O
Cosmo Yorùbá
INTRODUÇÃO
Este texto vai abordar uma parte
bastante básica, mas, ao mesmo tempo, intrigante da religião Yorùbá
que é o cosmo Yorùbá. É um tema difícil de ser abordado de forma
original e quando decidi trazer esse assunto venho com a proposta de
não cair no lugar comum de tecer uma teia emaranhada de referências
que trazem complexidade e pouco ajudam as pessoas a entender a
religião.
Alerto a todos. Este texto contém
informações originais e importantes. Não perdi tempo. Tudo o que
está escrito aqui tem uma razão prática.
Quando tratamos do cosmo,
principalmente, e por seguinte da teogonia estamos no limiar onde a
religião, por vezes, pode encostar na ciência em relação a forma
como ela explica coisas e por outra a ciência explica a mesma coisa.
Ao longo de toda a história da humanidade isso trouxe bastante
confusão para a religião e um pouco de problemas para a ciência.
Quando tratamos de religião em seus
aspectos de Fé, devoção e esperança nunca vamos ter problemas,
mas, quando tratamos da forma como a religião explica o mundo e a
vida para as pessoas, trazemos junto 2 complexidades. A primeira, são
os laicos que contestarão os modelos metafísicos da religião,
comparando-os com os modelos teóricos ou experimentais da ciência.
A segunda trazemos a complexidade inadequada que mencionei no início,
de tratarmos de uma tema, apenas por ele só, é a religião em um
círculo vicioso dentro dela mesma, sem trazer um significado útil
as pessoas.
Defendendo a religião, minha posição
é que esta exposição é inadequada, a religião não pode ter a
presunção ou o objetivo de explicar as coisas físicas. A religião
tem o compromisso com o supernatural e não com o natural.
Os problemas que o catolicismo teve
foram causados por um uso inadequado da religião, eles escreveram um
livro e os seus fiéis passaram a dizer que tudo no mundo era como
foi escrito. Não tenho nada contra a fé deles, mas, alguém não
explicou para eles direito o que é religião. Além disso existe um
grande componente de poder envolvido em tudo que envolve a teologia
católica. Não dá para perdermos tempo tratando com coisas
inventadas ou inseridas para criar poder. Os livros sagrados deles e
seus dogmas não nasceram de deus ou de jesus, nasceram deles mesmos.
Existem decisões de concílios que são absurdos históricos e nunca
foram ou serão revistas, trazendo obscuridade a religião católica.
Se no passado a igreja esteve mergulhada em um caminho ruim, mas
mudou, não se pode preservar esse momento ruim mantendo definições
historicamente desprovidas de ética, moral ou razão.
Assim o que digo a todos antes de
iniciar o meu texto é que esqueçam esses fatos. Religião trata do
supernatural.
Minha visão de religião é bem
prática. Religião nos faz pessoas melhores para nós mesmos, para
nossa família e para nossa comunidade. Toda religião deve ter essa
finalidade. Junto com a visão metafísica da vida e do mundo a
religião, de forma, mais útil, nos ensina a lidar com o
supernatural. Assim a religião, no meu modo de explicar, não se
contêm dentro dela mesma, ela não existe para as pessoas se
submeterem a um clero e adorarem um deus, qualquer, o dia inteiro.
Isso, quando ocorre é a manifestação negativa do fenômeno
religioso.
A religião tem um sentido prático, na
visão que eu aprendi, nos faz melhores, como já disse, dá uma
visão de futuro para nossa vida, um sentido para existirmos e, por
fim, nos ensina a recorrer ao supernatural para resolvermos problemas
e situações.
Dessa maneira tudo o que devemos abordar
sobre uma religião deve ter esse contexto prático e útil.
O cosmo se insere nisso, todo mundo tem
uma verdadeira fixação por esse tema e sobre a gênese, a história
da criação do mundo de acordo com a religião é um dos temas mais
populares, todo mundo quer saber.
Ninguém sabe como tudo foi criado,
mesmo a ciência tem teorias complexas que mentes simples não
conseguem entender. Assim as pessoas buscam na gênese religiosa a
explicação sobre a origem de tudo.
Mas a realidade é que fora o aspecto
pirotécnico disso, a utilidade é bem pequena, você pode passar a
vida toda em uma religião sem saber qual a sua história da gênese
e isso não fazer a menor diferença.
A religião Yorùbá é bem completa em
sua teologia e desta forma tem sua gênese, é uma história decente
e que tem mais de uma versão, isto é, é a mesma história com
variações regionais. Ela será abordada no final deste texto, mas,
não vamos nos fixar nisso.
O que importa aqui?
O que importa é entender como a
religião Yorùbá define o seu cosmo e como ele é composto,
precisamos saber disso porque isso é parte do conhecimento
necessário para interagir com o supernatural.
O cosmo yorùbá
Os
yorùbá concebem o cosmo consistindo de 2 partes distintas e reinos
inseparáveis. O Àiyé
é o mundo natural ou físico ou tangível e o Órun
(Ọ̀run)
é o mundo espiritual, reino
dos ancestres, deuses e espíritos.
Essa
concepção cósmica é materializada pelos yorùbá através de uma
cabaça dividida em duas partes, um hemisfério superior e um
hemisfério inferior. O
hemisfério superior representa o Órun (Ọ̀run) e o inferior o
Àiyé.
A
borda que une as 2 metades pertence a Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà),
a Ifá que é a comunicação divina entre os dois reinos e
a Exú
(Èṣù)
que é o mensageiro e o portador do axé
(àṣẹ)
de Olódùmarè.
O opon (Ọpọ́n Ifá) é a ferramenta do Bàbáláwo
que representa de forma reta, plana, a concepção do mundo segundo
os yorùbá. O
Bàbáláwo
quando usa o opon (Ọpọ́n Ifá) está colocando de forma plana o
cosmo yorùbá e é nela que é registrada comunicação entre os
reinos através dos Odù de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Se
a cabaça é a representação do cosmo yorùbá o opon (Ọpọ́n
Ifá) é a representação da divisão entre os mundos, é o opon
(Ọpọ́n Ifá) que une os 2 mundos, as 2 metades da cabaça e,
assim, o que se risca no opon (Ọpọ́n Ifá) é o Odù
recebido do órun
(Ọ̀run).
O
opon (Ọpọ́n Ifá) é desta maneira uma representação plana do
cosmo yorùbá e por esta razão é considerado sagrado pelos
Bàbáláwo
que reagem ao seu uso fora do culto de Ifá.
O
opon (Ọpọ́n Ifá) pode ser uma tábua retangular e nesse casos os
Bàbáláwo
dizem que ela remete aos 4 cantos do mundo. O àárín opon (Ọpọ́n)
é o meio do opon (Ọpọ́n Ifá) o espaço que representa a
intersecção do órun
(Ọ̀run)
com o Àiyé.
Um
outro instrumento significativo do Bàbáláwo
é o bastão òpá òsùn ou òpá òṣòrò, o bastão de ferro que
identifica o Bàbáláwo.
Este é um instrumento de proteção do Bàbáláwo
e a figura do pássaro que fica acima é a representação do abutre,
ave sagrada dos yorùbá e que leva os sacrifícios para o órun
(Ọ̀run).
De
acordo com a tradição oral yorùbá, a presença de Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
na criação do indivíduo, faz com que ele tenha o conhecimento de
todo os objetivos dos seres humanos para sua vida no Àiyé.
Houve
uma época que Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
podia transitar facilmente entre os 2 reinos, porém depois de uma
briga com um de seus 8 filhos ele partiu para órun
(Ọ̀run)
e disse que nunca mais voltaria.
Os
filhos pediram para ele voltar mas ele disse que não seria possível
e deu, então, para seus 8 filhos 16 ikins (caroços de dendezeiros)
para
que pudessem levar para elas suas questões (essa história pertence
ao Odù Ìwòrì Méjì).
Devemos
ter atenção que os yorùbá não veem o universo como uma cabaça,
isso é uma representação artística para o conceito de 2 reinos, o
natural e o supernatural que são unidos e inseparáveis. O que
importa é que os Yorùbá dividem seus cosmo em 2 reinos, que a
comunicação entre eles é através de Ifá e que a casa das pessoas
é o órun
(Ọ̀run)
sendo o Àiyé
um ciclo de passagem, um lugar onde as pessoas renascem para viver
juntas em uma aventura.
Como
está na figura abaixo, temos uma representação
artística
do cosmo yorùbá, essa
representação não tem função litúrgica e não é uma relíquia.
É uma trabalho de arte e foi
recolhida por Froebenius,
no início do século XX.
A
metade superior da cabaça é chamada de Igbà Ìwà, a cabaça da
existência e representa o mundo espiritual, o órun
(Ọ̀run), o
domínio de Olódùmarè.
A
parte inferior representa as águas primordiais a partir das quais o
mundo físico foi criado, o Àiyé.
Alerto que ninguém tem que ficar olhando para essa cabaça e falando
que é o universo no modelo yorùbá. Como eu disse é uma
representação artística uma forma simples de mostrar as coisas
para pessoas que tem dificuldade de lidar com o abstrato.
Não pode deixar de comentar que já
ouvi falar de gente que está fazendo Igba Ori usando uma cabaça
deste tipo. Com sinceridade, essas pessoas comeram obi estragado.
Lembro que nem cubanos e muito menos nigerianos sabem qualquer coisa
de Ori.
Um
exame mais detalhado da idéia yorùbá para o modelo do cosmo, como
uma cabaça com 2 metades revela, de fato, outro conflito que clareia
a integração dos gêneros na concepção yorùbá do mundo e afasta
uma visão de paternalista da sociedade, pelo menos na visão da
religião.
As
duas partes da cabaça se uniam firmemente no início dos tempos,
sendo que a parte superior representava Olódùmarè,
chamado de Ajàlórun e a parte de baixo representava a feminidade, a
terra e a água, chamada de Ajàjáyé. Neste tempo Ajàlórun
interagia com Ajàjáyé, mas, um dia ele brigaram por causa do único
rato do mato (èkúté) que eles haviam encontrado quando estavam
caçando juntos na floresta. Ajàjáyé disse o que o èkúté era
dela porque ele estava em seu domínio e ela sera a superior ali.
Ajàlórun se retirou com raiva e forçou a separação da Igbá
Ìwà
em duas partes. Essa
separação causou a interrupção da chuva em cair do céu,
interrompendo o ciclo reprodutivo do mundo terrestre, como
consequência, Ajàjáyé
teve
que reconhecer a posição superior do céu masculino como cabeça do
cosmo. As 2 metades de reconciliaram e tudo voltou ao normal (Idowu,
God in yorùbá belief; Abimbola, Sixteen great poems of Ifá).
Não
podemos falar do cosmo sem mencionar a divindade Òṣùmàrè, mas de uma forma nova para muitos.
A
divindade yorùbá Oxumarê (Òṣùmàrè) é considerada como
representada pela manifestação do arco-iris, atenção não é o
arco-iris, o arco-iris a representa, e isso representa a ligação
entre o órun
(Ọ̀run)
e e Àiyé. Em termos Yoruba esta é a principal identificação de Oxumarê (Òṣùmàrè), o arco-iris. A associação principal de Oxumarê (Òṣùmàrè), com cobra é feita pela tradição do Candomblé Jeje, que é outra religião, lá trata-se de Dan, não devemos misturar isso.
Oxumarê
(Òṣùmàrè) também é representado por 2 serpentes, em yoryba
Eré
(python, jibóia) com 2 cabeças. Nessa representação esta ligado a saúde. Oxumarê (Òṣùmàrè) é
associado com prosperidade e saúde e ainda os yorùbá associam
Oxumarê (Òṣùmàrè) a faxa colorida (òjá) usada pelas
mulheres para segurar os filhos nas costas.
O
arco-iris é como uma cobra colorida ligando a terra ao céu ou o
Àiyé
ao órun
(Ọ̀run).
Esta é a principal e mais importante significação de Oxumarê
(Òṣùmàrè), é com isso que na religião yorùbá as pessoas
devem ter atenção e não com zoomorfismos retrógrados. O que
importa é o contexto sacro, teológico, é isso que traduz o orixá
(Òrìṣà) para nós.
Existe
uma misteriosa correlação entre Oxumarê (Òṣùmàrè) e Olódùmarè
como é levemente destacada por Idowu e também por Lawal. A palavra
marè
significa imenso, infinito ou eterno, aparece em ambos os nomes,
Òṣù-màrè e Olódù-marè.
O
arco-iris seria a comunicação de Olódùmarè
e seu par a terra.
Lawal
que estuda arte yorùbá cita que Oxumarê (Òṣùmàrè) pode ter
tido uma posição muito mais proeminente na religião em tempos
antigos. A cobra (Eré)
aparece
com frequência em motivos da arte yorùbá em
uma posição superior, pairando sobre as coisas.
Tenha
atenção que Oxumarê (Òṣùmàrè) não é identificado com
qualquer cobra e sim um tipo específico.
Na
figura anterior, um agere Ifá, conteiner onde o Bàbáláwo
armazena os seus ikins, podemos ver a figura da cobra sobre tudo,
como que protegendo as figuras humanas. A figura masculina é
identificada como um Bàbáláwo
e essa representação relembra o mito que
Oxumarê (Òṣùmàrè) faz a ligação entre o órun
(Ọ̀run)
e o Àiyé,
transmitindo os segredos cósmicos para a divindade Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Considerando
que Exú
(Èṣù)
é uma divindade que também está associada a essa comunicação não
é incomum os desenhos da cobra aparecerem junto com os de Exú
(Èṣù)
em altares dedicados a Exú
(Èṣù).
Minha
visão é um pouco diferente, Exú
(Èṣù)
é a divindade que porta o axé
(àṣẹ)
entre o órun
(Ọ̀run)
e o Àiyé
e é quem leva os sacrifícios junto com o Oxéotuwa, conforme
documentado nos versos do Odù Oxéotuwa (Ọ̀ṣẹ́-Otùwá).
Atribuir a comunicação a Exú
(Èṣù)
pode ter sido uma simplificação de conhecimento que foi se
perdendo. Neste modelo, sim existe espaço para que Oxumarê
(Òṣùmàrè) seja a divindade da comunicação entre o órun
(Ọ̀run)
e o Àiyé.
Minha
experiência pessoal como Bàbáláwo,
com
isso trouxe muita ligação com o orixá (Òrìṣà) Oxumarê
(Òṣùmàrè). Quando
evolui com minha prática
uma das coisas que tive que fazer foi o assentamento para Oxumarê
(Òṣùmàrè). Veja que, venho de Candomblé e não sou de fazer
assentamentos como negócio e muito menos como placebo, minha visão
de assentamentos é muito distinta dos placebos comercializados por
cubanos e nigerianos, tenho o mínimo que preciso e tudo o que tenho
foi extensivamente demandado a mim, Oxumarê (Òṣùmàrè) foi um
desses.
A
ligação enter Exú
(Èṣù),
Oxumarê (Òṣùmàrè) e Olódùmarè
aparece inclusive na abreviação dos nomes. Oxumarê (Òṣùmàrè)
é abreviado como Éṣùmàrè e Olódùmarè
é abreviado como Èdùmàrè (Abraham,
Dictionary of modern yoruba).
Algumas referências e trabalhos de arte yorùbá podem sugerir uma relação de Oxumarê (Òṣùmàrè) com a própria terra, Ilé Àiyé, mas isso não tem comprovação hoje, faltam melhores informações, apenas existe a sugestão que essa divindade teria um papel maior no contexto teogônico. Apesar essas informações que coloco aqui já são bastante significativas do que apenas ficar tratando Oxumarê (Òṣùmàrè) de uma divindade-cobra, lembrando que na religião yorùbá não temos casos de zoomorfismo entre divindades e o próprio Oxumarê (Òṣùmàrè), como disse deve ser representado pelo arco-iris.
Algumas referências e trabalhos de arte yorùbá podem sugerir uma relação de Oxumarê (Òṣùmàrè) com a própria terra, Ilé Àiyé, mas isso não tem comprovação hoje, faltam melhores informações, apenas existe a sugestão que essa divindade teria um papel maior no contexto teogônico. Apesar essas informações que coloco aqui já são bastante significativas do que apenas ficar tratando Oxumarê (Òṣùmàrè) de uma divindade-cobra, lembrando que na religião yorùbá não temos casos de zoomorfismo entre divindades e o próprio Oxumarê (Òṣùmàrè), como disse deve ser representado pelo arco-iris.
A ligação dos yorùbá com corpos celestes
O
cosmo
yorùbá é concentrado na nossa vida no Àiyé,
conforme disse, são dois mundos. Nesse cosmo o papel de outros
corpos estelares como sol, lua e estrelas é bem reduzido. Não
existe nenhum mito que explique a criação deles, eles apenas
existem. Também não tem nenhuma importância especial.
O
sol é Oòrùn e a lua é Òṣùpá. As estrelas são ìràwò.
Todos esses corpos estão sob o controle do axé
(àṣẹ)
de Olódùmarè
e existem para sustentar a vida no Àiyé
através
da luz e das marés. As estrelas são apenas filhos ou filhotes da
lua.
Nos
versos de Ifá o Sol fez o ebó
(Ẹbọ)
recomendado de modo que ele sempre brilha, é a prosperidade perene e
a lua que não fez o ebó
(Ẹbọ)
recomendado tem a prosperidade vaga-lume, aquela que se ganha e
perde.
Os
movimentos solares e lunares estão associados com os 4 pontos
cardiais, que também nessa religião não assumem nenhum significado
especial. O leste é chamado de ìlà órun
(Ọ̀run),
o oeste de ìwọ̀ órun
(Ọ̀run),
o norte de àrìwá e só sul de Gúúsù. Existe a crença que eles
são monitorados por uma divindade de 4 cabeças chamada de Olórí
mẹ̀rin. Cada ponto é associado a uma divindade principal, mas isso
varia de lugar para lugar. Xangô
(Ṣàngó)
é normalmente associado com o leste, Oxalá (Òṣàlá) é
associado com o norte, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
com o oeste e Odùduwà
como sul.
Além
disso é feita a associação dos pontos cardiais com a duração do
dia, desta maneira o
nascer do sol é
associada ao leste (áfẹ̀mọ́júmọ́), a manhã
ao nordeste (òwúrọ̀ / àárọ̀), o meio dia ao norte ( ọ̀sán
gangan), tarde
ao noroeste
(
ọ̀sán),
o crepúculo ao oeste (
aṣálẹ́),
a noite ao sudoeste (alẹ́), a meia-noite ao sul (ọ̀gánjọ́) e
depois a meia-noite a madrugada ao sudeste (òru).
A
semana tradicional yorùbá era associada aos movimentos da lua, por
isso era de 4 em 4 dias. O mês yorùbá era calculado como o período
entre 2 luas iguais, o que fazia um mês com uma média de 28 dias e
um ano com 13 meses.
A lua tem uma relação com as cerimônias ou festivais devido ao calendário ser lunar. Em termos de fenômeno da natureza é mais significativa o trovão e o raio do que lua ou sol.
Apesar
destas relações listadas não posso relacionar nenhuma influência
dos astros em liturgias ou oferendas, em versos de Ifá que eu li,
nunca encontrei nada que fosse relevante.
Existe
uma associação de Odù
com pontos cardiais, mas, isso tem origem em um único material que é
o livro de Leo Froebenius, escrito no início do século XX. É a
fonte única para esse tema. No livro existe a associação dos 4 Odù
iniciais com os 4 pontos cardiais, mas, sem nenhuma explicação
melhor, apenas isso e nenhuma referência ao que dizer dos demais 12
signos, eu sugiro ignorar isso, essa não é uma boa referência.
Dessa
maneira aqueles ligados a exoterismos que buscam na religião yorùbá
os seus ganchos, lamento, a relação entre a religião yorùbá e o
supernatural não passava pelos astros do céu, os yorùbá eram
totalmente ligados na terra.
CONTINUA EM Parte 2
CONTINUA EM Parte 2
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