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domingo, março 10, 2019

LIVROS SOBRE A RELIGIÃO YORÙBÁ

LIVROS SOBRE A RELIGIÃO YORÙBÁ

Esta é a lista de recomendações de livros sobre a religião Yorùbá.
Conforme já manifestei minha opinião é muito limitada a atuação de um Bàbáláwo que não tem conhecimento da teologia e teogonia. Não é uma questão de cultura, é uma questão de faltar conhecimento para indicar o que fazer.
No que pese existirem aos montes pessoas que se focam nos tratados e nos ebó, isso é uma manifestação incompleta da religião. Isso é uma manifestação de adivinhos, curandeiros, feiticeiros e macumbeiros.
Em relação a sociedade Yorùbá é necessário entender alguns conceitos e hábitos deles para poder entender a religião. Não se esforcem para copiar a cultura jamais vão conseguir, aliás jamais falem em cultura africana, o máximo que a gente consegue e recriar aqui a religião deles, jamais, vamos absorver qualquer cultura.
Se alguém quiser perguntar sobre um livro específico, coloque nos comentários ou mande e-mail.
Yorùbá beliefs & sacrificial rites omosade awolaluInglêsAthelia Henrietta

A editora Athelia Henrietta que fica em New York, foi a primeira a ter um ctálogo de livros africanos. Cheguei uma vez a falar com eles atrás de um livro.
Este livro é um clássico, referência obrigatória.
Os textos e teses do livro vão aparecer igual em vários outros livros. É curioso isso nos livros antigos, ele tem uma base comum e todo mundo copiou.
TEM QUE TER.
Orun Aiye – josé Beniste – Português – Bertrand
José Beniste, pesquisador e Ogan do Apo Afonja, autor de diversos livros sobre Candomblé e de um dicionário maravilhoso, fez uma obra brilhante. É uma versão em português dos primeiros livros sobre a religião africana. TEM QUE TER.
Os nago e a morte – Juana Elbein – Editora Vozes
Um dos mais tradicionais livros do Candomblé, muito falado e comentado e pouco lido na sua integralidade.
Juana não fez um livro fácil de ler, obra de antropólogo. No meio acadêmico ela conta com uma legião de críticos devido a ela ter se envolvido em discussão com o Verger, que não era antropólogo, mas gozava de respeito no Brasil.
Juana cometeu o sacrilégio de comentar, inferir e analisar, ela gerou conhecimento e interpretações em vez de apenas relatar o que via. Ela se envolveu no tema.
Mas depois tudo quanto é antropólogo acabaram também se envolvendo com o Candomblé. Ela tinha uma personalidade muito forte e com isso acumulou críticas.
Eu gosto do livro. Tem sim que fazer um filtro, ela interpreta demais, mas, é bastante útil. TEM QUE TER.
O Duplo e a metamorfose – Monique Augras – Português – Editora Vozes
Outra obra de referência no Candomblé. Não é tão conhecido como o livro da Juana mas é uma referência importante. TEM QUE TER.
Olodumare God in Yorùbá Belief – Bolaki Idowu – Inglês – Longmans
Outro clássico absoluto.
Ha uns 10 anos começou a ser criticado pela turma do Abimbolá que queria que Orunmila fosse o deus maior.
Esse é um livro importante e cujo conteúdo será últil para todos, é da mesma geração dos primeiros livros e tem as mesmas ideias que serão encontrados e outros livros. TEM QUE TER.
African Traditional Religion – Bolaji Idowu – Inglês – Orbis Books
Continuação da obra anterior. Um livro complicado de ler mas muito útil.
A seguir vou listar livros importantes por autor. John Mbiti junto com Idowu procuraram ver a religião africana como uma manifestação comum e não apenas como cultos independentes. Dessa forma eles não se contiveram apenas no Yorùbá.
O fato é que religião yorùbá é muito forte e consistente e influenciou através de ciclos migratórios vários outros povos que absorveram e internalizaram à sua maneira a teologia. Mbiti e Idowu tinham essa visão de conjunto e escreviam sobre a Religião Africana.
Geoffrey Parrinder se dedicou a estudar e escrever sobre vários povos.
Livros de Mbiti:
Introdution to African Religion
African religion and Philosophy
Livros de Parrinder
Faith Fancies & fetich or Yorùbá Paganism
African Traditional Religions
West African Religion
Todos esses livros valem a pena. A questão é que vão gastar um bom dinheiro para degraus de conhecimento.
Seguindo essa mesma linha alguns novos autores escreveram sobre o tema:
African Cosmo – Noel Q King
African Religion moral traditions of abundant life – Laurenti Magesa
African traditional religions in contemporary society – Jacob Olupona – New books


Muitos querem aprender Ifá ou sobre Ifá, outros querem aprender sobre Orixá (Òrìṣà) e para isso buscam livros, o que é natural. Existem várias opções de livros sobre esses temas e neste texto vou falar sobre os que tenho e conheço. O objetivo e ajudar vocês na seleção evitando aprenderem coisas ruins e jogarem dinheiro fora. Claro, isso, com tudo o que eu escrevo é a minha opinião sobre o tema. Opinião todo mundo tem uma, essa aqui e a minha.
Antes de iniciar as listas preciso falar algumas coisas.
Ler livros é muito bom, vai trazer mais rapidamente conhecimento para você. Se for um bom livro conhecimento de qualidade. Ficar esperando alguém te ensinar poder resolver mas demora muito tempo. Antigamente, sem livros, era assim, você dependia de alguém te contar alguma coisa e o conhecimento levava dezenas de anos para ser adquirido.
Por volta da décad de 90, do século passado (adoro falar assim…) os brasileiros começaram a a saber que existiam livros sobre a religião. Isso ocorreu com a vinda de nigerianos ao Brasil para ensinar yorùbá, mas, essa história, que já está pronta, será explicada em outro texto que eu vou publicar.
Com a chegada dos livros feitos por pesquisadores e antropólogos estrangeiros, livros em inglês ou francês, os brasileiros tomaram conhecimento de uma outra possibilidade de aprender sem depender do conta gotas dos dirigentes.
Por muitos anos houve (talves ainda exista) um preconceito sobre o conhecimento da religião em livros. Não havia razão para isso, um livro não substitui o aprendizado prático, mas as pessoas sempre temeram muito o conhecimento. Assim elas não liam os livros porque não tinham acesso, vontade ou capacidade e por isso os temiam.
Eu passei por isso, as pessoas no Candomblé tinham muito preconceito com a entrada de pessoas que tinha educação formal, que liam e escreviam, mais ainda se tivesse curso superior. A ignorância dominava o meio e essas pessoas muitos simples tinham (ainda têm) problemas sérios de auto-estima, elas não se valorizavam de modo que a entrada de uma pessoa com educação formal no Candomblé sempre foi muito complicada. Nós eramos o inimigo futuro.
O tempo ajuda a apagar isso, seja porque as pessoas se acostumam ou porque morrem mesmo. A geração se vai e cada nova geração tem mais instrução média superior a anterior.
Hoje em dia os livros, ao lado de blogs, youtube e redes sociais substituem anos e anos necessários para conhecer pessoas e falar sobre a religião. Isso tudo é um atalho enorme no absurdo período de convivência que você tinha que buscar.
Dessa forma tudo isso melhorou a formação das pessoas.
A primeira e mais fabulosa ferramenta de aprendizado foram os grupos de discussão do Yahoo, as listas de distribuição de e-mails, que antecederam as comunidades do Orkut.
Os grupos do Yahoo foram fabulosos para reunir pessoas e adquirir conhecimento. Claro, tinham grupos bons e ruins, mas ter grupos para discutir Candomblé foi uma enorme quebra de paradigma. Eles permitam conhecer um enorme volume de gente e ter acesso a essas pessoas. Circulos de amizade se estabeleceram e em meses você adquiria conhecimentos e amizades que as pessoas tradicionais levariam uma vida.
As comunidades do Orkut sucederam os grupos do Yahoo e continuaram a aumentar a abrangência e a temática.
Esse processo continua até hoje, agora com as plataformas digitais privadas, onde você paga para ter aula sobre alguma coisa.
Apesar disso é importante que todos entendam que, não vai se tornar sacerdotes lendo livros ou vídeos. Os livros adicionam conhecimento complementar.
O problema de hoje é o mesmo de ontem. Qualidade. Continua sendo a mesma coisa, você vai encontrar gente ruim e sem conhecimento, vai encontrar conhecimento ruim, falso e errado e etc… Apenas aumentou a velocidade.
Nunca acredite na primeira coisa que leu assim como a gente nunca devia acreditar na primeira coisa que houve, só idiotas fazem assim.
Todas as pessoas que eram de Candomblé como eu e também pesquisavam e aprendiam em livro, a maior parte dela pesquisadores e antropólogos, dizia a mesma coisa. Não se aprende nenhuma liturgia em livro e livro não interfere em nada na formação de ninguém. Livro adiciona conhecimento que levaria anos demais para ter.
Eu acredito que hoje em dia livro está fora de moda, o que já foi uma febre foi substituído por plataformas digitais, mas, para aqueles que ainda querem ganhar conhecimento de forma consistente, livros ainda são a melhor opção.
Se você pretende ser um Bàbáláwo tem que ter conhecimento adicional da religião. O mesmo vale para os Babalorixá (Bàbálórìṣà) e Iyalorixá (Ìyálòrìṣà). Eu já fui de Candomblé e sou agora de Ifá, minha opinião é que o Bàbáláwo tem obrigação de conhecer muito mais sobre a religião do que os sacerdotes do Orixá (Òrìṣà). Estes últimos precisam conhecer a religião, mas, espera-se muito mais do Bàbáláwo. Observe, a responsabilidade e atribuições dos sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) é muito mais complicada do que a do Bàbáláwo, de forma que este último tem que ter o papel de conhecedor da teologia.
Já expressei essa minha opinião diversas vezes em meus textos e volto a dizer isso. Eu passei muitos anos em Candomblé, o suficiente para aprender muito, lembrando que uma coisa é aprender e outra é a repetição do aprendizado. Claro que não sei tudo, teria que ter ficado muitos anos a mais para ter a oportunidade de aprender de fato o Candomblé, mas, o que aprendi foi suficiente para eu afirmar para vocês que a carga de trabalho e responsabilidades de um sacerdote de Orixá (Òrìṣà) é muito maior do que a de um Bàbáláwo.
Repito, digo isso porque eu vivi isso.
Um Bàbáláwo não é melhor que um Babalorixá (Bàbálórìṣà). Não é superior e não é mais importante. O sacerdote de Orixá (Òrìṣà) tem muito mais responsabilidade e trabalho, previsa aprender muito mais coisas, uma vida é pouco.
Assim, cabe ao Bàbáláwo se dedicar ao que tem que fazer que é o oráculo de Ifá e a orientar a vida das pessoas. Um dia os sacerdotes de Orixá (Òrìṣà) vão entender o papel do Bàbáláwo e poderão se beneficiar disso, mas ainda vai demorar. Infelizmente essa impossibilidade de convivência atual determinou minha saída do Candomblé, se não fosse isso ainda estaria lá até hoje.
Junto coma dedicação ao oráculo de Ifá o Bàbáláwo tem que aprender sobre a teologia e teogonia da religião.
Vou dizer agora, finalmente, o que preparei através dessas longas linhas.
Não é possível ao Bàbáláwo fazer um trabalho decente, aceitável, limpo e positivo se ele não conhecer profundamente a religião, a teologia e os mitos. Mais ainda, é impossível ele trabalhar sem um conhecimento profundo de ervas.
Essa conversa de Bàbáláwo que se inicia sem saber nada profundamente ou sem saber nada mesmo e decora os tratados cubanos e usa isso para interpretar Ifá para os consulentes é, real, mas, é incompleto.
Isso nivela um Bàbáláwo a um olhador de Búzios. Com sinceridade, entre ir a Ifá para consultar com uma pessoa que decorou os tratados e ir a um jogo de búzios ou cartas, eu acho melhor ir no jogo de búzios e cartas, vai te falar mais, basta escolher um bom olhador.
Ifá não é ebó. O mais importante na consulta é a conversa com o Bàbáláwo.
Por essa razão é que os livros são importantes.
Encerrando minha longa preleção, vocês vão notar que na minha lista não tem livro de cubanos. Eu tenho muitos livros de cubanos e por isso mesmo é que posso afirmar que não valem ser comprados.
Tem umas exceções, alguns temas vão ter alguns autores, mas o entendimento cubano da religião é muito ruim, assim como o entendimento deles de Orixá (Òrìṣà) é horrível. Eles inventaram uma religião deles.


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