As informações de Alex Cuoco
Alex Cuoco é um brasileiro que foi viver ainda jovem nos EUA. Ele publicou um livro excelente chamado “African Narratives of Orishas, Spirits and Other Deities”. É um equivalente ao livro do Prandi, “Mitologia dos Orixá”, mas o Prandi mistura muito no seu livro, ele inclui patakis cubanos e isso deturpa muito o que ele mostra porque os cubanos criaram uma teogonia própria e os pataki são uma péssima fonte.
O livro do Alex Cuoco é bem extenso, são quase 1.000 páginas, mas, contém bastante texto sobre Orixá (Òrìṣà). Neste livro ele tem muitos mitos sobre Àbíkú e um resumo no final dos textos. É sobre o que ele sintetizou em seu resumo, a opinião dele que vou descrever a seguir, visto que é um resumo dos diversos mitos que estão no livro.
Segundo Alex, os Àbíkú são um fenômeno comum entre diversos povos da mesma região. Os yorùbá, Akan, Nùpe, Ìgbò, Hausa e Fante acreditam na mesma coisa. De fato existe um compartilhamento de crenças religiosas por povos desta região que, mesmo sendo de etinias diferentes e tendo cultos religiosos distintos, possuem muitas crenças em comum, na verdade são bem próximos um do outro.
Eles acreditam que os espíritos Àbíkú residem em áreas desabitadas, florestas e áreas arborizadas, principalmente em torno de árvores de Ìrókò. Os Àbíkú ficam em trânsito entre o órun (Ọ̀run) e o Àiyé permanecendo por pouco tempo na terra.
Os Àbíkú fazem parte de uma sociedade chamada “Égbe (Ẹgbé) Ará órun (Ọ̀run)” que tem meninos e meninas e, cujos garotos, são liderados por uma deidade chamada Iyàjanjàsá e, as meninas, são chefiadas por uma deidade chamada Olóìkó. Contudo foi Ọlọ́fin Aláwaiyé aquele que trouxe eles para dentro do mundo pela primeira vez para a cidade de Awaiyé, em um grupo de 208 Àbíkú. É em Awaiyé que pode ser encontrada a floresta sagrada do Àbíkú onde os pais dos Àbíkú vão fazer suas oferendas de maneira a manter suas crianças no mundo. A cidade de fato existe.
Seguindo os textos bases, os Àbíkú vão do órun (Ọ̀run) para o Àiyé e declaram para Oníbodé suas intenções o tempo que ficaram no mundo (curto). Eles prometem a seus companheiros retornar independente dos esforços que seus pais façam para eles ficarem.
Quando o tempo de partida chega seus companheiros vão para o Àiyé para lembrá-los de suas promessas. No Àiyé os companheiros residirão em áreas como pântanos, rios, os muros das casas onde moram seus companheiros renascidos, nos banheiros das casas e nos quintais.
Este tráfego entre o órun (Ọ̀run) e o Àiyé, como ele descreveu, de fato, não é possível assim. Não podemos para explicar o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) aceitar que existe um livre tráfego de espírito e para todo o resto da teologia isso não existir. Lembro que o mito da separação do órun (Ọ̀run) e do Àiyé está acima disso e esse mito não pode valer, para os Orixá (Òrìṣà) por exemplo e não valer para o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Isso é uma inconsistência sistêmica nessa narrativa. Qualquer parte da religião tem que estar alinhado com o todo, não podemos tratar tudo como se fossem coisas estanques. É nesse sentido que a tese de Salami do Ìrònà e também minha é o modelo mais adequado.
Os quintais são os lugares preferidos pelos companheiros, porque é neste local que os yorùbá enterram as placentas depois que são colocadas em uma jarra chamada de Isásùn, a qual é coberta com folhas de palmeira e búzios. É a partir desses lugares que esses emissários chamam seus companheiros renascidos para voltar para casa ou ficam atormentando os que decidiram ficar.
O pacto entre os membros do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) é bem sério e os Àbíkú que não renasceram farão de tudo para que ele seja comprido. Existe a capacidade dos pais, através de Ifá, fazerem a alma do filho de romper com essa sociedade e a alma pode, assim, se libertar desse ciclo de vidas curtas. Uma vez feito isso eles nunca mais serão importunados pela sociedade egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run).
Como parte do pacto, o Àbíkú renascido deve compartilhar aquilo que ganha com seus companheiros, desta forma, uma criança Àbíkú sofrerá de mal-nutrição, porque, o que come será compartilhado entre seus companheiros. Os companheiros manterão contato com o renascido continuamente para que esse não esqueça de sua promessa. Os companheiros surgem em sonhos e poderão causar acidentes e doenças.
Observe que a tese de que os companheiros compartilham dos alimentos comidos vai ao encontro do modelo do Ìrònà. Os espíritos no Ìrònà precisam dessa energia transmutada para se manterem ativos em nossa dimensão.
O Ṣáworo é um recurso usado para afastar os companheiros, trata-se de um cordão com um guizo amarrado, que é colocado no calcanhar das crianças e este barulho afasta os Àbíkú. O mesmo é considerado para roupas vermelhas. Além deste tipo com guizo, o Ṣáworo pode ter outros modelos. Muito anteriormente era feito com búzios, depois passou a ser anéis de ferro, mesmo sem o guizo. Este modelo de apenas um anel de ferro, na verdade mais de um que fazem barulho quando a criança de move é, possivelmente o mais tradicional e conhecido.
Um recurso mais desesperado das mães é fazer pequenas incisões na pele da criança e esfregar pimenta para causar dor ao Àbíkú e eles deixar o corpo da criança. Existem também folhas específicas para essa finalidade que são transformadas em pó. Nesse caso é considerado que o espírito Àbíkú reside no corpo da criança junto com a alma verdadeira e, desta forma, poderia ser expulso.
Quando uma criança Àbíkú morre é dado um péssimo tratamento para o corpo. Existem casos no qual ela não é enterrada, sendo deixada na floresta para apodrecer. Outras é enterrado em florestas distantes da casa dos pais. Ainda existe o hábito, como descrito no texto do Salami de mutilar o corpo da criança e a mãe invoca maldições e pragas para aquele Àbíkú, antes de enterrá-lo. Eles acreditam que o Àbíkú ficará com medo da mãe e não voltará assim como o corpo mutilado não atrairá mais. Também acredita-se que o corpo do próximo nascido poderá ser pesquisado se tem as mutilações que foram feitas no anterior, como também descrito no Salami.
A seguir vou transcrever 2 mitos sobre os Àbíkú. Para quem lê pode parecer aborrecido isso, mas, destaco que para entender essa religião tem que ler os versos e mitos. Não podem se guiar apenas pelas análises e interpretações feitas por outros, como eu, porque não vai aprender Ifá de verdade.
1 - Os Àbíkú chegam no mundo, pela primeira vez, em awaiyé
Um dia, Ifá foi consultado em
nome de Aláwaiyé, que estava vindo de
Órun (Ọ̀run) para o mundo, e que estava trazendo com ele,
duzentos e oitenta Àbíkú para a Terra. O Bàbáláwo
lançou Ifá em seu nome e disse: “Ah! Arbusto pequeno,
arbusto pequeno! Escuro, escuridão! Aqueles que conhecem o trabalho
das trevas, não causem problemas para a lua!”
Aláwaiyé,
que é o chefe dos Àbíkú no Órun (Ọ̀run), chegou e convocou
todos os Àbíkú para se reunirem para sua jornada. Quando os Àbíkú
chegaram à orla do órun (Ọ̀run), cada um declarou ao Oníbodé,
guardião do portão, o tempo que ele ou ela ficariam no mundo.
- Um Àbíkú disse: “Ha! Assim que eu ver minha mãe, eu voltarei!”
- Uma garota disse: “No momento em que meus pais marcarem um dia para meu casamento, eu voltarei!”
- Outra disse: “Assim que der à luz uma criança, voltarei!”
= Um menino disse: “Assim que eu construir uma cabana, voltarei!”
- Uma menina disse: “Ha! No momento em que meus pais conceberem outro filho, eu voltarei!”
- Outro menino disse: “Assim que eu começar a andar, voltarei!”
Como os Àbíkú deveriam chegar ao mundo pela primeira vez, Aláwaiyé foi o líder encarregado de levar todos eles para a cidade de Awaiyé. No entanto, antes de sua chegada, os Àbíkú traçaram um plano secreto de combinação entre eles para garantir que sempre poderiam retornar a Órun (Ọ̀run) e voltar à terra, quantas vezes quisessem. Um Àbíkú disse: - “Ha! Após nossa chegada ao mundo, cada um de nós fará quatro conjuntos de vestimentas vermelhas, cada uma com uma bandagem e um gorro que valerão quatrocentos búzios.”. Outro disse: - “Se alguém descobrir nossas proibições quando chegarmos ao mundo ou se alguém descobrir o nome das roupas que fazemos ou se nossas mães descobrirem nosso segredo sobre as coisas que combinamos, ficaremos no mundo com eles.” Um menino disse: - “Se nossos pais descobrirem nossos segredos, ficaremos no mundo quando chegarmos em Awaiyé.”
Quando chegou a hora de Aláwaiyé levar os Àbíkú ao mundo, eles foram pela primeira vez e então voltaram para Órun (Ọ̀run). Eles foram uma segunda vez e voltaram para Órun (Ọ̀run) mais uma vez. Eles foram e saíram pela terceira, quarta, quinta e sexta vez. Quando eles chegaram pela sétima vez, o povo de Awaiyé consultou um Bàbáláwo e disse:
- “Ah, queremos saber o que podemos fazer para que nossos filhos permaneçam no mundo! Não queremos mais que eles morram!”
O Bàbáláwo lançou Ifá em seu nome e disse: - “Ah, aqueles que dão à luz filhos Àbíkú e desejam mantê-los, na terra, seguros de que não mais quererão deixar o mundo novamente, devem oferecer sacrifícios. Cada um de você deve fazer um envoltório da cabeça e um boné no valor de quatrocentos búzios e também deve comprar tecido de vermelho vivo e fazer uma roupa para eles ”.
Uma mulher disse: - " Por que
devemos fazer isso? "
O Bàbáláwo
respondeu: - “Faça isso porque estas são as vestimentas que os
abiku secretamente concordaram em fazer antes de vir ao mundo. Os
Àbíkú têm sua própria floresta sagrada em Awaiyé e é lá é
onde você deve oferecer todos os sacrifícios, pendurando-os em
árvores e, quando terminar, você deve realizar uma cerimônia,
tocando tambores e dançando para eles. Certifique-se de preparar
pratos de comida èkuru, àkàrà,
òlè, àádùn-rèké, ẹ̀pá, inhame doce, diferentes tipos de
vegetais e também ofereça esponjas e sabão.
Um homem disse: -“Faremos, como você diz!”
O Bàbáláwo disse: - "Se você oferecer esses sacrifícios a eles todos os anos, seus filhos Àbíkú não mais deixarão o mundo. Na próxima vez que eles voltarem, eles vão dançar aqui e lá e batendo em seus tambores iyá dùndún, vão cantar:
Vamos esfregar nossos corpos com a cor osun para o chefe de nossa sociedade!
Vamos usar nossas roupas de cor vermelha osun!
Vamos usar nossa proteção para a cabeça e gorros no valor de 1.400 búzios!
Vamos esfregar nossos corpos com a cor osun para Aláwaiyé, o chefe de nossa sociedade!
Uma mulher disse: - “O que vai acontecer, então?”
O Bàbáláwo respondeu: - “Eles continuarão a dançar suas danças e se vocês, seus pais, realizarem esta cerimônia para eles, nenhum de seus filhos Àbíkú deixará o mundo!”
Desta forma, os primeiros Àbíkú trazidos ao mundo por Aláwaiyé, puderam ficar em Awaiyé, depois que seus pais descobriram seus segredos. Com a orientação do Bàbáláwo os pais conseguiram realizar as cerimônias corretas para o Àbíkú.
2 - Mosetán permanece no mundo
Um dia, Olójé Okoso e sua esposa, os pais de uma garota Àbíkú chamada Mosetán, consultaram um Bàbáláwo porque seus companheiros Àbíkú estavam constantemente aparecendo em seus sonhos, chamando-a para voltar e se juntar a eles. O Bàbáláwo lançou Ifá em nome de Mosetán e disse: - “Levante! Levante-se, linda! Levante-se! Ah, você deve oferecer sacrifícios em nome de Mosetán e para o Àbíkú que ela vê em seus sonhos. Você deve fazer isso, então, eles não serão capazes de levá-la para fora do mundo. ”
Olójé disse: - “Ah! Que sacrifícios devemos oferecer?”
O Bàbáláwo disse: - “Você deve conseguir um talo de bananeira, uma de suas saias e um galo. Você deve oferecer esses sacrifícios em nome dela e no caminho da oferenda dos sacrifícios, você deve reunir folhas de Ifá de agídímagbáyin. Quando terminar de colher as folhas de Ifá, você deve ir oferecer os sacrifícios: você deve oferecer o talo de bananeira, a saia, o galo e as folhas de Ifa agídímagbáyin. Depois disso, Mosetán não vai mais morrer nem vai continuar a ter pesadelos.”
Olójé e sua esposa foram e ofereceram os sacrifícios, exatamente como prescrito. Depois, voltaram a consultar o Bàbáláwo mais uma vez. O Bàbáláwo lançou Ifa em nome de Mosetán e recitou uma oração especial:
"Levante-se! Levante-se, linda! Levante-se!
Em nome das crianças que recebem pequenos pedaços de comida na boca,
Oh! Ọlọ́ọ̀run, por favor, feche a porta do Órun (Ọ̀run), para que eles não morram mais!
Sua mão encontrou as folhas de agídímagbáyin,
Oh! Ọlọ́ọ̀run, por favor, feche a porta para Órun (Ọ̀run), para que eles não morram mais! "
Quando o Bàbáláwo terminou a oração, ele falou para Olójé e sua esposa: - “Assim, Ifá falou!”. Olójé disse: - “Ah! Não entendemos! O que isso significa para Mosetán?” O Bàbáláwo disse: “Ifá diz que, Mosetán, a criança, que viu coisas ruins em seus sonhos e que foi chamada por seus companheiros Àbíkú, não deve se preocupar mais. porque eles não serão mais capazes de tirá-la do mundo”
Assim, Mosetán deixou de sonhar com seus companheiros Àbíkú, que a chamavam para voltar a Órun (Ọ̀run) e puderam ficar na terra e viver uma vida pacífica.
3 - Sacrifícios ajudam a manter um Àbíkú no mundo
Um dia, muito tempo atrás, no Órun (Ọ̀run), havia Ilere, um menino Àbíkú, que estava prestes vir ao mundo para se tornar filho de Obìrin Àbatá, uma mulher do pântano.
Quando ele estava a caminho do mundo,
ele chegou à orla de Orun e fez sua declaração para o guardião
Oníbodé do portão, - “Ha! Eu estou indo para o mundo!
Quando eu chegar lá, toda a comida que for dada para mim, eu não
comerei. Os únicos alimentos que comerei estarão no Órun (Ọ̀run).
Todas as coisas que desejam me dar, não as aceitarei no mundo. Só
aceitarei seus presentes, no Órun (Ọ̀run) . Quando eu chegar ao
mundo, não há nada que me mantenha lá.”
Mais tarde, quando
Ilere chegou ao mundo, sua mãe, Obìrin Àbatá,
imediatamente consultou um Bàbáláwo.
Ela disse: - “Ah, o que posso fazer para que meu filho Ilere não
morra?”. O Bàbáláwo
lançou Ifá em nome de Ilere e disse: - “Ah, Obìrin Àbat,
as dificuldades podem atingir alguém, de repente e a desgraça pode
cair sobre alguém, da mesma maneira. Você deve oferecer
sacrifícios, se deseja manter Ilere no mundo”.
Obìrin Àbatá disse: - “Ah! Se eu oferecer sacrifícios, meu filho não morrerá?”
O Bàbáláwo disse: “Sim, os sacrifícios podem manter um Àbíkú no mundo.”
Obìrin Àbatá disse: - “Diga-me, que sacrifícios devo oferecer?”
O Bàbáláwo disse: - “Você deve pegar um vaso novo, preparar todas as coisas que uma boca pode comer, um pano vermelho, uma tampa de panela, cânhamo de osun, sabão e uma esponja. Depois de ter todas essas coisas prontas, você deve oferecer eles rio abaixo. É lá que seus companheiros, que irão chamá-lo para matá-lo, estarão e ficarão.”
Obìrin Àbatá disse: - “Ah! Vou oferecer os sacrifícios então!”
O Bàbáláwo disse: - “Quando você estiver pronta, você deve trazer os sacrifícios a serem oferecidos no rio onde seus companheiros estarão esperando por ele, mas não o verão chegar.”.
Obìrin Àbatá disse: - “Ah! O que vai acontecer, então?”
O Bàbáláwo respondeu: "Eles irão para um lugar no pântano onde geralmente se reúnem para se despedir e lá, eles vão começar a chamá-lo: Ilere, o! Ilere, o!
Eles vão chamar sem parar, então que Ilere os responderá.".
Obìrin Àbata reuniu tudo o que precisava e ofereceu os sacrifícios, conforme prescrito. Depois, ela consultou o Bàbáláwo mais uma vez. Ela disse: - “Ofereci todos os sacrifícios, como você prescreveu. Agora, gostaria de saber se terei os resultados esperados.”.
O Bàbáláwo lançou Ifá em nome de Ilere e Obìrin Àbatá e disse: “Dificuldades podem atingir alguém, de repente e a desgraça pode cair sobre alguém, da mesma maneira! Aqueles que chamam Ilere têm braços e pés fortes! Eles ouvem e dirão: Ah! Ilere ainda não chegou! Ha! Ilere não vai voltar! Os pais dele ofereceram sacrifícios e Ilere não vai morrer! ”.
Obìrin Àbatá a disse: - “Ah! Isso é bom, mas por que eles vão ficar aqui tanto tempo?”
O Bàbáláwo disse: “Ah, porque eles pensam que se Ilere é um Àbíkú, ele é a razão para eles virem ao rio, olhar por cima das paredes e irem para o monte de esterco. Quando os Àbíkú estão no mundo e eles dizem eles estão com dor de cabeça, os outros companheiros de egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) virão buscá-los. No entanto, para aqueles Àbíkú por quem são oferecidos sacrifícios, eles nunca mais abandonarão seus pais.”.
4 - Asejéjejaiyé permanece no mundo, na décima sexta vez, que ele chegou
Um dia, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) decidiu consultar um Bàbáláwo, em nome de seu filho Àbíkú Asejéjejaiyé, porque ele havia causado muitos problemas para ele. Foi a décima sexta vez que ele veio ao mundo para morrer. Ele pegou Asejéjejaiyé e foi ver o Bàbáláwo. Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) disse: - “Ah! Meu filho, Asejéjejaiyé, veio a este mundo pela décima sexta vez! Esta criança não deveria ter permissão para ir e vir como quiser!”.
O babalawo consultou os oráculos em nome de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) e Asejéjejaiyé e disse: "Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), você deve reunir tantas folhas Ìdí quanto possível e, então, você deve queimar todos eles juntos para produzir um pó preto”.
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) saiu da cabana do Bàbáláwo juntou todas as folhas de Ìdí que pôde e queimou-as até virar um pó preto. Depois, voltou para dentro e mostrou o pó ao Bàbáláwo.
O babalawo disse: - “Ah! É muito bom! Agora, você deve pegar uma faca e fazer incisões nas juntas do corpo de Asejéjejaiyé e em seu rosto. Uma vez feitas as incisões, preencha-as com o pó preto das folhas de idi.”.
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) pegou uma faca e começou a fazer as incisões no corpo de Asejéjejaiyé. Quando ele terminou, ele esfregou o pó preto neles. Em seguida, o Bàbáláwo examinou o corpo de Asejéjejaiyé e disse: - “Agora, essa criança não saberá mais o caminho, que leva ao egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e nem à morte! Agora, você deve pegar o resto desse pó preto, fazer uma bolsa de talismã e amarrá-la em volta cintura do seu filho. Depois disso, ele não poderá mais deixar o mundo. Um caminho para o Órun (Ọ̀run) não será feito para ele.”.
Como as folhas Ìdí foram coletadas naquele dia, o Bàbáláwo começou a recitar um canto:
A folha Ìdí
diz que o caminho para Órun (Ọ̀run) está fechado para essa
criança!
A folha Ìdí diz que o caminho
para Órun (Ọ̀run) está fechado para ele!
Que ele não morra
na juventude!
O ija agborrri'teaf não anda pelo caminho que
leva a Orun!
MayTre net-die! Que ele não siga o caminho de
volta a Orun durante sua juventude!
A folha de ija agborin não
segue o caminho que leva a Orun.
Não siga o caminho para Órun
(Ọ̀run) durante a sua juventude!
A folha Lárà pupa é o
"cânhamo de osun" do Àbíkú,
Uma criança que
esfrega seu corpo com a folha de lárà pupa não voltará para Órun
(Ọ̀run).
Quando o babalawo terminou seu canto, Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) disse, - “Eu esfreguei o corpo do meu filho com a folha de Lárà pupa e quando ele crescer, se tornar um adolescente e pai, ele não morrerá na juventude!”
O Bàbáláwo disse: - “Muito bem, então!”
Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) disse: - “Nesse momento os encantamentos devem ser pronunciados, desta maneira: se uma criança é um Àbíkú que vem e vai constantemente, podemos fazer incisões em seu corpo, enchendo-as com o pó preto das folhas Ìdí.”.
Foi então, que Orunmila descobriu os truques do filho e a partir desse tempo foi capaz aprisionar Àbíkú no mundo, com a orientação de Odu Òdí Méjì.
Estes 4 textos são bons exemplos de como entendemos e aprendemos através dos versos. Não tem receitas mágicas prontas, o Bàbáláwo obtêm nos versos o entendimento e as instruções do que fazer. Além disso, com o tempo e experiência outras coisas são adicionadas. Recomendo fortemente que tenham e leiam o livro de Alex Cuoco, “African Narratives of Orishas, Spirits and Other Deities”.
Neste texto, aqui, não vou relacionar as formas de atuar sobre os Àbíkú devido a isso não fazer parte do escopo deste trabalho. As indicações do que fazer são o trabalho do Bàbáláwo e devem ser obtidas através dos versos e histórias, como as relatadas no livro do Cuoco, é necessário análise interpretação, junto com consulta oracular.
TEXTO SEGUINTE: http://www.orunmila-ifa.com.br/2021/02/como-e-composicao-do-egbe-egbe-orun-orun.html
Bom dia Marco! Lendo os textos observo q há uma inconstância nos mitos em relação de onde vem os Abikus ora do Òrun ora do Egbe Òrun consequentemente trazendo interpretações errôneas, mas entendo que o Egbe Òrun é uma sociedade composta de crianças Abikus ou NAO e que esta se localiza no Ironâ a parte supernatural do Aiyê segundo descreve Salami, somando ao conceito dado pelo o autor citado o estudo aprofundado do cosmo yorubano se observa que o Egbe Òrun esta localizado fora do Òrun e muitas vezes citadas nos artigos aqui desse blog por vc Marcos Arino, mas essas oposições de palavras q eu citei no inicio do texto pode causa as enumeras interpretações q se vê por ai , aonde se coloca a sociedade Egbe Òrun localizado no Òrun ou como já vi sacerdote em seus canais no youtube afirmando que o Egbe Òrun e a sociedade Abikus são coisas diferentes e a única relação entre eles é a ancestralidade ou como um outro sacerdote explicou q o Egbe tem que ser assentando para o individuo ter uma vida sem problemas aqui na terra, pois as pessoas passam a ter vínculos familiares , de amizades ou cônjuges q ficaram no Òrun e que poderiam atrapalhar a nossa vida por não terem aceitado a nossa vinda para o Aiyê e o assentamento seria uma forma de acalma esses espíritos.
ResponderExcluirEstou abordando isso. Vou continuar esse texto
ResponderExcluire vai ser um livro na amazon.com.br
fiquei internado com covid e estou voltando a ativa.
observe, o que se tem falado de egbe orun é rídículo. Você tem que criar uma nova religião para o que essas pessoas estão falando ter sentido.
Isso vem de africanos, idiotas gente que quer ganhar dinheiro com mistificação.