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domingo, novembro 10, 2024

QUAL O MELHOR DEUS A ESCOLHER?

 

QUAL É O MELHOR DEUS A ESCOLHER?

Existe uma questão que tem origem nas religiões abraâmicas, em geral e que afeta todos em qualquer religião. Essa questão é que eles confrontam as demais religiões devido a seu entendimento de que somente eles se ligam ao verdadeiro deus1. As religiões abraâmica são: Judaísmo, catolicismo e suas variações e até mesmo o islã.

Os abraâmicos, todos eles, entendem que somente eles têm, através de sua religião, o contato com o deus verdadeiro e que outras religiões tem outra coisa mas essa outra coisa não é o deus de verdade, porque só eles conhecem o deus de verdade. Se você acredita em deus somente pode ter acesso a ele através deles, porque, de acordo com eles, deus veio em pessoa, em forma humana, falar com a gente e eles, os abraâmicos, materializam através da religião deles o que deus disse que é para ser feito por nós e assim eles representam a verdadeira religião de deus.

Para eles essa questão é tão séria que eles disputam entre si, entre os abraâmicos, quem é que está certo ou mais certo. Para os que não seguem uma religião abraâmica esse posicionamento é, no mínimo, desanimador. É muito difícil argumentar sobre isso, discutindo se isso está adequado a uma visão de um deus supremo em sua grandeza se o outro lado, os opositores, abordam o assunto de modo tacanho, disputando a propriedade de deus.

A posição deles, de deter a propriedade da verdadeira relação, leva a conclusão de que tem que existir, alternativamente, vários deuses, semi-deuses, falsos deuses ou demônios (eles usam várias denominações pejorativas) que são as divindades referenciadas pelas outras religiões. Eles não negam as demais religiões, mas, na minha visão, as classificam como fantasias humanas e invencionices ou as definem como crendices ligadas aos espíritos errados, ou seja, uma substituição do deus verdadeiro por uma outra coisa qualquer, uma vez que, somente eles, estão ligados ao deus verdadeiro.

Chamo a atenção de dois tipos de abordagem que eles usam para tratar as demais religiões. Na primeira eles as referenciam como hereges ou pagãs e na segunda dizem que são influencia ou manipulação do diabo. Ambos argumentos representam projeções reais e sinceras da teologia deles para o tema.

A palavra pagão não deveria ser nenhuma ofensa e significa apenas quem não é cristão, assim metade do mundo é pagão. Se considerarmos a definição de pagão ser quem não é batizado, então 65% do mundo é pagão. Contudo na maior parte do contexto do seu uso ela é usada como uma ofensa, como qualificadora de uma pessoa que não crê ou se liga ao verdadeiro deus, aquele que somente eles têm. A palavra não é usada como um substantivo para o outro e sim como um adjetivo para qualificar o outro.

Em relação a ligar o diabo às demais religiões, isso é genuinamente o entendimento teológico deles. Eles entendem que existe um diabo que faz oposição a deus e que o mundo que vivemos é controlado pelo diabo. Esse diabo quer levar as almas ao inferno e nos afastar de deus, que apesar de ser onisciente e onipresente está sempre distante e deixa o diabo controlando o mundo, influenciando as pessoas para o mal e nós temos que resolver isso sozinhos.

Neste modelo teológico as religiões não abraâmicas, as pagãs, são uma das formas do diabo afastar as pessoas do deus verdadeiro e por isso essas pessoas devem ser cooptadas e salvas delas.

Considerando que todas ou a maior parte das religiões pagãs (não cristãs) não acredita nem no diabo e muito menos em um inferno, incluindo nisso os próprios judeus, é quase impossível discutir esse argumento com eles. Acaba virando apenas uma ofensa barata, porque para discutir isso você tem que entrar na teologia deles visto que nas demais isso é inexistente.

Por fim, chamar de herege é apenas um não argumento. Isso é muito usado quando tratamos de divergências teológicas que surgiram na formação da religião deles. Quando surge uma divergência teológica, como, por exemplo, acreditarmos que deus se manifesta em outras religiões ou que o diabo não existe ou mesmo que Jesus não era o próprio deus em pessoa, a classificação de “heresia” encerra o tema sem mais discussões. Heresia é algo que já foi tratado e refutado e os hereges condenados como tal.

O curioso é que o sentido da palavra herege é tão simples como o da palavra pagão, signifa apenas o de ser uma “opção”. Assim uma heresia é uma opção por outro entendimento é uma escolha ou divergência de uma ortodoxia mas assim como foi feito com a palavra pagão, de substantivo vira um adjetivo.

A verdade é que eles definem as outras religiões da forma como querem, mas, no fim, o que é comum a todas essas definições é que somente eles tem o absoluto, o único e o verdadeiro deus. São vários argumentos idiotas e fantasiados e que se resumem a apenas isso.

Eu vou focar minha argumentação no Judaísmo e no Cristianismo. O Judaísmo tem que ser incluído porque, apesar de ser uma religião e um povo muito pequeno, seus livros sagrados foram usados pelo Cristianismo e seu entendimento disso é a origem de tudo. O Judaísmo não tem relevância mas entrou no tema por causa disso. O foco real é o Cristianismo.

Falar do islã seria uma abordagem mais fácil. Ele poderia ser mencionado amplamente como um excepcional exemplo negativo de tudo o que vou falar. Ele se encaixa como uma luva em tudo, mas é muito pouco conhecida e sua desconstrução como religião passaria apenas pela sua historicidade, de maneira que, para o que eu quero mostrar ele não é necessário.

Farei aqui muitas afirmações sobre os Judeus e ao Cristianismo em relação a teologia e história e que certamente conflitarão com as informações que muitos têm. Entendam que essas informações, que usarei, foram obtidas de historiadores e eu as cito baseado no que aprendi deles, de maneira que não estou inventando historia. Claro que também incluo minhas observações ou análises e isso é o que se pode esperar de uma obra autoral e opinativa que trata de religião.

Por que a história entre nesse tema religioso e teológico? Devido a historicidade, inventada pelos judeus, sempre ser o principal argumento utilizado por judeus e cristãos para sua superioridade teológica e também para impor que o monoteísmo é a única opção legítima de uma religião. Parece incrível mas já ouvi dezenas de pessoas que iniciam ou baseiam sua argumentação sobre sua fé ou sobre sua religião baseadas na historicidade do relato bíblico.

Vejam, ninguém pode basear sua crença ou explicar sua fé dizendo se apoiando em supostos relatos históricos, porque se os relatos forem questionados e descredibilizados como verdade e historicidade, como ficará sua fé?

Qualquer discussão tem que se basear em argumentos consistentes e claros e para isso, ao longo das próximas páginas, eu vou explicar um pouco a estrutura de religiões (porque sem isso não dá para falarmos de religião), explicar que a historicidade bíblica é inexistente e que, finalmente, o monoteísmo não foi uma orientação de deus. Depois disso podemos tratar de deus e teologia em bases mais civilizadas e no final vou poder explicar qual é a causa da reação estrutural que as religiões abraâmica tem que ter contra outras religiões, mesmo que estas se dirijam ao mesmo deus que elas.

Sobre o uso de fontes históricas nesse tema preciso fazer um alerta importante. Não sei se todos sabem, mas, a recuperação de informações históricas, ou melhor a criação da história é feita a partir de pesquisa textual, quando disponível e, principalmente, arqueológica. Contudo, esse é um absoluto exercício de criatividade interpretativa. O pesquisador olha as parcas evidências que encontra e da cabeça dele constrói a imagem do que seria o passado, de modo que sempre haverão fontes com posições diferentes. Cabe a cada um pensar no que está lendo, avaliar sua relevância absoluta ou relativa ao tema e decidir o que considerar. Assim, o senso crítico de quem lê é o que define a história e não os pesquisadores que a geraram. Quem ouve ou lê aqueles relatos é quem vai dar credibilidade a eles, porque eles tem que convencer pessoas comuns.

A informação histórica mais importante e que muito poucos sabem é que somente após o século IV AEC2, com o fim do exílio babilônico, foi que os judeus escreveram, muito tardiamente em relação ao que seria a cronologia original, toda a sua história que está na Bíblia criando um novo passado e também uma nova religião. Essa escrita foi feita por 2 grandes grupos de escribas profissionais e orientada pelos sacerdotes do segundo templo de Jerusalém. É isso que concordam todos os pesquisadores que consultei. O que não se sabe é o quão profundo foi essa reconstituição e se ela preservou alguma coisa da memória anterior ou copiou majoritariamente mitos pré-existentes no levante. Isso é ainda inconclusivo.

Esta é uma informação importante que por si só já muda o entendimento da Bíblia em relação a sua historicidade, uma vez que não foi escrita quando os tais “fatos” ocorreram e muito menos pelos seus autores, como você foi levado a pensar. Não estamos tratando do caso de escribas que ouviram os relatos dos autores e escreveram os textos, estamos lidando com escribas que escreveram por conta deles e de sua criatividade os textos como se fossem os autores.

Creio que você pode estar chocado e incrédulo mas é isso mesmo. Foi baseado nessa historicidade bíblica que você e todos assumiram que deus quer o monoteísmo como modelo correto. O monoteísmo é o que é porque é isso o que está na Bíblia. Entretanto e se isso nunca existiu? E se deus jamais procurou aquelas pessoas dizendo que deviam ser apenas monoteístas?

Para sua informação, a Tanakh é o nome que se dá ao o conjunto de textos judeus que mais ou menos é o que chamamos de antigo testamento. Ela deva ser, na verdade, considerada como uma obra literária, mitológica e teológica, com eventos e personagens criados. A Septuaginta, como é chamada a primeira tradução para o grego deste códex judaico, feita no Egito, foi a base do AT3. Com o que já se sabe hoje, sem qualquer sombra de dúvida, ela não pode ser considerada um relato histórico, apesar de ter sido feita para simular isso.

A Tanakh, como um códex, foi elaborada por uma casta de sacerdotes judeus vindos de longa estadia na Babilônia e foi baseada em uma soma de revisão histórica, interpolação e teses teológicas posteriores (com enorme influência babilônica), tudo isso disfarçado como se fosse a história real, só que retro-projetada. Atualmente não existe nenhuma dúvida sobre essas minhas afirmações.

Também não existe nenhuma dúvida de que ela foi escrita a partir do século IV AEC e o que existia antes era apenas a tradição oral de pelo menos 2 povos muito distintos, que possuíam histórias distintas e ancestres distintos, um localizado no Sul, Judá e outro no Norte, Israel. Assim, diferente do que você imaginava até esse momento, estes fatos e situação relatada coloca toda essa obra, o AT, deslocada dos eventos motivadores de suas histórias e dos autores que você imaginava que fossem. O AT é um livro religioso baseado em mitos.

É importante citar que isso não ocorreu apenas no códex do AT. O NT também não é uma obra autoral, ele surge mais através de um processo dêutero autoral do que pseudo autoral. Os livros e principalmente as cartas que compõe o novo testamento, apesar de muito mais recentes e feitas, diferente do AT, em um tempo em que, comparativamente, havia maior alfabetização e facilidade de material de escrita, foram escritos, no século I, a partir de, pelo menos, 50 anos após a morte de Jesus (muito poucos), a maior parte do material possivelmente só foi escrita do século II em diante. Isso, apesar de os colocar distante dos fatos e autores originais os situa muito mais próximo das fontes do que o AT.



Paulo é sem nenhuma dúvida o personagem mais importante do NT, chegam a chamar o cristianismo de religião paulina, só que existem 2 Paulos diferentes, o real, o histórico, que é mostrado em algumas cartas e o que está retratado em Atos dos Apóstolos, que é o Paulo mitológico. Das 21 cartas paulinas que existem no NT, apenas 7 cartas são atribuídas ao Paulo Histórico e mesmo assim contêm algumas camadas de interpolações. As demais cartas são todas dêutero paulinas ou pseudo paulinas.

A partir do século IV EC4, surgiu a auto-proclamada ortodoxia católica (ninguém os elegeu, eles se auto-elegeram), iniciou a construção do catolicismo que conhecemos hoje, mas esse processo levou vários séculos para se consolidar e foi se afastando intencionalmente e gradualmente da origem judaica. Apesar da suposta origem judaica, o catolicismo floresceu e se expandiu em um ambiente helênico. Nos primeiros séculos era majoritária a influência helênica na teologia.

Você deve estar assustado com tantas afirmações estranhas e qual a razão de isso ser relevante para esse tema, mas, sim, tem relevância porque define a raiz do problema que estou tratando.

Este não é um texto feito para questionar a Bíblia como texto sagrado de uma ou várias religiões. O que estou trazendo são informações que já existem, divulgadas por historiadores em livros e artigos e que desfazem a historicidade atribuída a estes textos e isso nos permite discutir teologia e religião como devem ser e não competir teologia contra história, como fazem os cristãos.

Assim, como eu disse, o AT, antigo testamento, é uma obra literária e mitológica baseada em textos judaicos, o novo testamento é uma obra literária, teológica e mitológica greco-romana de maneira que, nenhum dos dois livros representa a história real como querem fazer todos acreditarem. Esse é o ponto importante, esses livros NÃO SÃO história ou descrição de fatos.

Vocês podem, ainda, não entender porque estou citando a questão de fatos históricos e a Bíblia, mas, vou explicar mais uma vez. A razão é que a base dos argumentos deles, judeus e cristãos, para sustentar sua posição de supremacia ou monopólio na relação com deus, tem como pedra fundamental a afirmação de que a Bíblia é um relato histórico e na Bíblia é definida uma relação direta e exclusiva com o próprio deus supremo como tendo sido trazida por esse mesmo deus. Por isso preciso trazer esse assunto a tona, porque não dá para questionar a tese de propriedade da deus, que eles têm e o monoteísmo, que eles criaram, se não iniciarmos pelo questão de historicidade da Bíblia. Não podemos discutir com um fantasma ou espantalho.

Repito, que meu objetivo, aqui, não é falar da historicidade bíblica, isso é um problema orgânico dos judeus, minha questão são as consequências para a humanidade dos problemas causados pela invenção da supremacia da relação com o deus supremo, que eles criaram para eles, ter sido adotada pelo cristianismo que é a religião que influencia mais da metade do mundo. A construção desta propriedade afetou a relação de cristãos e da população em geral com as outras religiões, tirando delas, no entender deles, o direito a sua própria relação com deus e deslegitimando as demais religiões como parte do contexto maior de deus.

Não se trata de questiona a opção religiosa que milhões de pessoas pelo cristianismo. Trata-se de questionar o efeito que isso tem sobre outros milhões de pessoas que creem em deus mas não acreditam que essa relação entre nós e deus seja através do modelo desenhado pelo cristianismo. Uma metade não aceita a não opção da outra.

Pelo lado teológico essa abordagem, como explicou Baruk de Spinoza em seu livro Tratado teológico-político, retirou de deus a sua verdadeira grandeza, ele deixou de ser o deus supremo e virou um fantoche judeu e cristão.

Já vi muitas pessoas inteligentes e cultas que sempre, preferencialmente, tomam esta atalho e resumem essa questão da supremacia da relação com deus, que o cristianismo têm, devido a Bíblia ser, na posição deles, histórica e ela descrever fatos nos quais, claramente, deus estabeleceu uma relação direta entre ele e os judeus criando a religião e principalmente o monoteísmo. Elas partem primeiro da fé religiosa em deus e se apoiam no formato de relato histórico que foi dado a Bíblia ao misturar uns poucos livros teológicos com a história romanceada de um povo.

Observem que apesar de essas pessoas não serem judeus elas recorrem a historicidade inventada pelos judeus para fundamentar suas posições. Atualmente existem inúmeras e consistentes fontes que contestam a historicidade desse textos Judeus, existe, na verdade, toda uma área científica em torno disso, com dezenas de pesquisadores e livros publicados, mas essas pessoas, inteligentes, apesar de serem profundos estudiosos de religião e criadores de teologia ignoram ou fingem ignorar essas fontes.

Vou afirmar aqui, repetidas vezes, que não tenho nenhum foco nos judeus, apesar de eles serem muito citados aqui. Eles não tem nenhuma relevância histórica. Foi somente através do cristianismo que ele ganharam relevância. Sem o cristianismo seriam mais um pequeno povo do Levante. Os cristãos ao criarem sua religião, por motivos que hoje eu critico mas que historicamente muitos já o fizeram também, se ligaram a origem judaica do Cristo e trouxeram a religião inventada pelos judeus apenas no século IV AEC para si e para o conhecimento do mundo.

O cristianismo, que na minha visão e de outros nunca deveria ter buscado essa raiz Judaica, teve que recorrer ao mesmo estratagema que os sacerdotes do templo de Jerusalém usaram antes e criaram um deus para eles, substituindo o deus que os judeus haviam criado antes. Eu vou explica mais tarde e em detalhes, criticamente, esse movimento, mas uma visão teológica sobre esse processo, claramente, mostra que com a vinda de Jesus, deus redefine sua relação com a humanidade em outras bases, cria uma nova aliança e é criado o caminho para uma nova religião (o que realmente ocorreu), uma religião aberta e universalista com valores e ética elevados.

No meu ponto de vista religioso, Jesus é o rompimento de deus com a religião e o monoteísmo inventando (do nada) pelos sacerdotes do tempo de Jerusalém. O que eu penso é que infelizmente esse movimento (ruim) do templo retorna através da auto-proclamada ortodoxia cristã, a patrística e mais uma vez estraga algo que poderia ter sido bom, reatando o cristianismo com o judaísmo ruim criado pelo templo de Jerusalém.

Com essa inclusão, na minha opinião, essa auto-proclamada ortodoxia cristã foi obrigada a transformar Jesus em deus (como ocorreu no século IV). Esta transformação foi forçada e artificial e, por séculos, não foi aceita, sendo continuamente rediscutida em concílios, gerando divisões e mostrando, até hoje, que era uma definição ruim.

Atualmente, a ortodoxia cristã foge dessa questão da transformação de Jesus em deus respondendo que é uma heresia e nem segue com qualquer justificativa.

Conforme citei, minha opinião é que isso foi devido a uma razão político-teológica. Era necessário aos cristãos substituírem a relação de exclusividade com deus que os judeus inventaram para si nos seus livros (dos judeus). Uma vez que, como esses livros foram incorporados ao cânone católico era necessária um nova definição dessa relação, uma nova aliança e um novo deus, que substituísse a relação que os judeus fizeram só para si.

Vou dar um exemplo de como era importante a criação de um deus próprio. Em torno do século VII os árabes tentaram de aproximar dos judeus e de sua religião. Eles não tinham uma religião moderna, convivam com um politeísmo desordenado e nesse tempo, conviviam com o cristianismo com sua abordagem inclusiva e aberta e com os judeus. Os judeus recursaram a sua aproximação dizendo que a religião deles e o deus deles era só para eles, que eram judeus. O compromisso de deus era com eles e deus jamais os aceitaria. Os árabes então procuraram Mohamed, porque em medina ele se anunciava como profeta do deus dos judeus e dos cristãos e assim surgiu o Islã esse mal que assola a humanidade. Isso não é mito, é fato real e mostra a visão judaica da propriedade de deus e essa relação maluca que eles inventaram com o monoteísmo.

Assim, para os cristãos, Jesus teve que obrigatoriamente virar deus para que os católicos tivessem independência e a mesma relação de exclusividade que os judeus inventaram para eles. Com isso, os cristãos também podem repetir que a religião deles é também a verdadeira, porque deus, veio pessoalmente até nós, através de Jesus, para criar a nova religião através da nova aliança superando as estorinhas que os judeus inventaram.

Observem essa equivalência construída. Os judeus, no seu livro de mitos, fazem o deus supremo vir até eles para construir uma aliança especial, sem qualquer justificativa e exclusiva para eles judeus. Os cristãos, passam a usar os livros judaicos, mas, fazem no seu próprio codex, novamente o deus supremo vir até eles, através da transformação de Jesus em deus e estabelecer uma nova aliança, uma que substitui a anterior. Os judeus são substituídos e deixam de gozar o status, que eles mesmos inventaram para si, de povo escolhido.

Observem que a teologia que definiu Jesus como sendo deus é apenas política e tinha que ser obrigatoriamente feita pelos cristãos. Teologicamente isso jamais foi facilmente aceito, foi origem de muitos questionamentos e heresias, o tema se estendeu por diversos concílios e houve algumas poucas divisões formais. Contudo isso nunca foi um assunto teológico e a organizada ortodoxia católica jamais aceitaria qualquer tipo de contra-argumentação. É absoluta perda de tempo querer discutir isso hoje ou em qualquer tempo, isso jamais foi um tema teológico.

Ao trazer o códex judaico (ruim) para dentro do seu códex, a Patrística não teve outra saída que não fosse recriar deus através de Jesus e com isso defini uma nova relação dele com a humanidade. Vou aprofundar isso em outro capítulo.

A realidade é que para as pessoas e comunidades helenizadas do século I a IV, que verdadeiramente adotaram Jesus por sua vontade, divulgaram seus mitos e expandiram a religião, Jesus era tipicamente um semi-deus e foi assim reconhecido por muito tempo até o transformarem, por decreto, em deus.

Temos uma luta de teologia inventada. Para fazer frente a historicidade que no século IV AEC os judeus inventaram junto com uma relação de propriedade de deus, os católicos no século IV EC, criam um Jesus-deus e se libertam do judaísmo apesar de terem adotado o códex judeu. Contudo, ao fazerem isso, se colocam no mesmo lugar dos judeus ao serem igualmente obrigados a alegar a propriedade da relação com deus em sua religião.

Por que eu afirmo que são obrigados a alegar a propriedade exclusiva?

Se eles reconhecerem que seus livros são mitos e não história, como sempre falaram que eram e, principalmente, que o deus supremo visto pelas outras religiões é o mesmo deles, como fica a teologia deles frente as teologias das demais religiões, que são diferentes das deles mas tem origem no mesmo deus ou seja, tem a mesma inspiração divina que eles?

Mas como fica a religião cristã sem um diabo? Sem inferno? Com várias vidas? Sem apocalipse? Sem nascermos condenados? Sem o deus onisciente? Sem o retorno de Jesus? Porque isso só eles têm. Não sei se você se lembra ou sabe mas, o antigo testamento, o códex original não tem nada disso escrito ali.

Minha visão é que o castelinho de cartas desaba, porque se eles aceitarem deus com uma teologia diferente, mostra, através das diferenças, que alguém errou ou não contou a verdade. Deus teria enganado eles? Essa questão da propriedade de deus é muito mais dramática e séria do que você imagina e isso está no núcleo da intolerância religiosa. Existem construções teológicas basilares, que foram criadas em concílios e que dependem da supremacia deles em relação a deus e vou mostrar isso mais à frente.

Após essa desconstrução da relação de exclusividade e propriedade de deus pelos cristãos, podemos voltar ao tema principal deste capítulo, o da multiplicidade de “deuses”. Temos, de fato, muitos deuses? Temos o deus dos judeus, o deus dos cristãos, o deus dos hindus, o deus dos chineses, etc..?

Qual é o melhor deus a ser escolhido nessas opções?

O que isso muda na nossa vida?

Ao escolhermos um deus e uma religião mudamos nossa vida e, principalmente, o nosso destino?

Por exemplo, os cristãos terão uma vida e um pós-vida diferente dos induístas? Depois que você morrer, vai ter uma porta para os cristãos entrarem, outra para os induístas? Outra para os espíritas? Já pensarem nisso?

Por quê eles tem esse problema da supremacia do deus deles e as demais religiões não têm?

Se temos muitos deuses, qual devemos escolher? Qual é melhor? O deus deles ou os outros deuses?

Se tratamos deus como Olódùmarè ou Brahma , teremos escolhido o deus errado?

Bom, antes de seguir tenho que dizer que esse assunto é bem extenso, dá para falar muitas e muitas horas sobre isso e, assim, eu escolhi um viés entre os muitos possíveis, um que eu entendo ser mais simples para abordar o tema.

Além disso, neste texto, vou estar falando da forma como as religiões abraâmicas, que eu citei, tratam essa questão de deus e por essa razão estarei referenciando muito os judeus e o Judaísmo, apenas porque o entendimento e história deles está na origem dessa questão. Não tem nenhuma razão especial e este tema não é destinados somente aos judeus.

Primeiro vamos a uns números oficiais sobre religião no mundo em 2023:

32% é cristão (50% católico)

0,2% é judeu

23% é muçulmano

Total abraâmico – 55%

7% é budista

15% é induísta

Total Indi – 22%

15% é sem religião mas creem de alguma forma em deus

3% são ateus

4,8% - tem outras religiões e crenças

Podemos entender várias coisas com esses números.

A primeira é que eles, os abraâmicos, são apenas metade da população do mundo. A outra metade não pensa igual a eles.

A segunda é que, de fato, deus fez um bom trabalho através dessa religião, partindo dos judeus, que são menos do que um traço na estatística, ele convenceu metade do mundo a seguir esta religião. Inclusive explorar esse tema, de porque e como deus espalhou essa religião pelo mundo já seria um tema enorme.

A terceira é que os ateus são apenas 3% do mundo, eles são menos do que qualquer religião, são 3 traços, mas, querem dominar o discurso. Eles conseguem isso devido aos 15% que creem em deus mas não tem religião, como sempre esse pessoas ficam em cima do muro mas sempre caem do lado ateu, prejudicando todo mundo.

O grupo Indi é muito relevante mas o induísmo é geográfico e não vai crescer mais, ele está associado a uma população é induísmo é como o Judaísmo. O grupo budista na verdade deve ser agrupado com ateus e os sem-religião. O induísmo não desenvolve uma relação com deus ele promove que nós homens podemos seu o próprio deus, assim, budistas e ateístas são similares. Quando juntamos com os sem-religião temos 33% da população que não veem necessidade de se relacionar com deus.

Eu gostaria de abordar diretamente a questão de existir ou não vários deuses, mas, tenho que fazer um pouco diferente. É necessário explicar isso em uma determinada ordem, para que isso possa ser entendido, caso contrário vai ser inútil, assim tenham um pouco de paciência.

Vamos então a um argumento teológico simplescomo eu prometi – para iniciar, mas, para isso, precisamos não tomar partido de nenhuma religião, porque não dá para olhar essa questão estando de ante mão preocupado em afirmar a posição de uma delas.

Nas gêneses das outras religiões, que não as abraâmicas, um deus supremo também criou tudo do nada.

Essa constatação é muito importante porque nivela todas ou quase todas as religiões no senso comum de que existe um deus supremo.

Nenhum mito é igual ao outro, em alguns aparecem mais ou menos deuses, em alguns existem justificativas para a criação e os detalhes, a riqueza do relato e o simbolismo varia entre eles. Contudo, sem nenhuma coincidência, todos esse mitos refletem essencialmente a forma humana de se relacionar entre si, mostrando, como óbvio, que as pessoas apenas contaram as histórias de uma maneira que as outras pessoas pudessem entender. Esta última frase é a coisa mais importante.

Não podemos examinar esses textos buscando exatidão histórica ou descritiva porque são textos humanos e foram escritos para descrever um contexto super-humano para humanos entenderem e foram feitos por outros humanos.

Vou me deter um pouco nesse tema.

Muitos criticam os livros sagrados das demais religiões como obras fantasiosas, com um monte deuses, filhos, brigas, etc. Mostram coisas fantásticas. As principais críticas a isso vem dos abraâmicos porque eles, justamente como eu disse, fundamentam seus livros como se fossem sempre a história real. Como vou explicar mais adiante eles fizeram essa emulação. É o mesmo com os cristãos, é assim com os muçulmanos. Todos tem em comum a afirmação de seus livros não serem fantasias e sim história porque intencionalmente os desenharam assim.

Sobre os épicos e textos das demais religiões, como eu já citei, são históricas e poemas feitos por humanos para humanos entenderem as informações e são baseados na cultura, valores de cada sociedade à época que foram feitos. São feitos intencionalmente para pessoas comuns entenderem as mensagens. As narrativas não têm o objetivo de contar uma história real e sim de trazer para as pessoas o entendimento e o sentimento do todo e da mensagem, sem recorrer a erudição e também, permitem que eles facilmente memorizarem essas histórias. É mais fácil lembrar de uma história ou de um poema e depois analisar ou explicar seu significado, do que decorar apenas os significados.

Assim essas histórias, fantásticas e incríveis, trazem lições, valores, moral, ética, exemplos e dezenas de outros atributos humanos como as suas virtudes ou os seus defeitos. Elas conseguem contextualizar, para qualquer pessoa, uma dimensão grande do mundo, de deus e da existência, com toda a sua complexidade, usando para isso a metáfora da própria vida humana.

Tem idiotas que ao longo da história disseram que deus era uma criação humana e que refletia as pessoas, ou seja, que as pessoas criavam deus a sua semelhança e que por essa razão isso tudo era bobagem, era o ser humano criando um deus a sua imagem. O pior não é um idiota escrever isso, é outras pessoas repetirem isso.

É claro que deus é descrito como humano ou reflete nosso modelo humano ou mesmo as histórias e mitos de criação, cosmologia, teogonia serem sempre épicos e aventuras humanas. Eles são feitos por humanos e para humanos entenderem.

Assim o homem não cria artificialmente um deus igual a ele. Nós explicamos deus através de nós mesmos, sua criação. Isso hoje chamamos de Analogia Entis e contrasta com a chamada Analogia Fídelis. Humanizar deus não o torna uma criação humana, apenas reflete a forma como nós conseguimos explicá-lo. Na analogia entre o criador e a criatura, a criatura reflete o criador.

Uma história na qual um deus único e solitário cria o tudo do nada, sem motivação ou explicação, não é melhor do que outras que mostram um deus maior e outros menores criando o mundo e as pessoas, baseados em um motivo qualquer, conflito entre eles, etc. Tudo como se estivesse ocorrendo entre nós mesmos. O que é mais simples? explicar assim ou falar de física quântica?

Como você vai descrever deus ou a criação para as pessoas comuns? Como uma coisa amorfa, uma energia maior e envolvente, etc… Sério? Você acha que alguém vai dar atenção ou entender isso?

Mitos são sempre símbolos, são feitos para serem isso e feitos para serem interpretado e explicados aos humanos. Esse é o normal. O anormal é você criar um livro de mitos e dizer que é história real, que deve ser entendido de forma literal quando é conveniente ou de forma simbólica quando é melhor para você, que é o que os protestantes fazem o tempo todo. Mais idiota ainda é você pegar um codex feito para emular um livro histórico e criar interpretações fantasiosas para justificar sua teologia.

Quem é o maior idiota? O que se baseia em mitos fantástico feito para serem interpretados e para entender a criação, deus e o sentido da vida ou o que acha que um livro de mitos, descaradamente inventado, é verdadeiro e por isso você deve acreditar nele?

Muito mais curioso é o caso católico5. A teologia, que é a interpretação da Bíblia, que eles seguem não está na Bíblia, jamais esteve, foi uma criação humana feita através de concílios. Ela estabelece um henoteísmo efetivo e foi baseada, na minha visão e outros especialistas no zoroastrismo, mitraísmo, maniqueísmo, filosofia grega entre outras fontes. A base do catolicismo são textos apócrifos e não o cânone. Existem teologias baseadas em filosofia e em apócrifos ou mesmo gerada apenas porque eles quiseram. Os teólogos fazem uma enorme ginástica com palavras e frases soltas na Bíblia para criarem amarrações.

É por isso que teólogos católicos, que são pessoas inteligentes, não discutem teologia com protestantes com a Bíblia na mão. É impossível. Mas não estão errados, a teologia católica esta claramente definida e padronizada e é transmitida pelos padres e teólogos. No modelo católico você tem que ouvir o padre para entender a nossa relação com deus e o sentido de nossa vida.

Os teólogos católicos sabem a origem da Bíblia e sabem como foi feita e não vão pagar o mico de se basear em um livro com textos inventados. Por essa razão que os católicos não se preocupam com a questão de historicidade da Bíblia. Nunca se preocuparam, até mesmo incentivaram as pesquisas.

O protestantismo nunca foi uma reforma, é uma nova religião ligada a ortodoxia judaica do templo de Jerusalém. Por isso que eles dialogam com tanta facilidade com os judeus ortodoxos e se afastam dos cabalistas.

Assim, quem é de fato o idiota nisso? Os cristãos ou as demais religiões?

Voltando ao tema principal, o mais importante é que o exame da teologia mostra que as outras religiões, grandes ou não, reconhecem a existência do mesmo deus supremo e da mesma criação unificada presente no Judaísmo.

As narrativas normalmente são na forma de versos épicos e trazem variações na maneira de se entender o mesmo assunto com mais ou menos detalhes.

Não se pode ficar confrontando detalhes e mostrando defeitos ou lacunas nas narrativas de cada uma delas, como os abraâmicos gostam de fazer para ter razão. Até, porque, o texto deles não resiste a uma análise de qualquer pessoa com inteligência mediana.

A comparação de uma gênese simples e sem graça, como a judaica, versus outra épica e cheia de detalhes, de outras religiões, não vai levar a nenhuma conclusão importante. As histórias da criação sempre serão obras humanas feitas para humanos entenderem. O que importa é o sentido geral do tema e, nesse sentido, o fácil entendimento da presença do deus supremo é constante nas religiões.

Então, seguindo o que estou explicando, não podemos ter vários deuses supremos criando o mundo de forma diferente ou mais de uma vez.

O que temos então são várias fontes, independentes, relatando a presença do mesmo deus supremo criando tudo. Esta é uma consciência coletiva, que atribui a um deus supremo a origem da vida e do mundo.

Como consequência do que estou dizendo, não podemos ter Yahweh de um lado criando o universo só para os judeus e de outro Brahma e Olódùmarè, por exemplo, fazendo o mesmo para hindus e africanos do centro-oeste. Só temos 1 universo e 1 mundo para ser criado, não vivemos em universos paralelos.

Como outras religiões também relatam um deus supremo e como não podem haver 2 ou mais deuses supremos, temos que estar tratando do mesmo e único deus supremo, que existe e criou tudo. Mas esse deus é entendido ou traduzido por povos diferentes de maneiras diferentes.

Esta variedade e também coincidência é a maior prova da existência de deus.

Entendam que, nenhum deus, passou um fax para os humanos contando a história da criação (Os únicos que acreditam que deus passou um faz são os muçulmanos).

As gêneses sempre são obras humanas feitas para humanos entenderem e sempre surgiram quando não havia escrita e foram documentadas em escrita muito posteriores a sua origem.

Assim, não existe, de fato, um deus a escolher, não existe deus melhor a ser escolhido, uma vez que, como eu afirmo, estamos tratando do mesmo deus, apenas com nomes diferentes.

Como consequência dessa minha afirmação, as demais religiões também são manifestações do mesmo deus supremo. Isso é o que um observador independente, que não esteja comprometido com nenhuma dessas visões, pode facilmente concluir.

O meu argumento é, desta maneira, simples de entender, deus, em todo o mundo e ao longo dos séculos sempre esteve junto das pessoas, se anunciando e com isso estabelecendo religiões. Ele sempre buscou proteger e orientar a humanidade, como um todo a encontrar sua melhor versão humana.

Na visão de todas as religiões o mundo, o universo e toda a humanidade é obra de deus. A obra é o todo e não apenas uma parte. Claro que, contrário a essa minha visão muitos vão se levantar, principalmente os abraâmicos. Vão dizer que estou fazendo uma salada, misturando tudo e que tudo é a mesma coisa, que deus é único e apareceu para eles e blablablá.

Mas não é isso que eu falo. Eu não penso que é tudo igual. Todas as religiões são diferentes e a razão disso é humana e não divina.

Minha visão é que cada pessoa deve escolher apenas uma religião e basear sua fé nas mensagens desta religião e desconsiderar as outras. Se escolheu a melhor ou não isso é de cada pessoa. Eu reconheço religiões ruins e boas por critérios objetivos, mas cada pessoa deve fazer sua escolha.

E por que escolher apenas uma? Porque cada religião tem uma consistência teológica contida nela. Existe orientações, indicações, proibições e modelos a serem seguidos e isso só faz sentido com o entendimento da teologia e com o devido equilíbrio das coisas.

Eu sugiro que essa escolha deve ser também baseada em sociedade e cultura, não vejo sentido em alguém aqui no Brasil querer ser induísta. Religião é importante, tem propostas diferentes para você entender e viver sua vida, mas escolher uma é uma escolha pessoal e cada um viva com a escolha que fizer.

Por fim, é minha posição que você deve ter uma religião ao invés apenas de crer em deus. Ter uma religião significa você aceitar e se submeter as mensagens e orientações de deus. Significa você mudar quem é e mudar sua vida baseado no que deus transmite através do entendimento desta religião. A pessoa que adota uma religião está aberta a dar e receber de deus. Quem crê sem adotar uma religião quer apenas receber de deus.

Vocês podem estar confusos, nesse momento onde eu quero chegar, mas, calma isso vai ficar claro.

O que eu estou afirmando agora é que não temos um deus melhor ou verdadeiro a escolher. É o mesmo deus supremo para todos no mundo. Você não pode acreditar em um deus supremo e ao mesmo tempo duvidar das outras religiões que também reconhecem o mesmo deus supremo. Se você faz isso, é você que está acreditando em um deus menor ou no seu diabo preferido.

O problema com os abraâmicos, nessa questão, é que a teologia deles depende da afirmação de serem únicos e de terem a única verdade. Sem isso o castelo de cartas deles desaba, por isso são tão agressivos nessa questão. Esta é a razão da intolerância. A raiz disso está na criação, artificial do monoteísmo e vou ter que explicar isso.

1A palavra deus é um substantivo. Cada religião tem um deus que possui um ou vários nomes e estes sim são escritos em maiúscula. O uso da palavra deus para designar o deus cristão é uma unilateralidade cristã. Assim em todo o texto o substantivo será sempre em minúscula.

2Antes da Era Comum

3Antigo Testamento

4EC – era comum. Na ausência da notação AEC, considerar que é EC

5Em todo o texto será alternado intencionalmente as palavras católicos e cristãos. Católico sempre será usado para indicar a interpretação romana da teologia e a da religião e cristão como algo for mais genérico. Eventualmente em determinado momento histórico que estiver sendo citado não caberá o uso de católico, assim será usado cristão. Dessa forma cristão e católico não são sinônimos.

domingo, agosto 25, 2024

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

 

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

Depois de ter exposto o processo que gera as religiões temos que reunir essas explicações novamente com a razão correta para que eles façam sentido e você não continue achando que meu único objetivo foi falar mal do cristianismo.

Eu tive que falar isso tudo, até aqui, para poder dizer algo bem simples, que a religião não determina a existência de deus e, assim, pode existir mais de uma religião para nos ligar a deus, porque o deus supremo é divino e as religiões, todas elas, são obras humanas inspiradas por ele. O que muda nelas é a forma que as pessoas entendem deus. Mas as religiões, todas elas, são uma parte fundamental da fé em deus.

Assim, tive que explicar que as tais palavras sagradas de deus são, na verdade, palavras de homens. Isso é assim em todas as religiões, tive um foco aqui no caso da Bíblia porque ele é icônico, mas, é o mesmo para todas as religiões.

Eu falei as coisas nesta sequência:

1) religião não determina a existência de deus – A religião é uma expressão humana de deus. Não é deus que cria a religião, são as pessoas que criam para poderem transmitir o que entendem de deus. Deus inspira as pessoas a criarem as religiões e não pode ter religião sem deus.

2) Não pode existir apenas 1 religião para nos ligar a deus – Claro, se religião é uma criação humana então muitas pessoas podem concebê-las. Deus sendo supremo e influente a todos, em todo o mundo e não apenas em um lugar, vai gerar o mesmo processo em muitas pessoas. Nem todas vão querer criar uma religião nova mas, não existe possibilidade de alguém ter o direito de dizer que só ele tem a de verdade.

3) O mesmo deus supremo se manifesta ao redor do mundo através de religiões diferentes.

4) Como as religiões são criações humanas e são inspiradas por deus, podemos ter mais de uma religião inspirada pelo mesmo deus e naturalmente serão diferentes. A forma como cada pessoa entende e decide formatar esse entendimento é humano e, assim, distinto. Ninguém tem como afirmar que possui a melhor interpretação.

O mesmo deus, supremo, inspirará pessoas diferentes em muitos lugares e pessoas diferentes entenderão essa manifestação de maneira distinta, formatando seu entendimento baseado na visão pessoal.

Mesmo ateus ou céticos, que não acreditam em deus, entendem esse argumento de que, se existe um deus e ele é supremo, isso se dará dessa maneira, de forma isonômica. A influência, atenção, do deus supremo, o criador de tudo, que gera o fenômeno da fé e da religião não pode ser direcionada. Ela tem que ocorrer na humanidade inteira da mesma forma ao mesmo tempo.

Você pode não acreditar que exista deus, isso é uma opção humana, acreditar ou não mas, ao acreditar não pode negar que um deus supremo terá atenção com todas as pessoas e não apenas com algumas.

Se o livre arbítrio é um dogma comum às religiões, fica claro que deus não pode ter certeza onde sua semente religiosa vai prosperar. Ou você crê no livre arbítrio que permite até mesmo o mal humano ou isso não existe e somos apenas marionetes de Deus.

No meu entendimento, a religião é um componente basilar no modelo humano criado por deus. Deus precisa que isso floresça para a humanidade funcionar e assim ele espalha essa iniciativa pela humanidade. O que estou afirmando é que a motivação de criar religiões é divino, vem de deus, nascemos com isso e a razão disso é que ela são necessárias.

Pensando de forma racional, nesse momento você poderia ter uma dúvida honesta que é, por que um deus supremo precisa da religião? Por que a principal raiz religiosa do mundo diz que somos obrigados a adorar e amar, o tempo todo, um deus que é supremo? Essa questão é importante e define a própria existência de deus e é isso que vou abordar.

A minha resposta honesta é que deus, o supremo, não precisa ser amado. Ele não exige adoração e veneração. Qualquer religião que diga que deus necessita disso significa que as pessoas que criaram essa religião não entenderam o objetivo de deus, ocorreu um dos famosos deslizes humanos.

O modelo de amar a deus porque ele quer ser amado e que temos que fazer isso para nos salvar do inferno eterno é apenas teologia estúpida e barata feita por sacerdotes que queriam controlar as pessoas, uma vez que, além dessa necessidade, existe a obrigatoriedade de recorrer a eles, sacerdotes, como intermediários de deus. Isso é muito evidente. Se você nunca tinha olhado por esse aspecto passe a analisar este viés.

Para não estender demais esse tema interessante, o que eu penso é que, como já citei, a religião é um dos pratos da balança da vida e o outro é o livre arbítrio. A equação da vida humana não fecha sem isso. Não pode haver livre arbítrio, sem junto com ele, não tivermos a opção da religião. Um sem o outro seria condenar as almas ao pior destino, não porque nascemos mal ou condenados, mas porque temos que, junto com a absoluta liberdade, ter uma ética que nos diz o que é o correto e que nos orienta a desenvolver a nossa melhor versão.

Deus não podia dar ao ser humano, sua criação, a capacidade de tudo, de até querer ser deus, de um lado, sem o que equilibrar todo esse poder de outro. A religião, com seus valores e ética supra-humanos, trazendo essa busca da relação com deus em contraste com a possibilidade de viver sem ele, é o que nos mantêm inteiros como humanidade. Por toda a nossa história foi a religião que inseriu valores e ética nas relações humanas criando uma sociedade continuamente melhor. Nós somos a balança que equilibra esses 2 poderes, o de poder fazer tudo e o de fazer tudo com valores e ética. Cabe a nós, de nossa iniciativa, sem interferência, buscar as virtudes, porque essa própria busca faz parte do livre arbítrio.

Se existe religião tem que existir livre arbítrio e vice-versa. São 2 faces da mesma moeda. Religião sem livre arbítrio nos transforma em marionetes idiotas, ratos de laboratório.

Na minha visão é muito fácil e ingênuo para os ateus, que já encontram um mundo e uma humanidade adequadamente moldados pela religião alegarem que a religião não é necessária, que é tudo uma invenção humana. Eles são apenas 5% da humanidade e os outros 95% organizamo o mundo para eles através da religião. Foi deus e a religião que caminharam junto com a humanidade por toda a sua história e em todos os lugares do mundo construindo a sociedade que temos hoje.

Nunca estivemos sozinhos nessa vida, o deus supremo através de suas emanações, divindades, nos assiste, com limites e o que temos que dar para deus, em troca, é a virtude e o bom caráter. No mundo que eu vejo através da religião, existe espaço para o bem e o mal, o mal não é permanente é sempre superado porque é o bem o que as pessoas buscam.

Chamo a atenção para essa dualidade livre-arbítrio x religião. Essa é uma equação muito importante no complexo sistema de nossa vida. Nós recebemos o livre arbítrio que nos permite fazer o que quisermos, brincarmos de deus ou o de demônio, criarmos vida, beleza ou até nos destruirmos. Nós fazemos tudo isso, mesmo os excessos não importam, porque o equilíbrio do bem e da ética sempre prevalece e o desvio se volta para o bem, é uma questão de tempo.

Não existiu até hoje nenhum futuro distópico que se realizasse. A busca real da utopia é o que prevalece. Isso é o resultado, como eu citei dessa equação da vida que contrapõe o livre arbítrio e a religião em nossa vida. Por mais tenebrosa que fosse a realidade por mais sombrio que parecesse o futuro, a humanidade sempre se corrigiu para que o bem prevalecesse. Não somos uma humanidade desassistida de deus ou sem propósito de vida e coletividade. Se fosse isso e se o livre arbítrio fosse na verdade a evidência da ausência de deus, jamais teríamos chegado onde chegamos.

Os próprios ateus são a maior prova da existência de deus, sob vários aspectos. Um deles mostra que podemos viver, como senhores da vida e da razão. Não temos obrigações ou deveres em nossa vida que não seja viver e acreditar e nós mesmos. Aliás isso caracteriza os ateus, acreditarem apenas neles mesmos.

Desta maneira, esse pequeno grupo na humanidade, uns 5%, mostram que o livre arbítrio existe e deus nos deu isso em nossa existência. Mas, apesar disso, de forma inexplicável, espontânea e incontrolável, 95% da humanidade, sabendo que pode viver por ela mesma, busca se ligar a deus através das religiões, centenas delas. Os ateus funcionam como o grupo de controle que mostra que a tese religiosa de termos recebido de deus o livre arbítrio é verdadeira.

Apesar de opcional, a relação com deus e o uso da religião com seu objetivo primário de nos fazer pessoas melhores é a opção preferencial das pessoas. Essa relação com deus se acomodou da forma como era mais adequada a cada população, se materializando com simplicidade ou complexidade de acordo com o desenvolvimento de cada povo, isso nunca foi importante. O que é importante é que qualquer pessoa pode observar em todas essas manifestações a preocupação de trazer valores e ética para a humanidade e fazer pessoas melhores, sempre.

Cada pessoa, devido ao livre arbítrio fez sua opção por essa relação com deus da forma e com a intensidade que definiu e, assim, construiu sua vida entre a liberdade de ser e fazer o que seu ser determinasse e as regras e orientações de deus que ela aderia por iniciativa própria.

Estamos tratando assim de opções livres e reais. As pessoas nascem com a opção do livre arbítrio e não podem se recusar a ela, mas, podem por escolha e opção escolherem por deus e suas orientações.

O livre arbítrio é real e importante, ele mostra que não existe essa tese religiosa caótica e absurda que deus pré-determina a vida e o destino e que somos apenas marionetes de sua vontade. Defender o livre arbítrio é uma das obrigações de uma pessoa religiosa e que acredita de fato em deus. O livre arbítrio dá sentido e justifica a fé em deus.

Mas o livre arbítrio também tem como consequência a variabilidade da criação humana, com a religião como parte disso. A mensagem de deus está em nós e também é inspirada por ele, continuamente através de seus mensageiros. Acredito que isso nunca cessou e nunca cessará. Pessoas morrem e nascem para uma nova vida que é um livro em branco e precisam ser novamente inspiradas por deus, esse processo não tem fim.

Em função de nossa liberdade e inteligência podemos fazer o que quisermos inclusive criar religiões boas e não boas, simples ou complexas demais. Podemos inclusive nos equivocar no entendimento e inserir o mal na religião. Deus não pode controlar isso. Deus não controla o que fazemos em nossa vida e o rumo que tomamos. Nenhuma religião honesta pode propor algo diferente disso porque a realidade comprova essa afirmação.

Deus nos inspira e influencia, mas, nossas ações consecutivas a isso são opções e criações nossas. Não existe nenhuma evidência que mostre deus interferindo em nossas ações e destino. Mais uma vez, essa afirmação que faço é respaldada pela realidade, pelo mundo real. Tanto é assim que existem pessoas que duvidam da existência de deus e que associam tudo o que ocorre na vida e no mundo a causas naturais e a casualidade.

Chamo a atenção que, quando fazemos afirmações de teorias sobre a vida e sobre deus, temos que respaldar o modelo que propomos imediatamente no concreto, no mundo real. Teorias e modelos só tem validade de podem ser comprovados. Uma teoria ou modelo não pode ser confirmado por outra teoria ou modelo adicional ou maior. Se for assim estamos criando apenas romance e literatura e não explicando o mundo real.

Dessa forma o modelo que explica o livre-arbítrio, religião, deus e ateus se confirma pela forma como reflete o mundo real que vivemos. Um é previsto pelo outro.

A outra evidência importante é, como iniciei e não concluí, a existência de religiões boas a más. Eu já tratei e expliquei, nesse modelo, porque temos muitas religiões. Também já tratei porque temos muitas divindades junto com deus. O que tenho que concluir é porque temos religiões ruins.

As escolhas e a criação humana são resultados do livre arbítrio. Lembro que não somos guiados por deus, somos inspirados e procuramos a deus por nossa opção. Não existe nesse modelo o pré-determinismo e o destino estabelecido. O que existe é a autonomia. Quando iniciamos uma obra humana podemos realizar o que quisermos, nenhuma mão divina vai nos tirar de nosso caminho.

Repetindo, esse modelo de autonomia é parte de todas as boas religiões, a separação dos mundos natural e supernatural e a auto-determinação humana está na própria obra Teogonia de Hesíodo. Como venho repetindo o modelo conceitual da teologia prevê a existência dos ateus e do próprio erro humano.

Essa equação de existência tem um desvio natural, que é a realidade de pessoas criarem e seguirem religiões ruins. A pessoa inicia esse processo de criar uma religião com uma boa ideia ou com uma boa inspiração mas desenvolve isso como entende que deve ser. Está fora do próprio controle de deus especificar como uma religião deve ser ou de aceitar ou não uma religião. Tudo o que já tratei até aqui fundamentam isso, mas, serei específico.

Religião não é uma criação de deus, é uma criação humana. Deus não nos obriga a buscá-lo, fazemos isso por nossa opção. A religião é o estabelecimento de um modelo humano de entender deus e sua mensagem e apesar de ser uma inspiração de deus e buscar refleti-lo, é somente uma criação humana para que humanos possam entender a mensagem de deus, assim, é parte de nossa autonomia e arbítrio.

Lembre-se que temos plena liberado, inclusive, para produzir o mal humano, fazer arte feia e música ruim. Podemos fazer coisas que não funcionam, pontes que caem e barcos que afundam. Podemos matar pessoas e fazer guerras. Da mesma maneira, podemos fazer religiões ruins. Se podemos fazer uma guerra onde morrem milhares de pessoas e deus não interfere, porque não poderemos criar uma religião ruim e totalmente equivocada?

O arbítrio para fazer tudo isso está na mesma categoria de autonomia que temos. A mesma liberdade que temos de ir a deus por opção também temos para modelar essa relação. Não vai existir a mão de deus interferindo nisso, assim como não tem a mão de deus interferindo em nossas criações e ações ruins. Não é a mão de deus de cria uma religião, é a mão humana. Lembra? Não somos marionetes.

Na verdade estou sendo impreciso e posso ser mal interpretado. Como religioso eu acredito na mão de deus na nossa vida, mas, isso ocorre por nossa opção e com limites. O tempo todo vemos a mão de deus na vida, mas isso é feito, sempre através das pessoas e nos limites que impõe a separação do mundo natural e supernatural.

Se criamos uma religião ruim e com informações ruins ou uma interpretação ruim da relação com deus, isso apenas afeta as pessoas que decidem acreditar naquilo. Essas pessoas erram nisso assim como podem errar em qualquer coisa nessa vida e o problema será com elas próprias e a performance de sua vida. As pessoas podem sofrer mais do que outras porque escolheram uma religião ruim, assim como sofrerão por qualquer decisão errada que tomarem na sua vida.

Se deus permite que pessoas sejam comunistas, que acreditem e preguem uma corrente ideológica que nunca deu certo, nunca prestou para nada, baseada em teorias ruins e que foi responsável direta pela morte de mais de 100.000.000 de pessoas, porque não pode permitir que existam religiões ruins e mal-feitas?

Por estas razões o modelo que desenho aqui é mostrado pela própria vida. A teoria é confirmada pela prática e os desvios e problemas fazem parte do próprio modelo.

Dessa maneira, esse é o sentido de existirem religiões como uma inspiração de deus. Além disso, esse modelo que mostro de livre arbítrio de um lado e religião de outro, justifica a própria existência de deus, uma vez que é equilíbrio demais para ser apenas uma coincidência.

Igualmente é coincidência demais, religiões no mundo todo trazerem sempre o mesmo modelo de equilibrarem livre arbítrio com a tese religiosa e deixando cada pessoa decidir o que fazer.

O entendimento errado são as pessoas que dizem que somos obrigados a amar e adorar um deus supremo como se ele necessitasse disso. Também achar que deu colocaria o livre arbítrio em nossa vida, a separação do supernatural e do mundo natural se fossemos apenas marionetes na mão dele. Também outro entendimento errado é existir todo esse mundo e complexidade para que na verdade tenhamos nascido para sofrer no inferno. Mas todas essas teologias existem.

Se todos entendem que existe um deus e ele é supremo e criador, como já tratamos, então toda a humanidade é sua obra e ele a influencia e atua da mesma maneira em todo o mundo e para todas as pessoas. As regras tem que ser as mesmas para todos.

Finalizando esta é a razão de deus criar a religião. Ele não precisa de adoração, nós precisamos da religião.

sábado, maio 18, 2024

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS??

 

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS?

 

Os judeus e cristãos, principalmente os últimos, porque são mais numerosos, brandem o monoteísmo como sendo a coisa certa o modelo correto de religião. A partir dessa informação todas as demais religiões, não monoteístas, são pagãs. Só que, só a deles é monoteísta.

Eles usam a palavra PAGÃO no sentido pejorativo, para classificar uma religião como um politeísmo ou adoração de deuses e demônios, o termo pagão nunca é usado no seu sentido correto. Pagão é uma palavra que era usada para classificar qualquer coisa que não fosse cristão, apenas isso. Assim, nessa definição, uns 60% do mundo é pagão, incluindo o islã.

A palavra pagão é então, sempre uma ofensa, representa a ausência do deus verdadeiro, um misticismo, fetichismo ou animismo.

No modelo cristão, o monoteísmo se transforma na virtude e o diferente disso é o deletério. Contudo, uma rápida análise, que qualquer pessoa com mediana inteligência consegue fazer, mostra que somente o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são auto-proclamados como monoteístas, além do que, classificar o catolicismo como monoteísmo é absolutamente incorreto.

As demais religiões do mundo normalmente ficam em torno do Henoteísmo. Creio que, na atualidade, exceto os chamados xamanismos, que também é um adjetivo ruim, nenhuma outra religião se enquadra como um politeísmo que passa a ser apenas um modelo de referência assim como a monolatria já foi, no passado, um modelo de referência.

Para quem não sabe, no henoteísmo o reconhecimento de um deus superior convive com manifestações desse mesmo deus através de divindades auxiliares que fazem a ligação ou representação desse deus supremo junto às pessoas, à humanidade.

O henoteísmo, que é o modelo mais natural, mantêm a crença em um deus supremo. A adição de divindades é apenas a forma como nós humanos vemos esse deus supremos se projetando junto a nós. É absolutamente falso tratar essas divindades de novos deuses, como se houvessem muitos, essa é uma fala do monoteísmo contra as demais religiões.

É como em Ifá, onde o deus supremo Olódùmarè se manifesta humanizado junto às pessoas através dos Orixá (Òrìṣà), que recebem culto por causa disso e, também, através de outras divindades que não são Orixá (Òrìṣà) e por isso não recebem culto, apenas compõe o entendimento do poder e influência deste mesmo deus supremo. É o modelo de ministros e embaixadores.

Cabe alertar que o catolicismo é, na verdade, um henoteísmo.

Assim, de onde surgiu esse modelo superior de religião que somente aqueles que inventaram têm? O monoteísmo?

A história é bem simples e vai decepcionar muita gente que acredita nessa visão de superioridade. Inclusive, conhecer essa história fará vocês verem a própria bíblia de uma forma diferente. Mas, antes cabe alertar que, para explicar isso eu necessito entrar no tema de historicidade da Bíblia, mas, não vou me aprofundar nesse tema, quem se interessar pelas coisas que vou citar, pode procurar as fartas informações que hoje estão disponíveis. Mais ainda, o que vou abordar aqui, sobre historicidade, são coisas objetivas e sobre as quais não existe dúvida entre os diversos pesquisadores.

Eu principio alertando que monoteísmo não está ligado ao correto reconhecimento de deus e de sua grandeza. O reconhecimento do deus superior, o supremo não está ligado ao monoteísmo.

Os estudos históricos e arqueológicos feitos em Jerusalém e em todo Israel, feitos, inclusive, por arqueólogos e historiadores Judeus, mostraram de forma bem evidente que diferente do que está na bíblia, os judeus sempre foram politeístas. Sempre viveram em Canaã, sempre cultuaram deuses diferentes, sempre tiveram imagens e símbolos e sempre fizeram esse culto localmente em suas casas e vilas, entre centenas de outras afirmações que podemos fazer e que contrariam o que está na Bíblia.

É fantasiosa a visão de que eles se converteram ao monoteísmo através de moisés e que eram os únicos monoteístas na sua região, pelo contrário, já haviam, antes deles, manifestações de religiões que buscavam o modelo da monolatria (como no Egito), Pérsia e opções henoteístas.

O povo que hoje chamamos de judeus mas que já tiveram outras denominações não eram monoteístas e muito menos eram uma potência militar e civilizatória. Nunca foram um farol de conhecimento e lucidez, pelo contrário.

As descobertas arqueológicas e históricas mostram a Bíblia como um livro de mitos e não de história. Observe, a Bíblia não está sendo criticada como livro religioso, apenas perde o seu caráter histórico de retratar fatos e verdades. É um livro de mitos, heróis e narrativas fantásticas como qualquer outra religião tem.

É claro que a reconstituição da história antiga é muito falha. Vocês tem que entender que um arqueólogo ou historiador não encontram a história pronta em textos e documentos. Isso pode ocorrer para tempos recentes mas não para o período antigo. Essas pessoas, sozinhas ou em conjunto, encontram artefatos diversos, restos de ocupação humana, obras civis, fragmentos de textos, corpos e através da observação de uma extensa área de extratos procedem a sua datação e, por fim, criam uma narrativa de história baseada naquilo que estão vendo. Esta narrativa sai da cabeça das pessoas.

A história antiga, que muitas vezes é narrada em detalhes, é uma criação humana e que pode ser refeita em ciclos. Assim, as mesmas descobertas analisadas por pessoas diferentes podem contar histórias diferentes ou versões diferentes para as mesmas evidências. Não existe nenhuma forma que permita saber, de fato, o que ocorreu ou como eram as coisas na antiguidade e quanto mais antigo mais difícil fica.

Mas, apesar dessa criatividade, existe um evento importante e relativamente recente e por isso bem documentado, ligado aos judeus, que foi o exílio da babilônia. O povo de Judá foi conquistado pelos persas, por Nabucodonosor II, no século VI AEC. Uma pequena parte da população (umas 10.000 pessoas apenas) foi levada para o cativeiro na Babilônia, mas, este foi um cativeiro diferente. Foram levados o Rei Joaquim, sua corte, aristocratas e sacerdotes, soldados, artífices e a elite da sociedade de Judá.

O restante da população permaneceu onde estava, sendo governado por um Rei nomeado pelos Persas. O povo de Judá era eminentemente rural. No exílio, essa elite se integrou com os persas e se desenvolveu fortemente através da rica cultura da Babilônia, até que no reinado de Ciro II, no século V eles foram libertos e autorizados a retornar, isso após apenas 50 anos de exílio.

O curioso é que depois de libertos, por Ciro, eles levaram ainda 20 anos para retornar a Judá e uma parte ainda permaneceu na Babilônia e nunca retornou.

O que ocorreu, neste período, na Babilônia é que os sacerdotes tiveram contato com outras culturas e religiões, sendo a principal o rico Zoroastrismo, religião oficial do estado Persa. Esses sacerdotes, então, vendo aquela riqueza teológica e grande estrutura político-teológica, se mobilizaram para escrever os seus próprios livros sagrados. A Torá, o principal livro sagrado do judaísmo, foi feito a partir deste período. Tudo foi reescrito e recontado, da história do povo à religião. Quando eles voltaram do exílio, fizeram isso para retomar o poder que tinham em Judá e Jerusalém e trouxeram, documentada, uma nova história do seu povo e uma nova religião, que refletia muito a própria estrutura e mitos do Zoroastrismo.

Não é possível conhecer a história de Israel e da Bíblia sem ter perfeito entendimento do que significou o exílio babilônico.

A nova religião, que foi desenhada, era inicialmente um monolatrismo que instituía YAVEH como o deus principal, Yaveh nunca teve essa relevância. Foi o templo de Jerusalém que criou Yaveh.

Os textos, históricos e religiosos, foram feitos baseados em uma tradição oral, sem dúvida, mas, refletiram principalmente o projeto da nova religião. Tudo era novo, a história do povo e a religião. Ao longo de algumas décadas, o culto aos demais deuses foi sendo proibido. A cultua religiosa foi sendo mudada à força, uma nova religião e um novo deus foram impostos ao povo Judeu. As imagens foram proibidas e a população proibida de cultuar o próprio YAVEH em suas casas e vila como faziam antes (era uma população rural e dispersa). Pior do que isso, eles foram proibidos de usar o nome de deus. Isso somente podia ser feito no templo e através dos sacerdotes do templo.

O escolha de Yaveh como sendo o deus supremo é fruto de muitas pesquisas e teorias. O que é mais comum é que ele era apenas um dos deuses cultuados pelo povo, na verdade um deus externo e militar. Foi uma escolha entre outras possíveis. Gradualmente as principais divindades como El, Baal e Asherat, entre outras, foram sendo banidas. O estabelecimento da monolatria foi um processo gradual.

Um exemplo claro disso foi o texto bíblico de deus se anunciando a Moisés. Quando Moisés pergunta o nome a ele, ele não diz nome nenhum, diz apenas que era o “senhor”. É claro que tinha que ser assim, eles não podiam nomear um deus porque eles estavam substituindo os deuses que eram cultuados, transformando esses deuses de culto nesse “novo” deus supremo. As pessoas foram convencidas que o deus que elas cultuavam na verdade era aquele ali e, assim ele não podia ter nome. Além disso.

Um outro exemplo é a proibição na Torat de imagens e de chamar o nome de deus. Somente os sacerdotes do tempo poderiam invocar deus pelo seu nome. Essas supostas instruções sagradas que estão na Bíblia são atribuídas a serem criações do tempo de Jerusalém para direcionar, exclusivamente, para o tempo a prática da religião, onde, eram coletados os impostos e dízimos.

Este modelo foi aprendido do Zoroastrismo. Concentrar a religião no templo foi uma estratégia trazida do exílio. O próprio dízimo foi inserido nos textos bíblicos pelo templo para poder coletar “impostos” e não por deus.

Observe que trago uma pessoalidade ao Tempo de Jerusalém. Estou me referindo a elite sacerdotal que construiu o tempo e se estabeleceu nele, emanando a religião e as leis teocráticas. A figura do Templo de Jerusalém com essa relevância, não havia antes do exílio.

O templo foi, inclusive, reerguido, seguindo o modelo de templo Persa do Zoroastrismo e somente o tempo poderia ser usado para as atividades religiosas e o culto a deus. A população tinha que ir a Jerusalém para o culto e foi proibida de cultuar o seus deus, de exercer sua religião fora do templo.

Os textos sagrados judaicos foram sendo escritos e ajustados para refletir a nova proposta de religião e as novas liturgias. Existem historiadores que citam passagens bíblicas que instituem histórias e simbolismos que apenas resultaram em liturgias para serem feitas no templo, o Yom Kippur, citado no gênesis seria uma dessas.

O conhecimento do exílio babilônico muda forma como você encara os textos da religião e a própria religião. Lamento se você não sabia disso, mas, é impossível você não rever o que pensa sabendo do que foi feito no pós-exílio, da tomada do controle político pelo templo, do sumiço do Rei que voltou do exílio e também saber que a Torat não foi escrita pelos supostos autores.

Assim é impossível buscar historicidade na Bíblia. A história foi recontada, na verdade, a história passou ser a história inventada. Como já citei, nesse tempo, era raro ou quase impossível a existência de registro escritos dessas histórias antes do exílio. Documentar era muito caro e se tratava de um povo rural e pouco desenvolvido.

O volume de material escrito durante e posteriormente ao exílio retrata a influência da Babilônia e o projeto político de construção de uma teocracia, seguindo, inclusive, o próprio modelo Persa.

Assim, sem se entender o que foi o exílio babilônico é impossível falar de bíblia e historicidade. E foi exatamente isso o que as pesquisas arqueológicas realizadas a partir da década de 80 do último século mostraram.

Eu citei superficialmente esse monte de fatos estarrecedores apenas porque precisava fazer algumas afirmações importantes, que são as que interessam aqui, mas que ficam sem valor se não se conhece a questão do exílio babilônico e a não historicidade da Bíblia.

Os sacerdotes vindo a Babilônia trouxeram um projeto de uma nova religião e o implementaram na população que restava em Judá. Esse projeto iniciou com uma monolatria que foi imposta ao povo (que era politeísta) e tinha uma outra história e cultura religiosa e outras divindades.

Yahweh foi escolhido a dedo como sendo o deus supremo, era um deus bélico e tinha alguma popularidade, mas não era o mais popular.

A história do povo foi criada por essas pessoas, uma história que existiu apenas no papel, conforme as pesquisas feitas em populações ao redor, principalmente Ugarit, revelaram.

Os sacerdotes criaram um modelo político teológico, um estado teocrático e para isso foi necessário estabelecerem o monoteísmo.

O monoteísmo foi o resultado da evolução do modelo da monolatria para suportar um estado teocrático em Judá. Assim como ocorreu em Judá, no resto do mundo ao longo da história, o monoteísmo sempre foi imposto pela força, violência e espada, principalmente pela opressão do povo.

Observe que Jerusalém ficava em Judá, Israel era o povo do norte, que foi o reino que acabou, sumiu com a invasão dos assírios, o povo do norte se dispersou, mas, a nação acabou tendo o nome desse povo, de israel e não de Judá. Tudo ali foi uma invenção, incluindo as 12 tribos, inexistentes até hoje.

Hoje ainda se discute a profundidade da história criada e existem pesquisadores que buscam a verdade de fato e enfrentam a oposição da atual teocracia Judaica. É evidente que a Bíblia conta um romance histórico interessante, mas apenas isso, um romance mitológico.

O modelo religioso monoteísta, tão aclamado como superior, é apenas isso o que estou descrevendo, uma criação humana feita por sacerdotes que retornaram da Babilônia com uma nova religião e uma proposta de um estado teocrático mais profundo do que o próprio estado persa. O monoteísmo não é uma herança de deus para nós.

Observem que o Zoroastrismo, apesar de sua riqueza teológica que o fez influenciar fortemente o Judaísmo e o Cristianismo e antes disso o Maniqueísmo e o mitraísmo, tinha através da monolatria um foco em controle social pelo estado. No modelo monolátrico do Zoroastrismo os Persas absorviam as religiões do povo conquistado, as divindades continuavam a existir e serem citadas pelo povo, mas, não recebiam mais culto. As divindades do povo conquistado passavam a ser subordinadas ao seu deus Ahura Mazda que é quem podia receber culto. A religião Persa tinha a inteligência de conviver e subordinar as demais religiões em um processo de dominação cultural.

Desta maneira, apesar de rica em teologia, o Zoroastrismo era formatado como uma religião de estado, uma extensão do poder do estado. Assim, junto com características teológicas bem interessantes, que possivelmente tiveram origem védica e isso o coloca como parte de uma raiz religiosa muito antiga e talvez até original na humanidade, ele serviu de inspiração para outras religiões que eu citei havia esse componente político.

Os sacerdotes judeus no exílio perceberam isso, principalmente que poderiam construir sua teocracia. Eles não necessitavam absorver outras religiões e povos porque eram um povo pequeno e limitado e, assim, evoluíram esse modelo mais radicalmente, criando assim o monoteísmo, eliminando, simplesmente, as demais divindades e assim ajustando a teologia para os seus propósitos teocráticos.

O melhor exemplo, o mais clássico, disso foi o monoteísmo ter sido adotado pelo Islã que é, basicamente, um movimento teocrático que seguiu mais intenso ainda esse modelo judaico de estabelecimento de uma religião monoteísta como base para um estado teocrático. No Islã o nível da invenção político-teológica é muito maior e o foco sempre foi o estado teocrático para controle político e social. O islã, na minha avaliação é um escândalo como religião, uma apropriação do cristianismo da pior forma possível.

O monoteísmo pode ser muito bem descrito assim, pela sua origem humana e a forma como se expandiu no mundo, pela força, pela imposição e pela espada, através dos cristãos e Muçulmanos.

Ele nunca foi um modelo natural de religião. É uma invenção. As manifestações naturais e espontâneas de religiões, em todo o mundo e em toda a história, sempre geraram henoteísmos ou no máximo monolatrias. A razão disso é porque pessoas humanas sempre refletem a própria sociedade que elas conhecem nos modelos religiosos.

Isso não é um processo de criar deus à sua semelhança, como muitos críticos às religiões fazem. Nós, como criação de deus, já somos a sua semelhança e é natural espelharmos deus no que somos.

O monoteísmo nunca existiu naturalmente, foi criado pelos sacerdotes do templo. Ele reflete um modelo teológico impossível.

A impossibilidade teológica é mostrada pelo catolicismo que para poder se expandir pegou esse modelo e evoluiu ele para um outro formato, uma forma mais natural, um formato henoteísta. Os católicos disfarçam com dogmas e teologias ruins o seu henoteísmo como sendo um monoteísmo.

Os protestantes, por sua vez, fizeram um trabalho muito ruim. Eles se aproveitaram de todo o legado católico e voltaram ao monoteísmo que como eu disse não é nada sagrado e não representa a forma como as pessoas olham deus de forma natural. Eles transformaram um livro mitológico em uma peça central na religião e colocaram na cabeça de cada pessoa a sua interpretação.

Observem a história, tanto Lutero como Calvino usaram a religião para controle social. A conversão do catolicismo para o monoteísmo protestante teve essa finalidade e mostra mais uma vez a única utilidade desse modelo.

A dispersão da interpretação da Bíblia por todas as pessoas e a perda do sacerdócio era apenas a necessidade de deslegitimar a autoridade católica.

Assim não existe nada de “certo” ou “superior” no monoteísmo, pelo contrário.

Para encerrar e depois dessa avalanche de informações, o que eu afirmo é que quando olhamos a história reconstituída e fatos já documentados, vemos que o monoteísmo que você conhece e que é trombeteado por essas mesmas religiões como sendo a única e legítima manifestação de deus junto a nós é, na verdade uma criação forçada com objetivo político-teológico.

Toda religião é uma criação humana. Ninguém pode ter dúvida disso. Por essa razão é que teremos religiões ruins e boas. Ser boa ou ruim não está ligado a deus, está ligado a sua criação humana.

O monoteísmo gera uma teologia ruim, mal feita, com pontas abertas e dogmas idiotas. Não é uma forma melhor ou superior de ver deus. A única coisa que ele promove é o controle social e isso é uma verdade por várias evidências. O motivo inicial é que foi para isso que ele foi criado pelo templo de Jerusalém. As evidências são a história de dominação e submissão que ele promoveu na sociedade.

Eu não me estendo falando do judaísmo porque não tenho a propriedade para isso, mas, na minha visão os ortodoxos são os que seguem a linha do templo de jerusalém. O judeus cabalistas, mais abertos a toda a sua tradição pré-exílio e que recuperam teologias banidas me parecem ser aqueles mais fáceis de serem aceitos entendidos.

O catolicismo é muito criticado por todos, mas, quando se examina a história real, observa-se que a igreja de Roma é diferente do que falam dela. O que se fala mal da igreja de Roma é apenas propaganda protestante e são atribuídas culpas que ela não têm.

Os católicos, na verdade, são basicamente henoteístas e trouxeram a filosofia de Aristóteles e Platão com o conceito de alma e um entendimento racional de deus para a teologia. Lembro que a filosofia grega é resultado do conhecimento egípcio e assim os gregos são uma herança ou continuidade dessa fonte de conhecimento. Além disso a própria religião grega e seus mitos influenciaram o cristianismo.

Os protestantes são um desvio dessa linha. Eles rejeitam a filosofia grega e aderem a uma corrente muito pobre que é o nominalismo. O debate filosofia x nominalismo é bastante atual e reflete bem o que os protestantes fizeram com a teologia. Veja que padres católicos precisam ser formados em filosofia, mas, pastores protestantes não tem esse requerimento, basta eles lerem a Bíblia. Só esse parágrafo daria um longo debate.

Além disso o Maniqueísmo influenciou tremendamente o cristianismo. Haviam os chamados cristãos maniqueístas que foram os perseguidos pelo império romano porque representavam a cultura persa. Nem todos cristãos eram perseguidos pelos romanos, os cristãos maniqueístas eram perseguidos porque, de alguma forma, representavam a Pérsia um grande inimigo de Roma. Agostinho de Ipona, o santo Agostinho, era Maniqueísta, depois cristão maniqueísta e por fim católico.

O Maniqueísmo é derivado do Zoroastrismo que era monólatra e tem origem formal no século VI AEC mas suas raízes são anteriores ao século X AEC, sendo relacionado aos Vedas a aos povos proto-indo-arianos. Estamos falando dos povos precursores da humanidade.

O Zoroastrismo já era monólatra e desenvolvia uma teologia de alto nível enquanto os judeus vivam nos campos, eram politeístas e sacrificavam crianças a Yaveh.

O que prejudicou o catolicismo, na minha opinião, foi eles terem se ligado tão fortemente a judaísmo, em uma relação de amor e ódio. O catolicismo que conquistou o mundo e o coração das pessoas surgiu com Jesus e as pessoas que adotaram essa religião não precisavam do judaísmo ou da Torat para nada. Bastava seguirem a teologia desenvolvida a partir de Jesus.

Isso poderia ter um longo debate também. O cristianismo que conquistou o mundo através do coração e mentes das pessoas, não foi o cristianismo que ser formou pela auto-proclamada ortodoxia cristã, a patrística. Essa auto-proclamada ortodoxia se apropriou das vitórias e esforço de pessoas que não estavam alinhadas com essa teologia judaico-cristã e sim a uma teologia de Jesus.

Eu lamento se no objetivo de encerrar esse tema acabei inserindo muito mais informação, mas, são fatos e história que as pessoas desconhecem.

O que estou tentando trazer a tona é que não existe nada de errado em monolatrias ou henoteísmo. Religiões assim podem representar muito bem deus e nossa relação com ele. O monoteísmo por seu lado é deletério. Não é resultado do fluxo natural da religião que representa deus, ele agride essa relação.

O monoteísmo foi criado para controlar pessoas através da religião e é isso que a história registra, sua imposição através da força, da opressão e da violência. O Islã é o melhor exemplo da continuidade dessas ações hoje. Basta olha para o Islã e ver o que o monoteísmo realmente representa.

Assim o objetivo aqui é abrir os olhos do leitor sobre essa necessidade de monoteístas continuamente se afirmarem como sendo os únicos certos, como sendo reflexo da verdade, como sendo a representação real de deus. Essa necessidade imperiosa de afirmação é parte do processo de controle social através da verdade e não é um processo religioso de deus. Como expliquei, esse não é o caminho do deus supremo. O deus supremo nos dá opções, nos dá liberdade, está focado no objetivo final e não no meio de atingir isso. O monoteísmo leva ou orienta as pessoas a dominarem o discurso teológico e principalmente de negarem o discurso teológico paralelo.

Como expliquei, monoteístas não aceitam outra visão de deus e do supernatural que não seja a deles porque eles não estão interessados em deus. Eles querem é o controle social, um reflexo ampliado do que o templo de Jerusalém fez, o monoteísmo é o ovo da serpente.

A reforma protestante, sem nenhuma dúvida, é um processo deletério em cima de uma boa religião que é o catolicismo. Essa é minha avaliação. Não sou cristão e assim olho tanto o catolicismo como o protestantismo com o mesmo olhar. O catolicismo representa a religião que venceu todas as dificuldades e que prosperou no caminho aberto por deus, através dos impérios macedônico, romano e persa para ele prosperar. Esses 3 impérios pavimentaram o caminho para existir uma religião ampla e universal. Mas o crescimento do catolicismo foi natural, não foi Roma que o edificou, foram pessoas e comunidades que acreditaram no conteúdo e força da mensagem. Roma se apropriou desse trabalho e edificou uma instituição de 2000 anos.

Tenho restrições a parte de sua teologia e sobre isso vou comentar em outro capítulo, mas, sem dúvida o catolicismo é a recuperação do modelo henoteísta. O protestantismo é a percepção disso e a retomada do controle pelo modelo monoteísta. Os precursores do protestantismo, Calvino e Lutero, tinham apenas isso em sua mente, o controle da sociedade. Não vou recuperar essa história aqui, não cabe, mas posso rapidamente dizer que Lutero uso a religião para conquistar o poder se associou com o estado alemão e impôs o seu monoteísmo protestante da mesma forma como os sacerdotes do templo de jerusalém o fizeram, perseguindo e proibindo a prática do catolicismo. Calvino fez o mesmo a partir de Genebra, controlando a população através da religião.

Um outro exemplo desse processo deletério é o Islã que também se aproveitou do catolicismo, estabeleceu um monoteísmo mais radical ainda, criando textos do nada e uma história que só existe em livros. As críticas que fiz aos judeus e a Bíblia são infantis se comparadas com o que o o Islã fez.

Dessa forma temos um braço obscuro e negro do monoteísmo se espalhando pelo mundo através do protestantismo e do Islã. Ambos igualmente ruins e hoje representam uns 35% da população do mundo, superando o catolicismo. Eu não gosto da teologia católica, tenho uma outra visão de deus através de Ifá, mas, eu acho muito complicado as pessoas serem da religião de Orixá (Òrìṣà). Eu recomendo a todos que deem valor ao catolicismo como um escolha religiosa.

Após essa longa explicação de que o monoteísmo não é uma inspiração divina e sim uma criação humana para exercer o controle social da população, que foi criado por conveniência dos sacerdotes do templo de Jerusalém que retornaram do exílio para retomar o controle da Judéia, eu levanto a seguinte questão: O que incomoda nas pessoas o henoteísmo? O que incomoda existirem muitas divindades?