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O poder das folhas
Todos que conhecem a religião sabem da importância das ervas. Ọ̀sányìn é o orixá (Òrìṣà) encarregado de trazer esse poder à humanidade. O uso do poder das folhas é feito através de Ọ̀sányìn. Como já citei as folhas têm o axé de Olódùmarè e cada uma delas, ou a maioria tem usos terapêuticos.
A vida é uma aventura, mas o mundo é cheio de perigos e as doenças existem como parte do mundo. Olódùmarè colocou as plantas e seu axé (àṣẹ) nelas para que nós pudéssemos usar isso para nos recuperar e também colocou Ọ̀sányìn para nos suportar nisso.
Ọ̀sányìn trabalha em colaboração com Órunmila (Ọ̀rúnmìlà), no diagnóstico dos problemas, busca das soluções e tratamento das doenças. Ọ̀sányìn se manifesta também na forma de um pássaro que viaja entre o órun (Ọ̀run) e o Àiyé para trazer o tratamento às pessoas e também para espionar as ações da ajé (Àjẹ́), que vivem para atacar a humanidade.
Um dos principais símbolos de Ọ̀sányìn é um bastão de ferro com pássaros no alto representando essa característica do orixá.
As ervas são assim, fonte de axé e de tratamento terapêutico. São parte do compromisso que Olódùmarè têm em suportar nossa vida aqui. Isso é muito importante porque se soma as forças benevolentes da direita, como um elemento essencial.
Se existem as doenças no Àiyé, também existe a cura dada por Olódùmarè através das folhas e através dos ebó (Ẹbọ) e sacrifícios de Ifá.
Olódùmarè, quando criou o Àiyé, não podia esperar o homem desenvolver medicna e tecnologia, ele criou sua própria medicina que continua existindo e funcionando, para ajudar as pessoas.
Desta maneira as folhas e seu poder são um dos pilares desta religião.
As folhas são parte do equilíbrio, assim temos a força malevolente da doença e a força positiva das ervas, com poder de Olódùmarè para curar as doenças.
O conhecimento das folhas e de seu uso é uma obrigação para o Bàbáláwo, Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou Iyalorixá (Ìyálòrìṣà). Existe no candomblé uma pessoa, um Ogan, que é ensinado especificamente para conhecer, identificar e colher as folhas para ouso terapêutico e litúrgico.
A folha é tão importante nesta religião que não se inicia nenhuma pessoa sem folha, se não tem folha não tem orixá (Òrìṣà). E mais, não estamos falando de meia dúzia de folhas para tudo ou de Bàbáláwo que só faz ebó (Ẹbọ) com a mesma folha isso é falta de conhecimento.
Ọ̀sányìn e Órunmila (Ọ̀rúnmìlà) são personagens constantes, nos versos de ifá, com seus seguidores encarando disputas terríveis entre si. Existe uma história muito conhecida sobre a disputa entre o ebó (Ẹbọ) (as folhas) e o sacrifício pela hegemonia.
O que é definitivo é que não existe sacerdote que possa trabalhar sem ter profundo conhecimento e experiência no uso das folhas, que representam a base do axé (àṣẹ) de Olódùmarè.
O sacrifício tem a força da quintessência, a energia viva que transporta e amplifica tudo, mas, são as folhas que são o repositório das virtudes de Olódùmarè.
Essa religião é praticada com base em um profundo conhecimento de folhas. Se não sabe, muito, usar folha não pode ser nada nessa religião, pode ser consulente.
Observem que, nesta religião, os ciclos se fecham, as coisas são encadeadas. Não temos problema com a medicina natural. A medicina da religião tem 2 componentes. Um natural, através das folhas e outro supernatural através do axé (àṣẹ). Nós combinamos isso.
Mas se a pessoa quer ou precisa usar a medicina natural da ciência humana, não temos nenhum problema com isso, usamos o supernatural, o axé (àṣẹ) e os orixá (Òrìṣà) para potencializar a solução. Para nós, medicina é medicina, remédio é remédio, podemos prover ou ajudar, o que importa é a vida humana.
Esta é a religião da inclusão, porque damos valor a vida. Como já disse, antes, nascemos para ser felizes, não nascemos para sofrer ou para morrer, gostamos da vida.
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