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sexta-feira, março 05, 2010

A traição do Carneiro contra Oya
Olódúmarè : A mão que abençoa jamais pode amaldiçoar (Ogbè Ọ̀sá)

O texto a seguir foi retirado da tradição Cubana do Odù Ogbè Ọ̀sá. É um pataki sobre a traição do carneiro contra Oya, fato que definiu uma relação com abrangência sobre toda a religião.

O significado é muito rico e não se pode deixar de refletir sobre o seu conteúdo. Como toda metáfora, mais do que a estória que define a separação entre Oya e Carneiro, esse texto diz que uma mão que já abençoou uma outra jamais poderá amaldiçoar. Não se deve levantar a mão, ou acender uma vela que não seja para o bem de uma pessoa que o abençoou um dia. Isso define de uma forma muito definitiva a relação que deve existir entre pessoas nessa religião. É muito comum pessoas que foram muito ligadas se desentenderem e depois ficarem trocando issultos e feitiços.

Infelizmente essa é a grande ética que existe nos membros dessa religião. Contudo se a relação entre duas pessoas já foi maior do que apenas amizade se estamos lidando com filhos e padrinhos ou com filhos e babalorixás, então, jamais nem um nem outro deve levantar sua mão. Deixe para Olódúmarè resolver essa questão no julgamento dele.

Oya e o Carneiro foram uma vez os melhore amigos. Ela confiava a ele todo os seus pensamentos, seus medos e seus segredos. Até quando ela não tinha como contar com um Orixá, lá estava o Carneiro para ajudar e ela o amava acima de todas a coisas.

Os inimigos de Oya colocaram um prêmio por sua cabeça; Suas andanças pelo mundo causam problemas para eles e eles colocaram um prêmio por sua cabeça. O Carneiro ouviu rumores dos seus anseios, mas como a estória foi passando entre todos na terra, a estória mudou. O que o Carneiro ouviu foi que Olorun, ele mesmo, queria destruir Oya, e ele estava oferecendo o presente da imortalidade para aquele que a trouxesse ao seu palácio.

Em cobiça o Carneiro foi até Olorun e disse-lhe. "pai, eu tenho ouvido sobre seu ódio por Oya e eu posso trazê-la aqui para você. Eu posso enganá-la e você poderá ter a cabeça dela como você quiser".

Olorun ficou abalado. ele, também, tinha ouvido que Oya tinha grande inimigos que queriam a sua morte. Ele também tinha ouvida que entre todas as coisas sobre a face da terra a que ela mais amava era o carneiro. "- e como, Olorun perguntou, você será capaz de trazê-la para mim?".

"- É simples meu Pai", ele disse. " Oya confia em mim a sua vida, nós somos os melhores amigos que existe. Eu a trarei à você assim que você concordar em me dar o prêmio que ofereceu por ela" .

"- E o que poderia isso ser, carneiro?".

"- A vida eterna. Isto foi o que você prometeu, não é?"

Olorun ao ouvir isso ficou furioso, mas sua face estava calma. "- Carneiro, ele disse, traga Oya para mim e eu lhe darei o que deseja, vida eterna. Falhe e no lugar da cabeça de Oya eu irei ter a sua".

Ele dispensou o carneiro; tão logo o animal deixou seu palácio, Olorun transportou a si mesmo para a casa de Oya.
"- Oya, ele alertou-a, você tem muitos inimigos que desejam a sua cabeça. Mas, nenhum deles pode trair você como seu melhor amigo. O carneiro está vindo para entregar você nas mãos deles. Você não pode deixá-lo te destruir" .

"- Pai, ela disse desacreditando, certamente você está brincando. Ele é meu melhor amigo, aquele no qual eu acredito acima de todas as coisas".

"- Isto é verdade, Oya. Ele irá oferecer a você um lugar seguro e ao invés disso ele a trará até mim. Para, você ver, o carneiro acredita que eu quero a sua cabeça, e ele me veio hoje oferecer trazer você até mim. Em troca da sua cabeça ele quer a vida eterna".

A raiva soou como um sino dentro de Oya, tomando conta de si
e fazendo o seu sangue ferver. Olorun estava além da
mentira, mas o carneiro era o seu maior amigo. Ele sabia
todos os seus segredos. Os relâmpagos brilhavam em seus
olhos quando ela disse: "- Eu irei destruí-lo!".

"- Não Oya" ele a acalmou com sua voz gentil. "amigos jamais podem trair amigos e você não pode maldizer a quem um dia você abençoou. Quando o carneiro vir para trair você, você vá com ele. Mas antes coloque seus 9 ides de cobre em uma caixa. Assim que você chegar nos muros do meu palácio, sacuda a caixa vigorosamente e um enorme redemoinho ira descer do céu e tirar com segurança do caminho. Meus guardas irão prender o carneiro nos muros do palácio e eu mesmo irei puní-lo por esta traição. Ele sabe que o custo da falha e grande e eu mesmo irei tirar a sua cabeça com minhas mãos."

Olorun parou por um momento e então ele abraçou Oya. " Minha filha, os seres mortais fazem coisas estranhas devido a cobiça. Mas o carneiro sabe que você o ama. Talvez mesmo agora ele esteja repensando este seu plano vil. Talvez ele não venha. Talvez ela não trai você."

Ouve então ou ruidoso barulho na porta de Oya. "- É ele, disse Olorun, "Eu preciso ir", E sua figura se desmanchou no ar.

Oya abriu a porta, e o carneiro, agitado e desesperado por dentro, "Minha amiga", ele disse com sua voz embargada, " - seus inimigos estão vagando na floresta e são muitos. Ele irão vir aqui para matar você. Venho comigo e eu irei levá-la a um lugar seguro".

Ela controlou sua raiva e rapidamente disse "- Eu preciso pegar uma coisa primeiro" .

" Não temos tempo!"

MAs antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa Oya estava em seu quarto. Ela colocou nove idé de cobre em uma caixa, como Olorun disse e montou nas costas do carneiro. " Certamente isto não está acontecendo, ela pensou, talvez... o carneiro esteja me pegando para levar longe de Olorun". Em um instante o Carneiro estava correndo pela floresta com Oya nas suas costas. O caminho familiar não deixou dúvida para Oya e ela finalmente acreditou que ele a estava levando para Olorun. Os portões do palácio cresceram na frente deles e Oya como Olorun havia instruido, sacudiu a caixa vigorosamente. Um imenso tornado desceu e levou Oya com ele para os céus, longe da visão do carneiro. Ele congelou. Assim que o tornado se foi ele foi rodeado pelos guardas de Olorun que o trouxeram diante do trono.

CARNEIO, gritou o normalmente gentil Olorun, " Você se envolveu em grandes crimes hoje. Você buscou destruir sua melhor amiga, aquela que o amava acima de todas as coisas. Você pensou que eu queria a cabeça de Oya. Eu a amo asim como amo todas as minhas crianças na terra. Oya tem muitos inimigos, isto é verdade, mas nunca eu fui o seu inimigo. Eu jamais poderia trair aquilo que eu uma vez abençoei.

A ira de Olorun cresceu e encheu a enorme sala. " Pelo motivo de você estar desejando entregar uma de minhas mais amadas filhas nas mão frias da morte, eu sentencio você carneiro à morte. Sua cabeça é minha assim como todas a cabeças pertencem a mim. Eu irei tomar a sua cabeça agora!.

Eu foi assim que o carneiro encontrou a morte devido à sua traição a Oya. Sua cabeça foi enviada aos inimigos de Oya como um sinal de Olorun que ele mesmo jamais iruia tolerar
que qualquer coisa fosse feito à ela. Os inimigos de Oya fugiram e ela nunca mais foi traída novamente.

Desde esta traição, Oya jamais estará na mesma sala com o carneiro que foi uma vez o seu melhor amigo, seu confidente e tentou destruí-la. Por causa desta estória, os filhos de Oya jamais coroarão filhos de Yemanjá e Xango e também estes Orixás poderão coroar filhos de Oya. O motivo não é uma guerra entre eles, mas o fato deles comerem carneiro. Assim em qualquer sala que exista uma Oya não poderá haver um assento cujo Orixá tenha comido carneiro.

2 comentários:

  1. Anônimo19:13:00

    Axé Marcos,

    Gostei do tema deste itan, mas queria te pedir a gentileza de fornecer a fonte, por favor.

    Eu gostaria de incluí-lo em minha coletânea e queria estudar a possibilidade de transcreve-lo do original. Por gentileza,

    Obrigado.

    (pode ser em pvt)

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  2. Livro The Diloggun de Ocha ni lele
    No odu correspondente.
    É o melhor livro de erindinlogun cubano. Ocha ni lele publicou com material do Ifa lukumi, não do Ifa cubano. Ele roubou o material do computador do "caso" dele.
    Mas o livro é excelente

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