Entendendo a religião do Candomblé - pt 3
A
gênese yorùbá
Eu estava decidido a não falar sobre a
gênese Yorùbá neste trabalho. Na minha opinião é apenas uma
história e pouco ou nada contribuiu para entender a religião. Esse
assunto fica mais no campo da necessidade de existir um mito
religioso que explique a criação do mundo, principalmente porque
este é o primeiro livro da bíblia cristã. Assim todo mundo também
tem que ter o seu “Gênesis”.
Os Yorùbá tem sua gênese. A
gênese Yorùbá se inicia no momento em que Olódùmarè decide
criar o Àiyé, o mundo natural, e para isso designa as suas
divindades para esta tarefa.
“….o Àiyé existia e era
uma enorme massa de água e matéria pantanosa, nada vivia neste
lugar”.
O que levou Olódùmarè a criar o Àiyé ninguém
sabe, apenas é dito que ele teve a motivação de fazê-lo e colocou
em execução. Isso não e diferente do muito cristão.
Existem, de fato, várias histórias
sobre a criação do mundo, vou aqui citar apenas algumas delas, como
eu já disse, não acho essas histórias relevantes para entender a
religião.
Olódùmarè chamou Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá), uma das mais importantes divindades Yorùbá, à
sua presença e o encarregou da tarefa, dando para ele os materiais
que ia necessitar, lembrando que no conceito yoruba, estamos tratado
apenas da criação do aiye, do mundo físico visto que no mito
yoruba, o mundo espiritual, o orun, já existia, assim, a gênese, é
um mito de criação do mundo natural que vivemos.
Observem que esta é uma distinção
muito grande entre a visão Yoruba e a visão cristã, a qual todos
estão acostumados. Conforme eu procuro sempre destacar estamos
tratando de religiões muito distintas em tudo e, a religião yoruba
não é uma cópia da religião cristã. É uma raiz religiosa
própria como uma visão diferente da nossa relação com o divino e
uma proposta própria para a metafísica mundo natural-Mundo
supernatural.
Muitos dizem que a religião yoruba
teria sido formatada pelos evangelizadores europeus, anglicanos e que
filósofos como Mbiti e Idowu teriam trazido a visão cristã para o
modelo yoruba.
Isso é uma possibilidade, mas, eu
depois de estudar mais afundo a religião e a cultura religiosa não
tenho essa opinião. Para poder dizer eu tive que fazer as duas
coisas, buscar referências mais amplas e profundas sobre a religião
e pensamento yoruba, assim como, também, tive que me aprofundar em
questões teológicas católicas.
A religião yoruba tem distinções
suficientes na sua teologia, teogonia, cosmogonia e teodiceia. É
mais simples em algumas coisas, mais ingênua em outras, confusas em
diversos pontos, mas, profunda e complexa em muitos aspectos.
A questão da gênese é similar em mais
uma religião e não apenas na relação yoruba-cristãos. Minha
opinião é uma extrapolação do que pensa Mbiti, eu vejo que as
religiões do mundo todo tem muitas similaridades. Elas tem mais
coisas que as aproximam do que as afastam.
Mas seguindo com nossa gênese, o mito
yoruba se inicia com o mundo natural já existindo, o Àiyé
já existia, mas, era uma imensidão de água. Olodumare cria
primeiro um mundo de água primordial.
Não vejo uma simultaneidade entre a
criação do mundo de água primordial com o processo de criar a
terra. No que me lembro o mais comum é que esse mundo de água já
existia quando olodumare decide criar a terra e popular o mundo.
Para transformar o mundo de água
primordial em habitável, olodumare designa Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá)
para esta tarefa. Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) recebeu dele uma
bolsa de terra solta (alguns dizem que foi uma concha de caramujo),
uma galinha de 5 dedos e um pombo.
Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) foi para o
limite entre o Órun (ọ̀run) – o mundo supernatural e o Àiyé –
o mundo natural e jogou a terra do saco sobre a água. Logo a seguir
mandou a galinha de 5 dedos e o pombo que imediatamente começaram o
seu trabalho de espalhar a terra por todo o Àiyé.
Isto foi feito até que uma grande
porção da água fora coberta pela terra. Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá),
então, voltou a Olódùmarè dizendo que já tinha concluído o seu
trabalho.
Olódùmarè enviou o camaleão, que é
um animal conhecido por ser muito cuidado e delicado na forma como se
move e encontra caminhos. O camaleão nesta primeira visita relatou
que apesar de uma grande porção de terra já estar espalhada e uma
superfície razoável estar coberta, que a terra ainda não era seca
e segura o bastante para ser habitada.
Algum tempo depois foi feita uma segunda
visita e o camaleão constatou que a área de terra era grande o
bastante e já estava seca o bastante para ser usada.
O lugar sagrado por onde foi iniciado o
trabalho de espalhar a terra pelo mundo foi chamado de Ifé (Ìfẹ̀),
palavra que significa, aquilo que é amplo. De acordo com a tradição
Yorùbá neste lugar foi fundada a cidade de Ile ifé (Ilé-Ifẹ́) ,
a cidade sagrada Yorùbá, o lugar onde o mundo começou e o lar de
todos os habitantes.
Ainda hoje quando um estrangeiro chega
em Ile ifé (Ilé-Ifẹ́) na Nigéria ele pode ser recebido com a
saudação “bem-vindo de volta a sua casa”, porque todos os seres
humanos foram criados e iniciaram a população da terra a partir de
Ile ifé (Ilé-Ifẹ́).
Olódùmarè colocou na nova terra a
árvore do dendezeiro (Igi ọ̀pẹ) que daria sombra, bebida, óleo
e nozes para comer. Outras árvores também foram plantadas para
serem utilitárias para os novos habitantes. A Galinha e o pombo que
foram usados para espalhar a terra deveriam agora espalhar as árvores
que dariam subsistência aos futuros habitantes.
Os primeiros habitantes da terra teriam
a água vinda do coco, uma palmeira, para matarem sua sede. Contudo
essa água não se mostrou suficiente e Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá)
apelou para Olódùmarè por uma solução. Olódùmarè criou então
a chuva que passou a cair sobre toda a terra.
Após isso Olódùmarè necessitava
habitar o Àiyé e para isso os habitantes do Órun (ọ̀run) teriam
que ter um corpo para poderem viver no novo mundo. Mais uma vez
Olódùmarè pediu que Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) ficasse
encarregado de confeccionar o corpo das pessoas, a partir de barro.
“... Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá)
foi designado também para um outro trabalho especial. Ele seria o
criador dos corpos dos homens para o futuro. Não é claro pela
tradição oral quando esse trabalho foi iniciado, contudo, ele
aceitou a tarefa.
Sua atribuição foi desde então
moldar o físico dos homens a partir da terra da própria terra, do
seu barro.
Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) se
tornou o escultor divino, mas, o direito de dar vida aos corpos
criados era reservado exclusivamente a Olódùmarè.
A instrução dada a Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá) era que ele deveria preparar os corpos e deixá-los
em uma sala preparada por Olódùmarè e deixar o lugar. Olódùmarè
iria para lá e daria o sopro da vida para cada pessoa, completando a
criação do homem.
Ao dar o sopro da vida Olódùmarè
reserva para ele e somente ele, a capacidade de criar a vida e
transmitir o seu axé (aṣẹ́) para cada ser humano. Cada ser
humano recebe assim a partícula de vida vinda de Olódùmarè, seu
axé (aṣẹ́) e suas virtudes divinas pessoais.
A história
conta, ainda, que Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) ficou com inveja de
Olódùmarè e queria ele mesmo ser quem dava vida às pessoas.
Ele preparou um plano para espionar
Olódùmarè. Uma vez completada a forma que ele devia dar aos
habitantes do àiyé, ele se escondeu em um canto esperando a chegada
de Olódùmarè. Olódùmarè, contudo, percebeu isso e colocou
Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) em sono profundo. Quando acordou o
trabalho já estava feito. Desde então Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá)
se contentou com a parte do trabalho que lhe cabe.
Este texto for retirado do livro
“Olodumarê – God in Yorùbá belief” de Abolaji Idowu.
Junto com essa história alguns
comentários são pertinentes antes de continuarmos. O primeiro diz
respeito a prerrogativa que Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) tem de
fazer as formas humanas como ele quer. O nascimento de albinos,
corcundas e alijados fazem parte de sua prerrogativa. Assim ele
define cores marcas, etc... Alguns mitos sugerem que ele seja um
beberrão e que quando bebe faz essas formas não normais.
Esse é um mito vulgar, mas, como toda
metáfora serve apenas para indicar que esses desvios que ocorrem são
feitos pelo próprio Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) e que ele pode
fazê-lo. Os Yorùbá designam como pertencentes a Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá) as pessoas que assim nascem.
Outra diz respeito ao envolvimento da
divindade da morte Ikú, que é masculina. Quando Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá) foi criar as formas do àiyé ele solicitou que
pegasse o barro para isso, conforme instrução de Olódùmarè que
os corpos fossem feitos da terra do próprio àiyé. Vários
emissários foram enviados mas quando chegavam no àiyé, a terra
chorava dizendo que não fosse tirado nenhuma parte dela.
Aquilo comovia todos os enviados e
ninguém pode trazer a terra para fazer o barro. Ikú se prontificou
a ir e pegou terra necessária, prometendo devolver o que fora
tirado. Dessa maneira cabe a Ikú, a morte, devolver a terra o corpo
de todas as pessoas restaurando assim o que Ikú tira para estes
corpos serem feitos. O costume Yorùbá é que os corpos sejam
enterrados diretamente na terra para que a terra possa pegar de volta
o que lhe foi tirado.
Este é o que chamo de um mito
estrutural que, através de uma história cria uma visão metafórica
que explica os fatos e fenômenos do àiyé. Existem muitos mitos e
versos desta natureza, com a finalidade de estruturar a metáfora da
religião sobre a vida.
Sobre a história da gênese existe uma
variação muito conhecida e usada aqui no Candomblé. Nesta versão
Odùduwà, uma outra divindade, assume a criação do mundo.
Nesse mito Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá)
muito arrogante não se prepara para a tarefa. Já Odùduwà,
consulta Ifá e faz um Ebó (Ẹbọ) preparatório.
No meio do caminho Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá), Exú (Èṣù) faz ele ficar com sede e Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá) fura com seu cajado o troco do dendezeiro, de onde
sai uma bebida, o vinho de palma, com o qual ele não só mata sua
sede como se embebeda desmaiando ao pé da palmeira e não mais
acordando.
Odùduwà então volta e relata a
Olódùmarè o que ocorreu. Esse então dá para ele a bolsa da
criação e pede que ele oduduwa crie o mundo. O resto do mito é
igual mas com Odùduwà no lugar de Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá).
Como prêmio de consolação Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá) fica com a criação do corpo das pessoas.
Mas, quem foi Odùduwà?
Neste assunto o mito religioso se
mistura com o mito histórico. Odùduwà foi um histórico e poderoso
líder do povo Yorùbá. Ele migrou de sua terra original,
provavelmente no Egito e se estabeleceu nas terras Yorùbá, em
Ile-Ìfẹ̀. Ele se estabeleceu em Ìfẹ̀ com seus seguidores e
estabeleceu uma proeminente dinastia Yorùbá.
Segundo Idowu, Odùduwà se estabeleceu
em um lugar onde já existia um líder local chamado Ọrẹ̀lúéré.
Odùduwà se estabeleceu sem prestar qualquer respeito a ele e
Ọrẹ̀lúéré preparou um ardil. Ele envenenou um dos filhos de
Odùduwà e este teve que chamar Ọrẹ̀lúéré para ajudá-lo,
porque Ọrẹ̀lúéré era tido como um excelente médico.
Odùduwà teve que se submeter
temporariamente a Ọrẹ̀lúéré para ver seu filho curado e se
colocou também sob a proteção de Orixá-nlá (Òrìṣà-nlá) que
era a divindade do local. Os recursos de Odùduwà eram muito
superiores, mas, seu estabelecimento não foi feito sem uma fraca
oposição dos que já habitavam lá.
A sociedade ògboní foi provavelmente
instituída neste período, como uma oposição a Odùduwà, pelas
pessoas que já habitam aquelas terras, para poderem preservar seus
valores e costumes.
Mas Odùduwà se tornou muito grande e
conquistou a terra de Ọrẹ̀lúéré e muitas terras em volta.
Quando morreu passou a ser cultuado como um ancestre e depois uma
divindade. O nome Odùduwà não pertencia ao homem e sim uma
divindade cujo culto foi trazido por ele.
O conflito entre Ọrẹ̀lúéré e
Odùduwà, virou o conflito entre Odùduwà e Orixá-nlá
(Òrìṣà-nlá), sendo que o primeiro venceu o segundo e se tornou
o governante e dono da terra. Com o passar das gerações a história
deste conflito se transformou em um mito religioso no qual Odùduwà
se torna o criador do mundo. O mito original Yorùbá ficou assim
modificado para acomodar questões políticas e históricas.
Segundo Idowu, essa segunda versão não
é a gênese original. Surgiu pela necessidade de acomodar a figura
de Odùduwà, que se tornou orixá (Òrìṣà) e patrono na nação
em Ilé Ìfẹ̀.
Na raiz desta história está o fato de
Odùduwà ser cultuado como uma divindade masculina ou feminina
dependendo da região Yorùbá onde se esteja. Quando masculina a
referência é ao homem, o conquistador e patrono da nação. Quando
feminina a divindade trazida por essas pessoas.
Existe a necessidade de mencionar que de
fato Odùduwà (também chamado Oòduà) é algumas vezes citado omo
“mãe” e venerado como mãe terra em algumas partes da terra
yorùbá, especialmente entre o povo de Ègbádò e Kétu. Alguns
acadêmicos sugerem que o aspecto masculino de Odùduwà seria um
desenvolvimento tardio, refletindo a tentativa de uma nova dinastia
legitimar sua hegemonia, substituindo uma divindade pré-existente.
Tudo o que diz respeito a história
yorùbá é muito confuso.
No livro “Orun Aiye” de José
Beniste existe uma descrição muito boa, bem mais extensa que esta
que dei, sobre a história desses 2 mitos. O livro em português deve
ser lido por aqueles que querem entender a religião e não vou
transcrever aqui nenhum trecho. Não há necessidade. O meu objetivo
era explicar a base da gênese Yorùbá e não tenho como deixar de
explicar os 2 mitos conflitantes.
Outras versões da Gênese
Existe uma outra versão da Gênese, que
considero muito interessante porque é igualmente simpática e bem
estruturada. Esta versão está descrita por Osamaro Ibie, mas não
foi inventada por ele, já vi uma referência distinta da dele. É
uma versão de gênese, mas que coloca orunmila no centro da
história. Nesta versão todos os orixá (Òrìṣà) são enviados
para criar o mundo mas o único que tem sucesso na tarefa é Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
A versão a seguir é bem longa e certamente vai ao encontro da
minha opinião de que ler esses textos sobre a gênese pouco adiciona
a religião, são mais uma curiosidade. Contudo é uma versão
diferente, bem longa e com muitos detalhes e por isso eu resolvi
incluir.
Peço a todos que tratem-na com restrições, como eu disse é
mais uma versão e certamente e menos conhecida, repito, estou
incluindo aqui pela curiosidade de conhecer um mito alternativo que
tem muita riqueza de detalhes.
Esse mito está no livro do Osamaro Ibie, mas, eu já vi em um
texto que saiu em uma revista Yorùbá (que não tenho guardado) que,
sim, existe essa versão de gênese.
Osamaro Ibie é mais um dos autores Yorùbá contestados o tempo
todo por terem tido educação cristã. Mbiti, Idowu estão na mesma
classe, mas essas pessoas tiveram contribuições importantes para
documentar a religião. Naquela época estudar através de um
seminário certamente era a única forma de eles receberem educação.
Aqui no Brasil também já foi assim, meu pai foi seminarista e
depois saiu, mas se ele não tivesse entrado no seminário jamais
teria tido educação formal para poder depois seguir sua vida laica.
O mesmo era lá, com falta de escolas e de oportunidades essas
pessoas ou ficavam ignorantes ou estudavam em seminários.
Nada na obra desses africanos que citei me indica que eles tenham
deformado a teologia baseado na cristã. A obra deles é de
qualidade. Apesar disso existem sim pessoas que uniram a teologia
católica com a religião yorùbá formando “igrejas”.
Os livros de Idowu, Mbiti e outros são bons e com conteúdo
adequado. Claro que a formação teológica deles influencia a forma
como eles analisam e formatam o que escrevem assim como isso ocorre
comigo ou com qualquer um, nossas ilações e conclusões sempre
serão baseadas na maneira como construímos nossa formação, mas,
isso não significa que haja desonestidade intelectual na obra.
Osamaro Ibie publicou uma versão longa, com muitos detalhes que
certamente ele inseriu baseado no que conhecia. A versão dele contêm
segmentos de histórias que ele depois publicou nos Odù que
escreveu. Seu texto de gênese tem o mérito de contar uma história
longa baseada no conteúdo amplo dos Odù e não ser apenas uma
história isolada. Ela tem muito mais contexto.
O grande defeito dela é colocar Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
como o protagonista de tudo, mas, isso, é parte do modo Yorùbá de
contar suas histórias. Eles mudam o protagonista para aquele que
interessa a sua região ou culto. Assim na região de Obeokuta, por
exemplo, Iyemoja é a divindade feminina máxima, lá tudo é ela,
ignorando referências de outras regiões para outros orixá (Òrìṣà).
Esse é um cuidado que temos que ter quando lemos os autores
africanos.
Outra situação é que cada culto coloca o seu orixá (Òrìṣà)
como protagonista principal, assim, colocar Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
como o centro de tudo é reflexo disso.
Por exemplo, Baba Tunde Lawal é um fabuloso escritor, mas, temos
que ter atenção porque tudo dele gira em torno de Iyemoja devido a
origem dele. O que em outras regiões seriam coisas de Óxun (Ọ̀ṣun)
ou Olóòkun para ele é sempre Iyemoja.
Desta maneira temos que, ao ler, qualquer texto dar esses
descontos. O que importa NUNCA é a versão literal ou o significado
literal. Tudo são metáforas e a pessoa inteligente tem que entender
as histórias, os significados e concluir o que ali é um exemplo ou
um conhecimento absoluto de fato. Não é simples.
Vamos então ao longo mito.
Deus
desenvolveu um plano para enviar todas as divindades à Terra
simultaneamente, mas sem nenhum aviso prévio. Uma bela manhã,
portanto, Olódùmarè
convidou sua criada ARUGBA a convidar cada uma das Divindades de seus
respectivos lares para comparecer no Palácio Celestial na manhã
seguinte para uma designação especial.
ARUGBA
partiu muito cedo naquela manhã. Porém, antes disso, Olódùmarè
havia preparado uma Câmara especial equipada com vários
instrumentos com os quais esperava que as divindades realizassem suas
designações na Terra. A mensagem de Arugba para cada uma das
Divindades era clara. "Meu pai me enviou para convidá-lo a se
preparar para uma designação especial amanhã de manhã. Você deve
se preparar para partir para a designação assim que a mensagem
Divina for dada a você. Você não deve voltar para sua casa antes
de embarcar na missão ''.
Acima de
tudo, as Divindades entenderam a mensagem literalmente e não se
preocuparam em perguntar a seus próprios conselheiros ou tutores
como definir a designação que Olódùmarè lhes reservava. Arugba
visitou as casas das divindades em ordem de antiguidade, o que
significava que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
a mais jovem das divindades, era a última a ser visitada.
Enquanto
isso, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
que costumava fazer uma adivinhação a cada situação, todas as
manhãs, era aconselhado por ifa a fazer um banquete naquele dia em
particular, antecipando todos os visitantes à sua residência.
Quando Arugba chegou à casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
já era muito tarde da noite. Não tendo tomado qualquer refeição
desde a manhã seguinte, Arugba já estava com muita fome quando
chegou à casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Antes de permitir que ela transmitisse a mensagem divina, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
convenceu-a a fazer uma refeição. Ela comeu com satisfação e
depois disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que Olódùmarè queria que ele se apresentasse no Palácio no dia
seguinte, acompanhado das outras divindades, para uma missão
especial.
Ao
apreciar a hospitalidade de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
ela confidenciou-o ainda mais, revelando os detalhes da missão que
Olódùmarè lhes reservava. Ela o
aconselhou a pedir três favores especiais a Olódùmarè,
além de quaisquer instrumentos que ele colecionasse na câmara
interna de Olódùmarè para sua missão.
Ele deveria pedir o camaleão, a galinha de cinco dedos na casa de
Olódùmarè e a bolsa especial de
Olódùmarè. Veremos o significado
desses pedidos especiais posteriormente. Em uma parte final, Arugba
disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que, se ele desejasse, também poderia convencer Olódùmarè a
deixá-la acompanhá-lo em sua missão. Com estas palavras, Arugba
partiu para casa, tendo completado sua tarefa.
Na manhã
seguinte, uma após a outra, todas as divindades compareceram ao
Divino Palácio de Olódùmarè. Assim
que chegaram lá, Olódùmarè ordenou
que cada um deles prosseguisse na jornada para a Terra sem retornar a
seus respectivos lares. Um após o outro, eles vieram e receberam as
ordens da marcha para partir para a terra. As primeiras divindades a
chegar à terra logo descobriram que não havia terreno para se
pisar. O lugar inteiro ainda estava encharcado. Havia apenas uma
palmeira que estava no meio da água, com suas raízes no órun
(Ọ̀run), que era a porta do órun (Ọ̀run). A medida que eles iam
entrando, eles não tinham mais onde ficar, exceto nos galhos da
palmeira.
Foi realmente um período muito difícil.
Antes de
deixar o órun (Ọ̀run), cada uma das divindades coletou da Câmara
interior de Olódùmarè todos os materiais e instrumentos de sua
escolha. São os mesmos instrumentos que os iniciados aos cultos de
cada divindade usam para sua iniciação até hoje.
Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
chegou ao Palácio de Olódùmarè, todos os outros já haviam
partido. Quando ele se reportou ao Todo-poderoso, ele também recebeu
as ordens da marcha para prosseguir imediatamente à Terra. Foi-lhe
dito, como os outros, que colecionassem quaisquer instrumentos que
encontrasse na câmara interna. No entanto, todos os instrumentos
disponíveis haviam sido coletados pelos outros na época e, como
restava apenas uma concha vazia de caracol, ele não teve escolha a
não ser segurá-la. Ele então apelou a Olódùmarè que, como não
tinha nada a recolher da Câmara interna, deveria receber:
(a)
O Camaleão - a criatura mais antiga da casa de Olódùmarè para
aconselhá-lo sobre como lidar com os problemas iniciais da habitação
terrestre;
(b)
O benefício de ir à terra com a galinha de cinco dedos da casa
divina de Olódùmarè;
(c)
A Bolsa do oráculo de Olódùmarè,
para coletar as coisas com as quais ele estava indo;
(d)
O privilégio de ir à Terra com Arugba, para lembrá-los das regras
do órun (Ọ̀run).
Seus
quatro desejos foram atendidos. Quando ele estava saindo, ele
colecionou quatro plantas diferentes, que os Bàbáláwo
usam para todos os seus preparativos até hoje. Ele também coletou
uma amostra das plantas e animais que ele poderia colocar as mãos.
Ele
guardou todas as suas coleções dentro da bolsa que Olódùmarè
deu a ele. A sacola Divina tinha a misteriosa capacidade de acomodar
qualquer coisa que não fosse do tamanho e também de produzir o que
fosse necessário.
Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
alcançou o caminho da terra, encontrou todas as outras divindades
penduradas nos galhos das palmeiras. Ele também não tinha opção a
não ser se juntar a eles.
Depois
que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
estava sentado ou em pé no galho de palmeira por algum tempo, Arugba
o aconselhou de dentro da Bolsa Divina, onde ela mantinha, para virar
a boca da concha do caracol para baixo na água abaixo, porque ela
continha o solo básico.
a terra que tornaria o terreno difícil de pisar. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que havia recolhido a concha do caracol vazia da câmara interna de
Olódùmarè não conhecia seu conteúdo. Também é óbvio que ele
só encontrou a concha do caracol dentro da Câmara Interior de
Olódùmarè porque todos os outros a ignoraram. Nenhum deles, exceto
ARUGBA, sabia que continha o Segredo da Terra.
Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
virou a concha do caracol para baixo, o conteúdo escasso de areia
caiu na água abaixo e a água começou a borbulhar. Dentro de muito
pouco tempo, montes de areia começaram a se acumular ao redor do
ponto da palmeira. Depois que tantos montões se formaram, ARUGBA
mais uma vez falou com Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
de dentro da bolsa, desta vez, aconselhando-o a deixar a galinha
cair nos montes de areia. Enquanto espalhava os montões, a área do
solo começou a se espalhar. É a mesma operação que a galinha
ainda está realizando até hoje. Onde quer que a galinha seja
encontrada, ela é vista usando os pés para espalhar a areia no
chão.
Depois
que o terreno foi estendido por uma grande área, as outras
divindades, que agora estavam maravilhadas com o misterioso
desempenho de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
ordenaram que ele descesse e andasse no chão para verificar se
poderia apoiá-los.
De novo.
ARUGBA aconselhou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
de dentro da sacola, a deixar cair o piso do camaleão primeiro no
chão. O Camaleão caminhou furtivamente no chão, por medo de cair
sob seus pés. Mas o terreno manteve-se unido, e é o mesmo processo
de caminhada cautelosa a que o Camaleão se acostumou até hoje. É
por isso que o camaleão pisa suavemente no chão.
Assim
que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
teve certeza de que o chão era forte o suficiente, ele desceu à
terra do galho de palmeira e sua primeira tarefa foi transplantar as
plantas que trouxe do órun (Ọ̀run). Depois disso, todas as outras
divindades vieram à terra uma após a outra.
É por
isso que a palmeira, cuja primeira criação teve suas raízes do
órun (Ọ̀run), é respeitada por todas as divindades. É a raiz de
sua genealogia. Todas as divindades se espalham da palmeira para
estabelecer suas várias moradas em diferentes partes da terra.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
sendo a mais nova de todas as divindades, ficou e serviu a cada uma
das mais idosas. Ele serviu OGUN, SANGO, Olóòkun, etc. No curso de
sua servidão, uma das divindades apreendeu ARUGBA dele. Assim, ele
foi privado de seu consultor-chefe e confidente.
É
significativo nesta fase mencionar que o processo de iniciação na
religião de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
é uma tentativa de comemorar esse processo de deixar o órun (Ọ̀run)
e vir ao mundo para se estabelecer entre as palmeiras. A mulher que
carrega o IKEN na cabeça para ugbodu é chamada ARUGBA. Tendo em
vista que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
nunca se casou com Arugba, também não é aconselhável que qualquer
iniciado da IFA se case com a mulher que o seguiu até UGBODU. Da
mesma forma, não é aconselhável usar a esposa para a cerimônia,
para que a mulher certamente não seja seduzida uma hora depois da
cerimônia, seja pela morte ou por outras pessoas.
A
presença de Arugba como a única mulher ao redor criou uma série de
problemas para as divindades. Um após o outro, eles lutaram para
mantê-la. A luta por Arugba logo trouxe à tona o pior das
divindades. Os mais ferozes, Sango, Sankpana, Ogun, etc., brigavam
entre si com todas as armas à sua disposição. Houve uma confusão
completa que levou à acrimônia entre eles. Desta vez, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
foi o primeiro a voltar ao órun (Ọ̀run) para fazer um relatório a
Olódùmarè. O papel de guardião de Arugba perdeu-se para as
divindades porque ela havia sido privada da companhia de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
com quem ela veio ao mundo.
Todas as
outras divindades haviam se estabelecido com os instrumentos que
coletavam da Câmara interior de Olódùmarè. Por sua parte,
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
havia perdido o uso de todas as coisas que ele trouxe, incluindo até
a bolsa do oráculo que, sem o conselho de Arugba, ele não sabia
como usá-lo. Depois de viver uma vida de privação e penúria, ele
decidiu voltar ao órun (Ọ̀run) para perguntar a Olódùmarè por
que a vida na Terra era tão dolorosamente diferente da vida no órun
(Ọ̀run). As quatro plantas que ele trouxe do órun (Ọ̀run) nunca
o ajudaram, embora sejam as usadas durante a iniciação da IFA até
hoje, e também são usadas para qualquer preparação medicinal
feita por Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Quando
chegou a hora de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
retornar ao órun (Ọ̀run), ele foi ao pé da palmeira e subiu aos
galhos. De lá, ele transfigurou para o órun
(Ọ̀run) . De volta ao órun
(Ọ̀run), ele era uma das poucas divindades a
ver Olódùmarè fisicamente. Olódùmarè,
nunca se soube, perdeu a paciência, mas, obviamente ficou irritado
ao ver Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Ele pediu desculpas a Olódùmarè, mas explicou as dificuldades que
experimentara na Terra nas mãos de seus irmãos divindades. Ele
reclamou que, surpreendentemente, as regras do órun (Ọ̀run) não
estavam sendo seguidas na terra.
Depois
de ouvir o relatório de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
Olódùmarè o liberou para permanecer brevemente no órun (Ọ̀run),
mas enviou Elénìnì (o obstáculo), a mais poderosa de todas as
divindades, para verificar o relatório de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Quando Elénìnì chegou à Terra, ele assistiu o desempenho das
divindades restantes de perto. Ele não estava apenas satisfeito com
o relato correto de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
mas com medo de que, com a privação predominante na Terra, as
divindades acabassem em guerra uma contra a outra.
Assim
que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
partiu para o órun (Ọ̀run), as outras Divindades se recusaram a
cooperar umas com as outras. Seu irmão mais novo, que costumava
servir a todos, havia partido e nenhum dos outros estava preparado
para servir a mais ninguém. A vida tornou-se intolerável,
especialmente porque não havia meio de troca comercial. A
necessidade de dinheiro se tornou muito evidente. Um após o outro,
todos eles voltaram para o órun (Ọ̀run) para relatar a missão
impossível. Eles também decidiram que pediriam a Olódùmarè
que lhes desse autoridade Divina, axé (àṣẹ), com a qual eles
poderiam fazer com que as coisas acontecessem, que servos mortais os
servissem e que tivessem dinheiro para negociar.
Ao
chegar ao órun (Ọ̀run), eles pediram esses favores e Olódùmarè
deu a todos eles, mas prometeu despachar dinheiro depois que eles
voltassem à Terra. Todos eles, incluindo Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
receberam ordem de voltar à Terra para completar a missão que
haviam iniciado. Desta vez, uma vez que os terrenos haviam sido
formados na Terra, era possível retornar pela rota terrestre para a
Terra.
Uma a
uma, as divindades começaram a voltar para a terra com seus
seguidores humanos. Como eles estavam saindo, nenhum deles se
incomodou em descobrir os fatores misteriosos responsáveis pelas
dificuldades que haviam encontrado na Terra. Exú (Èṣù), prometeu
criar problemas a qualquer divindade que não conseguisse pedir seu
apoio antes de retornar à Terra. O Odù Oyeku Meji revelará mais
tarde como Exú (Èṣù) desbloqueou os canos de chuva do órun
(Ọ̀run) para causar uma precipitação de três anos que impediu as
divindades de chegarem a seu destino a tempo. Antes de partir, no
entanto, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
procurou o conselho de seu mestre, que lhe disse para não ter pressa
para se apossar do dinheiro que Olódùmarè havia prometido enviar
ao mundo e oferecer sacrifício a Exú (Èṣù) antes de sair do
órun
(Ọ̀run), Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
fez como lhe foi dito.
Antes de
partir do órun (Ọ̀run), Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
havia sido aconselhado por Olódùmarè a retornar ao pé da
palmeira da qual as divindades pousaram em primeira instância,
porque era o fundamento de sua existência na Terra. Assim que as
divindades partiram em sua jornada de volta à Terra, uma forte chuva
começou a cair. A chuva continuou por vários dias e noites.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
porém, fora aconselhado a não procurar abrigo contra a chuva antes
de voltar à terra. Desafiando a chuva, seguiu em frente para
construir uma cabana ao pé da palmeira. Todos os outros não
encontraram o caminho até depois que a chuva parou, ou seja, mil
dias e mil noites depois. Após a redução da chuva, eles
encontraram um adivinho chamado Okiti puke, que os aconselhou que
eles somente poderiam se estabelecerem adequadamente depois de
homenagear a base de sua fundação, que é o pé da palmeira.
Isto
tomou lhes tempo para rastrear a localização da palmeira onde
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
já havia estabelecido uma habitação viável. Como ele era o
guardião da palmeira, ele colheu os benefícios de todos os
sacrifícios feitos por cada uma das divindades ao pé da palmeira.
Depois
de todos estarem razoavelmente assentados, o papagaio foi o primeiro
a descobrir o monte de búzios que desciam do céu para o chão ao
lado da extensão de água que separava o céu da terra. O papagaio
alertou as divindades que, sem os devidos preparativos foram extrair
dinheiro da pilha e como veremos mais adiante, todos que tentaram
extraí-lo morreram sob sua avalanche.
Exú
(Èṣù) ainda estava em seu jogo de destruir todas as divindades
que se recusavam a reconhecer sua influência e autoridade. Quando
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
viu que todas as outras divindades que corriam atrás do dinheiro não
voltaram para casa, ele decidiu ir e descobrir o que estava
acontecendo com elas. Posteriormente, ele descobriu que todos haviam
morrido sob a avalanche de dinheiro. Ele, portanto, decidiu ouvir seu
anjo da guarda sobre o que era responsável pela destruição em
massa.
Foi-lhe
dito que qualquer um que se aproximasse do dinheiro com ganância e
avareza estava fadado a ser destruído por isso porque o dinheiro era
sempre um fenômeno faminto. Qualquer um que desejasse aproveitar o
benefício do dinheiro tinha primeiro que alimentá-lo. Foi-lhe dito
o que fazer para alimentar o dinheiro e como extraí-lo. Ele fez como
lhe foi dito e se tornou a única divindade que conseguiu ganhar
dinheiro como seu servo. É por isso que um santuário de Ifá
assenta com dinheiro e caprichos até hoje.
O
sucesso com o qual Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
descobriu o segredo do dinheiro rendeu-lhe a ira das divindades
restantes, que recorreram à agressão aberta para destruí-lo.
Através de um sacrifício especial revelado por Ejiogbe Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
fez seus inimigos lutarem entre si. Ocorreu um completo pandemônio
na Terra, com a partilha do dinheiro. Enquanto isso, chegavam ao céu
notícias de que havia comoção geral na terra. Olódùmarè
enviou a Morte para trazer os responsáveis pelo conflito de volta ao
céu, mas ele tentou e falhou. Ele só conseguiu remover os
seguidores das divindades, mas não as próprias divindades. Com seus
seguidores destruídos pela morte, eles descobriram que não poderiam
conseguir muito sem a ajuda de seus auxiliares.
A morte
e o dinheiro conseguiram quebrar a espinha dorsal das divindades,
porque haviam ignorado totalmente as leis do céu quando chegaram ao
mundo. Foi a vez da divindade mais forte, Elénìnì (infortúnio ou
obstáculo) chegar e acabar com eles. Ele deixou o palácio de
Olódùmarè com instruções claras
para voltar ao céu com o resto das divindades. Ele saiu com seu
Akpo-minijekun para coletar todos eles e trazê-los de volta ao órun
(Ọ̀run).
Enquanto
isso, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
fazia sua adivinhação diária uma manhã e viu que a catástrofe
estava se aproximando. Ele foi aconselhado pela Ifá a preparar um
banquete elaborado para um visitante poderoso que vinha do céu.
Foi-lhe dito que ele teria uma placa aparecendo no horizonte três
dias antes da chegada do visitante. No dia da chegada do visitante,
ele deveria reunir todos os seus seguidores e dançar em procissão
de sua casa até a prefeitura, onde eles dançariam e cantariam em
louvor ao visitante ilustre. Da prefeitura, ele deveria convidar o
visitante para sua casa para um banquete. Essa era a única maneira
de ele se salvar da catástrofe iminente.
Ele fez
o que lhe disseram. Cerca de sete dias depois, ele viu uma estrela
vermelha aparecendo no céu e percebeu que o visitante estava a
caminho. Ele fez a preparação que havia sido aconselhado a fazer e
estava em um estado máximo de preparação - desconhecido para ele,
o visitante já estava no mundo. Desgraça, a divindade, a mais
poderosa de todas, estava por perto.
Seu
primeiro porto de chegada foi na casa de Ogun. Ele conheceu Ogun em
sua oficina e rapidamente o transformou em uma folha e o embolsou.
Ele fez o mesmo com todas as outras divindades nos três dias
seguintes. No terceiro dia, ele aprisionou todos eles dentro de sua
bolsa e estava na hora de ir para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Enquanto
se dirigia para a casa de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
ele conheceu uma longa procissão de cantores e dançarinos.
Deram-lhe Obi para comer e água para beber, chamando ele de o pai de
todos e a divindade mais próxima do Deus Todo-Poderoso. Pela
primeira vez desde que chegou ao mundo, o infortúnio sorriu.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
então saiu e disse a ele que suspeitava que devia estar com fome e
que havia preparado um banquete para ele. Ele os seguiu para casa no
início da procissão, em meio a cantos e danças. Ao chegar à casa
de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
o visitante celestial se deliciava com todas as suas comidas e ele
estava extremamente feliz. No final do banquete, ele observou que se
todas as outras divindades fossem tão magnânimas quanto Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
o órun
(Ọ̀run) não teria sido repleto de notícias
de atrocidades na Terra. Ele disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores que Olódùmarè não
projetou o mundo para ser um antônimo, mas com um sinônimo do céu.
Ele relatou que Olódùmarè estava
determinado a destruir o mundo, em vez de permitir que ele
continuasse, é uma vergonha para a bondade da imagem e reflexão de
Deus.
Ele se
perguntou se Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
com sua sabedoria, poderia torná-lo um lugar melhor, ele respondeu
que a tarefa não era fácil, mas que continuaria a fazer o seu
melhor.
Com isso, o infortúnio deu a ele a bolsa contendo todas as outras
divindades e proclamou que a partir de então ele deveria ter
autoridade sobre todas elas. Isso explica por que os únicos
adivinhos que têm sucesso nos caminhos do céu são aqueles que têm
o apoio e a cooperação de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
até hoje. Seja sacerdote Ogum, sacerdote Olóòkun, sacerdote Sango,
etc, a menos que eles tenham o seu próprio Ifá, eles não têm a
bênção do céu. Caso contrário, eles serão vítimas de todos os
tipos de obstáculos.
Assim
que as divindades recuperaram sua liberdade, voltaram aos seus feudos
fratricidas. Eles ficaram particularmente irritados com o fato de
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ter conseguido sua salvação das mãos frias do infortúnio.
As
notícias de suas atrocidades continuaram a ir para o céu. Olódùmarè
foi informado de que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
era a única divindade que estava cumprindo as leis do órun
(Ọ̀run)
no
Aiye. Deus então convidou a
palmeira a ir à Terra para fornecer uma plataforma para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
retornar ao céu com seus seguidores. Uma noite, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
foi convidado
por seu anjo da guarda para subir
em uma palmeira que
subitamente crescera na frente de sua casa. Ele recebeu três dias
para se preparar. Ele subiu na palmeira e pediu a todos os seus
seguidores que o seguissem. Quando chegaram ao topo da palmeira,
todos foram absorvidos pelo órun
(Ọ̀run).
Assim que todos estavam em segurança no céu, Olódùmarè
liberou o
dique que estava segurando
a chuva no céu e a subsequente chuva torrencial inundou e consumiu o
mundo.
Esse foi
o fim da divinosfera e da primeira tentativa de encontrar habitação
na terra; pode-se ver pela análise anterior que o mal desempenhou
muito pouco ou nenhum papel na destruição do mundo.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
revela que sete gerações se passaram no órun
(Ọ̀run)
antes que Olódùmarè
decidisse embarcar em um
segundo experimento para a habitação da terra. As divindades
argumentaram que a primeira tentativa falhou porque havia muitos
cozinheiros preparando a sopa. Deus cedeu às sugestões das
divindades e decidiu dar a cada uma delas a chance de esgotar suas
capacidades; foi Elénìnì,
a divindade do infortúnio, que propôs que Ogun, o engenheiro,
deveria ter a primeira tentativa. Ogun aceitou o desafio e decidiu,
sem demora, sair para a missão. É por isso que ele é considerado o
descobridor de caminhos do universo.
Alagbede
(Ògún), a Divindade Metal / ferro, o
ferreiro, foi então enviado por Olódùmarè
para preparar o caminho para os outros. Como ferreiro da divinosfera
(o mundo das divindades), ele deveria estabelecer a infraestrutura
para que outros pudessem construir no mundo. Ele foi enviado com 200
seres humanos (homens e mulheres) para habitar o mundo. Ògún,
no entanto, era tão egocêntrico que não viu sentido em consultar
ninguém no céu em busca de conselhos antes de partir com seus
seguidores em sua missão. Ele partiu para a terra com seus 200
seguidores sem se preocupar em fazer os preparativos adequados para
alimentar seus seguidores na terra. Ele achava que fundar uma
habitação em um ambiente virgem era como ir à guerra. Ògún
também é a divindade guerreira. Quando ele vai para a guerra, ele
fica sem fazer qualquer provisão para alimentação. Ele alimenta
seu exército das pilhagens que faz ao longo do caminho da guerra.
Ele partiu para a terra na mesma suposição.
Tão
logo cruzaram a última das sete colinas antes dos limites do céu,
chegaram à zona cinzenta entre o céu e a terra. A zona cinzenta é
chamada Hades, que é o lar dos Àbíkú,
do Ẹgbẹ́ (Ẹgbẹ́) órun
(Ọ̀run). A partir de então, eles se mudaram
para a zona escura da fronteira, onde não há sol. É chamado
Erebus.
Muitos viajantes costumavam se perder nessa zona no momento em que as
pessoas viajavam livremente entre o céu e a terra. Agora, ele se
aproxima da escuridão do útero feminino para os viajantes que vêm
ao mundo.
Ao
chegar à terra, ele colocou seus homens para trabalhar sem demora,
preparando moradas e estradas temporárias. Na manhã
seguinte, seus 200 seguidores mortais perguntaram o que eles iam
comer. Como não havia comida por perto, ele lhes disse para cortar
ramos do mato ao redor para comer. Eles comiam o mato mais isso não
os saciava. Em 14 dias, ele havia perdido mais da metade de seus
seguidores mortais por fome. Ele ficou sem opção a não ser recuar
para o órun
(Ọ̀run) com os remanescentes fracos para dizer
a ele que não tinha comida para alimentar seus seguidores. Foi assim
que Ogun desistiu de sua missão e retornou ao órun
(Ọ̀run).
Em
seguida, Deus convidou a divindade da água (Olóòkun) para ir ao
mundo, para fundar uma habitação auxiliar lá. Ele também recebeu
200 pessoas para acompanhá-lo ao mundo. Como Ògún
antes dele, Olóòkun também partiu sem fazer os preparativos
adequados para a viagem. Ao chegar à terra, os seguidores da
divindade da água também perguntaram a ele o que eles deveriam se
alimentar e ele lhes deu água para beber, o que não lhes deu
nenhuma satisfação nutricional. Quando seus seguidores foram
despovoados pela fome, Olóòkun, como Ògún
antes dele, voltou ao céu para relatar o fracasso de sua missão.
Deus
convidou várias outras divindades para a designação, mas eles
educadamente recusaram-se a ir, pois duvidavam que tivessem alguma
chance. Olódùmarè finalmente convidou
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
(a divindade da sabedoria) para tentar. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
imediatamente procurou o conselho dos anciãos celestes que o
aconselharam a procurar a ajuda de Exú (Èṣù). Ele fez um
sacrifício a Exú (Èṣù), que o aconselhou a vir ao mundo com uma
bagagem composta por amostras de todos os alimentos, pássaros,
répteis, animais etc. disponíveis no órun
(Ọ̀run).
Ele
colecionou todos esses itens em sua sacola de adivinhação e
conseguiu que seus seguidores os levassem com ele para o mundo. Esta
bolsa misteriosa tem duas características espetaculares. Leva o que
quer que seja colocado nele sem peso e produz o que é exigido dela.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
cometeu o erro inicial de não procurar conselhos de seus colegas
seniores, Ògún e Olóòkun, que antes
haviam feito tentativas abortadas de fundar o mundo. Quando ele
partiu em sua jornada do orun, Exú (Èṣù) foi ridicularizar Ogun
e Olóòkun por Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ter procurado e obter autorização dele antes de partir para o mundo
e que ele teria sucesso onde eles fracassassem. Ele revelou a eles
que o fracasso deles foi o castigo por não procurar e alistar seu
apoio antes de ir para a terra. Ele os lembrou do ditado celestial de
que o cão segue apenas aqueles que o tratam com benevolência.
Por
inveja e raiva, o Ògún
causou uma floresta densa
para bloquear o caminho que ele havia feito anteriormente ao mundo.
Ao chegar a esse ponto, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores não puderam prosseguir porque não possuíam os
instrumentos para abrir caminho pela densa floresta. Enquanto
esperava, o rato
se ofereceu para abrir a
trilha para o caminho. Na
verdade, ele abriu o
caminho, mas, sendo um animal pequeno, o caminho que ele abriu não
era amplo e alto o suficiente para fornecer espaço
para a figura humana.
Foi
nessa fase que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
enviou pedido de ajuda para Ògún para
ajudá-lo. Ogun apareceu e repreendeu Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
por não ter contado a ele antes de partir para o mundo. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
pediu desculpas instantaneamente a Ògún
e explicou que, longe de ignorá-lo, ele havia enviado Exú (Èṣù)
para informá-lo (Ògún) de sua iminente
jornada à Terra. Quando Ògún
lembrou-se de que Exú (Èṣù) realmente o havia informado, ele
desceu e concordou em limpar a rota que havia bloqueado. No entanto,
ele alertou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que, enquanto estiver na terra, ele deveria alimentar seus seguidores
com a mesma comida (palitos) com a qual ele (Ògún)
havia alimentado seus seguidores durante sua breve estada na terra;
com isso, a floresta foi derrubada e Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
continuou sua jornada com seus seguidores.
Antes de
chegarem a Erebus, os limites do céu e da terra, Olóòkun também
fez com que um grande rio interceptasse o caminho anteriormente
construído por Ògún para o mundo.
Quando Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores chegaram à margem do rio, eles não puderam
continuar sua jornada. Depois de vagar por algum tempo, Olóòkun
apareceu e perguntou a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
por ousar partir para o mundo sem dizer a ele. Mais uma vez Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
pediu desculpas a Olóòkun e explicou que ele havia realmente
enviado Exú (Èṣù) para lhe contar sobre sua proposta de viagem à
Terra antes de partir. Lembrando que Exú (Èṣù) de fato havia lhe
dito, Olóòkun perdoou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e instantaneamente secou o rio para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seu grupo seguirem para o mundo. Antes de partir, no entanto,
Olóòkun ordenou que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
fizesse o que ele fazia, alimentando seus seguidores com água
quando ele chegasse ao mundo. Com essas injunções, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
entrou no mundo.
O ponto
em que eles entraram no mundo era uma floresta densa, então ele
rapidamente conseguiu que seus seguidores construíssem moradias
improvisadas enquanto estavam ocupados plantando as colheitas que
trouxera do céu. Enquanto eles estavam sendo plantados, Exú (Èṣù)
interveio e os fez crescer e dar frutos no mesmo dia. Na manhã
seguinte, as colheitas estavam prontas. Estes incluíam milho,
banana-da-terra, inhame, etc. e uma variedade de frutas. Os pássaros
e animais que eles trouxeram também se multiplicaram da noite para o
dia através das maquinações de Exú (Èṣù) e estavam prontos
para o abate ao amanhecer.
De
manhã, os seguidores de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
se reuniram para pedir sua comida. Em deferência ao compromisso que
ele deu a Ògún no céu para alimentar
seus seguidores como ele fez, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
deu palitos a todos os seus seguidores para comer. Em seguida, ele
também respeitou os desejos de Olóòkun, dando-lhes água
para beber. Isso é muito simbólico, porque a partir de então se
estabeleceu a tradição de que o ser humano começa o dia mastigando
paus para limpar os dentes. Isto é seguido pelo uso de água para
desde suas bocas. Essa tradição subsiste até hoje, embora com
pequenas modificações com o uso de escovas e cremes dentais - que
ainda se aproximam do bastão de mascar. Depois de escovar os dentes,
a água ainda é usada para enxaguar a boca.
Depois
de dar a seus seguidores varas e água, eles ainda estavam pedindo
mais comida. Ele lhes disse para irem à fazenda que depois
florescera e colheriam alimentos para comer. Eles tiveram um dia de
campo e começaram a comer todas as descrições de comida para o
conteúdo de seus corações. Os animais e pássaros também estavam
disponíveis em abundância para fornecer carne para todos eles.
Depois disso, eles ficaram felizes na terra como seus primeiros
habitantes.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
depois viajou para o céu para relatar seu sucesso para Olódùmarè,
e todas as outras divindades começaram a vir ao mundo uma após a
outra com seu séquito de seguidores, veremos nos próximos capítulos
e volumes que as realizações de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
lhe provocou inimizade de outras divindades. Essa é a inveja
interminável no mundo hoje entre praticantes e gente a toa,
excelência e indolência, sucesso e fracasso e todas as outras
forças positivas e negativas que afetam a vida humana. Explica por
que aqueles que se esforçam para ter sucesso sofrem o
descontentamento daqueles que tentaram e falharam ou daqueles que se
recusaram a tentar.
É
importante, nesta fase, lembrar que tudo o que fazemos que nos
beneficia na vida é uma função da divindade orientadora
acompanhada ao mundo por nossos ancestrais originais que
estabeleceram a habitação humana na Terra. Os seguidores de Ifa
hoje são descendentes do primeiro conjunto de seres humanos que
seguiram Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ao mundo. O mesmo acontece com Ògún e
seus seguidores, Xangô (Ṣàngó) e seus seguidores, Olóòkun e
seus seguidores, Omolu e seus seguidores, etc. etc.
Enquanto
isso, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
voltou ao céu para relatar o sucesso de seus esforços ao Pai
Todo-Poderoso. Ao voltar para o órun
(Ọ̀run), Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
relatou o sucesso de sua missão primeiro para Olódùmarè
e, finalmente, ao Conselho das Divindades. A notícia de seu sucesso
foi recebida com murmúrios de inveja e marcou o início do fim da
estreita afinidade que existia anteriormente entre as divindades.
À
frente das mais agressivas divindades esta a divindade da morte Ìkù
quem é responsável pela
morte de todos os seres criados por Olódùmarè.
De
fato, vemos que ele é a única divindade que se alimenta diretamente
dos seres humanos e que era a mais feliz entre todas as divindades
quando o homem foi criado por Olódùmarè.
Ele exclamou na criação do homem: “finalmente
Deus criou um alimento básico para mim”.
Ele atinge suas vítimas através de quatro das divindades mais
agressivas. O primeiro deles é Ògún,
responsável por todas as destruições resultantes de conflitos,
incêndios, guerras e acidentes. Ele mata pela massa de massa. Há o
Xangô (Ṣàngó),
que também destrói apenas quando sua vítima viola as leis
naturais. Há a Omolu
que destrói indiscriminadamente através de epidemias. A
doença é a esposa da morte e
quem destrói os seres por
eutanásia. Há também a
Divindade da Noite, as bruxas,
que destrói seres inocentes em
massa. Todas essas divindades
são criadas por Deus e recebem seus poderes destrutivos por Deus.
Veremos que a mais poderosa de todas as divindades criadas por
Olódùmarè
é a desgraça ou o obstáculo
- Elénìnì.
Ele é o mais próximo divinamente de
Olódùmarè
porque é o guardião do palácio divino de deus.
A
maioria dessas divindades imediatamente assumiu uma postura agressiva
no momento em que souberam que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
havia roubado o show delas. Eles imediatamente juraram ir e destruir
o mundo estabelecido por Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
De sua parte, ele rapidamente procurou Exú (Èṣù) em busca de
ajuda, que lhe disse para não se preocupar, Exú (Èṣù) garantiu
a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que as divindades belicosas se destruiriam antes de destruir o mundo
criado por ele. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
também foi a divindade do obstáculo, Elénìnì e festejou-o
laboriosamente para obter seu apoio e cooperação.
Enquanto
isso, todas essas divindades começaram a fazer arranjos para sua
viagem à terra. O Odù Oyeku meji mais tarde nos revelará como
todos partiram para o mundo e levou três anos para chegarem lá.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
havia sido aconselhado na adivinhação para garantir que ele fosse o
último a partir para a terra. Ele também foi avisado de que haveria
uma chuva muito forte na terra que duraria mil dias e noites. Ele
deveria desafiar a chuva e não se abrigar antes de chegar ao seu
destino.
Uma após
a outra, todas as divindades partiram para a Terra. Ao chegar ao
limite do órun (Ọ̀run) e da terra, eles descobriram que tinham que
atravessar o último rio no órun
(Ọ̀run) com uma pequena ponte de corda que só
podia acomodar um passageiro de cada vez. Levou algum tempo para
atravessar para o lado terrestre do rio. Ao chegarem a Erebus, a
terra da escuridão contínua, eles descobriram que estava chovendo e
todos começaram a procurar abrigo onde quer que pudessem encontrar
um. Todos os seus projetos de destruição do mundo haviam evaporado
no ar como resultado das dificuldades que encontraram no caminho, que
foram inventadas por Exú (Èṣù).
Entre as
divindades amigas que estavam do lado de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
estavam ilé (casa) e Ìgèdè (encantamento). A Casa
que não se move, disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
para carregá-lo em sua sacola de Adivinhação. O encantamento, que
não tem membros, disse a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
que a batalha que o esperava na terra seria muito dura. Portanto, ele
aconselhou Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
a levá-lo junto, engolindo-o para que tudo o que ele dissesse
acontecesse. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
concordou com os dois pedidos.
Como
recomendado, ele esperou que todas as divindades agressivas partissem
para a Terra. Antes de partir, quando chegou à margem do rio,
encontrou apenas um, era a rainha da bruxaria (chamada lyami
Osoronga). Ela estava fraca demais para atravessar a ponte. Ela
implorara a todas as outras divindades para ajudá-la a atravessar a
ponte, mas todas se furtaram, porque tradicionalmente tinham medo
dela. Quando ela viu Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
chegando, ela implorou para que ele a ajudasse, mas ele respondeu
dizendo que a ponte só podia levar um ocupante de cada vez. Ela
então propôs que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
deveria abrir a boca para ela voar para dentro, prometendo sair no
final da ponte. Com isso, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
concordou em obedecer. Ele ignorou o fato de que ela era uma das
divindades que juraram destruí-lo na terra.
No fim
da ponte para o Àiyé, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
disse-lhe para sair, mas ela recusou, alegando que o estômago dele
era uma morada adequada para ela. Ele blefou que ela morreria de fome
dentro de seu estômago, mas ela o interrompeu dando uma mordida no
intestino dele, dizendo-lhe que todos os alimentos básicos (coração,
fígado, intestino etc.) eram abundantes dentro dele.
Percebendo
o risco que assumira, ele rapidamente usou seu instrumento de
adivinhação para procurar uma solução. Ele tirou uma cabra da
bolsa, matou e cozinhou. Tendo preparado, ele a convidou para sair
para comer, mas ela disse que só podia comer em privado. Ele pegou
um pano branco e fez uma barraca improvisada com ele. Ela então saiu
e se escondeu dentro da tenda e se alimentou da carne de cabra.
Enquanto
desfrutava de sua refeição, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
desapareceu na escuridão de Erebus, enfrentando a chuva e, sem
olhar para trás, continuou sem parar em sua jornada.
Ele
conheceu todas as divindades se abrigando em um ponto ou outro na
beira da estrada. Em consonância com os conselhos que recebeu no
céu, ele continuou sua jornada sob a chuva até chegar ao seu
destino. Ele foi felizmente recebido por seus seguidores, que estavam
começando a se perguntar por que ele havia demorado tanto tempo a
voltar.
Ao
chegar em casa, ele disse a Ìgèdè e Ilé para descerem. Ilé
desceu, mas morreu instantaneamente, enquanto Ìgèdè lhe disse que
ele seria mais eficaz dentro de seu estômago. Isso explica por que
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
é considerado o patrono dos encantamentos e a única divindade
capaz de conjurar com a palavra falada.
Ele
disse a seus seguidores para preparar um túmulo adequado para Ilé.
Enquanto ele estava em estado à espera de ser sepultado, ocorreu a
ocorrência mais maravilhosa desde o estabelecimento do mundo. De
repente, fileiras de casas começaram a surgir por todo o
assentamento, semelhante ao tipo de casas que eles têm no céu.
Esse foi
o começo da fundação arquitetônica do mundo, no lugar das cabanas
anteriormente construídas pelos seguidores de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
edifícios palaciais começaram a surgir por toda parte.
Aqueles
que se abrigaram contra a chuva, acamparam permanentemente em todos
os tipos de locais esquálidos pela longa duração da chuva. Quando
a chuva cessou, eles estavam tão acostumados a suas acomodações
improvisadas que não viram sentido em sair deles. É por isso que
divindades como Ògún, Xangô (Ṣàngó),
Olóòkun , Oya, Omolu, etc. têm seus santuários fora de casa até
hoje. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
, sendo o único que veio direto para casa desafiando a chuva, é a
única divindade (além de Orisa Nla que veio depois) sendo
localizada e servida no lar.
Recorde-se
que as divindades agressivas que vieram com Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
ao mundo o fizeram com uma determinação: vir e destruir o mundo
que ele havia construído. Infelizmente para eles, eles estavam mal
preparados para a viagem porque não obtiveram autorização formal
de Olódùmarè antes de deixar o órun
(Ọ̀run). Ao chegar ao mundo, eles logo
descobriram que sem a autoridade de Deus, eles não poderiam cumprir
sua missão. Eles então se reuniram e decidiram voltar ao órun
(Ọ̀run) para obter a devida liberação de
Deus. Liderados por Ògún, o mais antigo
de todos, partiram para o órun
(Ọ̀run).
Ao
chegar ao palácio de Olódùmarè, eles
pediram a autoridade Divina – axé (àṣẹ) com a qual fazer e
desfazer. Visto que Deus não recusa nenhum pedido, ele deu-lhes e
todos eles renderam seu próprio axé (àṣẹ) a Ògún
para tomar a custódia deles. Qualquer um que quisesse usar seu
próprio axé (àṣẹ) foi a Ògún
para coletá-lo e devolvê-lo depois de usá-lo.
Com
esses instrumentos de autoridade, eles começaram a criar todo tipo
de problemas para Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores, que por sua vez começaram a
fazer todo tipo de sacrifício para se defender dos desígnios
malignos das divindades agressivas. Quando chegou ao ponto em que
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores estavam usando todo o seu dinheiro para fazer
sacrifícios para dissipar as maquinações perversas das divindades,
ele decidiu perguntar ao anjo da guarda o que fazer a respeito. Ele
foi aconselhado a preparar um encanto especial, agora chamado de
gbetugbetu. Depois de prepará-lo, ele deveria usá-lo para visitar
Ògún e ordenar que ele entregasse todas
os axé (àṣẹ) que ele tinha sob sua custódia. Com esse encanto,
é possível conjurar alguém para se comportar conforme as
instruções do usuário.
Ele
preparou o feitiço de acordo com as instruções e fez uma visita a
Ògún. Ao chegar à casa de Ògún,
Orunmila disse que ele veio recolher todos os axé (àṣẹ) com
ele. Sem qualquer hesitação, Ògún foi
ao seu tesouro, levou todos eles e os entregou a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Com as axé (àṣẹ) nas mãos, Orunmila saiu de casa e, quando
chegou em casa, engoliu todas elas.
Cinco
dias depois, Ògún queria usar seu
próprio axé (àṣẹ) e foi ao seu tesouro buscá-lo. Para sua
surpresa, ele descobriu que não era apenas o seu próprio lugar, mas
todo o lote pertencente às outras divindades também havia
desaparecido. Ele tentou se lembrar de quem o visitou durante os
últimos cinco dias, mas, como sua memória havia falhado, ele
decidiu verificar as divindades. Ele foi primeiro a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
para perguntar se foi ele quem veio recolher os axé (àṣẹ) dele.
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
negou jamais visitá-lo e muito menos coletar os axé (àṣẹ)
dele. Com o desaparecimento do axé (àṣẹ) das Divindades,
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
e seus seguidores tiveram um pouco de descanso e começaram a viver
felizes e pacificamente.
Assim
que um firme fundamento foi estabelecido para habitação permanente
na terra; mais habitantes do céu começaram a fazer visitas
frequentes à terra. Aqueles que acharam o Céu insuportável para
viver escaparam para o mundo. Outros saíram de curiosidade.
Inicialmente,
durante muito tempo, foi possível caminhar sobre os pés do céu
para este mundo e voltar; foi o apelo do gênero feminino a Exú
(Èṣù) que encerrou a passagem física entre o céu e a terra;
anteriormente, era possível sair o céu e chegar ao mundo com
lembranças claras do que quer que se deseje realizar na terra, foram
Exú (Èṣù) e Elénìnì que bloquearam a passagem da memória.
Quando
as divindades partiram para o céu, uma após a outra, deixaram seus
seguidores e descendentes para manter a vida na terra, já vimos: o
conflito que caracterizou a coabitação terrestre das divindades.
Quando voltaram ao céu, um após o outro, os conflitos se tornaram
ainda mais ferozes entre os mortais leigos. Isso explica as lutas,
guerras, traições, comoções e destruição mútua que subsistem
entre os habitantes desta terra até hoje. Foi assim desde o começo
e assim permanecerá até o fim dos tempos. Não é inteiramente
culpa dos homens. É um reflexo do conflito sem fim entre o bem e o
mal.
Esse mito tem os mesmos elementos dos
anteriores mas colocando Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
como centro dos acontecimentos, isso é bem típico dos yorùbá, que
dão importância a divindade que querem dar.
Nessa versão, os orixá (Òrìṣà)
descem ao Àiyé através de uma árvore e não de uma
corrente, é curioso que essa mesma árvore surge no mito seguinte,
do Benin.
Uma versão também interessante do
Benin, situado a leste da terra yorùbá (não é o Dahomey). Vou
citar esta versão porque existe uma grande influência entre esses 2
povos, os Yoruba e os Bini.
Em sua gênesis, os Bini acreditam que
Òsànóbùa, sua divindade principal, e Anume, sua esposa, tiveram 3
filhos, chamados, Òblẹ́mwẹ̀n, Olóòkun e Òglùwú. O costume
Bini estabelece a superioridade de machos sobre as fêmeas e desta
forma Olóòkun assumiu uma posição de superioridade em relação a
sua irmã Òblẹ́mwẹ̀n. Um dia Òsànóbùa enviou seus 3 filhos
com o poder e a missão de criar o mundo. Naquele tempo o mundo era
uma imensidão sem fim de água, que tinha apenas uma árvore
Ikhinmwin (igual a um Akoko).
No alto desta árvore vivia um pássaro
chamado Ọ̀wọ̀nwọ̀n
A cada uma dos filhos foi dado a opção
de escolher um presente para ir com eles junto com a canoa que eles
deveriam tomar. Os dois mais velhos escolheram a prosperidade e
ferramentas de trabalho. O mais novo se preparou para escolher suas
ferramente quando o pássaro pediu para ele levar com ele uma conha.
Quando a canoa chegou ao centro das
águas, o mais jovem virou a concha e uma quantidade sem fim de areia
saiu dela. Dessa maneira a terra começou a se espalhar sobre as
águas. Eles ficaram com receio de sair da canoa e mandarem um
camaleão examinar se a terra era firme. O lugar onde a terra emergiu
foi chamado de Agbon, “o mundo”, um nome que foi trocado para a
Agbor, hoje uma cidade a lesta da cidade do Benin.
Òsànóbùa, desceu por uma corrente
até o mundo recém-estabelecido e demarcou o mundo. Foi de lá que
as pessoas foram enviadas para os 4 cantos do mundo, para cada país
e cada geografia. Ele fez então o seu filho mais novo como o
responsável por Benin, dono da terra e estabeleceu o seu próprio
reino como sendo o mundo espiritual, através das águas onde o céu
se encontra com o mundo.
Òsànóbùa, ficou estabelecido em seu
palácio no mundo espiritual e para a humanidade é um deus remoto,
primariamente preocupado com o mundo espiritual, tendo delegado a
seus filhos o cuidado do mundo físico, ou natural. Não existe culto
a Òsànóbùa. Òsànóbùa é apelado somente em última instância,
quando tudo o mais já falhou. Ele nunca demanda oferendas.
Existe um assentamento para Òsànóbùa,
ele é composto apenas de um longo poste ficando em um monte de areia
e no alto uma roupa branca que tremula no vento como uma bandeira.
Para Òblẹ́mwẹ̀n foi dado o
controle sobre o nascimento e a agricultura, ela é chamada a esposa
da terra, mãe de todos os seres humanos e seres vivos. Olóòkun
recebeu o poder de doar a prosperidade e Òglùwú o poder da morte.
Òsànóbùa então enviou Olóòkun para ser o rei do mar
Como podem observar o mito da criação
dos Bini é bastante parecido com o mito Yorùbá da gênese e apesar
de existirem variações nos personagens Yorùbá.
O teólogo, acadêmico e pesquisador
Mbiti, que escreveu vários livros sobre a religião africana,
defendia uma tese, a qual explicava, de que havia uma “religião
africana”.
Devo lembrar que ao falarmos de África,
um continente enorme, temos sempre que nos situar geograficamente.
Existem várias formas de ver a África, eu adoto a seguinte:
A África é composta da parte norte,
chamada de Saariana, ou Magrebe, que é uma região desértica
formada de povos árabes e atualmente predominantemente muçulmanos.
Logo abaixo existe uma faixa
intermediária que vai do atlântico ao mar vermelho, que é uma zona
de transição entre o Magrebe e a África sub-saariana, chamado de
Sahel.
Abaixo do Sahel fica a África negra, se
estende por todo o continente entre o atlântico e o índico, até o
chifre da áfrica no extremo sul.
Essa região tem ainda divisões. A
áfrica central e ocidental, a das florestas úmidas fica entre o
Sahel, ao norte, o atlântico ao oeste e a leste a áfrica oriental e
ao sul a áfrica meridional, que é a África das savanas.
Na África oriental ficam a Etiópia,
Uganda, Tanzânia, Somália e outros países.
Na África das savanas, a África
meridional, temos África do Sul, Angola, Moçambique, Zâmbia, e
outros.
Na figura abaixo isso esta
aproximadamente mostrado, lembrando que, como eu disse existe mais de
uma forma de dividir a África, a abordagem geográfica, tipo, norte,
sul, ocidente, oriente, etc.. não é a melhor, eu, entendo que
existe um agrupamento que considera similaridades culturais e assim,
uso esse de Magrebe, Sahel, África Central, África meridional e
África oriental.
Em 100% das vezes que eu cito África,
no contexto de religião ou mesmo no contexto relacionado com nos no
novo mundo, estou me referindo a, primeiro, a África negra, segundo
a África Central, a das florestas, a África úmida.
John Mbiti, se focava nessa região de
África que eu citei. Na posição dele, havia, acima de tudo, uma
religião africana, ou seja, uma identidade religiosa comum. Apesar
das variações e divisões regionais ligadas a cada etnia, ele, em
sua análise, via elementos comuns que ligavam as manifestações e
práticas religiosas. Dessa forma, apesar de perecerem várias
religiões, na verdade, elas seriam uma só, com um corpo teológico
comum e que se manifestavam na prática de formas.
Seus livros analisavam as religiões de
várias etnias e destacavam esses aspectos comuns. Ele. Mbiti, é
conhecido por defender essa posição, o que não quer dizer que
todos aceitem isso, mas, Mbiti assim o pensava e defendia.
O contexto de eu citar isso é sobre a
similaridade desta questão de origem do mundo natural, onde
encontramos mais de um mito e similaridades entre religiões de
etnias distintas.
Antes de encerrar é importante citar que Orisa-nla, apesar de ter
tido grande importância e relevância na questão da criação do
mundo e das pessoas, de acordo com alguns dos mitos que citei, não
tem nenhuma posição hierárquica em relação aos demais orixá,
dentro do panteão yoruba.
Palavras finais sobre a gênese
Como disse no início esse mitos apenas servem para mostrar que
esta é uma religião original, de raiz e que não está ligada a
nenhuma outra. Os mitos da gênese são apenas uma história de
criação do mundo, a origem das coisas e não trazem em si, nenhum
grande fundamento teológico.
Eu incluí nesse texto com esse intuito, dar acabamento a tudo.
Não vejo nada mais importante nesses mitos do que isso. Os cristãos
entendem que sua gênese seja um fundamento e isso virou uma disputa
histórica com a ciência entre criacionistas e evolucionistas.
No caso yorùbá, como eu disse, tudo é metáfora, não entendam
isso de forma literal e não importa para nós, de fato se aparecemos
no mundo ou se nascemos de uma minhoca. Isso não é relevante a uma
religião.
Uma religião é
importante pelo que ela faz com as pessoas, como ela as transforma
para o seu bem e para o bem da sociedade.