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quarta-feira, maio 15, 2013

O problema de pular de casa em casa


Uma das coisas que vocês devem ter muita atenção quando ouvem a história de alguém, é se essa pessoa se iniciou e cantou os seus 7 anos na mesma casa, ou se a pessoa é aquela que frequentou tudo quando é casa, dando uma obrigação em cada lugar.

O correto na formação de qualquer pessoa é, primeiramente, ela escolher uma casa para frequentar. Se a casa for adequada, se ela se afinizar com as pessoas que frequentam a casa e, também, se entender com a forma como o dirigente dirige a casa ela pode então decidir continuar na casa.

Com o passar do tempo poderá fazer, algumas pequenas obrigações, como um Bori, e por fim a sua feitura, depois claro de ter absoluta certeza de que aquilo é o que ela quer para si. Somente depois de frequentar uma casa, de conhecer como funciona a casa e a religião que pretende adotar é que ela pode decidir se iniciar.

Mas, principalmente se o local que ela esta escolhendo é o local onde ela vai querer estar, por no mínimo os próximo 7 anos, até concluir o processo de feitura, quando se transforma em um Egbon, um mais velho. 

Nem todo mundo fará 7 anos e terá um Oye, um cargo de babalorixá ou de Iyalorixá. NÃO é verdade que todo mundo que atinge os 7 anos será babalorixá ou Iyalorixá e poderá abrir uma casa para ela.

Observe que, um coisa é a contagem de tempo cronológico desde a sua feitura e outra é você poder de fato contar esse tempo como realizado dentro da religião.  O tempo só vale se você "canta" seus anos, você precisa dar as obrigações necessárias. Assim, depois da feitura você tem a obrigação de 1 ano, depois a de 3 anos e finalmente a de 7 anos. Somente quando "canta" o ano é que você pode contar seu tempo cronológico.

Uma pessoa que já tenha sido iniciada a 10 anos, somente poderá contar 10 anos de feita quando der a sua obrigação de 7 anos, antes disso tem os anos que já "pagou". Assim de você cronologicamente tem 10 anos de feita, mas, apenas cantou os seus 3 anos, você tem 3 anos!

A escolha apressada de uma casa, pode levar uma pessoa a se desligar daquela casa e procurar outra. Isso não é o normal e nem deve ser a prática. Claro que, atitudes muito ruins do dirigente ou de membros da casa podem levar você a uma situação insustentável e obrigá-la a deixar a casa.

Mas essa é uma coisa que deve ser evitada. É também muito comum pessoas que intempestivamente decidem fazer sua feitura sem avaliar como será a convivência dentro da casa e depois, quando viram Iyawo e descem ao último degrau da escala hierarquica não aceitam essa situação.

O normal é que a pessoa deve se conformar com seus problema e cumprir os seus anos. 

Claro, como disse, existem momentos que isso se torna impossível. Normalmente consequencia de uma escolha errada inicial. Mas, um iyawo, deve engolir seu orgulho e cumprir seus anos. Sacrifício é sacrifício, além da dificuldade e do esforço existe o aprendizado.

No fim de tudo você vai ter uma história, uma casa e fazer parte de uma linhagem.

Contudo existe um tipo de pessoa que usa a mudança de casa como estratégia para esconder sua enganação. Essas pessoas que não querem cumprir nada, querem enganar os outros.

Dessa maneira, a mudança de casas é também uma estratégia para apagar o seu passado e seus erros e mais, para inventar obrigações que não deu ou mesmo feitura que não fez.

Veja, tem gente que faz sua feitura e desaparece daquela casa, talvez fique lá até a obrigação de 1 ano e nunca mais é visto.

Ai ela abre uma casa e começa a dizer para todos que é babalorixá ou iyalorixá de tal orixá e que foi feita em outra cidade, etc..  Aliás, pessoas mal intencionadas costumam procurar iniciação em outra cidade ou outro estado justamente para poder encobrir obrigações que nunca deram.

Tem muita gente que se diz babalorixá e iyalorixá que nunca foi feito de verdade. Provavelmente foi para uma outra cidade, deu um bori ou qualquer outra coisa e volta dizendo que foi feita. Essas pessoa frequentam a casa de outros para copiar as coisas e aprender por repetição.

Isso é muito comum.

Muito mais comum ainda em pessoas que vieram de Umbanda, onde tinham uma casa e filhos de santo. Imagine se essa pessoa que tem um status social elevado nesta comunidade vai virar Iyawo de Candomblé? Muito dificil.  O mais comum é fazer um Bori longe e dizer que foi feito, é até fazer a feitura e depois nunca mais aparecer.

Observem que eu não vejo demérito na Umbanda. Quem vê e demonstra que NUNCA entendeu o que é a Umbanda são as pessoas que saem dela para o Candomblé. O que eu entendo ser muito difícil é uma pessoa sair da Umbanda, onde tem um status e liberdade e ir para uma OUTRA religião, totalmente diferente e virar Iyawo. Não a-cre-di-to

Mas, voltando a nossa linha original, quando uma pessoa diz que deu cada obrigação em casas diferentes isso é um demérito e não um mérito.

Qual o motivo que leva uma pessoa a pular de casa em casa? Porque não ficar em uma casa e se subordinar a um superior?  Se a pessoa sai pulando é porque não quer se subordinar a ninguém.

Observe que tem  muita gente que inventa obrigação. Tem muita gente que sai de São Paulo e do Rio e vai para Salvador dar bori em uma casa grande. Bori esse feito no corredor, do tipo sem nenhuma importância, daqueles que eles dão em cliente. Voltam de lá dizendo que foram feitos em determinada casa ou que contaram o ano tal lá.

O elenco de mutretagens é muito grande. Fique desconfiado de pessoas que não conseguem te apresentar o seu babalorixá ou iyalorixá. Fique desconfiado de pessoas cujo iniciador já morreu, aliás esse é o golpe mais clássico. Fique desconfiado de pessoas que não tem junto de si nenhum mais velho, nenhum irmão de santo, nenhum ogan, etc...  Fique desconfiado de gente que procura outras cidades e estados para "dizer" que deu obrigação.

É muito comum pessoas de Umbanda dizerem que foram feitas no Candomblé só para poder se anunciarem como tal, sem nunca ter sido.

Não é dificil você aprender com histórias de outros ou frequentando casas de outros para poder repetir as coisas que viu e ouviu depois como se fosse sua.

Mas, eu acho, que o pior mesmo, mas o muito pior mesmo,  são as pessoas que dizem que trocam de aguas, entenda de Nação. São pessoa que foram feitas no Ketu, com Orixá e ai, sem mais nem menos aparecem com uma casa de Jeje ou de Angola. Isso é completamente esquisito, para mim sem nenhuma confiabilidade. Isso não existe....

O cara é doté fulano de tal de Xango.  Como assim?  e na casa dele só se faz orixá. Isso é o normal, pessoas dizer que trocaram de nação mas continuam fazendo as coisas da nação original, contudo, sem agora deverem a hierarquia e a coerência, podem fazer de qualquer jeito, ou mesmo dizerem que são se Nago Vodum, que é a oficialização do sambo do crioulo doido.

Essa estória do cara mudar de nação, 100% dos casos é para acobertar mal-feitos.

Os desvios, no geral, como disse,  são muito grandes e criativos, os principais são:

- pessoas não feitas que pagam grandes somas para que alguem de uma obrigação de 7 anos nela para legitimar a sua safadeza.  Tem gente que aceita isso, por dinheiro.

- pessoas que dão obrigações menores e dizem que foram obrigações maiores.

- pessoas que vão dar obrigações em lugares distantes para não ter testemunhas

- pessoas que ficam frequentando casas e furando roncó para poder aprender aquilo que não sabem e fundamentar suas mentiras.

- pessoas que dizem que foram feitas em casas que acabaram e por pessoas que já morreram

... e por ai vai

O normal, como eu disse é aquela pessoa que pode se apresentar e também a sua ascendência. Que frequenta a sua casa matriz e recebe pessoas de sua casa matriz.  Que tem um superior e se subordina a ele. Não importa o quão velho você seja, sempre vai ter alguém mais velho que você.

Como eu disse antes, sempre tem casos de exceção e nem sempre a gente consegue terminar onde começou. Mas mesmo essa história pode ser confirmada.

Assim, abra seus olhos e tome cuidado com quem se envolve.

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