LIVROS SOBRE A RELIGIÃO YORÙBÁ
Esta é a lista de recomendações de
livros sobre a religião Yorùbá.
Conforme já manifestei minha opinião
é muito limitada a atuação de um Bàbáláwo
que não tem conhecimento da teologia e teogonia. Não é uma questão
de cultura, é uma questão de faltar conhecimento para indicar o que
fazer.
No que pese existirem aos montes
pessoas que se focam nos tratados e nos ebó, isso é uma
manifestação incompleta da religião. Isso é uma manifestação de
adivinhos, curandeiros, feiticeiros e macumbeiros.
Em relação a sociedade Yorùbá é
necessário entender alguns conceitos e hábitos deles para poder
entender a religião. Não se esforcem para copiar a cultura jamais
vão conseguir, aliás jamais falem em cultura africana, o máximo
que a gente consegue e recriar aqui a religião deles, jamais, vamos
absorver qualquer cultura.
Se alguém quiser perguntar sobre um
livro específico, coloque nos comentários ou mande e-mail.
Yorùbá beliefs &
sacrificial rites – omosade awolalu – Inglês –
Athelia Henrietta
A editora Athelia Henrietta que fica
em New York, foi a primeira a ter um ctálogo de livros africanos.
Cheguei uma vez a falar com eles atrás de um livro.
Este livro é um clássico, referência
obrigatória.
Os textos e teses do livro vão
aparecer igual em vários outros livros. É curioso isso nos livros
antigos, ele tem uma base comum e todo mundo copiou.
TEM QUE TER.
Orun Aiye – josé Beniste –
Português – Bertrand
José Beniste, pesquisador e Ogan do
Apo Afonja, autor de diversos livros sobre Candomblé e de um
dicionário maravilhoso, fez uma obra brilhante. É uma versão em
português dos primeiros livros sobre a religião africana. TEM QUE
TER.
Os nago e a morte – Juana Elbein
– Editora Vozes
Um dos mais tradicionais livros do
Candomblé, muito falado e comentado e pouco lido na sua
integralidade.
Juana não fez um livro fácil de ler,
obra de antropólogo. No meio acadêmico ela conta com uma legião de
críticos devido a ela ter se envolvido em discussão com o Verger,
que não era antropólogo, mas gozava de respeito no Brasil.
Juana cometeu o sacrilégio de
comentar, inferir e analisar, ela gerou conhecimento e interpretações
em vez de apenas relatar o que via. Ela se envolveu no tema.
Mas depois tudo quanto é antropólogo
acabaram também se envolvendo com o Candomblé. Ela tinha uma
personalidade muito forte e com isso acumulou críticas.
Eu gosto do livro. Tem sim que fazer
um filtro, ela interpreta demais, mas, é bastante útil. TEM QUE
TER.
O Duplo e a metamorfose – Monique
Augras – Português – Editora Vozes
Outra obra de referência no
Candomblé. Não é tão conhecido como o livro da Juana mas é uma
referência importante. TEM QUE TER.
Olodumare God in Yorùbá Belief –
Bolaki Idowu – Inglês – Longmans
Outro clássico absoluto.
Ha uns 10 anos começou a ser
criticado pela turma do Abimbolá que queria que Orunmila fosse o
deus maior.
Esse é um livro importante e cujo
conteúdo será últil para todos, é da mesma geração dos
primeiros livros e tem as mesmas ideias que serão encontrados e
outros livros. TEM QUE TER.
African Traditional Religion –
Bolaji Idowu – Inglês – Orbis Books
Continuação da obra anterior. Um
livro complicado de ler mas muito útil.
A seguir vou listar livros importantes
por autor. John Mbiti junto com Idowu procuraram ver a religião
africana como uma manifestação comum e não apenas como cultos
independentes. Dessa forma eles não se contiveram apenas no Yorùbá.
O fato é que religião yorùbá é
muito forte e consistente e influenciou através de ciclos
migratórios vários outros povos que absorveram e internalizaram à
sua maneira a teologia. Mbiti e Idowu tinham essa visão de conjunto
e escreviam sobre a Religião Africana.
Geoffrey Parrinder se dedicou a
estudar e escrever sobre vários povos.
Livros de Mbiti:
Introdution to African Religion
African religion and Philosophy
Livros de Parrinder
Faith Fancies & fetich or
Yorùbá Paganism
African Traditional Religions
West African Religion
Todos esses livros valem a pena. A
questão é que vão gastar um bom dinheiro para degraus de
conhecimento.
Seguindo essa mesma linha alguns novos
autores escreveram sobre o tema:
African Cosmo – Noel Q King
African Religion moral traditions
of abundant life – Laurenti Magesa
African traditional religions in
contemporary society – Jacob Olupona – New books
Muitos querem aprender Ifá ou sobre
Ifá, outros querem aprender sobre Orixá (Òrìṣà)
e para isso buscam livros, o que é natural. Existem várias
opções de livros sobre esses temas e neste texto vou falar sobre os
que tenho e conheço. O objetivo e ajudar vocês na seleção
evitando aprenderem coisas ruins e jogarem dinheiro fora. Claro,
isso, com tudo o que eu escrevo é a minha opinião sobre o tema.
Opinião todo mundo tem uma, essa aqui e a minha.
Antes de iniciar as listas preciso
falar algumas coisas.
Ler livros é muito bom, vai trazer
mais rapidamente conhecimento para você. Se for um bom livro
conhecimento de qualidade. Ficar esperando alguém te ensinar poder
resolver mas demora muito tempo. Antigamente, sem livros, era assim,
você dependia de alguém te contar alguma coisa e o conhecimento
levava dezenas de anos para ser adquirido.
Por
volta da décad de 90, do século passado (adoro falar assim…) os
brasileiros começaram
a a saber que existiam
livros sobre a religião. Isso ocorreu com a vinda de nigerianos ao
Brasil para ensinar yorùbá, mas, essa história, que já está
pronta, será explicada em outro texto que eu vou publicar.
Com a chegada dos livros feitos por
pesquisadores e antropólogos estrangeiros, livros em inglês ou
francês, os brasileiros tomaram conhecimento de uma outra
possibilidade de aprender sem depender do conta gotas dos dirigentes.
Por muitos anos houve (talves ainda
exista) um preconceito sobre o conhecimento da religião em livros.
Não havia razão para isso, um livro não substitui o aprendizado
prático, mas as pessoas sempre temeram muito o conhecimento. Assim
elas não liam os livros porque não tinham acesso, vontade ou
capacidade e por isso os temiam.
Eu passei por isso, as pessoas no
Candomblé tinham muito preconceito com a entrada de pessoas que
tinha educação formal, que liam e escreviam, mais ainda se tivesse
curso superior. A ignorância dominava o meio e essas pessoas muitos
simples tinham (ainda têm) problemas sérios de auto-estima, elas
não se valorizavam de modo que a entrada de uma pessoa com educação
formal no Candomblé sempre foi muito complicada. Nós eramos o
inimigo futuro.
O tempo ajuda a apagar isso, seja
porque as pessoas se acostumam ou porque morrem mesmo. A geração se
vai e cada nova geração tem mais instrução média superior a
anterior.
Hoje em dia os livros, ao lado de
blogs, youtube e redes sociais substituem anos e anos necessários
para conhecer pessoas e falar sobre a religião. Isso tudo é um
atalho enorme no absurdo período de convivência que você tinha que
buscar.
Dessa forma tudo isso melhorou a
formação das pessoas.
A primeira e mais fabulosa ferramenta
de aprendizado foram os grupos de discussão do Yahoo, as listas de
distribuição de e-mails, que antecederam as comunidades do Orkut.
Os grupos do Yahoo foram fabulosos
para reunir pessoas e adquirir conhecimento. Claro, tinham grupos
bons e ruins, mas ter grupos para discutir Candomblé foi uma enorme
quebra de paradigma. Eles permitam conhecer um enorme volume de gente
e ter acesso a essas pessoas. Circulos de amizade se estabeleceram e
em meses você adquiria conhecimentos e amizades que as pessoas
tradicionais levariam uma vida.
As comunidades do Orkut sucederam os
grupos do Yahoo e continuaram a aumentar a abrangência e a temática.
Esse processo continua até hoje,
agora com as plataformas digitais privadas, onde você paga para ter
aula sobre alguma coisa.
Apesar disso é importante que todos
entendam que, não vai se tornar sacerdotes lendo livros ou vídeos.
Os livros adicionam conhecimento complementar.
O problema de hoje é o mesmo de
ontem. Qualidade. Continua sendo a mesma coisa, você vai encontrar
gente ruim e sem conhecimento, vai encontrar conhecimento ruim, falso
e errado e etc… Apenas aumentou a velocidade.
Nunca acredite na primeira coisa que
leu assim como a gente nunca devia acreditar na primeira coisa que
houve, só idiotas fazem assim.
Todas as pessoas que eram de Candomblé
como eu e também pesquisavam e aprendiam em livro, a maior parte
dela pesquisadores e antropólogos, dizia a mesma coisa. Não se
aprende nenhuma liturgia em livro e livro não interfere em nada na
formação de ninguém. Livro adiciona conhecimento que levaria anos
demais para ter.
Eu acredito que hoje em dia livro está
fora de moda, o que já foi uma febre foi substituído por
plataformas digitais, mas, para aqueles que ainda querem ganhar
conhecimento de forma consistente, livros ainda são a melhor opção.
Se você pretende ser um Bàbáláwo
tem que ter conhecimento adicional da religião. O mesmo vale para os
Babalorixá (Bàbálórìṣà)
e Iyalorixá
(Ìyálòrìṣà). Eu
já fui de Candomblé e sou agora
de Ifá, minha opinião é que o Bàbáláwo
tem obrigação de conhecer muito mais sobre a religião do que os
sacerdotes do Orixá
(Òrìṣà).
Estes últimos precisam conhecer a religião, mas, espera-se muito
mais do Bàbáláwo.
Observe, a responsabilidade e atribuições dos sacerdotes de Orixá
(Òrìṣà)
é muito mais complicada do que a do Bàbáláwo,
de forma que este último tem que ter o papel de conhecedor da
teologia.
Já
expressei essa minha opinião diversas vezes em meus textos e volto
a dizer isso. Eu passei muitos anos em Candomblé, o suficiente para
aprender muito, lembrando que uma coisa é aprender e outra é a
repetição do aprendizado. Claro que não sei tudo, teria que ter
ficado muitos anos a mais para ter a oportunidade de aprender de
fato o Candomblé,
mas, o que aprendi foi suficiente para eu afirmar para vocês que a
carga de trabalho e responsabilidades de um sacerdote de Orixá
(Òrìṣà)
é muito maior do que a de um Bàbáláwo.
Repito, digo isso porque eu vivi isso.
Um
Bàbáláwo
não é melhor que um Babalorixá
(Bàbálórìṣà).
Não é superior e não é mais importante. O sacerdote de Orixá
(Òrìṣà)
tem muito mais responsabilidade e trabalho, previsa aprender muito
mais coisas, uma vida é pouco.
Assim,
cabe ao Bàbáláwo
se dedicar ao que tem que fazer que é o oráculo de Ifá e a
orientar a vida das pessoas. Um dia os sacerdotes de Orixá
(Òrìṣà)
vão entender o papel do Bàbáláwo
e poderão se beneficiar disso, mas ainda vai demorar. Infelizmente
essa impossibilidade de convivência atual determinou minha saída do
Candomblé, se não fosse isso ainda estaria lá até hoje.
Junto
coma dedicação ao oráculo de Ifá o Bàbáláwo
tem que aprender sobre a teologia e teogonia da religião.
Vou dizer agora, finalmente, o que
preparei através dessas longas linhas.
Não
é possível ao Bàbáláwo
fazer um trabalho decente, aceitável, limpo e positivo se ele não
conhecer profundamente a religião, a teologia e os mitos. Mais
ainda, é impossível ele trabalhar sem um conhecimento profundo de
ervas.
Essa
conversa de Bàbáláwo
que se inicia sem saber nada profundamente ou sem saber nada mesmo e
decora os tratados cubanos e usa isso para interpretar Ifá para os
consulentes é, real, mas, é incompleto.
Isso
nivela um Bàbáláwo
a um olhador de Búzios. Com sinceridade, entre ir a Ifá para
consultar com uma pessoa que decorou os tratados e ir a um jogo de
búzios ou cartas, eu acho melhor ir no jogo de búzios e cartas, vai
te falar mais, basta escolher um bom olhador.
Ifá
não é ebó. O mais importante na consulta é a conversa com o
Bàbáláwo.
Por essa razão é que os livros são
importantes.
Encerrando minha longa preleção,
vocês vão notar que na minha lista não tem livro de cubanos. Eu
tenho muitos livros de cubanos e por isso mesmo é que posso afirmar
que não valem ser comprados.
Tem
umas exceções, alguns temas vão ter alguns autores, mas o
entendimento cubano da religião é muito ruim, assim como o
entendimento deles de Orixá
(Òrìṣà)
é horrível. Eles inventaram uma religião deles.
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