são suas especialidades e discorre sobre a sociedade e a religião. Vale a pena ter..
African Cosmos – Stellar arts – The Monacelli press
Um livro grande e grosso com muitas fotos.
Fala sobre a África e não somente sobre os Yorùbá. São textos selecionados, no caso Yorùbá 2 autores fabulosos, Babatunde Lawal e Suzanne Preston.
African Vodun – Suzanne Preston – University of Chicago press
Preston é o equivalente para os Vodun de Lawal para Orixá. É um livro sobre arte que desfila a religião e se transformou em uma referência do tema.

LIVROS SOBRE A RELIGIÃO YORÙBÁ

LIVROS SOBRE A RELIGIÃO YORÙBÁ

Esta é a lista de recomendações de livros sobre a religião Yorùbá.
Conforme já manifestei minha opinião é muito limitada a atuação de um Bàbáláwo que não tem conhecimento da teologia e teogonia. Não é uma questão de cultura, é uma questão de faltar conhecimento para indicar o que fazer.
No que pese existirem aos montes pessoas que se focam nos tratados e nos ebó, isso é uma manifestação incompleta da religião. Isso é uma manifestação de adivinhos, curandeiros, feiticeiros e macumbeiros.
Em relação a sociedade Yorùbá é necessário entender alguns conceitos e hábitos deles para poder entender a religião. Não se esforcem para copiar a cultura jamais vão conseguir, aliás jamais falem em cultura africana, o máximo que a gente consegue e recriar aqui a religião deles, jamais, vamos absorver qualquer cultura.
Se alguém quiser perguntar sobre um livro específico, coloque nos comentários ou mande e-mail.
Yorùbá beliefs & sacrificial rites omosade awolaluInglêsAthelia Henrietta

A editora Athelia Henrietta que fica em New York, foi a primeira a ter um ctálogo de livros africanos. Cheguei uma vez a falar com eles atrás de um livro.
Este livro é um clássico, referência obrigatória.
Os textos e teses do livro vão aparecer igual em vários outros livros. É curioso isso nos livros antigos, ele tem uma base comum e todo mundo copiou.
TEM QUE TER.
Orun Aiye – josé Beniste – Português – Bertrand
José Beniste, pesquisador e Ogan do Apo Afonja, autor de diversos livros sobre Candomblé e de um dicionário maravilhoso, fez uma obra brilhante. É uma versão em português dos primeiros livros sobre a religião africana. TEM QUE TER.
Os nago e a morte – Juana Elbein – Editora Vozes
Um dos mais tradicionais livros do Candomblé, muito falado e comentado e pouco lido na sua integralidade.
Juana não fez um livro fácil de ler, obra de antropólogo. No meio acadêmico ela conta com uma legião de críticos devido a ela ter se envolvido em discussão com o Verger, que não era antropólogo, mas gozava de respeito no Brasil.
Juana cometeu o sacrilégio de comentar, inferir e analisar, ela gerou conhecimento e interpretações em vez de apenas relatar o que via. Ela se envolveu no tema.
Mas depois tudo quanto é antropólogo acabaram também se envolvendo com o Candomblé. Ela tinha uma personalidade muito forte e com isso acumulou críticas.
Eu gosto do livro. Tem sim que fazer um filtro, ela interpreta demais, mas, é bastante útil. TEM QUE TER.
O Duplo e a metamorfose – Monique Augras – Português – Editora Vozes
Outra obra de referência no Candomblé. Não é tão conhecido como o livro da Juana mas é uma referência importante. TEM QUE TER.
Olodumare God in Yorùbá Belief – Bolaki Idowu – Inglês – Longmans
Outro clássico absoluto.
Ha uns 10 anos começou a ser criticado pela turma do Abimbolá que queria que Orunmila fosse o deus maior.
Esse é um livro importante e cujo conteúdo será últil para todos, é da mesma geração dos primeiros livros e tem as mesmas ideias que serão encontrados e outros livros. TEM QUE TER.
African Traditional Religion – Bolaji Idowu – Inglês – Orbis Books
Continuação da obra anterior. Um livro complicado de ler mas muito útil.
A seguir vou listar livros importantes por autor. John Mbiti junto com Idowu procuraram ver a religião africana como uma manifestação comum e não apenas como cultos independentes. Dessa forma eles não se contiveram apenas no Yorùbá.
O fato é que religião yorùbá é muito forte e consistente e influenciou através de ciclos migratórios vários outros povos que absorveram e internalizaram à sua maneira a teologia. Mbiti e Idowu tinham essa visão de conjunto e escreviam sobre a Religião Africana.
Geoffrey Parrinder se dedicou a estudar e escrever sobre vários povos.
Livros de Mbiti:
Introdution to African Religion
African religion and Philosophy
Livros de Parrinder
Faith Fancies & fetich or Yorùbá Paganism
African Traditional Religions
West African Religion
Todos esses livros valem a pena. A questão é que vão gastar um bom dinheiro para degraus de conhecimento.
Seguindo essa mesma linha alguns novos autores escreveram sobre o tema:
African Cosmo – Noel Q King
African Religion moral traditions of abundant life – Laurenti Magesa
African traditional religions in contemporary society – Jacob Olupona – New books


Muitos querem aprender Ifá ou sobre Ifá, outros querem aprender sobre Orixá (Òrìṣà) e para isso buscam livros, o que é natural. Existem várias opções de livros sobre esses temas e neste texto vou falar sobre os que tenho e conheço. O objetivo e ajudar vocês na seleção evitando aprenderem coisas ruins e jogarem dinheiro fora. Claro, isso, com tudo o que eu escrevo é a minha opinião sobre o tema. Opinião todo mundo tem uma, essa aqui e a minha.
Antes de iniciar as listas preciso falar algumas coisas.
Ler livros é muito bom, vai trazer mais rapidamente conhecimento para você. Se for um bom livro conhecimento de qualidade. Ficar esperando alguém te ensinar poder resolver mas demora muito tempo. Antigamente, sem livros, era assim, você dependia de alguém te contar alguma coisa e o conhecimento levava dezenas de anos para ser adquirido.
Por volta da décad de 90, do século passado (adoro falar assim…) os brasileiros começaram a a saber que existiam livros sobre a religião. Isso ocorreu com a vinda de nigerianos ao Brasil para ensinar yorùbá, mas, essa história, que já está pronta, será explicada em outro texto que eu vou publicar.
Com a chegada dos livros feitos por pesquisadores e antropólogos estrangeiros, livros em inglês ou francês, os brasileiros tomaram conhecimento de uma outra possibilidade de aprender sem depender do conta gotas dos dirigentes.
Por muitos anos houve (talves ainda exista) um preconceito sobre o conhecimento da religião em livros. Não havia razão para isso, um livro não substitui o aprendizado prático, mas as pessoas sempre temeram muito o conhecimento. Assim elas não liam os livros porque não tinham acesso, vontade ou capacidade e por isso os temiam.
Eu passei por isso, as pessoas no Candomblé tinham muito preconceito com a entrada de pessoas que tinha educação formal, que liam e escreviam, mais ainda se tivesse curso superior. A ignorância dominava o meio e essas pessoas muitos simples tinham (ainda têm) problemas sérios de auto-estima, elas não se valorizavam de modo que a entrada de uma pessoa com educação formal no Candomblé sempre foi muito complicada. Nós eramos o inimigo futuro.
O tempo ajuda a apagar isso, seja porque as pessoas se acostumam ou porque morrem mesmo. A geração se vai e cada nova geração tem mais instrução média superior a anterior.
Hoje em dia os livros, ao lado de blogs, youtube e redes sociais substituem anos e anos necessários para conhecer pessoas e falar sobre a religião. Isso tudo é um atalho enorme no absurdo período de convivência que você tinha que buscar.
Dessa forma tudo isso melhorou a formação das pessoas.
A primeira e mais fabulosa ferramenta de aprendizado foram os grupos de discussão do Yahoo, as listas de distribuição de e-mails, que antecederam as comunidades do Orkut.
Os grupos do Yahoo foram fabulosos para reunir pessoas e adquirir conhecimento. Claro, tinham grupos bons e ruins, mas ter grupos para discutir Candomblé foi uma enorme quebra de paradigma. Eles permitam conhecer um enorme volume de gente e ter acesso a essas pessoas. Circulos de amizade se estabeleceram e em meses você adquiria conhecimentos e amizades que as pessoas tradicionais levariam uma vida.
As comunidades do Orkut sucederam os grupos do Yahoo e continuaram a aumentar a abrangência e a temática.
Esse processo continua até hoje, agora com as plataformas digitais privadas, onde você paga para ter aula sobre alguma coisa.
Apesar disso é importante que todos entendam que, não vai se tornar sacerdotes lendo livros ou vídeos. Os livros adicionam conhecimento complementar.
O problema de hoje é o mesmo de ontem. Qualidade. Continua sendo a mesma coisa, você vai encontrar gente ruim e sem conhecimento, vai encontrar conhecimento ruim, falso e errado e etc… Apenas aumentou a velocidade.
Nunca acredite na primeira coisa que leu assim como a gente nunca devia acreditar na primeira coisa que houve, só idiotas fazem assim.
Todas as pessoas que eram de Candomblé como eu e também pesquisavam e aprendiam em livro, a maior parte dela pesquisadores e antropólogos, dizia a mesma coisa. Não se aprende nenhuma liturgia em livro e livro não interfere em nada na formação de ninguém. Livro adiciona conhecimento que levaria anos demais para ter.
Eu acredito que hoje em dia livro está fora de moda, o que já foi uma febre foi substituído por plataformas digitais, mas, para aqueles que ainda querem ganhar conhecimento de forma consistente, livros ainda são a melhor opção.
Se você pretende ser um Bàbáláwo tem que ter conhecimento adicional da religião. O mesmo vale para os Babalorixá (Bàbálórìṣà) e Iyalorixá (Ìyálòrìṣà). Eu já fui de Candomblé e sou agora de Ifá, minha opinião é que o Bàbáláwo tem obrigação de conhecer muito mais sobre a religião do que os sacerdotes do Orixá (Òrìṣà). Estes últimos precisam conhecer a religião, mas, espera-se muito mais do Bàbáláwo. Observe, a responsabilidade e atribuições dos sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) é muito mais complicada do que a do Bàbáláwo, de forma que este último tem que ter o papel de conhecedor da teologia.
Já expressei essa minha opinião diversas vezes em meus textos e volto a dizer isso. Eu passei muitos anos em Candomblé, o suficiente para aprender muito, lembrando que uma coisa é aprender e outra é a repetição do aprendizado. Claro que não sei tudo, teria que ter ficado muitos anos a mais para ter a oportunidade de aprender de fato o Candomblé, mas, o que aprendi foi suficiente para eu afirmar para vocês que a carga de trabalho e responsabilidades de um sacerdote de Orixá (Òrìṣà) é muito maior do que a de um Bàbáláwo.
Repito, digo isso porque eu vivi isso.
Um Bàbáláwo não é melhor que um Babalorixá (Bàbálórìṣà). Não é superior e não é mais importante. O sacerdote de Orixá (Òrìṣà) tem muito mais responsabilidade e trabalho, previsa aprender muito mais coisas, uma vida é pouco.
Assim, cabe ao Bàbáláwo se dedicar ao que tem que fazer que é o oráculo de Ifá e a orientar a vida das pessoas. Um dia os sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) vão entender o papel do Bàbáláwo e poderão se beneficiar disso, mas ainda vai demorar. Infelizmente essa impossibilidade de convivência atual determinou minha saída do Candomblé, se não fosse isso ainda estaria lá até hoje.
Junto coma dedicação ao oráculo de Ifá o Bàbáláwo tem que aprender sobre a teologia e teogonia da religião.
Vou dizer agora, finalmente, o que preparei através dessas longas linhas.
Não é possível ao Bàbáláwo fazer um trabalho decente, aceitável, limpo e positivo se ele não conhecer profundamente a religião, a teologia e os mitos. Mais ainda, é impossível ele trabalhar sem um conhecimento profundo de ervas.
Essa conversa de Bàbáláwo que se inicia sem saber nada profundamente ou sem saber nada mesmo e decora os tratados cubanos e usa isso para interpretar Ifá para os consulentes é, real, mas, é incompleto.
Isso nivela um Bàbáláwo a um olhador de Búzios. Com sinceridade, entre ir a Ifá para consultar com uma pessoa que decorou os tratados e ir a um jogo de búzios ou cartas, eu acho melhor ir no jogo de búzios e cartas, vai te falar mais, basta escolher um bom olhador.
Ifá não é ebó. O mais importante na consulta é a conversa com o Bàbáláwo.
Por essa razão é que os livros são importantes.
Encerrando minha longa preleção, vocês vão notar que na minha lista não tem livro de cubanos. Eu tenho muitos livros de cubanos e por isso mesmo é que posso afirmar que não valem ser comprados.
Tem umas exceções, alguns temas vão ter alguns autores, mas o entendimento cubano da religião é muito ruim, assim como o entendimento deles de Orixá (Òrìṣà) é horrível. Eles inventaram uma religião deles.


LIVROS SOBRE IFÁ

LIVROS SOBRE IFÁ


Muitos querem aprender Ifá ou sobre Ifá.

Eu posso dizer que a primeira coisa é bem mais difícil, a segunda mais fácil. Aprender Ifá significa entender o que é Ifá ou o que faz um Bàbáláwo. Eu vou explicar essas duas coisas em próximos textos.

Algumas pessoas que leem o Blog comentam para mim que acham muito difícil alguns temas, que entendem alguma coisa, etc. Eu me esforço para ser inteligível, aliás me esforço em 2 objetivos. O primeiro é ser claro, objetívo e inteligível. O segundo é apenas publicar informação de qualidade, conteúdo decente.

De fato, alguns temas são mais difíceis para algumas pessoas mas vocês devem considerar que um BLOG não é um curso, não em um objetivo didático. Eu escrevo sobre temas que despertam o meu interesse, temas que eu acho importante de serem tratados e procuro criar uma sequência nisso. Nem sempre dá para ser didático ou 100% acessível, afinal, tem assuntos que eu quero falar sobre.

Mas vamos a um desses pontos de interesse comum que é a literatura sobre Ifá. Os livros a seguir vão permitir você aprender sobre Ifá. Eles também, como o meu BLOG, não tem uma abordagem didática sequencial, eles tem valor por aspectos diversos que eu explicarei. Contudo, podem acreditar que esta é a seleção mais decente de livros sobre Ifá que vocês vão encontrar.

Alerto que quem quer aprender Ifá deve esquecer os livros cubanos. Não tem nada que preste. Os pataki são uma péssima fonte e a abordagem de orixá dos cubanos é confusa e representa uma religião que eles criaram para eles. Não joguem dinheiro fora.

Ifá O orixá do destino – Ivan H. Costa – Português – Editora Icone


Certamente o melhor livro sobre Ifá em português que vocês vão encontrar. Não está mais sendo editado e só vão encontrar em sebos.

Ser o melhor livro de Ifá em português não significa ser o melhor livro de Ifá. Significa apenas isso, em português é o melhor livro de Ifá.

É conhecimento geral. Ele aborda várias coisas de Ifá, de história a técnicas de leitura de Odù. Nesse ponto ele é bastante heterogêneo, porque mistura conhecimento com técnica. As duas coisas dele são muito boas.

Eu iniciaria por esse livro.

Yorùbá Theology and Tradition – The worship – Ayo Salami – Inglês – edição do autor

Outra pérola. Em língua inglesa é o livro que eu recomendo para primeira leitura. A aquisição não é fácil, vocês devem procurar o autor.

Muito bom. Ele fala de Ifá e de religião Yorùbá. Passa por conceitos importantes da religião, fala de orixás e outras divindades, fala sobre Ifá através de versos, como deve ser feito.O livro tem muita informação, deve ser lido bem devagar e estudado.

Este é um dos que eu relaciono como TEM QUE LER.

Ifá The key to its understanding – Fásínà Fálàdé – Àrà Ifá Publishing

É um belo livro, com páginas de boa gramatura e capa dura. Ensina Ifá através dos versos. O livro aborda elementos de ifá, liturgias e conceitos usando a tradicional abordagem de mostrar o conhecimento em versos.

Deve ser caro dificil de encontrar, mas se quer aprender Ifá tem que ler esse livro. TEM QUE LER.

Ifá an exposition of Ifá literary corpus – Wande abimbola – Inglês – Athelia Henrietta

É um clássico. Abimbolá não é bom no ensino de técnicas de Ifá, essa não é a preocupação dele, mas, os livros dele contêm uma das melhores seleções de versos de Ifá. Nos livros dele a gente começa a entender os versos e seus significados. Ele explica religião através dos versos.

O livro explica o formato dos versos, como devemos ler e interpretar, como reconhecer bons versos e passa pelos temas mais importantes da religião através de versos. Esse livro não pode faltar a um Bàbáláwo. TEM QUE LER.

Ifá Divination – William Bascom – Inglês – Indiana University Press

Outro clássico. Muitos versos, mas, descolados das explicações. Diferente dos anteriores ele não associa as explicações aos versos. Ele explica as coisas de depois tem uma coleção de versos.

O Bascom é talvez o livro mais conhecido de todos. Ele é bom. Não é o melhor mas, sem dúvida, é muito bom.

The Healing Power of Sacrifice – Chief Priest Yemi Elebuibon – Inglês – Athelia Henrietta

É um livro pequeno, mas, muito bom. Infelizmente o autor é muito econômico nas explicações, mas, tem uma boa cobertura de temas, explicações de qualidade e versos.

Não pode faltar ao Bàbáláwo. Tem explicações e versos importantes para liturgias.

Ifism The complete Work of Orunmila – Osamaro Ibie – Inglês – Athelia Henrietta

Este livro fala sobre os 16 Odù Meji. Contudo traz no início explicações sobre a religião que são muito boas. Eu gosto muito dos livros do Ibie, tenho todos os publicados e são um conteúdo importante no entendimento da religião.

Recomendo todos os demais livros dele, desta coleção. São história de Ifá. Muita gente critica ele porque foi educado como critão, mas, naquela época para se ter educação era assim. Os livros deles são bons. TEM QUE TER.

Ifá a complete divination – Ayo Salami – Inglês – Nidd Pub.

Tem 2 versos para cada Odù. Não é para aprender Ifá, é para ter os versos de referência de cada Odù quando precisar rezar. TEM QUE TER.

The Holy Odù –Ftegbe Fatunmbi – Inglês – do autor.

Melhor referência para o Bàbáláwo. Melhor que qualquer tratado cubano. Fala sobre todos os Odù através de um texto curto, mas útil. Se tiver que carregar 2 livros para uma consulta leve esse e o do Salami. TEM QUE TER.

A exploration os Odù Ifá - Oyeku fun temple – Inglês – do autor.

Tem 4 versos para cada Odù. Complementa o entendimento os Odù. O problema é que os versos são muitos curtos e as vezes pouco inteligíveis. Esse livro usa mesmas fontos do Ayo Salami. Vale a pena ter.

Ifá Dida – Popoola – Inglês – Athelia Henrieta Press

Tem 16 versos para cada Odù. O filho do Popoola lançou o Dida Ifa com os Odù Meji, um livro gigantesto e reeditou o livro Practical Ifá Divination vol 3. do seu pai. A reedição ficou boa. Infelizmente não continuou a edição dos versos. TEM QUE TER.

Parctitioner`s Handbook for the Ifá Professional – Fama – Inglês – Ile Orunmila publications

Bem prático, aborda como se faz um ebó riru e outros versos para diversas finalidades. Vale a pena ter.

Sixteen Mythological stories of Ifá – Fama – Inglês – Ile Orunmila publications

Tem 16 versos de Odù de odus selecionados. Vale a pena ter,

Ifá divination poetry – wande abimbola - Inglês – Nok Pub

Tem 4 versos para cada Odù meji. Obra Interessante mas não essencial.

Iwe Odù Ifá – Ifayemi awopeju – Inglês – Ile Orunmila publications

Tem 4 versos para cada odù de Ogbe. São curtos e mal traduzidos para o inglês mas vale a pena ter.

Understanding Odù Ifá: Apola Ofun – Apena Fagbemijo – Inglês – Oyeku fun temple

Tem 6 versos curtos para ao Odù de Ofun. O título esta errado não é o apola de ofun, é apenas os odù de Ofun. São curtos, mas vale a pena ter.

The sixteen major odù Ifá from ile Ifé – adedoja aluko – Inglês – indigigenous faith of africa

Tem 16 versos de Odù para cade Meji. A tradução de yorùbá para inglês é pobre, vale a penas você mesmo traduzir. Mas vale a pena ter,

A recitation os Ifá, Oracle of the Yorùbá – Judith Gleason – Inglês – Grossman Publishers

Bom, nem todo muito gosta da Judith. Ela tem uma abordagem bem analítica do tema, meio matemática, mas, esse livro é bom. Não é excelente, mas tem alguns conhecimentos importantes.

Como em todo livro você deve saber que cada um tem alguma coisa importante para você. Todos tem um conhecimento bom e relevante em algum lugar. A gente tem que saber pescar isso.

Tem versos de ifá que são bons, meio complicados mas bons.

Sixteen Great Poems of Ifá – Wande Abimbola – Inglês – Unesco

Mais um clássico, eu diria que é um senhor clássico. São 16 poemas longos sobre temas escolhidos, foi o livro precursor do outro livro indicado nesta lista dele. Os versos são imperdíveis, se você conseguir comprar, compre.

Apetebi the wife of orunmila – Ifayemi Elebiubon –iNGLÊS - Athelia Henrieta Press

Livro bem pequeno. Reúne versos sobre a participação da mulher em Ifá. Fiz um texto no Blog sobre o tema. É cultura geral.

Yorùbá Rituals – Drewall – Inglês - Indiana University presságio

Drewall e Indiana University, dois indicadores de bons livros. Esse livro relata a convivência do Drewall com Bàbáláwo em diversos rituais, é importante para se conhecer a religião.

Yorùbá nine centuries os african art and thought – Drewall – Inglês - Harry N Abrams Pub.

mais um livro de Arte que traz informações valiosas sobre a religião. Drewall é garantia de qualidade.

Art and Oracle – Alisa la gamma – Inglês - Metropolitan Museum of art

Um daqueles livros sobre arte que trazem boas informações sobre a religião.

Odun Ifá Ifa festival – Dr. Abosede Emanuel – Inglês - west African book publisher limited

É um livro curioso, metade dele fala um pouco sobre Ifá e na outra metade descreve a uma cerimônia anual de um festival de Ifá. Não é um livro importante para se ter.

Awon Bàbáláwo orunmila Ifa ati won awo fun iye – Carlos José da Costa – Portugês - Edição própria

Acho que pouca gente vai ter acesso a esse livro, possivelmente só em sebo. É um livro médio. É bem estranho e tem muita informação pequena, mas tem versos de Ifá, tirados do Bascom. É muito voltado para o uso de búzios. Eu cheguei a falar uma vez com o autor.

The Sacred Ifá Oracle – Epega/Neimark - Inglês

NÃO COMPRE ESSE LIVRO. POPULAR MAS É UM LIXO

Ifa O senhor do destino – Fernandez Portugal Filho

NÃO COMPRE ESSE LIVRO.

Caminhos de Odù – Agenor Miranda Rocha

O livro foi feito pelo Prandi e o Material não é do Agenor, ele pegou no Apo Afonjá e passou a dizer que era seu, Agenor tinha esse hábito de mentir. É uma boa referência para ser usada junto com o livro do Beniste, O Jogo de Búzios, porque o livro do Beniste ensina mas não tem as histórias, esse aqui tem as histórias mas não explica nada.

African Narratives of Orishas, spirits and other deities – Alex Cuoco

Excelente livro, enorme, com histórias sobre Orixá (Òrìṣà). O autor é brasileiro mas o livro é em inglês. Excelente material, não pode faltar.

Imoye – A definition of the Ifá tradition – Baba Ifa Karade

Não compre esse livro

Ifa – The anciente wisdom – Afolabi A. Epega

Não compre esse livro

The diloggun – Ocha ni lele

É um livro voltado para o jogo de búzios no modo cubano com 2 odus. Não é Ifá, mas o método de jogar é idêntico a Ifá e vale a pena ler a aprender.

Tem também os pataki e interpretações associados aos Odù compostos, é um livro interessante.


Não deixe de ver a lista sobre os livros sobre a religião Yorùbá. É tão importante quanto esses aqui.


CANAL NO YOUTUBE

 

Hoje ainda vou publicar a primeira lista de livros, serão 4 ou 5 no total. Enquanto isso informo que nos próximos dias ou par de semanas vou estar abrindo postagens no Youtube com um canal de vídeo. O objetivo será o mesmo do Blog, informar sobre a religião.

Serão vídeos de 7 a 10 minutos sobre temas específicos que já estejam no BLOG. O formato de vídeo deve facilitar o acesso a informação de pessoas que não gostam de ler longos textos.

Como todos sabem, o Blog não tem objetivo comercial e da mesma forma o canal não terá. Cada um segue o seu destino na vida e eu sigo o meu, esta é uma das coisas que Ifá nos ajuda a entender.



Livros sobre a religião Yorùbá

Livros sobre a religião Yorùbá


Muitos querem aprender Ifá ou sobre Ifá, outros querem aprender sobre Orixá (Òrìṣà) e para isso buscam livros, o que é natural. Existem várias opções de livros sobre esses temas e neste texto vou falar sobre os que tenho e conheço. O objetivo e ajudar vocês na seleção evitando aprenderem coisas ruins e jogarem dinheiro fora. Claro, isso, com tudo o que eu escrevo é a minha opinião sobre o tema. Opinião todo mundo tem uma, essa aqui e a minha.
Antes de iniciar as listas preciso falar algumas coisas.
Ler livros é muito bom, vai trazer mais rapidamente conhecimento para você. Se for um bom livro conhecimento de qualidade. Ficar esperando alguém te ensinar poder resolver mas demora muito tempo. Antigamente, sem livros, era assim, você dependia de alguém te contar alguma coisa e o conhecimento levava dezenas de anos para ser adquirido.
Por volta da décad de 90, do século passado (adoro falar assim…) os brasileiros começarama a saber que existiam livros sobre a religião. Isso ocorreu com a vinda de nigerianos ao Brasil para ensinar yorùbá, mas, essa história, que já está pronta, será explicada em outro texto que eu vou publicar.
Com a chegada dos livros feitos por pesquisadores e antropólogos estrangeiros, livros em inglês ou francês, os brasileiros tomaram conhecimento de uma outra possibilidade de aprender sem depender do conta gotas dos dirigentes.
Por muitos anos houve (talves ainda exista) um preconceito sobre o conhecimento da religião em livros. Não havia razão para isso, um livro não substitui o aprendizado prático, mas as pessoas sempre temeram muito o conhecimento. Assim elas não liam os livros porque não tinham acesso, vontade ou capacidade e por isso os temiam.
Eu passei por isso, as pessoas no Candomblé tinham muito preconceito com a entrada de pessoas que tinha educação formal, que liam e escreviam, mais ainda se tivesse curso superior. A ignorância dominava o meio e essas pessoas muitos simples tinham (ainda têm) problemas sérios de auto-estima, elas não se valorizavam de modo que a entrada de uma pessoa com educação formal no Candomblé sempre foi muito complicada. Nós eramos o inimigo futuro.
O tempo ajuda a apagar isso, seja porque as pessoas se acostumam ou porque morrem mesmo. A geração se vai e cada nova geração tem mais instrução média superior a anterior.
Hoje em dia os livros, ao lado de blogs, youtube e redes sociais substituem anos e anos necessários para conhecer pessoas e falar sobre a religião. Isso tudo é um atalho enorme no absurdo período de convivência que você tinha que buscar.
Dessa forma tudo isso melhorou a formação das pessoas.
A primeira e mais fabulosa ferramenta de aprendizado foram os grupos de discussão do Yahoo, as listas de distribuição de e-mails, que antecederam as comunidades do Orkut.
Os grupos do Yahoo foram fabulosos para reunir pessoas e adquirir conhecimento. Claro, tinham grupos bons e ruins, mas ter grupos para discutir Candomblé foi uma enorme quebra de paradigma. Eles permitam conhecer um enorme volume de gente e ter acesso a essas pessoas. Circulos de amizade se estabeleceram e em meses você adquiria conhecimentos e amizades que as pessoas tradicionais levariam uma vida.
As comunidades do Orkut sucederam os grupos do Yahoo e continuaram a aumentar a abrangência e a temática.
Esse processo continua até hoje, agora com as plataformas digitais privadas, onde você paga para ter aula sobre alguma coisa.
Apesar disso é importante que todos entendam que, não vai se tornar sacerdotes lendo livros ou vídeos. Os livros adicionam conhecimento complementar.
O problema de hoje é o mesmo de ontem. Qualidade. Continua sendo a mesma coisa, você vai encontrar gente ruim e sem conhecimento, vai encontrar conhecimento ruim, falso e errado e etc… Apenas aumentou a velocidade.
Nunca acredite na primeira coisa que leu assim como a gente nunca devia acreditar na primeira coisa que houve, só idiotas fazem assim.
Todas as pessoas que eram de Candomblé como eu e também pesquisavam e aprendiam em livro, a maior parte dela pesquisadores e antropólogos, dizia a mesma coisa. Não se aprende nenhuma liturgia em livro e livro não interfere em nada na formação de ninguém. Livro adiciona conhecimento que levaria anos demais para ter.
Eu acredito que hoje em dia livro está fora de moda, o que já foi uma febre foi substituído por plataformas digitais, mas, para aqueles que ainda querem ganhar conhecimento de forma consistente, livros ainda são a melhor opção.
Se você pretende ser um Bàbáláwo tem que ter conhecimento adicional da religião. O mesmo vale para os Babalorixá (Bàbálórìṣà) e Iyalorixá (Ìyálòrìṣà). Eu já fui de Candomblé e sou agora de Ifá, minha opinião é que o Bàbáláwo tem obrigação de conhecer muito mais sobre a religião do que os sacerdotes do Orixá (Òrìṣà). Estes últimos precisam conhecer a religião, mas, espera-se muito mais do Bàbáláwo. Observe, a responsabilidade e atribuições dos sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) é muito mais complicada do que a do Bàbáláwo, de forma que este último tem que ter o papel de conhecedor da teologia.
Já expressei essa minha opinião diversas vezes em meus textos e volto a dizer isso. Eu passei muitos anos em Candomblé, o suficiente para aprender muito, lembrando que uma coisa é aprender e outra é a repetição do aprendizado. Claro que não sei tudo, teria que ter ficado muitos anos a mais para ter a oportunidade de aprender de fato o Candomblé, mas, o que aprendi foi suficiente para eu afirmar para vocês que a carga de trabalho e responsabilidades de um sacerdote de Orixá (Òrìṣà) é muito maior do que a de um Bàbáláwo.
Repito, digo isso porque eu vivi isso.
Um Bàbáláwo não é melhor que um Babalorixá (Bàbálórìṣà). Não é superior e não é mais importante. O sacerdote de Orixá (Òrìṣà) tem muito mais responsabilidade e trabalho, previsa aprender muito mais coisas, uma vida é pouco.
Assim, cabe ao Bàbáláwo se dedicar ao que tem que fazer que é o oráculo de Ifá e a orientar a vida das pessoas. Um dia os sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) vão entender o papel do Bàbáláwo e poderão se beneficiar disso, mas ainda vai demorar. Infelizmente essa impossibilidade de convivência atual determinou minha saída do Candomblé, se não fosse isso ainda estaria lá até hoje.
Junto coma dedicação ao oráculo de Ifá o Bàbáláwo tem que aprender sobre a teologia e teogonia da religião.
Vou dizer agora, finalmente, o que preparei através dessas longas linhas.
Não é possível ao Bàbáláwo fazer um trabalho decente, aceitável, limpo e positivo se ele não conhecer profundamente a religião, a teologia e os mitos. Mais ainda, é impossível ele trabalhar sem um conhecimento profundo de ervas.
Essa conversa de Bàbáláwo que se inicia sem saber nada profundamente ou sem saber nada mesmo e decora os tratados cubanos e usa isso para interpretar Ifá para os consulentes é, real, mas, é incompleto.
Isso nivela um Bàbáláwo a um olhador de Búzios. Com sinceridade, entre ir a Ifá para consultar com uma pessoa que decorou os tratados e ir a um jogo de búzios ou cartas, eu acho melhor ir no jogo de búzios e cartas, vai te falar mais, basta escolher um bom olhador.
Ifá não é ebó. O mais importante na consulta é a conversa com o Bàbáláwo.
Por essa razão é que os livros são importantes.
Encerrando minha longa preleção, vocês vão notar que na minha lista não tem livro de cubanos. Eu tenho muitos livros de cubanos e por isso mesmo é que posso afirmar que não valem ser comprados.
Tem umas exceções, alguns temas vão ter alguns autores, mas o entendimento cubano da religião é muito ruim, assim como o entendimento deles de Orixá (Òrìṣà) é horrível. Eles inventaram uma religião deles.
A seguir vou divulgar várias listas. Não são todos os livros existentes, são os que eu tenho e gostei, quem sabe eu faça uma black-list, com os livros que eu não recomendo.