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O destino no pós-vida
Muitas teses podem aparecer aqui se aumentarmos o escopo de nossa observação, mas como estamos tratando dos yorùbá vou me a ter somente a sua interpretação.A religião yorùbá entende que existe um julgamento pós-morte, aliás, na região da África que nos concentramos (ocidental e central) é a única religião que entende desta maneira.
Quando morremos voltamos para casa, o órun (Ọ̀run) e lá vamos primeiro passar por Onibode órun (Ọ̀run), vamos dizer quem somos eu que fizemos e se for o nosso tempo de regressar ao órun (Ọ̀run) ele nos dará passagem.
Vamos nos ajoelhar na frente de Olódùmarè e prestaremos conta de tudo o que fizemos no Àiyé. Somente Olódùmarè nos ouve e somente ele nos avalia pelo conjunto de nossa obra no Àiyé.
Nesse momento podemos ir para o lugar bom e nos reunirmos com nossos familiares, continuando nossa existência no órun (Ọ̀run). Contudo podemos ser condenados a ir para o lugar ruim. Essa nomenclatura de lugar bom e ruim eu não inventei, está assim em Awolalu e nos demais, contudo, não deixa de ser engraçado porque isso me faz lembrar de um seriado da Netflix.
Vamos ser separados de nossa família e viveremos em um lugar ruim, sozinhos e com comidas ruins. Podemos ainda ser condenados a reencarnar em animais e, de fato, sofrer uma existência dolorosa no Àiyé.
Essa separação não é permanente e as almas podem ser recuperadas pelos Orixá (Òrìṣà) e conduzida para uma nova família. Essa teoria, mais uma vez reflete a realidade. Como Bàbáláwo já testemunhei vários casos de crianças que nascem não sendo nem da linhagem materna nem da linhagem paterna, sendo então crianças de orixá (Òrìṣà). Nesse caso almas que foram para o lugar ruim mas cumpriram o seu tempo lá.
Outro destino que podem ter almas-perdidas, fora do órun (Ọ̀run), é a floresta do Ẹgbẹ́ (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Esta floresta que fica entre o órun (Ọ̀run) e o Àiyé, como já expliquei isso anteriormente, recebe crianças que morreram com pouca idade, por causa delas mesmas. Essas almas de crianças acabam ficando na floresta que fica no limiar do órun (Ọ̀run) ou do Àiyé ou então indo para ai porque Onibode não permitiu que elas entrassem.
Essas crianças são usada e pelos orixá (Òrìṣà) e são recuperadas para renascerem em uma nova família, pelas mãos dos orixá (Òrìṣà).
Entender isso de forma mais ampla é tema para outro contexto, neste aqui o que importa é que essa floresta também é um destino de almas que não alcançam o órun (Ọ̀run).
O renascimento
Os yorùbá tem uma forte crença no renascimento, mas, sua atitude e entendimento disso é completamente diferente do que encontramos aqui entre os espíritas Kardecistas que disseminaram em nossa sociedade que a vida é uma passagem de sofrimento e expiação e que o objetivo de toda alma é fugir do renascimento e viver apenas no Nirvana.
Os Yorùbá pensam no mundo como sendo de luz, calor, prazer e vida. Eles entendem que toda alma quer retornar a viver, renascer.
Enquanto os Yorùbá tem uma atitude afirmativa para o mundo os espíritas têm uma atitude de renúncia ao mundo.
Todos que morrem renascerão de novo, exceto os que ficaram no Àiyé na forma de fantasmas.
Ao falar de renascimento eu teria que falar do conceito de renascimento parcial, mas, não farei isso. Esse é um assunto muito complicado e confuso. Na minha opinião pouco consistente e apenas uma imposição devido ao culto de ancestre. Não tenho que repetir tudo que está na religião se não veja consistência nisso ou mesmo colaboração no entendimento da religião. Essa conversa de reencarnação parcial é a coisa mais idiota que tem para ser falada.
O que tem para ser falado de renascimento é isso, nós queremos renascer e renasceremos, desde que haja família para isso. É um valor importante que a pessoa case e tenha filhos. Somente através dos seus descendentes é que você poderá renascer.
Dito isso, já fica claro para todos que a religião espera que as
mulheres tenham filhos e que as famílias sejam do tipo comum, papai
e mamãe. Uma religião que acredita no renascimento e que ainda mais
diz que as pessoas querem renascer, não pode ter como modelo
famílias que não tem filhos.
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