A mulher em Ifá
Parte 1
Caros leitores.
Retomo as postagens, como prometido e também a temática de Ifá. Claro que este não é apenas um blog sobre Ifá e sim sobre a religião dos Orixás de forma que assuntos relativos ao dia a dia da pratica da religião continuarão presentes.
Existem assuntos interessantes na pauta das próximas publicações, fiquem atentos. A série a seguir, de várias postagens terão como tema a mulher em Ifá. Ao invés de fazer um enorme textos estou fazendo postagens menores para facilitar a consulta.
Como eu sempre digo aqui, Ifá é um culto religioso masculino. A presença da mulher é muito restrita, mas, muito restrita mesmo. Sou sincero sobre isso. O culto feminino é o culto de Orixá (Òrìṣà), o Candomblé. É neste culto que a mulher tem lugar, importância e relevância. Os textos que se seguirão foram selecionados por mim para mostrar isso. São histórias relevantes.
Chamo a atenção que esta é uma seleção minha. Claro que consultei fontes e vou deixar isso bastante explícito, mas, eu selecionei o que considerei relevante.
Existe um livro chamado Apetebi, do Ifayemi. Não vi este livro em Português de maneira que pouca gente deve ter lido. Ele também fez uma seleção e também colocou seus comentários, como faço aqui. É uma outra fonte de referencia. Eu não copiei este livro e até mesmo não gostei dele. As histórias estão muito resumidas, perdem o brilho.
O livro é bem antigo, pelo menos o que eu tenho e reflete a visão da sociedade deles sobre o tema. O tratamento da mulher pela sociedade e por conseguinte pela religião é muito típico, não é fácil de entender e não vou tentar fazer isso aqui. Por um lado elas são importantes e temidas, mas, por outro lado não recebem o devido respeito.
Nos textos de Ifá isso é bem típico. Se a gente lê as histórias e os versos vai observar claramente o tratamento indiferente dado a mulher. É como esta no texto seguinte, … tome leve para você... como algo que pode trocar de propriedade.
Também as mulheres sempre representam atitudes ruins. Isso é muito emblemático. Em Ifá, nos versos, determinados “objetos” tem sempre o mesmo sentido. Assim o carneiro sempre é traidor, a tartaruga inteligente e a mulher traiçoeira ou condutora de atitudes ruins.
Eu vejo muitas mulheres interessadas em Ifá, mas, gente, numa boa, estão no culto errado.
Hoje em dia, em função do comércio, as pessoas estão fazendo coisas para mulheres que não deveriam fazer. Os Nigerianos principalmente. Mas eles querem é ganhar dinheiro e assim, fora da terra deles fazem coisas que jamais fariam, ou melhor, fazem para estrangeiros coisas que não fariam para os nativos. A questão Iyanifá é parte disso. Como eu disse aqui, tem umas mulheres tolas que acham que receberam alguma coisa sendo feitas Iyanifa. Isso é apenas comercio de Nigeriano. Nada mais.
Os cubanos colocam as mulheres como Apetebi e ponto. Fazem comida, limpam a casa e preparam ebós. Mulheres, o seu culto é o culto de Orixá (Òrìṣà), Vocês podem ser muito mais do que empregadas de luxo.
Mas
vamos ao primeiro texto. Depois faço mais comentários. Espero
sinceramente que as pessoas que estão lendo esses comentários
entendam que estou aqui mostrando uma realidade e não fazendo
apologia chauvinista.
Mas,
uma coisa que eu já percebi é que as pessoas adoram se enganar, ou
melhor, para conseguir o que querem elas se enganam.
A seguinte história foi obtida do Babalawo Ayo Salami
Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) a esposa de Àgbonnìrègún
Na vida de Àgbonnìrègún e Orunmila (Ọ̀rúnmìlà), há tantas coisas que se encontra difícil de explicar. Uma delas é a questão da Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀). Em alguns versos de Ifá, Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) é referida como a esposa de Àgbonnìrègún. Em muitos outros, ela era a esposa de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà). Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) era a esposa de Àgbonnìrègún mas tornou-se a esposa de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) mais tarde.
Um dia, durante uma das visitas habituais de Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) para dar conta de sua viagem feita por longos destinos, ele conheceu uma mulher chorando pela porta da casa de. Ele consolou-a, mas não podia esperar para descobrir o motivo de sua tristeza. Ele não poderia também abrir a discussão com seu irmão Àgbonnìrègún, pois não fazia parte dos assuntos que ele veio discutir.
Mas, no segundo dia, ele a encontrou no mesmo local enrolada e lamentando-se. Movido por suas lágrimas, Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) teve que quebrar o protocolo (de discutir exclusivamente os acontecimentos de sua viagem e notícias em casa), pedindo que a questão da mulher estar chorando fosse discutido.
- Por quê? Oluwo Àgbonnìrègún perguntou.
- É porque eu notei que ela tem chorado por dois dias consecutivos agora - Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) respondeu.
- Ah, se é por causa do que a mulher, eu não sei o que dizer
Seu caso é peculiar. Quando me casei com ela, ela não estava menstruada. Consultei Ifá e ofereci sacrifício, e ela começou a menstruar.
Por um longo tempo, ela ainda não poderia engravidar, eu adivinhava novamente e ela ficou grávida. Mas os bebês que ela tem tido não foram sobrevivendo. Na verdade, o último morreu há três dias, e esta é a razão para ela estar chorando, Àgbonnìrègún explicou.
Se for esse o caso, Orunmilá respondeu, por que você não executar uma akose sob o Odù ose ogunda para a mortalidade infantil para parar?
Isso pode não ser necessário, responder rapidamente Àgbonnìrègún.
Eu tenho tantas coisas para fazer que são mais importante do que cuidar dela.
Àgbonnìrègún então chamou Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀), que ainda estava do lado de fora chorando. Assim que ela entrou, Àgbonnìrègún agarrou-a pelo pulso e entregou-a a Orunmila (Ọ̀rúnmìlà).
- Olúwo! Ele disse
Leve-a, da cabeça aos pés. Case-se com ela como esposa e enfermeira as crianças. Todas as coisas que você quer que eu faça parar as crianças pararem de morrer, faça você por ela.
E assim Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀), a ex-mulher de Àgbonnìrègún tornou-se a esposa de seu irmão Orunmila (Ọ̀rúnmìlà).
Isto é o motivo pelo qual as esposas dos Bàbáláwo, então, vieram a ser chamar de Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀). O outro nome para eles Apetebi (Apẹ̀tẹ̀bí). Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) na maioria dos casos, é o nome dado a mulheres que foram casadas antes, mas, dadas a um Bàbáláwo para se casar, provavelmente, depois que ela se divorciou do marido ou depois que o marido morreu.
Depois de ser dada para Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) as crianças de Osuhunleyo (Osúhunlẹ́yọ̀) não morreram mais.
Ayo Salami, traz no seu livro Yoruba Theology and tradition - The Worship uma visão interessante que separa Orunmila de agbonniregun. Segundo ele, eles seriam irmãos e enquanto um rodava as cidades o outro ficava em casa.
Existem diferentes escolas Yoruba, que variam pela região. Se isso esta no livro dele é porque faz parte da tradição dele, por mais distinto que possa parecer para nós que estamos acostumados com outra visão.
Mas isso, de serem ou não irmãos, assim como outras coisas é apenas um detalhe. Não estamos tratando de história e nem que arqueologia.
Alaafia o!
ResponderExcluirEu não entendi onde você tirou este Ese Ifa, ele esta mostrando isto em que odu?
Segundo o Ifayemi que é meu Oluwo e chefe Araba de Osogbo, colocou os versos completos no livro dele Apetebi, e explicou claramente a diferença de uma Apetebi e Iyanifa já no começo do livro.
Terceiro há certo tabus a serem seguidos por uma mulher dentro do culto a Ifa, mas se elas cumprirem com exito ajuda a melhorar sua vida (principalmente) e de seu marido com os tabus dele.
Algumas coisas não foram ditas neste livro, mas quando o Awo não é casado a mãe dele cuida de seu santuario. Quando sua filha não é casada, o seu pai cuida de seu santuário. Quando ele inicia sua(s) esposa(s) ele cuida do Ifa dele. Pode ser que CULTURALMENTE exista uma falta de entendimento para nós como o "Pai dar sua esposa a seu filho", ou, "dar sua filha a outro Awo" mas tudo isso é explicando contextualmente e tendo significados para a vida de uma pessoa, basta traduzir o AKOSEJAYE sendo de suma importancia a nossa sociedade.
Agbonniregun é outro nome conhecido como Orunmila.
Meus respeitos, Baba Awo Ifadayo Orisatalabi Elebuibon
Ifadayo,
ResponderExcluirEu ja inclui a referencia. A história foi retirada de Ayo Salami.
Eu tenho todos os livros de Ifayemi, todos excelentes, assim como também sei a diferença entre uma Iyanifa e Apetebi (esta ultima tanto na tradição Nigeriana como Cubana). Já, provavelmente, escrevi sobre este assunto neste blog. Eu não tenho dúvidas sobre o assunto, assim como não tenho dúvida sobre o que eu escrevi sobre a forma como os Nigerianos procedem em relação a eles mesmos e em relação ao mercado consumidor ocidental, principalmente o americano.
As pessoas escrevem sobre o que sabem, sobre o querem e da forma como desejam. É isto o que eu faço aqui. Como ja expliquei eu não copio os outros, aqui eu coloco minhas ideias, minha análise e a informação que julgo coerente. Tenho certeza de que as pessoas que leem este blog entendem isso perfeitamente.
Hoje em dia existem muitas fontes de informação. Algumas boas outras ruins. Cabe a cada um decidir o que deve ler e no que acreditar. É assim que eu faço. Antes de publicar qualquer texto isso ja foi analisado sob mais de uma fonte e considerado coerente. Eu escrevo aquilo que acredito.
Eu ja tenho o livro Apetebi de Ifayemi ha muitos anos, assim como ha muitos anos eu já discuto este assunto. Parte do que eu fiz foi inclusive entender como a sociedade Yoruba entendia essa questão feminina. Não vou tratar disso aqui, mas isso permitiu entender aquilo o que eu aprendia. A religião esta intimamente ligada com a sociedade.
Mas, respondendo ao que colocou, NÃO, Ifayemi NÃO postou os versos completos no livro. O livro é muito fino, poucas páginas. Não existem versos, apenas histórias muito resumidas. Existem sim muitas referencias de versos. Vários deles coincidiam com a minha própria seleção outros, um ou dois, eu achei interessante e fui buscar a versão mais completa em outras fontes melhores como Ibie, Popoola e no próprio Ayo Salami. O fato de eu encontrar a mesma história no mesmo verso de autores diferentes é uma das referencias que torna plausível o verso e não apenas uma invenção.
Assim as versões que estarão aqui serão as melhores versões dos versos e nenhuma delas será uma transcrição do livro do Ifayemi.
Sim agboniregun é um dos nomes de orunmila, isso todo mundo sabe. O Ayo Salami da uma outra visão a isso, coisa dele, não me cabe defender, leia o livro dele ou pergunte a ele. O fato de tratarem como 2 não muda o contexto da história, poderiam ser 2 babalawo ou poderia ser orunmila e outro babalawo.
Os meus comentários sobre a visão da mulher traduzida no livro são esses mesmo. Eu conversei longamente com pessoas que conheceram pessoalmente nigerianos e conviveram com eles.
Como eu expliquei Ifadayo, a visão da forma como Ifá é feito na Nigéria e como isso se insere na família, para as poucas famílias que ainda seguem a religião tradicional ao invés de serem cristã ou muçulmanas, de fato não cabe nós aqui no Brasil. Não vamos importar esse modelo. Aqui o culto de Orixá gerou uma tradição religiosa, o Candomblé. Com Ifá será o mesmo. Em cuba foi assim e a visão cubana do assunto Apetebi é bem distinta. Certamente o modelo Cubano será o que se adaptará aqui e não o modelo familiar Nigeriano.
O Contexto aqui não é discutir a sociedade deles e sim mostrar a forma como a figura da mulher se insere no contexto de um culto masculino.
reforçando, tem muita historinha por ai. As pessoas reproduzem coisas que não verificaram ou que ouviram 1 vez de alguém ou leram e 1 lugar. Nesse processo surgem coisas inventadas, coisas que não se confirmam, coisas distorcidas. Bobagem.
ExcluirHoje em dia, todo mundo consegue publicar qualquer coisa. Isso, qualquer coisa. Mas conteúdo de qualidade poucos lugares. Aqui é um.
Alaafia o! Entendi perfeitamente, mas como deve saber as escolas de Ifa na Nigéria são referentes aos versos nos quais são contados e trazidos pelas familias a milhares de anos. Eu conheço o livro do Awo Ifadawole (salami) ao qual foi indagado a presença cristã dele e não vindo de uma familia tradicional dos eni ti orisa da como meu Oluwo Ifayemi.
ResponderExcluirVou dar um exemplo dele que você já deve ter lido e que coloquei em meu site e blog, quando ele se refere a Odu como oro modi modi e o porque as mulheres não veem igbadu (a cabaça do destino) este verso ele també se refere no livro com interdito as mulheres no odu Ifa Ofunrangun (Orangun meji), e você verá que o mesmo conto de odu contra os interditos em Ate gbe onde Awo falokun colocou em seu site a 7 anos atras. São os mesmos versos mas com o final um pouco diferente mas tem o mesmo sentido. Existem outros odu muito parecidos com os outros mas com versos também aparentemente iguais, mas mesmo assim são odu diferente. Ayo Salami procurou e pesquisou ja Baba ifayemi aprendeu na integra.
Procurando conhecer alguns Babalawo quando estive na Nigéria, vi que realmente muitos deles procuram Baba Ifayemi muito pelo seu conhecimento, e mais pela sua carencia nos versos ao qual ele passa aos awo de toda nigeria, Benin, Angola, etc., que eu vi com meus proprios olhos lá em seu templo.
Seu material esta muito om continue assim. ire o
Ifadayo,
ResponderExcluirO verso de oragun meji com o interdito as mulheres esta no meu blog. É de Popoola. Além de Ibie, Popoola e Salami vai ser possível encontrar no Blog versos de Fasina Falade, Wande abimbola, adedoka aluko, alawo sotonwa e Bascon. Dependendo do assunto, mas nem sempre integrais.