Livros sobre a religião Yorùbá
Muitos
querem aprender Ifá ou sobre Ifá, outros querem aprender sobre
Orixá (Òrìṣà)
e para isso buscam livros, o que é natural. Existem
várias opções de livros sobre esses temas e neste texto vou falar
sobre os que tenho e conheço. O objetivo e ajudar vocês na seleção
evitando aprenderem coisas ruins e jogarem dinheiro fora. Claro,
isso, com tudo o que eu escrevo é a minha opinião sobre o tema.
Opinião todo mundo tem uma, essa aqui e a minha.
Antes
de iniciar as listas preciso falar algumas coisas.
Ler
livros é muito bom, vai trazer mais rapidamente conhecimento para
você. Se for um bom livro conhecimento de qualidade. Ficar esperando
alguém te ensinar poder resolver mas demora muito tempo.
Antigamente, sem livros, era assim, você dependia de alguém te
contar alguma coisa e o conhecimento levava dezenas de anos para ser
adquirido.
Por
volta da décad de 90, do século passado (adoro falar assim…) os
brasileiros começarama a saber que existiam livros sobre a religião.
Isso ocorreu com a vinda de nigerianos ao Brasil para ensinar yorùbá,
mas, essa história, que já está pronta, será explicada em outro
texto que eu vou publicar.
Com
a chegada dos livros feitos por pesquisadores e antropólogos
estrangeiros, livros em inglês ou francês, os brasileiros tomaram
conhecimento de uma outra possibilidade de aprender sem depender do
conta gotas dos dirigentes.
Por
muitos anos houve (talves ainda exista) um preconceito sobre o
conhecimento da religião em livros. Não havia razão para isso, um
livro não substitui o aprendizado prático, mas as pessoas sempre
temeram muito o conhecimento. Assim elas não liam os livros porque
não tinham acesso, vontade ou capacidade e por isso os temiam.
Eu
passei por isso, as pessoas no Candomblé tinham muito preconceito
com a entrada de pessoas que tinha educação formal, que liam e
escreviam, mais ainda se tivesse curso superior. A ignorância
dominava o meio e essas pessoas muitos simples tinham (ainda têm)
problemas sérios de auto-estima, elas não se valorizavam de modo
que a entrada de uma pessoa com educação formal no Candomblé
sempre foi muito complicada. Nós eramos o inimigo futuro.
O
tempo ajuda a apagar isso, seja porque as pessoas se acostumam ou
porque morrem mesmo. A geração se vai e cada nova geração tem
mais instrução média superior a anterior.
Hoje
em dia os livros, ao lado de blogs, youtube e redes sociais
substituem anos e anos necessários para conhecer pessoas e falar
sobre a religião. Isso tudo é um atalho enorme no absurdo período
de convivência que você tinha que buscar.
Dessa
forma tudo isso melhorou a formação das pessoas.
A
primeira e mais fabulosa ferramenta de aprendizado foram os grupos de
discussão do Yahoo, as listas de distribuição de e-mails, que
antecederam as comunidades do Orkut.
Os
grupos do Yahoo foram fabulosos para reunir pessoas e adquirir
conhecimento. Claro, tinham grupos bons e ruins, mas ter grupos para
discutir Candomblé foi uma enorme quebra de paradigma. Eles permitam
conhecer um enorme volume de gente e ter acesso a essas pessoas.
Circulos de amizade se estabeleceram e em meses você adquiria
conhecimentos e amizades que as pessoas tradicionais levariam uma
vida.
As
comunidades do Orkut sucederam os grupos do Yahoo e continuaram a
aumentar a abrangência e a temática.
Esse
processo continua até hoje, agora com as plataformas digitais
privadas, onde você paga para ter aula sobre alguma coisa.
Apesar
disso é importante que todos entendam que, não vai se tornar
sacerdotes lendo livros ou vídeos. Os livros adicionam conhecimento
complementar.
O
problema de hoje é o mesmo de ontem. Qualidade. Continua sendo a
mesma coisa, você vai encontrar gente ruim e sem conhecimento, vai
encontrar conhecimento ruim, falso e errado e etc… Apenas aumentou
a velocidade.
Nunca
acredite na primeira coisa que leu assim como a gente nunca devia
acreditar na primeira coisa que houve, só idiotas fazem assim.
Todas
as pessoas que eram de Candomblé como eu e também pesquisavam e
aprendiam em livro, a maior parte dela pesquisadores e antropólogos,
dizia a mesma coisa. Não se aprende nenhuma liturgia em livro e
livro não interfere em nada na formação de ninguém. Livro
adiciona conhecimento que levaria anos demais para ter.
Eu
acredito que hoje em dia livro está fora de moda, o que já foi uma
febre foi substituído por plataformas digitais, mas, para aqueles
que ainda querem ganhar conhecimento de forma consistente, livros
ainda são a melhor opção.
Se
você pretende ser um Bàbáláwo
tem que ter conhecimento adicional da religião. O mesmo vale para os
Babalorixá
(Bàbálórìṣà) e
Iyalorixá
(Ìyálòrìṣà). Eu
já fui de Candomblé e sou agora
de Ifá, minha opinião é que o Bàbáláwo
tem obrigação de conhecer muito mais sobre a religião do que os
sacerdotes do Orixá
(Òrìṣà).
Estes últimos precisam conhecer a religião, mas, espera-se muito
mais do Bàbáláwo.
Observe, a responsabilidade e atribuições dos sacerdotes de Orixá
(Òrìṣà)
é muito mais complicada do que a do Bàbáláwo,
de forma que este último tem que ter o papel de conhecedor da
teologia.
Já
expressei essa minha opinião diversas vezes em meus textos e volto
a dizer isso. Eu passei muitos anos em Candomblé, o suficiente para
aprender muito, lembrando que uma coisa é aprender e outra é a
repetição do aprendizado. Claro que não sei tudo, teria que ter
ficado muitos anos a mais para ter a oportunidade de aprender de
fato o Candomblé,
mas, o que aprendi foi suficiente para eu afirmar para vocês que a
carga de trabalho e responsabilidades de um sacerdote de Orixá
(Òrìṣà)
é muito maior do que a de um Bàbáláwo.
Repito,
digo isso porque eu vivi isso.
Um
Bàbáláwo
não é melhor que um Babalorixá
(Bàbálórìṣà).
Não é superior e não é mais importante. O sacerdote de Orixá
(Òrìṣà)
tem muito mais responsabilidade e trabalho, previsa aprender muito
mais coisas, uma vida é pouco.
Assim,
cabe ao Bàbáláwo
se dedicar ao que tem que fazer que é o oráculo de Ifá e a
orientar a vida das pessoas. Um dia os sacerdotes de Orixá
(Òrìṣà)
vão entender o papel do Bàbáláwo
e poderão se beneficiar disso, mas ainda vai demorar. Infelizmente
essa impossibilidade de convivência atual determinou minha saída do
Candomblé, se não fosse isso ainda estaria lá até hoje.
Junto
coma dedicação ao oráculo de Ifá o Bàbáláwo
tem que aprender sobre a teologia e teogonia da religião.
Vou
dizer agora, finalmente, o que preparei através dessas longas
linhas.
Não
é possível ao Bàbáláwo
fazer um trabalho decente, aceitável, limpo e positivo se ele não
conhecer profundamente a religião, a teologia e os mitos. Mais
ainda, é impossível ele trabalhar sem um conhecimento profundo de
ervas.
Essa
conversa de Bàbáláwo
que se inicia sem saber nada profundamente ou sem saber nada mesmo e
decora os tratados cubanos e usa isso para interpretar Ifá para os
consulentes é, real, mas, é incompleto.
Isso
nivela um Bàbáláwo
a um olhador de Búzios. Com sinceridade, entre ir a Ifá para
consultar com uma pessoa que decorou os tratados e ir a um jogo de
búzios ou cartas, eu acho melhor ir no jogo de búzios e cartas, vai
te falar mais, basta escolher um bom olhador.
Ifá
não é ebó. O mais importante na consulta é a conversa com o
Bàbáláwo.
Por
essa razão é que os livros são importantes.
Encerrando
minha longa preleção, vocês vão notar que na minha lista não tem
livro de cubanos. Eu tenho muitos livros de cubanos e por isso mesmo
é que posso afirmar que não valem ser comprados.
Tem
umas exceções, alguns temas vão ter alguns autores, mas o
entendimento cubano da religião é muito ruim, assim como o
entendimento deles de Orixá
(Òrìṣà)
é horrível. Eles inventaram uma religião deles.
A
seguir vou divulgar várias listas. Não são todos os livros
existentes, são os que eu tenho e gostei, quem sabe eu faça uma
black-list, com os livros que eu não recomendo.
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