O Igbadu
O igbadu é considerando o instrumento de axé (àṣẹ) mais importante de culto de ifá, é de onde o Bàbáláwo obtêm seu maior poder. Fisicamente é um cilindro e é tratado como a mais importante relíquia sagrada de Ifá.
O objetivo de citá-lo é que Ifá é para mostrar que em Ifá, um culto absolutamente masculino, o poder do Bàbáláwo vem da mulher, de Odú. Desta forma Ifá representa de forma consistente o cosmo yorùbá e sua liturgia é consistente com que está em seus versos.
O igbadu representa isso, a união do poder masculino, através do Bàbáláwo com a fonte de axé (àṣẹ) vindo do poder feminino. Um Bàbáláwo não nasce sem o Igbadu.
O texto a seguir retirado de verso de Odù mostra como é criado o Igbadu.
Aquele que ofende padece a morte do faltoso,
Olá, Òsé’yèkú.
Ifá é consultado para Odù
que diz que ela se sente como seu apèrè (espécie de grande caixa cilíndrica). Eles dizem, tu Odù, que se senta com seu apèrè, eles dizem, faz uma oferenda.
Ela diz, por que deverá fazer uma oferenda?
Eles dizem, por causa de teus filhos, tu farás uma oferenda.
Eles dizem a Odù que ofereça dez ovos de galinha.
Eles dizem que ela prepare dez caracóis.
Eles dizem que ela prepare dois mil (búzios) (5 shillings).
Odù faz a oferenda.
Quando Odù fez a oferenda,
Ifá é consultado para ela, Odù que se senta com seu apèrè.
Eles dizem, tu Odù,
eles dizem, ela ficará idosa, ela se tornará uma velha.
Eles dizem, será dito que sua cabeça ficará toda branca, que ela se tornará muito velha.
Eles dizem que ela permanecerá no mundo, que ela não vai morrer rapidamente, tu Odù.
Quando Odù não morre rapidamente,
Odù goza de boa saúde.
Quando o tempo passa, Odù torna-se muito idosa.
Eles devem pedir a palavra a Odù.
Até quando irá sua velhice.
Odù nada mais sabe.
Talvez ela tenha ouvido a palavra que eles disseram?
Talvez não tenha ouvido a palavra que eles disseram?
Quando chegou o tempo, Odù chama todos os seus filhos.
Ela diz, vós, filhos deles,
ela diz, a velhice chegou para ela.
Ela diz, se eles quiserem pedir-lhe (a palavra),
ela diz, procurará algo que a ajude, algo ao qual eles podem pedir a palavra.
Odù parte.
Odù retorna,
ela vai convocar todos os seus companheiros para que compareçam juntos.
Naquele tempo Odù está com a cabaça.
Todos os seus companheiros, em conjunto, pensam na palavra que a cabaça virá dar. São quatro (conselheiros).
Aquele que comparece naquele dia é Ọ̀bàriṣà.
Após ter chamado Ọ̀bàriṣà, ela chama Babalúayé.
Após ter chamado Babaluáyé, ela chama também Ògún.
Quando acabou de chamar Ògún, ela chama também Odùdúà.
Odùdúà é então o quarto entre eles.
Odù diz que ela está sentada em seu apèrè.
Odù diz que ela tornou-se muito idosa.
Odù diz que deseja ir ao lugar aonde os velhos vão.
Ela diz, a coisa que ela lhes pede.
Ela diz, se alguém quiser partir, deverá falar com sua gente, dizer que ela quer partir.
Eles dizem, ah!
Eles dizem a ela que não parta.
Eles dizem, o lugar de que falaram, esses quatro então olharam o mato, assim viram a cabaça coberta de excrescências.
Quando viram a cabaça coberta de excrescências,
Ọ̀bàriṣà diz a Ògún para ir colher a cabaça.
Ògún então colhe a cabaça, colhe quatro delas.
Ọ̀bàriṣà diz a Ògún para cortá-las.
Ògún corta essas cabaças.
Ọ̀bàriṣà diz que ele dê uma delas a Odùdúà, que Ògún também dê uma a Ṣòpọ̀ná.
Ògún diz que é a cabaça deles que ele corta.
Quando Ògún cortou as cabaças, corta as cabaças em quatro caminhos.
Ògún diz que cortou.
Odù diz, juntos batamos em nossos peitos com nossas mãos (a união faz a força).
Ela diz, ela quer que toda a sua gente,
que todos ponham a mão (aceitem) por ocasião de sua partida, que todos ponham a mão (aceitem) na coisa decidida, que os filhos e os filhos de seus filhos, que eles peçam a palavra que ela vai dizer.
Quando ela assim falou.
Ọ̀bàriṣà gosta de ẹfun (pó branco).
Obàlúayé gosta de osùn (pó vermelho).
Ògún gosta do carvão vegetal,
Odùdúà gosta da lama.
Ọ̀bàriṣà pega a cabaça de ẹfun.
Ele diz, a cabaça de ẹfun,
Ele diz, ele a leva para ela, Odù.
Ele diz que ela a ponha com seu apèrè.
Ele diz, se seus filhos lhe prestarem culto, que eles a invoquem, ele diz, assim eles farão o culto da cabaça de ẹfun.
Ele diz, ele a leva para ela, Odù.
Ele diz, todas as coisas que eles pedirem a essa cabaça, ele diz, essa cabaça as fará por eles,
Ele diz, ele, Ọ̀bàriṣà, não os combaterá
ele diz, porque ele e ela, Odù, são uma única coisa.
Ele diz Ọ̀bàriṣà (a) dá a Odù.
Obàlúayé pega o osùn,
no osùn com o qual ele esfrega seu corpo.
Ele o leva na cabaça.
Ele diz, tu esta cabaça,
ele diz, ela se toma sua cabaça (de Odù) hoje.
Ele diz todas as coisas que teus filhos te pedirem, eles as receberão todas.
Se for dinheiro que eles pedirem, então ele o fará por eles.
Aos apelos que seus filhos fizerem, ela responderá no interior dessa cabaça, pois ela tornou-se idosa.
Assim ele fala.
Odù aceita e isso se torna duas cabaças.
Ògún também traz a cabaça de carvão vegetal.
Ele traz a cabaça para Odù.
Ele diz, tu Odù,
ele diz, eis a cabaça de carvão vegetal.
Ele diz, todas as coisas com as quais eles farão o culto de sua cabaça, ele diz, eles também adorarão esta cabaça que ele te dá.
Ele diz, seus filhos não morrerão na infância.
Ele diz, seus filhos não envelhecerão em meio ao sofrimento.
Odù aceita, isso se torna três cabaças.
Odùdúà também traz a cabaça de lama.
Ele a traz para ela.
Odùdúà diz que eles adorem essa cabaça de lama com o apèrè de Odù, com as cabaças que os outros orixá (Òrìṣà) têm levado a Odù.
Odù aceita, isso se torna quatro cabaças.
Essas quatro (cabaças) são aquilo que todos adoram.
Eles dizem, os quatro cantos do mundo estão nas quatro cabaças.
Odù diz, se seus filhos adoram o apèrè que lhe pertence, assim adoram também a ela.
Ela diz, as coisas que eles lhes dizem para fazer, ela as fará para o bem. Ela diz, se eles adorarem a cabaça de ẹfun que é de Ọ̀bàriṣà, que eles também a venham adorar lá, ela responderá.
Ela diz, se eles adorarem a cabaça de osùn, ela responderá.
Ela diz, se eles adorarem a cabaça de carvão, ela responderá.
Ela diz, se eles adorarem a cabaça de lama, ela responderá.
Ela diz, mas se agora eles trouxeram o apèrè,
ela diz, vós, todos os seus filhos, é ela que vós adorais,
que vós queirais vir adorá-la em um único corpo que ela pôs nesse apèrè.
Desde essa época, com obi branco e obi vermelho
eles adoram Odù.
Se eles sabem que querem entrar em seu aposento,
que eles irão adorá-la,
eles recorrem à água da calma,
esfregam os olhos com ela.
A água da calma com a qual esfregam os olhos naquele dia, é de folha òdúndún, folha tètè, folha rínrín, limo-da-costa, caracóis.
Eles o esmagam na água.
Quando alguém esfregou os olhos com ela, pode entrar na casa de Odù., pode ir ver igbádú.
Eles chamam o apèrè de igbá Odù.
Eles chamam o apèrè de casa de Odù.
Ah! ireis abrir o apèrè igbádú, ireis olhar.
Odù pôs suas coisas lá antes de morrer.
Ela disse que seus filhos vêm adorá-la, no corpo da cabaça que ela pôs no apèrè.
Eles vão adorar Odù. naquele lugar.
Desde esse dia, adoramos Odù. no interior do apèrè.
Se o Bàbáláwo quiser adorar Ifá, ele irá na floresta de Ifá,
se (anteriormente) ele não adorou Odù. no apèrè, ele nada fez,
Ifá não sabe que ele veio adorá-lo, não sabe que ele tornou-se seu filho.
Ele diz que todos os seus filhos que vieram à floresta de. Ifá, adoram novamente Odù. sua mulher no apèrè.
Esta é a religião do equilíbrio e Ifá tem isso em suas entranhas. Eu não coloco Ifá acima de nenhum outro culto, todos que leem o que eu escrevo sabem disso, mas, a realidade é que a noção do equilíbrio esta contida em tudo que Ifá faz e nos versos de Odù.
No Odù Òdí Méjì temos a história principal sobre o equilíbrio de Ifá, quando Ifá explica porque se marca um ou dois traços quando se consulta com Ikin. Isso é perene em tudo de Ifá. Dessa maneira, Ifá é um culto masculino, mas todo o poder do Bàbáláwo para interferir no mundo físico, no Àiyé vem da mulher, de Odù sua esposa mítica.
Também são muito especiais as histórias onde Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) se encontra com as ajé (Àjẹ́) e obtêm delas cooperação, mostrando sempre que não ha forma de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), ou qualquer um, superar o poder de ajé (Àjẹ́). A atuação masculina de Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) se une ao poder feminino, que foi dado a elas por Olódùmarè para atuar no mundo.
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