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sábado, maio 18, 2024

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

 

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

 

Depois de ter exposto o processo que gera as religiões temos que reuni-los novamente com a razão correta para que eles façam sentido e você não continue achando que meu único objetivo foi falar mal do cristianismo.

Eu tive que falar isso tudo, até aqui, para poder dizer algo bem simples, que a religião não determina a existência de deus e, assim, podem existir mais de uma religião para nos ligar a deus, porque o deus supremo é divino e as religiões, todas elas, são obras humanas inspiradas por ele. O que muda nelas é a forma que as pessoas entendem deus. Mas as religiões são uma parte fundamental da fé em deus.

Assim, tive que explicar que as tais palavras sagradas de deus são, na verdade, palavras de homens. Isso é assim em todas as religiões, tive um foco aqui no caso da Bíblia porque ele é icônico, mas, é o mesmo para todas as religiões.

Assim eu falei as coisas nesta sequência:

1) religião não determina a existência de deus – A religião é uma expressão humana de deus. Não é deus que cria a religião, são as pessoas que criam para poderem transmitir o que entendem de deus. Deus inspira as pessoas.

2) Não pode existir apenas 1 religião para nos ligar a deus – Claro, se religião é uma criação humana então muitas pessoas podem concebê-las. Deus sendo supremo e influente a todos, em todo o mundo e não apenas em um lugar, vai gerar o mesmo processo em muitas pessoas. Claro que nem todas vão querer criar uma religião nova, mas não existe possibilidade de alguém ter o direito de dizer que só ele tem a de verdade.

3) O mesmo deus supremo se manifesta ao redor do mundo através de religiões diferentes.

4) Como as religiões são criações humanas e são inspiradas por deus, podemos ter mais de uma religião inspirada pelo mesmo deus e naturalmente serão diferentes. A forma como cada pessoa entende e decide formatar esse entendimento é humano e, assim, distinto. Ninguém tem como afirmar que possui a melhor interpretação.

O mesmo deus, supremo, inspirará pessoas diferentes em muitos lugares e pessoas diferentes entenderão essa manifestação de maneira distinta, formatando seu entendimento baseado na visão pessoal.

Mesmo ateus ou céticos, que não acreditam em deus, entendem esse argumento de que, se existe um deus e ele é supremo, isso se dará dessa maneira, de forma isonômica. A influência, atenção, do deus supremo, o criador de tudo, que gera o fenômeno da fé e da religião não pode ser direcionada. Ela tem que ocorrer na humanidade inteira da mesma forma ao mesmo tempo.

Se o livre arbítrio é um dogma comum às religiões, fica claro que é deus não pode ter certeza onde sua semente religiosa vai prosperar. Ou você crê no livre arbítrio que permite até mesmo o mal humano ou isso não existe e somos apenas marionetes de Deus.

No meu entendimento a religião é um componente basilar no modelo humano criado por deus. Deus precisa que isso floresça para a humanidade funcionar e assim ele espalha essa iniciativa pela humanidade.

Pensando de forma racional, nesse momento você poderia ter uma dúvida honesta que é, por que um deus supremo precisa da religião? Por que a principal raiz religiosa do mundo diz que somos obrigados a adorar e amar, o tempo todo, um deus que é supremo? Essa questão é importante e define a própria existência de deus e é isso que vou abordar.

A minha resposta honesta é que deus, o supremo, não precisa ser amado. Ele não exige adoração e veneração. Qualquer religião que diga que deus necessita disso significa que as pessoas que criaram essa religião não entenderam o objetivo disso.

O modelo de amar a deus porque ele quer ser amado e que temos que fazer isso para nos salvar do inferno eterno é apenas teologia estúpida e barata feita por sacerdotes que queriam controlar as pessoas, uma vez que, além dessa necessidade, existe a obrigatoriedade de recorrer a eles, sacerdotes, como intermediários de deus. Isso é muito evidente.

Para não estender demais esse tema interessante, o que eu penso é que, como já citei, a religião é um dos pratos da balança da vida e o outro é o livre arbítrio. A equação da vida humana não fecha sem isso. Não pode haver livre arbítrio, sem junto com ele, não tivermos a opção da religião. Um sem o outro seria condenar as almas ao pior destino, não porque nascemos mal ou condenados, mas porque temos que, junto com a absoluta liberdade, ter uma ética que nos diz o que é o correto e que nos orienta a desenvolver a nossa melhor versão.

Deus não podia dar ao ser humano, sua criação, a capacidade de tudo, de até querer ser deus, de um lado, sem o que equilibrar todo esse poder de outro. A religião, com seus valores e ética supra-humanos, trazendo essa busca da relação com deus em contraste com a possibilidade de viver sem ele, é o que nos mantêm inteiros como humanidade. Por toda a nossa história foi a religião que inseriu valores e ética nas relações humanas criando uma sociedade continuamente melhor. Nós somos a balança que equilibra esses 2 poderes, o de poder fazer tudo e o de fazer tudo com valores e ética. Cabe a nós, de nossa iniciativa, sem interferência, buscar as virtudes, porque essa própria busca faz parte do livre arbítrio.

Na minha visão é muito fácil e ingênuo para os ateus, que já encontram um mundo e uma humanidade adequadamente moldados pela religião alegarem que a religião não é necessária, que é tudo uma invenção humana. Mas foi deus e a religião que caminharam junto com a humanidade por toda a sua história e em todos os lugares do mundo.

Nunca estivemos sozinhos nessa vida, o deus supremo através de suas emanações, divindades, nos assiste, com limites e o que temos que dar para deus, em troca, é a virtude e o bom caráter. No mundo que eu vejo através da religião existe espaço para o bem e o mal, o mal não é permanente é sempre superado porque o bem é que as pessoas buscam.

Chamo a atenção para essa dualidade livre-arbítrio x religião. Essa é uma equação muito importante no complexo sistema de nossa vida. Nós recebemos o livre arbítrio que nos permite fazer o que quisermos, brincarmos de deus ou o de demônio, criarmos vida, beleza ou de nos destruirmos. Nós fazemos tudo isso, mesmo os excessos não importam porque o equilíbrio do bem e da ética sempre prevalece e o desvio sem volta para o bem, é uma questão de tempo.

Não existiu até hoje nenhum futuro distópico que se realizasse. A busca real da utopia é o que prevalece. Isso é o resultado, como eu citei dessa equação da vida que contrapõe o livre arbítrio e a religião em nossa vida. Por mais tenebrosa que fosse a realidade por mais sombrio que parecesse o futuro a humanidade sempre se corrigiu para que o bem prevalecesse. Não somos uma humanidade desassistida de deus ou sem propósito de vida e coletividade. Se fosse isso e se o livre arbítrio fosse na verdade a evidência da ausência de deus, jamais teríamos chegado onde chegamos.

Os próprios ateus são a maior prova da existência de deus, sob vários aspectos. Um deles mostra que podemos viver, como senhores da vida e da razão. Não temos obrigações ou deveres em nossa vida que não seja viver e acreditar e nós mesmos. Aliás isso caracteriza os ateus, acreditarem apenas neles mesmos.

Desta maneira, esse pequeno grupo na humanidade, uns 5%, mostram que o livre arbítrio existe e deus nos deu isso em nossa existência. Mas, apesar disso, de forma inexplicável, espontânea e incontrolável, 95% da humanidade, sabendo que pode viver por ela mesma, busca se ligar a deus através das religiões, centenas delas. Os ateus funcionam como o grupo de controle que mostra que a tese religiosa de termos recebido de deus o livre arbítrio é verdadeira.

Apesar de opcional, a relação com deus e o uso da religião com seu objetivo primário de nos fazer pessoas melhores é a opção preferencial das pessoas. Essa relação com deus se acomodou da forma como era mais adequada a cada população, se materializando com simplicidade ou complexidade de acordo com o desenvolvimento de cada povo, isso nunca foi importante. O que é importante é que qualquer pessoa pode observar em todas essas manifestações a preocupação de trazer valores e ética para a humanidade e fazer pessoas melhores, sempre.

Cada pessoa, devido a livre arbítrio fez sua opção por essa relação com deus da forma e com a intensidade que definiu e assim construiu sua vida entre a liberdade de ser e fazer o que seu ser determinasse e as regras e orientações de deus que ela aderia por iniciativa própria.

Estamos tratando assim de opções livres e reais. As pessoas nascem com a opção do livre arbítrio e não podem se recusar a ela, mas, podem por escolha e opção escolherem por deus e suas orientações.

O livre arbítrio é real e importante, ele mostra que não existe essa tese religiosa caótica e absurda que deus pré-determina a vida e o destino e que somos apenas marionetes de sua vontade. Defender o livre arbítrio é uma das obrigações de uma pessoa religiosa e que acredita de fato em deus. O livre arbítrio dá sentido e justifica a fé em deus.

Mas o livre arbítrio também tem como consequência a variabilidade da criação humana, com a religião como parte disso. A mensagem de deus está em nós e também é inspirada por ele, continuamente através de seus mensageiros. Acredito que isso nunca cessou e nunca cessará. Pessoas morrem e nascem para uma nova vida que é um livro em branco e precisam ser novamente inspiradas por deus, esse processo não tem fim.

Em função de nossa liberdade e inteligência podemos fazer o que quisermos inclusive criar religiões boas e não boas, simples ou complexas demais. Podemos inclusive nos equivocar no entendimento e inserir o mal na religião. Deus não pode controlar isso. Deus não controla o que fazemos em nossa vida e o rumo que tomamos. Nenhuma religião honesta pode propor algo diferente disso porque a realidade comprova essa afirmação.

Deus nos inspira e influencia, mas, nossas ações consecutivas a isso são opções e criações nossas. Não existe nenhuma evidência que mostre deus interferindo em nossas ações e destino. Mais uma vez, essa afirmação que faço é respaldada pela realidade, pelo mundo real. Tanto é assim que existem pessoas que duvidam da existência de deus e que associam tudo o que ocorre na vida e no mundo a causas naturais e a casualidade.

Chamo a atenção que, quando fazemos afirmações de teorias sobre a vida e sobre deus, temos que respaldar o modelo que propomos imediatamente no concreto, no mundo real. Teorias e modelos só tem validade de podem ser comprovados. Uma teoria ou modelo não pode ser confirmado por outra teoria ou modelo adicional ou maior. Se for assim estamos criando apenas romance e literatura e não explicando o mundo real.

Dessa forma o modelo que explica o livre-arbítrio, religião, deus e ateus se confirma pela forma como reflete o mundo real que vivemos. Um é previsto pelo outro.

A outra evidência importante é, como iniciei e não concluí, a existência de religiões boas a más. Eu já tratei e expliquei, nesse modelo, porque temos muitas religiões. Também já tratei porque temos muitas divindades junto com deus. O que tenho que concluir é porque temos religiões ruins.

As escolhas e a criação humana são resultados do livre arbítrio. Lembro que não somos guiados por deus, somos inspirados e procuramos a deus por nossa opção. Não existe nesse modelo o pré-determinismo e o destino estabelecido. O que existe é a autonomia. Quando iniciamos uma obra humana podemos realizar o que quisermos, nenhuma mão divina vai nos tirar de nosso caminho.

Repetindo, esse modelo de autonomia é parte de todas as boas religiões, a separação dos mundos natural e supernatural e a auto-determinação humana está na própria obra Teogonia de Hesíodo. Como venho repetindo a teologia prevê a existência dos ateus e do próprio erro humano.

Essa equação de existência tem um desvio natural, que é a realidade de pessoas criarem e seguirem religiões ruins. A pessoa inicia esse processo com uma boa ideia ou com uma boa inspiração mas desenvolve isso como entende que deve ser. Desta maneira está fora do próprio controle de deus especificar como uma religião deve ser ou de aceitar ou não uma religião. Tudo o que já tratei até aqui fundamentam isso, mas, serei específico.

Religião não é uma criação de deus, é uma criação humana. Deus não nos obriga a buscá-lo, fazemos isso por opção. A religião é o estabelecimento de um modelo humano de entender deus e sua mensagem e apesar de ser uma inspiração de deus e buscar refleti-lo é somente uma criação humana para humanos entenderem a mensagem de deus, assim, é parte de nossa autonomia e arbítrio.

Podemos inclusive produzir o mal humano, fazer arte feia e música ruim. Podemos fazer coisas que não funcionam, pontes que caem e barcos que afundam. Podemos matar pessoas e fazer guerras. Da mesma maneira, podemos fazer religiões ruins. O arbítrio para fazer tudo isso está na mesma categoria de autonomia que temos. A mesma liberdade que temos de ir a deus por opção também temos para modelar essa relação. Não vai existir a mão de deus interferindo nisso assim como não tem a mão de deus interferindo em nossas criações ruins. Não é a mão de deus de cria uma religião, é a mão humana.

Na verdade estou sendo impreciso e posso ser mal interpretado. Como religioso eu acredito na mão de deus na nossa vida, mas, isso ocorre por nossa opção e com limites. O tempo todo vemos a mão de deus na vida, mas isso é feito, sempre através das pessoas e nos limites que impõe a separação do mundo natural e supernatural.

Se criamos uma religião ruim e com informações ruins ou uma interpretação ruim da relação com deus, isso apenas afeta as pessoas que decidem acreditar naquilo. Essas pessoas erram nisso assim como podem errar em qualquer coisa nessa vida e o problema será com elas próprias e a performance de sua vida. As pessoas podem sofrer mais do que outras porque escolheram uma religião ruim assim como sofrerão por qualquer decisão errada que tomarem na sua vida.

Se deus permite que pessoas sejam comunistas, que acreditem e preguem uma corrente ideológica que nunca deu certo, nunca prestou para nada, baseada em teorias ruins e que foi responsável direta pela morte de mais de 100.000.000 de pessoas, porque não pode permitir que existam religiões ruins e mal-feitas?

Por estas razões o modelo que desenho aqui é mostrado pela própria vida. A teoria é confirmada pela prática e os desvios e problemas fazem parte do próprio modelo.

Dessa maneira, esse é o sentido de existirem religiões como uma inspiração de deus. Além disso, esse modelo que mostro de livre arbítrio de um lado e religião de outro, justifica a própria existência de deus, uma vez que é equilíbrio demais para ser apenas uma coincidência.

Igualmente é coincidência demais, religiões no mundo todo trazerem sempre o mesmo modelo de equilibrarem livre arbítrio com a tese religiosa e deixando cada pessoa decidir o que fazer.

O entendimento errado são as pessoas que dizem que somos obrigados a amar e adorar um deus supremo como se ele necessitasse disso. Também achar que deu colocaria o livre arbítrio em nossa vida, a separação do supernatural e do mundo natural se fossemos apenas marionetes na mão dele. Também outro entendimento errado é existir todo esse mundo e complexidade para que na verdade tenhamos nascido para sofrer no inferno. Mas todas essas teologias existem.

Se todos entendem que existe um deus e ele é supremo e criador, como já tratamos, então toda a humanidade é sua obra e ele a influencia e atua da mesma maneira em todo o mundo e para todas as pessoas. As regras tem que ser as mesmas para todos.

Finalizando esta é a razão de deus criar a religião. Ele não precisa de adoração, nós precisamos da religião.

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS??

 

O MONOTEÍSMO REPRESENTA DEUS?

 

Os judeus e cristãos, principalmente os últimos, porque são mais numerosos, brandem o monoteísmo como sendo a coisa certa o modelo correto de religião. A partir dessa informação todas as demais religiões, não monoteístas, são pagãs. Só que, só a deles é monoteísta.

Eles usam a palavra PAGÃO no sentido pejorativo, para classificar uma religião como um politeísmo ou adoração de deuses e demônios, o termo pagão nunca é usado no seu sentido correto. Pagão é uma palavra que era usada para classificar qualquer coisa que não fosse cristão, apenas isso. Assim, nessa definição, uns 60% do mundo é pagão, incluindo o islã.

A palavra pagão é então, sempre uma ofensa, representa a ausência do deus verdadeiro, um misticismo, fetichismo ou animismo.

No modelo cristão, o monoteísmo se transforma na virtude e o diferente disso é o deletério. Contudo, uma rápida análise, que qualquer pessoa com mediana inteligência consegue fazer, mostra que somente o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são auto-proclamados como monoteístas, além do que, classificar o catolicismo como monoteísmo é absolutamente incorreto.

As demais religiões do mundo normalmente ficam em torno do Henoteísmo. Creio que, na atualidade, exceto os chamados xamanismos, que também é um adjetivo ruim, nenhuma outra religião se enquadra como um politeísmo que passa a ser apenas um modelo de referência assim como a monolatria já foi, no passado, um modelo de referência.

Para quem não sabe, no henoteísmo o reconhecimento de um deus superior convive com manifestações desse mesmo deus através de divindades auxiliares que fazem a ligação ou representação desse deus supremo junto às pessoas, à humanidade.

O henoteísmo, que é o modelo mais natural, mantêm a crença em um deus supremo. A adição de divindades é apenas a forma como nós humanos vemos esse deus supremos se projetando junto a nós. É absolutamente falso tratar essas divindades de novos deuses, como se houvessem muitos, essa é uma fala do monoteísmo contra as demais religiões.

É como em Ifá, onde o deus supremo Olódùmarè se manifesta humanizado junto às pessoas através dos Orixá (Òrìṣà), que recebem culto por causa disso e, também, através de outras divindades que não são Orixá (Òrìṣà) e por isso não recebem culto, apenas compõe o entendimento do poder e influência deste mesmo deus supremo. É o modelo de ministros e embaixadores.

Cabe alertar que o catolicismo é, na verdade, um henoteísmo.

Assim, de onde surgiu esse modelo superior de religião que somente aqueles que inventaram têm? O monoteísmo?

A história é bem simples e vai decepcionar muita gente que acredita nessa visão de superioridade. Inclusive, conhecer essa história fará vocês verem a própria bíblia de uma forma diferente. Mas, antes cabe alertar que, para explicar isso eu necessito entrar no tema de historicidade da Bíblia, mas, não vou me aprofundar nesse tema, quem se interessar pelas coisas que vou citar, pode procurar as fartas informações que hoje estão disponíveis. Mais ainda, o que vou abordar aqui, sobre historicidade, são coisas objetivas e sobre as quais não existe dúvida entre os diversos pesquisadores.

Eu principio alertando que monoteísmo não está ligado ao correto reconhecimento de deus e de sua grandeza. O reconhecimento do deus superior, o supremo não está ligado ao monoteísmo.

Os estudos históricos e arqueológicos feitos em Jerusalém e em todo Israel, feitos, inclusive, por arqueólogos e historiadores Judeus, mostraram de forma bem evidente que diferente do que está na bíblia, os judeus sempre foram politeístas. Sempre viveram em Canaã, sempre cultuaram deuses diferentes, sempre tiveram imagens e símbolos e sempre fizeram esse culto localmente em suas casas e vilas, entre centenas de outras afirmações que podemos fazer e que contrariam o que está na Bíblia.

É fantasiosa a visão de que eles se converteram ao monoteísmo através de moisés e que eram os únicos monoteístas na sua região, pelo contrário, já haviam, antes deles, manifestações de religiões que buscavam o modelo da monolatria (como no Egito), Pérsia e opções henoteístas.

O povo que hoje chamamos de judeus mas que já tiveram outras denominações não eram monoteístas e muito menos eram uma potência militar e civilizatória. Nunca foram um farol de conhecimento e lucidez, pelo contrário.

As descobertas arqueológicas e históricas mostram a Bíblia como um livro de mitos e não de história. Observe, a Bíblia não está sendo criticada como livro religioso, apenas perde o seu caráter histórico de retratar fatos e verdades. É um livro de mitos, heróis e narrativas fantásticas como qualquer outra religião tem.

É claro que a reconstituição da história antiga é muito falha. Vocês tem que entender que um arqueólogo ou historiador não encontram a história pronta em textos e documentos. Isso pode ocorrer para tempos recentes mas não para o período antigo. Essas pessoas, sozinhas ou em conjunto, encontram artefatos diversos, restos de ocupação humana, obras civis, fragmentos de textos, corpos e através da observação de uma extensa área de extratos procedem a sua datação e, por fim, criam uma narrativa de história baseada naquilo que estão vendo. Esta narrativa sai da cabeça das pessoas.

A história antiga, que muitas vezes é narrada em detalhes, é uma criação humana e que pode ser refeita em ciclos. Assim, as mesmas descobertas analisadas por pessoas diferentes podem contar histórias diferentes ou versões diferentes para as mesmas evidências. Não existe nenhuma forma que permita saber, de fato, o que ocorreu ou como eram as coisas na antiguidade e quanto mais antigo mais difícil fica.

Mas, apesar dessa criatividade, existe um evento importante e relativamente recente e por isso bem documentado, ligado aos judeus, que foi o exílio da babilônia. O povo de Judá foi conquistado pelos persas, por Nabucodonosor II, no século VI AEC. Uma pequena parte da população (umas 10.000 pessoas apenas) foi levada para o cativeiro na Babilônia, mas, este foi um cativeiro diferente. Foram levados o Rei Joaquim, sua corte, aristocratas e sacerdotes, soldados, artífices e a elite da sociedade de Judá.

O restante da população permaneceu onde estava, sendo governado por um Rei nomeado pelos Persas. O povo de Judá era eminentemente rural. No exílio, essa elite se integrou com os persas e se desenvolveu fortemente através da rica cultura da Babilônia, até que no reinado de Ciro II, no século V eles foram libertos e autorizados a retornar, isso após apenas 50 anos de exílio.

O curioso é que depois de libertos, por Ciro, eles levaram ainda 20 anos para retornar a Judá e uma parte ainda permaneceu na Babilônia e nunca retornou.

O que ocorreu, neste período, na Babilônia é que os sacerdotes tiveram contato com outras culturas e religiões, sendo a principal o rico Zoroastrismo, religião oficial do estado Persa. Esses sacerdotes, então, vendo aquela riqueza teológica e grande estrutura político-teológica, se mobilizaram para escrever os seus próprios livros sagrados. A Torá, o principal livro sagrado do judaísmo, foi feito a partir deste período. Tudo foi reescrito e recontado, da história do povo à religião. Quando eles voltaram do exílio, fizeram isso para retomar o poder que tinham em Judá e Jerusalém e trouxeram, documentada, uma nova história do seu povo e uma nova religião, que refletia muito a própria estrutura e mitos do Zoroastrismo.

Não é possível conhecer a história de Israel e da Bíblia sem ter perfeito entendimento do que significou o exílio babilônico.

A nova religião, que foi desenhada, era inicialmente um monolatrismo que instituía YAVEH como o deus principal, Yaveh nunca teve essa relevância. Foi o templo de Jerusalém que criou Yaveh.

Os textos, históricos e religiosos, foram feitos baseados em uma tradição oral, sem dúvida, mas, refletiram principalmente o projeto da nova religião. Tudo era novo, a história do povo e a religião. Ao longo de algumas décadas, o culto aos demais deuses foi sendo proibido. A cultua religiosa foi sendo mudada à força, uma nova religião e um novo deus foram impostos ao povo Judeu. As imagens foram proibidas e a população proibida de cultuar o próprio YAVEH em suas casas e vila como faziam antes (era uma população rural e dispersa). Pior do que isso, eles foram proibidos de usar o nome de deus. Isso somente podia ser feito no templo e através dos sacerdotes do templo.

O escolha de Yaveh como sendo o deus supremo é fruto de muitas pesquisas e teorias. O que é mais comum é que ele era apenas um dos deuses cultuados pelo povo, na verdade um deus externo e militar. Foi uma escolha entre outras possíveis. Gradualmente as principais divindades como El, Baal e Asherat, entre outras, foram sendo banidas. O estabelecimento da monolatria foi um processo gradual.

Um exemplo claro disso foi o texto bíblico de deus se anunciando a Moisés. Quando Moisés pergunta o nome a ele, ele não diz nome nenhum, diz apenas que era o “senhor”. É claro que tinha que ser assim, eles não podiam nomear um deus porque eles estavam substituindo os deuses que eram cultuados, transformando esses deuses de culto nesse “novo” deus supremo. As pessoas foram convencidas que o deus que elas cultuavam na verdade era aquele ali e, assim ele não podia ter nome. Além disso.

Um outro exemplo é a proibição na Torat de imagens e de chamar o nome de deus. Somente os sacerdotes do tempo poderiam invocar deus pelo seu nome. Essas supostas instruções sagradas que estão na Bíblia são atribuídas a serem criações do tempo de Jerusalém para direcionar, exclusivamente, para o tempo a prática da religião, onde, eram coletados os impostos e dízimos.

Este modelo foi aprendido do Zoroastrismo. Concentrar a religião no templo foi uma estratégia trazida do exílio. O próprio dízimo foi inserido nos textos bíblicos pelo templo para poder coletar “impostos” e não por deus.

Observe que trago uma pessoalidade ao Tempo de Jerusalém. Estou me referindo a elite sacerdotal que construiu o tempo e se estabeleceu nele, emanando a religião e as leis teocráticas. A figura do Templo de Jerusalém com essa relevância, não havia antes do exílio.

O templo foi, inclusive, reerguido, seguindo o modelo de templo Persa do Zoroastrismo e somente o tempo poderia ser usado para as atividades religiosas e o culto a deus. A população tinha que ir a Jerusalém para o culto e foi proibida de cultuar o seus deus, de exercer sua religião fora do templo.

Os textos sagrados judaicos foram sendo escritos e ajustados para refletir a nova proposta de religião e as novas liturgias. Existem historiadores que citam passagens bíblicas que instituem histórias e simbolismos que apenas resultaram em liturgias para serem feitas no templo, o Yom Kippur, citado no gênesis seria uma dessas.

O conhecimento do exílio babilônico muda forma como você encara os textos da religião e a própria religião. Lamento se você não sabia disso, mas, é impossível você não rever o que pensa sabendo do que foi feito no pós-exílio, da tomada do controle político pelo templo, do sumiço do Rei que voltou do exílio e também saber que a Torat não foi escrita pelos supostos autores.

Assim é impossível buscar historicidade na Bíblia. A história foi recontada, na verdade, a história passou ser a história inventada. Como já citei, nesse tempo, era raro ou quase impossível a existência de registro escritos dessas histórias antes do exílio. Documentar era muito caro e se tratava de um povo rural e pouco desenvolvido.

O volume de material escrito durante e posteriormente ao exílio retrata a influência da Babilônia e o projeto político de construção de uma teocracia, seguindo, inclusive, o próprio modelo Persa.

Assim, sem se entender o que foi o exílio babilônico é impossível falar de bíblia e historicidade. E foi exatamente isso o que as pesquisas arqueológicas realizadas a partir da década de 80 do último século mostraram.

Eu citei superficialmente esse monte de fatos estarrecedores apenas porque precisava fazer algumas afirmações importantes, que são as que interessam aqui, mas que ficam sem valor se não se conhece a questão do exílio babilônico e a não historicidade da Bíblia.

Os sacerdotes vindo a Babilônia trouxeram um projeto de uma nova religião e o implementaram na população que restava em Judá. Esse projeto iniciou com uma monolatria que foi imposta ao povo (que era politeísta) e tinha uma outra história e cultura religiosa e outras divindades.

Yahweh foi escolhido a dedo como sendo o deus supremo, era um deus bélico e tinha alguma popularidade, mas não era o mais popular.

A história do povo foi criada por essas pessoas, uma história que existiu apenas no papel, conforme as pesquisas feitas em populações ao redor, principalmente Ugarit, revelaram.

Os sacerdotes criaram um modelo político teológico, um estado teocrático e para isso foi necessário estabelecerem o monoteísmo.

O monoteísmo foi o resultado da evolução do modelo da monolatria para suportar um estado teocrático em Judá. Assim como ocorreu em Judá, no resto do mundo ao longo da história, o monoteísmo sempre foi imposto pela força, violência e espada, principalmente pela opressão do povo.

Observe que Jerusalém ficava em Judá, Israel era o povo do norte, que foi o reino que acabou, sumiu com a invasão dos assírios, o povo do norte se dispersou, mas, a nação acabou tendo o nome desse povo, de israel e não de Judá. Tudo ali foi uma invenção, incluindo as 12 tribos, inexistentes até hoje.

Hoje ainda se discute a profundidade da história criada e existem pesquisadores que buscam a verdade de fato e enfrentam a oposição da atual teocracia Judaica. É evidente que a Bíblia conta um romance histórico interessante, mas apenas isso, um romance mitológico.

O modelo religioso monoteísta, tão aclamado como superior, é apenas isso o que estou descrevendo, uma criação humana feita por sacerdotes que retornaram da Babilônia com uma nova religião e uma proposta de um estado teocrático mais profundo do que o próprio estado persa. O monoteísmo não é uma herança de deus para nós.

Observem que o Zoroastrismo, apesar de sua riqueza teológica que o fez influenciar fortemente o Judaísmo e o Cristianismo e antes disso o Maniqueísmo e o mitraísmo, tinha através da monolatria um foco em controle social pelo estado. No modelo monolátrico do Zoroastrismo os Persas absorviam as religiões do povo conquistado, as divindades continuavam a existir e serem citadas pelo povo, mas, não recebiam mais culto. As divindades do povo conquistado passavam a ser subordinadas ao seu deus Ahura Mazda que é quem podia receber culto. A religião Persa tinha a inteligência de conviver e subordinar as demais religiões em um processo de dominação cultural.

Desta maneira, apesar de rica em teologia, o Zoroastrismo era formatado como uma religião de estado, uma extensão do poder do estado. Assim, junto com características teológicas bem interessantes, que possivelmente tiveram origem védica e isso o coloca como parte de uma raiz religiosa muito antiga e talvez até original na humanidade, ele serviu de inspiração para outras religiões que eu citei havia esse componente político.

Os sacerdotes judeus no exílio perceberam isso, principalmente que poderiam construir sua teocracia. Eles não necessitavam absorver outras religiões e povos porque eram um povo pequeno e limitado e, assim, evoluíram esse modelo mais radicalmente, criando assim o monoteísmo, eliminando, simplesmente, as demais divindades e assim ajustando a teologia para os seus propósitos teocráticos.

O melhor exemplo, o mais clássico, disso foi o monoteísmo ter sido adotado pelo Islã que é, basicamente, um movimento teocrático que seguiu mais intenso ainda esse modelo judaico de estabelecimento de uma religião monoteísta como base para um estado teocrático. No Islã o nível da invenção político-teológica é muito maior e o foco sempre foi o estado teocrático para controle político e social. O islã, na minha avaliação é um escândalo como religião, uma apropriação do cristianismo da pior forma possível.

O monoteísmo pode ser muito bem descrito assim, pela sua origem humana e a forma como se expandiu no mundo, pela força, pela imposição e pela espada, através dos cristãos e Muçulmanos.

Ele nunca foi um modelo natural de religião. É uma invenção. As manifestações naturais e espontâneas de religiões, em todo o mundo e em toda a história, sempre geraram henoteísmos ou no máximo monolatrias. A razão disso é porque pessoas humanas sempre refletem a própria sociedade que elas conhecem nos modelos religiosos.

Isso não é um processo de criar deus à sua semelhança, como muitos críticos às religiões fazem. Nós, como criação de deus, já somos a sua semelhança e é natural espelharmos deus no que somos.

O monoteísmo nunca existiu naturalmente, foi criado pelos sacerdotes do templo. Ele reflete um modelo teológico impossível.

A impossibilidade teológica é mostrada pelo catolicismo que para poder se expandir pegou esse modelo e evoluiu ele para um outro formato, uma forma mais natural, um formato henoteísta. Os católicos disfarçam com dogmas e teologias ruins o seu henoteísmo como sendo um monoteísmo.

Os protestantes, por sua vez, fizeram um trabalho muito ruim. Eles se aproveitaram de todo o legado católico e voltaram ao monoteísmo que como eu disse não é nada sagrado e não representa a forma como as pessoas olham deus de forma natural. Eles transformaram um livro mitológico em uma peça central na religião e colocaram na cabeça de cada pessoa a sua interpretação.

Observem a história, tanto Lutero como Calvino usaram a religião para controle social. A conversão do catolicismo para o monoteísmo protestante teve essa finalidade e mostra mais uma vez a única utilidade desse modelo.

A dispersão da interpretação da Bíblia por todas as pessoas e a perda do sacerdócio era apenas a necessidade de deslegitimar a autoridade católica.

Assim não existe nada de “certo” ou “superior” no monoteísmo, pelo contrário.

Para encerrar e depois dessa avalanche de informações, o que eu afirmo é que quando olhamos a história reconstituída e fatos já documentados, vemos que o monoteísmo que você conhece e que é trombeteado por essas mesmas religiões como sendo a única e legítima manifestação de deus junto a nós é, na verdade uma criação forçada com objetivo político-teológico.

Toda religião é uma criação humana. Ninguém pode ter dúvida disso. Por essa razão é que teremos religiões ruins e boas. Ser boa ou ruim não está ligado a deus, está ligado a sua criação humana.

O monoteísmo gera uma teologia ruim, mal feita, com pontas abertas e dogmas idiotas. Não é uma forma melhor ou superior de ver deus. A única coisa que ele promove é o controle social e isso é uma verdade por várias evidências. O motivo inicial é que foi para isso que ele foi criado pelo templo de Jerusalém. As evidências são a história de dominação e submissão que ele promoveu na sociedade.

Eu não me estendo falando do judaísmo porque não tenho a propriedade para isso, mas, na minha visão os ortodoxos são os que seguem a linha do templo de jerusalém. O judeus cabalistas, mais abertos a toda a sua tradição pré-exílio e que recuperam teologias banidas me parecem ser aqueles mais fáceis de serem aceitos entendidos.

O catolicismo é muito criticado por todos, mas, quando se examina a história real, observa-se que a igreja de Roma é diferente do que falam dela. O que se fala mal da igreja de Roma é apenas propaganda protestante e são atribuídas culpas que ela não têm.

Os católicos, na verdade, são basicamente henoteístas e trouxeram a filosofia de Aristóteles e Platão com o conceito de alma e um entendimento racional de deus para a teologia. Lembro que a filosofia grega é resultado do conhecimento egípcio e assim os gregos são uma herança ou continuidade dessa fonte de conhecimento. Além disso a própria religião grega e seus mitos influenciaram o cristianismo.

Os protestantes são um desvio dessa linha. Eles rejeitam a filosofia grega e aderem a uma corrente muito pobre que é o nominalismo. O debate filosofia x nominalismo é bastante atual e reflete bem o que os protestantes fizeram com a teologia. Veja que padres católicos precisam ser formados em filosofia, mas, pastores protestantes não tem esse requerimento, basta eles lerem a Bíblia. Só esse parágrafo daria um longo debate.

Além disso o Maniqueísmo influenciou tremendamente o cristianismo. Haviam os chamados cristãos maniqueístas que foram os perseguidos pelo império romano porque representavam a cultura persa. Nem todos cristãos eram perseguidos pelos romanos, os cristãos maniqueístas eram perseguidos porque, de alguma forma, representavam a Pérsia um grande inimigo de Roma. Agostinho de Ipona, o santo Agostinho, era Maniqueísta, depois cristão maniqueísta e por fim católico.

O Maniqueísmo é derivado do Zoroastrismo que era monólatra e tem origem formal no século VI AEC mas suas raízes são anteriores ao século X AEC, sendo relacionado aos Vedas a aos povos proto-indo-arianos. Estamos falando dos povos precursores da humanidade.

O Zoroastrismo já era monólatra e desenvolvia uma teologia de alto nível enquanto os judeus vivam nos campos, eram politeístas e sacrificavam crianças a Yaveh.

O que prejudicou o catolicismo, na minha opinião, foi eles terem se ligado tão fortemente a judaísmo, em uma relação de amor e ódio. O catolicismo que conquistou o mundo e o coração das pessoas surgiu com Jesus e as pessoas que adotaram essa religião não precisavam do judaísmo ou da Torat para nada. Bastava seguirem a teologia desenvolvida a partir de Jesus.

Isso poderia ter um longo debate também. O cristianismo que conquistou o mundo através do coração e mentes das pessoas, não foi o cristianismo que ser formou pela auto-proclamada ortodoxia cristã, a patrística. Essa auto-proclamada ortodoxia se apropriou das vitórias e esforço de pessoas que não estavam alinhadas com essa teologia judaico-cristã e sim a uma teologia de Jesus.

Eu lamento se no objetivo de encerrar esse tema acabei inserindo muito mais informação, mas, são fatos e história que as pessoas desconhecem.

O que estou tentando trazer a tona é que não existe nada de errado em monolatrias ou henoteísmo. Religiões assim podem representar muito bem deus e nossa relação com ele. O monoteísmo por seu lado é deletério. Não é resultado do fluxo natural da religião que representa deus, ele agride essa relação.

O monoteísmo foi criado para controlar pessoas através da religião e é isso que a história registra, sua imposição através da força, da opressão e da violência. O Islã é o melhor exemplo da continuidade dessas ações hoje. Basta olha para o Islã e ver o que o monoteísmo realmente representa.

Assim o objetivo aqui é abrir os olhos do leitor sobre essa necessidade de monoteístas continuamente se afirmarem como sendo os únicos certos, como sendo reflexo da verdade, como sendo a representação real de deus. Essa necessidade imperiosa de afirmação é parte do processo de controle social através da verdade e não é um processo religioso de deus. Como expliquei, esse não é o caminho do deus supremo. O deus supremo nos dá opções, nos dá liberdade, está focado no objetivo final e não no meio de atingir isso. O monoteísmo leva ou orienta as pessoas a dominarem o discurso teológico e principalmente de negarem o discurso teológico paralelo.

Como expliquei, monoteístas não aceitam outra visão de deus e do supernatural que não seja a deles porque eles não estão interessados em deus. Eles querem é o controle social, um reflexo ampliado do que o templo de Jerusalém fez, o monoteísmo é o ovo da serpente.

A reforma protestante, sem nenhuma dúvida, é um processo deletério em cima de uma boa religião que é o catolicismo. Essa é minha avaliação. Não sou cristão e assim olho tanto o catolicismo como o protestantismo com o mesmo olhar. O catolicismo representa a religião que venceu todas as dificuldades e que prosperou no caminho aberto por deus, através dos impérios macedônico, romano e persa para ele prosperar. Esses 3 impérios pavimentaram o caminho para existir uma religião ampla e universal. Mas o crescimento do catolicismo foi natural, não foi Roma que o edificou, foram pessoas e comunidades que acreditaram no conteúdo e força da mensagem. Roma se apropriou desse trabalho e edificou uma instituição de 2000 anos.

Tenho restrições a parte de sua teologia e sobre isso vou comentar em outro capítulo, mas, sem dúvida o catolicismo é a recuperação do modelo henoteísta. O protestantismo é a percepção disso e a retomada do controle pelo modelo monoteísta. Os precursores do protestantismo, Calvino e Lutero, tinham apenas isso em sua mente, o controle da sociedade. Não vou recuperar essa história aqui, não cabe, mas posso rapidamente dizer que Lutero uso a religião para conquistar o poder se associou com o estado alemão e impôs o seu monoteísmo protestante da mesma forma como os sacerdotes do templo de jerusalém o fizeram, perseguindo e proibindo a prática do catolicismo. Calvino fez o mesmo a partir de Genebra, controlando a população através da religião.

Um outro exemplo desse processo deletério é o Islã que também se aproveitou do catolicismo, estabeleceu um monoteísmo mais radical ainda, criando textos do nada e uma história que só existe em livros. As críticas que fiz aos judeus e a Bíblia são infantis se comparadas com o que o o Islã fez.

Dessa forma temos um braço obscuro e negro do monoteísmo se espalhando pelo mundo através do protestantismo e do Islã. Ambos igualmente ruins e hoje representam uns 35% da população do mundo, superando o catolicismo. Eu não gosto da teologia católica, tenho uma outra visão de deus através de Ifá, mas, eu acho muito complicado as pessoas serem da religião de Orixá (Òrìṣà). Eu recomendo a todos que deem valor ao catolicismo como um escolha religiosa.

Após essa longa explicação de que o monoteísmo não é uma inspiração divina e sim uma criação humana para exercer o controle social da população, que foi criado por conveniência dos sacerdotes do templo de Jerusalém que retornaram do exílio para retomar o controle da Judéia, eu levanto a seguinte questão: O que incomoda nas pessoas o henoteísmo? O que incomoda existirem muitas divindades?

segunda-feira, janeiro 22, 2024

QUAL O MELHOR DEUS? - A DEMONIZAÇÃO DAS OUTRAS RELIGIÕES - PARTE 10 DE 11

 

A DEMONIZAÇÃO DAS OUTRAS RELIGIÕES

Como eles podem justificar esse modelo de vida única, inferno eterno e salvação pela igreja se têm ao lado uma religião que eles reconheceriam ser do mesmo deus supremo e o entendimento delas for outro?

Não podem.

Essas outras manifestações têm que ser cultos a falsos deuses ou ao diabo que enganam a pessoa com uma falsa teologia e uma falsa esperança para afastá-los da salvação e os condenarem ao inferno eterno, que é o objetivo do diabo.

Igualmente, se na visão deles, se você não for a deus você não será salvo e o único deus o de verdade é o deles, porque o próprio deus anunciou assim.

Desta maneira, como uma consequência da teologia diabólica, as demais religiões o condenam ao inferno porque o afastam da igreja e se o afastam da igreja o afastam do deus de verdade e assim são, na verdade, obras do diabo.

As demais religiões, Ifá entre eles, reconhecem a importância do deus supremo e o distanciam naturalmente das pessoas. Ele está presente, ele existe e é reconhecido, mas, ele cuida do todo da existência, a vida emana dele, o equilíbrio emana dele, é ele que mantêm tudo funcionando. A presença do deus supremo junto a nós é humanizada, assume sim, de fato, uma face humana nas divindades que o representam junto a nós. O deus supremo se faz representar junto a nós de forma humana para que nós nos reconheçamos nele. Em Ifá o deus supremo não tem forma, mas, suas divindades, ministros, têm.

O que isso tem de errado ou de menor? Criticamente, ao meu ver, nada, pelo contrário é muito mais razoável do que esperar que o deus supremo cuide individualmente de nós.

Mas os judeus e cristãos não reconhecem divindades. Apesar deles reconhecerem, no próprio AT que deus se manifestava através de anjos, eles não reconhecem divindades. Apesar dos católicos terem um culto com anjos e santos, eles não reconhecem divindades nas outras religiões. Apesar de Jesus ter sido um semi-deus, eles não consideram que outras religiões entendem que temos divindades representando deus junto a nós e que representar deus não os torna deuses..

Apesar de em Ifá e na religião de Orixá (Òrìṣà) nós termos contato e experiência real com divindades que representam deus e delas só emana o bem, eles não acreditam no nosso bom senso e juízo.

Apesar de na Umbanda termos contato com espíritos menores, ex-vivos, que trabalham pelo bem e a caridade, tratando os problemas e ajudando e salvando vidas em nome de deus, eles continuam a achar que não temos bom juízo e que milhares de pessoas são enganadas.

O mundo real mostra que milhões de pessoas acreditam, veem e sentem manifestações de um supernatural que é diferente da teoria da bíblia, mas, isso não importa. Não interessa o nosso conhecimento, não interessa a nossa experiência, não importa nós falarmos que aquilo é divino, não importa deus fazer pequenos e grandes milagres na nossa vida.

Nós não importamos.

O que importa é o que está escrito no livro que eles veneram e adoram como um deus e que foi escrito por pessoas. O que importa são regras antigas e que a realidade atual o que vivemos na pele, mostra que não têm razão e que ou alguém se enganou ou eram coisas que tiveram um contexto naquele tempo, mas que mudaram.

Para pessoas que se dizem religiosas essas pessoas não tem nenhuma fé humana.

Não somos 55% da população da terra, mas, somos milhões de pessoas que presenciam essa atuação de deus e mesmo assim, somos pessoas enganadas na visão deles.

Na visão deles que rezam para o silêncio e cuja resposta a suas preces é apenas a fé e o silêncio, nós somos os tolos.

Nesse contexto, qualquer outra religião passa a ter que ser uma obra do diabo. A teologia, humana, que eles inventaram leva a isso. Lembro a todos que a natureza humana é falha e assim toda obra humana é sujeita a erro. Qualquer teologia é uma obra humana, já expliquei isso e assim pode estar toda ou parcialmente errada. Deus é sagrado, mas, as obras humanas podem falhar em algum grau.

Contrariar a teologia cristã não é contrariar a deus.

Enquanto a teologia de induístas, Orixaístas, budistas, shenistas, xintoistas e outras são diferentes entre si mas podem conviver perfeitamente uma ao lado da outra, a religião cristã não tem como conviver com elas, não com a teologia que têm.

Desta forma sejam os judeus como os cristãos, cada um a seu modo, inventaram essa tese insana de propriedade de deus, que lhe é conveniente, mas que despreza a grandeza de deus.

É nesse ponto que as demais religiões do mundo, obras do mesmo deus supremo, assim como a religiosidade natural das pessoas, passa ser um elemento de oposição que dever ser combatido e eliminado. Não só porque não podem ser criações de deus, uma vez que deus em pessoa foi até eles, como, também, porque sendo obras de deus não podiam ter teses teológicas diferentes das deles, que não obrigam a pessoa a se submeter a religião.

Essas demais religiões têm que se tornar obra do diabo, de demônios de falsos deuses ou deuses fracos e estranhos.

Essa parte menos nobre que eu citei é criação teológica humana, sem nenhuma base em cristo. Mas isso gera um pacote que obriga as pessoas a serem religiosas e da religião certa, a deles. A religião deixa de ser uma opção e passa a ser uma imposição ou se é religioso ou se sofre no inferno pelo resto da existência. Além disso, traz para a humanidade a questão escatológica do apocalipse eminente. É o império do medo.

Mais uma vez, cada um que viva como quer, se você gosta disso seja cristão. Mas, não é tão simples. Para esse modelo funcionar não pode ter outro modelo falando diferente. As demais religiões, que não falam isso não podem ser coisas de deus. Não pode ter outra religião, ligada ao mesmo deus com uma teologia diferente.

Temos a raiz dessa intolerância. Como eu desenvolvi, o problema não é eles acharem que o próprio deus apareceu para eles. O problema é a teologia que eles construíram por conta deles, em concílios que incorpora dogmas que tornam a existência de outros dogmas inaceitáveis.

Como vai funcionar a teologia católica se tem uma religião do lado, ligada ao mesmo deus, que cultua o mesmo deus e que diz que não tem inferno? Que você vive várias vidas? Que o mundo não vai acabar um dia?

Se eles aceitam que a religião do lado fala com o mesmo deus e não tem essas coisas as pessoas vão para essas religiões. Dessa maneira deus só pode ser o deles e os demais têm que ser demônios.

Qual o modelo que separa todo o tipo de anjo (são vários) e santos e seus milagres das divindades das demais religiões? O que precisa fazer um Orixá (Òrìṣà) para ser um diabo?

Qual a sua capacidade de julgar o trabalho de deus através de outra religião? Para você falar que é o diabo na outra religião você tem que entender e mostrar porque é o diabo. Por que não é deus. O que naquela religião e naquela manifestação relaciona o que você vê com o diabo, lembrando que o conceito de diabo é apenas cristão. O diabo é uma invenção cristão medieval, não existe na bíblia.

Explicar que o diabo é medieval e que não está na bíblia é algo que quem discorda pode buscar esclarecer com facilidade, fora a própria bíblia existem pessoas que analisam isso em detalhes através de literatura. Este é um tema interessante porque é uma certeza de muitos, base teológica de vários e assim dá um grande prazer de enfrentar, mas, não dá para fazer aqui. Fica essa dica, o diabo, assim como o apocalipse é uma invenção medieval. Toda essa cultura angelical também, o que as pessoas falam de anjos está em literatura apócrifa e foram coisas que os judeus aprenderam no exílio da Babilônia, isto é, aprenderam com outros povos.

Encerrando esse texto, quero ressaltar 2 coisas. A primeira é que esta foi a razão de eu ter iniciado longamente sobre a discussão da grandeza de deus. Sem esse conceito fica impossível chegar até aqui. A posição judaica e cristã são uma ofensa a grandeza de deus.

A segunda é que a teologia católica tomou rumos absolutamente humanos através do concílios, a teologia foi definida ali, por pessoas e essas decisões foram referendadas pela afirmação de que aquelas pessoas todas faziam aquilo inspiradas por deus. Os católicos têm razão ao dizer que sejam católicos primeiros e depois abram a bíblia, uma coisa não tem a ver com a outra.

Mas o problema da intolerância com as demais religiões tem origem de fato na visão do deus pessoal, particular. Isso obriga que as demais estejam erradas se forem diferentes. O que os católicos fizeram depois foi amplificar isso e materializar de uma forma que os judeus não fazem. Os judeus acham que estão certos, mas, para os católicos os outros tem que estar errados.

Assim para encerrar esse longo texto para um assunto tão simples, não temos um melhor deus a escolher. Se você crê em um deus supremo se sua religião crê em um deus supremo, você já escolheu o deus certo, o único.

Os cristãos têm um problema teológico particular para resolver.