A
missão e o poder dos Orixá
Olódùmarè
constrói
o equilíbrio
do poder do axé
(àṣẹ) em
Oxéotuwa (Ọ̀ṣẹ́-Otùwá)
O
texto a seguir contêm
a transcrição do Odù
Ọ̀ṣẹ́-Otùwá
como está
registrado no livro Os
Nagô e a Morte.
Somente está transcrita
aqui
a versão em português.
Outros
versos são adicionados de modo que não se trata de um texto sobre o
Odù
Oxéotuwa e sim um texto que aborda a missão e o poder os orixá
(Òrìṣà) no contexto da religião e na sua relação com os seres
humanos.
Muito
mais do que os versos frios eu adicionei meus comentários e
interpetações.
Este
texto que estou publicando, não fala de um Odù,
ele fala do equilíbrio estabelecido por Olódùmarè
para a vida no Àiyé.
O que está aqui documentado é o modelo de equilíbrio entre o poder
de Olódùmarè,
dos orixá (Òrìṣà), de Ifá e de Exú
(Èṣù).
A
qualidade do conteúdo foi verificada. Encontrei esse mesmo texto,
com algumas pequenas variações em outros livros de outros autores
de diferentes nacionalidades de maneira que o texto não é
inventado.
O
objetivo de transcrever o texto aqui com comentários é devido a
importância do seu conteúdo para entendermos uma das bases desta
religião que é nossa relação com deus e os orixá (Òrìṣà).
Existem informações importantes e sua análise e entendimento
contribuem muito para a compreensão do universo que estamos lidando,
de maneira que, deve ser considerado de leitura e conhecimento
obrigatório.
Mas
notem que o sentido não é aumentar a sopa de letras e palavras em
Yorùbá. O objetivo é que as pessoas entendam a religião que está
em volta e acima de toda a prática do dia a dia.
Para
que compreendam o significado de um orixá (Òrìṣà) na nossa vida
é necessário entender esses versos. Informo que a divisão em
partes é minha e é apenas para facilitar as explicações.
O
significado de Oxéotua (Ọ̀ṣẹ́-Otùwá)
Esses
são os versos que, eu, considero do tipo estrutural, trazem
informações sobre a base da religião e tem pouco aplicabilidade em
consultas comuns. Os versos de Oxéotua (Ọ̀ṣẹ́-Otùwá), um Odù
filho (não faz parte dos Méjì) traz muita coisa e por isso ele é
considerado o décimo sétimo Odù, em termos de importância.
A
primeira coisa que nos mostra é que Olódùmarè
deu para os orixá (Òrìṣà) a capacidade de serem seus ministros
no mundo físico, no Àiyé,
eles o representariam e
seriam os seus ministros, ou seja, teriam seus poderes para fazer
isso.
Fica
claro que o mundo foi criado
por Olódùmarè
e aos orixá (Òrìṣà) cabe a missão de cuidar da vida humana no
Àiyé.
Olódùmarè
dá a eles as instruções para estabelecerem o cultos às divindades
que serão usadas
pela humanidade para recorrer dos seus problemas.
Na
parte 2,
o verso explica que a humanidade deve recorrer às divindades de
Olódùmarè
para resolver seus problemas, explica a importância dos ancestrais
nisso (eegun), como
protetores dos vivos por serem parte de sua linhagem, família
e o papel de Ifá nesse processo.
Juntando
as partes 1 e 2,
fica evidente a ligação dos orixá (Òrìṣà) com a humanidade, a
existência de um está ligada a existência de outro. Não faz
sentido supor que orixá (Òrìṣà) sejam forças da natureza
porque não foi esse o papel que Olódùmarè
deu para eles, a presença de orixá (Òrìṣà) no Àiyé
está diretamente ligada com a vida humana e o compromisso de
Olódùmarè
para que tenhamos sucesso nela.
Mostra
também que uma vez criado o mundo ele tem suas próprias forças e
que eles fazem parte do Àiyé
e, mesmo prejudicando as pessoas não existe o que Olódùmarè
vá fazer para que essas forças deixem de existir ou de atuar, as
forças, bem ou mal fazem parte do mundo criado e o que Olódùmarè
faz, então, é enviar os orixá (Òrìṣà) para tutelar a
humanidade, ensinando a ela como lidar com o supernatural, as forças
divinas que podem auxiliar as pessoas na sua vida.
Na
parte 3,
o texto descreve o papel de Óxun
(Ọ̀ṣun)
no ritual e que estava restrito a preparação, com isso Óxun
(Ọ̀ṣun)
inicia a sua ação de usar o poder de Iyami para desfazer tudo o que
eles faziam.
Esse
pode é legado de Olódùmarè,
como está descrito do Odù Ofun Méjì, quando Odù recebe o poder
absoluto do axé (àṣẹ)
de Olódùmarè.
É esse poder que se manifesta aqui, sobre o poder dos ministros do
próprio Olódùmarè,
os orixá (Òrìṣà).
A
parte 4 caracteriza pela demosntração da essência do
oráculo, no momento em que eles não tem explicação sobre o que
fazem, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) indica que
eles devem procurar o oráculo. Essa é a essência do processo de
consulta oracular. Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
é eleito então o intermediário para tratar com Olódùmarè.
Observe
que isso mostra a não onipresença e onisciência de Olódùmarè
bem como mostra que mesmo para eles Olódùmarè
é distante.
Na
parte 5, Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) se encontra
com Olódùmarè quando Exú (Èṣù)
estava reportando a Olódùmarè o que
ocorreia no Àiyé. Mais uma vez reforço minha posição de
que Olódùmarè não é nem onisciente
e nem onipresente e os intermediários com eles são Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e Exú
(Èṣù).
Isto
estabelece o que é dito como a trindade de Ifá, Olódùmarè,
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà) e Exú
(Èṣù), esses personagens na mitologia da religião yorùbá
ligada a Ifá estão juntos. Na mitologia de orixá (Òrìṣà) essa
trindade não aparece e é Ifá quem a traz.
Na
parte 6 caracteriza a reação de oxun com a presonalidade que tanto
caracteriza o seu arquétipo, o rancor. Óxun (Ọ̀ṣun) que tinha o
poder feminino supremo de Iyami, dado por Olódùmarè
podia desfazer tudo o que era feito pelos demais.
Não
só ela era quem preparava como também era através dela que as
coisas funcionavam de fato, Olódùmarè
disse que nada tinha a adicionar, os elementos já estavam no Àiyé
e cabia a eles se ajustarem.
Eu
já expliquei isso aqui em um texto sobre o poder feminino e Ifá e
isso nasce aqui, existem outros Odù onde isso também ocorre, o
entendimento dos versos de Ofun Méjì é fundamental, mas é em
Oxéotua (Ọ̀ṣẹ́-Otùwá) que essas coisas se fecham.
Apesar
de as ações serem feitas pelos orixá (Òrìṣà) masculinos é o
axé (àṣẹ) reside no poder feminino. O surgimento disso esta em
Ofun Méjì e aqui está registrado as consequências. O supernatural
é um equilíbrio de forças e sem o poder feminino as coisas não se
sucedem.
Óxun
(Ọ̀ṣun) de forma alguma se dispõe a participar das liturgias
masculinas, isso não era o seu papel, a ação era o poder
masculino, mas, para resolver a situação ela, sozinha, gera uma
criança, um filho, do sexo masculino.
Ela
os ameaçou se ela gerasse uma criança do sexo feminino, o mundo
acabaria.
A
parte 7 mostra que os orixá (Òrìṣà) todos tem que
trabalhar com o poder que Olódùmarè
lhes deu para que fosse gerada uma criança masculina, dessa forma o
sexo da criança é determinado pela ação do homem.
A
parte 8 mostra o surgimento da cerimônia de determinar o Odù
de nascimento da criança que nasce, com a caraterização do axé
(àṣẹ) que trouxe ao mundo.
A
reunião do poder masculino e feminino, após 7 dias gerou Oxéotua
(Ọ̀ṣẹ́-Otùwá), caracterizando assim o tempo necessário para
liturgias. Igualmente somente quando os poderes masculinos e
femininos se reúnem com o necessário respeito é que as coisas
passam a funcionar no supernatural.
A
própria Oxun (Ọ̀ṣun) deu a essa criança urn nome nesse dia.
Disse
ela: "Oxo (Oṣó) a gerou" (significando que a
criança era filho do poder mágico);
porque
ela mesma era uma Ajé (àjẹ́)
e
a criança que ela gerou e um filho homem.
Disse
ela: "Akin Oxo (Akin Oṣò )",
(
Akin Oxo : poderoso mago; homem bravo dotado de um grande poder
sobrenatural)
eis
o que a criança será!
Na
parte 9, mais uma vez se manifesta a confirmação do caráter
não onisciente de Olódùmarè e também
se confirma que os orixás não são elementos da natureza e muito
menos regem a natureza. O Àiyé é controlado unicamente pelo
poder de Olódùmarè e a missão dos
orixá (Òrìṣà) é ser o ministro de Olódùmarè,
os representantes dele para cuidar dos seres humanos.
Sobreveio
uma seca na terra.
Tudo
estava seco!
Não
havia orvalho!
Fazia
três anos que tinha chovido pela última vez.
O
mundo entrou em decadência.
Foi
então que eles voltaram a consultar Ifá,
Ifá
àjàlàiyé”.
Quando
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) consultou Ifá àjàlàiyé disse que
deveriam fazer uma oferenda, um sacrifício, e preparar a oferenda de
maneira que chegasse a Olódúmarè,
para
que Olódúmarè pudesse ter piedade da terra
e
se ocupasse dela para eles.
Porque
Olódúmarè não se ocupava mais da terra.
Se
isso continuasse a destruição seria inevitável;
era
iminente.
Somente
se pudessem fazer a oferenda,
Olódúmarè
teria sempre misericórdia deles.
Ele
se lembraria desles e zelaria pelo mundo.
Esta
é uma afirmação que eu sempre faço e repito porque esse modelo de
divindades telúricas é um erro enorme.
Esta é uma parte importante que
mostra os orixá (Òrìṣà) fazendo uma oferenda para Olódùmarè
e independente de sua importância não conseguindo acesso ao órun
(Ọ̀run) para entregar ela a Olódùmarè.
Mas, observem aqui uma mudança, em
vez de serem mencionados orixá (Òrìṣà) os personagens são Odù,
como se Odù fossem divindades.
Os
versos yorùbá não tem nenhum compromisso com coerência linear e
cronológica, são metáforas e jamais podem ser entendidos como
histórias literais.
Dessa
forma meu entendimento é que o ebó (Ẹbọ) de oferenda foi
feito através dos principais Odù
méjì sem nenhum sucesso e não que os Odù
sejam personagens, que nesta história são os orixá (Òrìṣà) e
Órunmila
(Ọ̀rúnmìlà).
Existe
uma citação interessante que quero destacar:
Jogaram
Ifá para Akin Oxo (Akin Oṣò ) o filho de Eninarè
(aquela-que-foi -colocada-na-senda-do-bem, referindo-se a Oxun
(Ọ̀ṣun))
Na parte 10, oxétua se
encarrega da missão de levar o ebó (Ẹbọ) e como em toda
história de sucesso procura Ifá para se orientar. Observem que isso
é uma constante nos ensinamentos, para ter sucesso em oferendas e
tarefas religiosas Ifá, um oráculo sempre deve ser consultado.
Surge aqui mais um personagem padrão
em várias histórias deste mesmo estilo. O enviado encontra no seu
caminho com uma velha mendiga. Esta é uma figura permanente em casos
importantes.
Nesse
encontro ele deve demonstrar respeito e caridade e em troca disso
recebe orientações finais e decisivas sobre o que fazer para ter
sucesso no seu trabalho. Recomendo a todos cuidado com isso.
Em
algumas histórias é Exú (Èṣù) que aparece transmorfado em um
personagem deste tipo, mas a anciã velha em mendiga, na minha visão
é sempre Iya Nla, a mãe ancestral, Odù,
que recebeu o poder máximo de Olódùmarè, o
seu axé (àṣẹ),
e que tudo por fazer para ajudar ou atrapalhar.
Na
parte 11, Oxétua parte para seu trabalho, e se junta a Exú
(Èṣù) e esse é um encontro importante, porque a tarefa de levar
havia sido dada a Oxétua e não a Exú (Èṣù), mas oxétua vem
procurar a companhia de Exú (Èṣù) para a viagem.
Exú
(Èṣù) confirma a Oxétua que ele teria sucesso naquele dia, assim
como ocorreu.
Esta
parte mostra Exú (Èṣù) com um personagem importante em todo o
processo uma vez que oxéotuwa valorizou seu trabalho e ficou claro
que foi Exú (Èṣù) que abriu o caminho de Oxéotuwa para o órun
(Ọ̀run).
Esta
parte final é um exemplo para todos da necessidade de humildade e da
compreensão do papel de cada divindade, principalmente de Exú (Èṣù)
e da atenção que temos que ter em como usar o supernatural.
Sim,
esse é uma das maiores mensagens destes versos. Para que o uso das
energias do supernatural funcionem existe um “protocolo” a ser
seguido e isso deve ser aprendido e seguido. Não seguir o protocolo
faz com que as coisas não funcionem.
Cada
divindade ou inrumolé (Irúnmọlẹ̀) representa um elo nessa
cadeia e o uso disso não é aleatório ou amador. É necessário
conhecimento e é isso que se obtêm na religião.
As
pessoas acham que na vida basta você acreditar em deus do seu jeito
e que as religiões são desnecessárias e sem utilidade, criadoras
de regras, dogmas e imposições.
É
verdade, religiões fazem isso mesmo, trazem consigo, regras, dogmas,
valores, ética e moral. Isso é uma das coisas que uma religião
oferece às pessoas, formação para serem pessoas melhores.
Mas,
além disso as religiões trazem instruções de como fazer uso das
energias do supernatural.
As
mesmas pessoas que pensam que podem ter um deus só para elas, com
suas próprias regras e que faz com que elas estejam sempre certas e
sejam perfeitas, também acham que podem usar o supernatural do seu
jeito.
Não
podem, não conseguem e se iludem. Se enganam como seres humanos que
se acham acima de ensinamentos e como pessoas que superestimam sua
capacidade de entender e usar o supernatural.
Estes
versos de Oxéotuwa além de nos mostrarem que devemos ser humildes e
solidários nos orientam que existem regras para se obter as coisas.
Ensinar isso é o que os orixá (Òrìṣà) nos fazem e o oráculo
de Ifá é o instrumento para o sucesso no que fazemos.
A
primeira coisa a destacar è a lembrança da necessidade de que
pessoalmente nós termos que envolver Ifá antes de qualquer
atividade ou trabalho religioso. Isso está presente em todos os
versos de Ifá (ẹsẹ) mostrando que o sucesso só ocorre se
a pessoa se prepara para o que vai fazer de acordo com o que Ifá
lhe instrui. Ifá existe para instruir os homens no bom
cumprimento de suas atividades espirituais e de seus sacrifícios.
Foi
assim, por exemplo, no mito da criação com mundo com Oxala (òṣàlá)
que aceitou a tarefa de Olódùmarè para executar mas não se
preparou para ela sendo superado por Oduduwa, que antes te
tomar essa tarefa procurou um babaláwo para se
orientar.
Dessa
maneira nessa religião se alguém quer sucesso em algo deve primeiro
procurar o oráculo. Deve ter a humildade de procurar orientação. O
ego não ajuda e a vaidade é inimiga do resultado. Fazer as coisas
por intuição ou receita não resolve. O que resolve é buscar a
ajuda divina através do oráculo e seguir as indicações que lhe
são dadas.
O
divino, através do oráculo e dos Orixá (òrìṣà) existe para
suportar nossa existência. O oráculo é o instrumento para essa
comunicação, do divino com o homem, do Orun (Ọ̀run) com o
Aiye e não a adivinhação. Pelo mito os Orixá (awọn òrìṣà)
foram enviados por Olódùmarè para ajudar os homens na sua
vida na terra. Como vivermos e superarmos as adversidades com a ajuda
dos espiritos do Orun (ọ̀run).
Assim
entendemos que onde existem pessoas existem Orixá (òrìṣà) e
esses existem onde existem pessoas. Os Orixá (òrìṣà) foram a
dádiva que Olódùmarè deu para nossas vidas e para nossa
assistência. Eles não são a natureza, eles são enviados de
Olódùmarè especificamente para nos ajudar.
Olódùmarè
mandou os Orixá (òrìṣà) para nos livrar do mal que existe sobre
a terra e nos ensinar a como cultuar a nossa religião. Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) é
assim aquele que interage com Olódùmarè pelos Orixá (òrìṣà)
e pelos homens, junto com Exu (Èṣù), é quem tem acesso à
Olódùmarè.
Mas
os versos deixam claro que o objetivo do culto não é o divino e sim
o próprio homem. Os Orixá (Òrìṣà)
não existem para ser adorados e sim para dar vida ao homem. O
criador
protege a sua criatura. Não pode evitar os problemas e males que
existem no mundo e na natureza que tem sua vida própria mas coloca
seus ministros para suportar os homens.
O
poder feminino tem que estar presente em qualquer trabalho de Axé
(àṣẹ) e dando importância a uma das bases da religião,
que é o equilíbrio, somente com o equilíbrio entre o poder
masculino e o feminino é que as coisas se realizam. Quando Oxun
(Ọ̀ṣun) decidiu atrapalhar as ações não mais deram
resultado.
Ajé
(Àjẹ̀) ganha assim uma importância maior do que se
imagina. Ajé (Àjẹ̀) é poder na face da terra, no mundo
que vivemos, no Aiye. Elas acima de todos tem a capacidade de
fazer as coisas darem errado ou certo, e é um poder manipulável
para o bem ou para o mal.
Não
podemos dessa maneira jamais deprezar a participação das Ajé
(Àjẹ̀)
em tudo o que fazemos no Aiye, para o bem ou para o mal, através de
Oxun (Ọ̀ṣun)
sua líder.
Existe
um outro verso de outro Odù, Osa Meji (Ọ̀sá Méjì),
no qual Olódùmarè dá a Odù um enorme poder, mais
do que o de todos mas que ela não deveria abusar desse poder:
...Ela
retorna e vai queixar-se a Olódumarè: “Os
dois primeiros receberam o poder da guerra e o da criação, e ela,
Odú, nada recebeu dessa partilha”.
Olódumarè diz-lhe: "Tu serás, lyá won (wọn), mãe deles,
por toda a eternidade; sustentarás o mundo''. Confere-lhe o poder de
eye (ẹyẹ), o pássaro; dá-lhe a cabaça de eleye (ẹlẹyẹ),
dona do pássaro.
Olódumarè
pergunta-lhe como ele utilizará os pássaros e sua força. Odú
responde-lhe que matará aquelas que não a escutarem; dará
dinheiro e filhos àquelas que lhe pedirem mas se, em seguida, as
pessoas se mostrarem impertinentes com ela, retomará suas dádivas.
Olódúmarè
diz-lhe: “Está bem, mas utiliza com calma o poder que te dei”.
Se ela o utilizasse com violência, ele o retomaria e repete: “Tu
serás iyá won, a mãe de todos os homens; elas deverão
prevenir-te, a ti Odú, de tudo aquilo que quiserem fazer”.
Olódùmarè deu o poder às mulheres; o homem sozinho nada poderá
fazer na ausência das mulheres.
Naquela
época Odú entra nos recantos mais secretos do culto de Eégún, de
Orò e de diversos Orixá (òrìṣà) .
Ahl
Àgbà, a antiga, exagerou, ela se recusa a fazer as oferendas
prescritas por ifá, não ouve seus conselhos, no sentido de agir
com calma e prudência.
Òbàrisà
vem e diz: Ei! É a ele que Olódùmarè havia confiado o mundo; essa
mulher enérgica veio tirá-lo de suas mãos. Ela vai aos lugares
secretos de Eégún, Oro e dos outros òrisà, onde ele, Òbàrisà,
não ousar entrar.
Òbàrisà
vai consultar Òrúnmilà (ifá) e faz oferenda de caracóis e de um
chicote que lhe é indicado. Òrúnmilà diz-lhe que o mundo se
tornará seu, mas ele deve ser paciente. “A mulher irá exagerar,
ela se tornará tua criada, Òbàrisà, ela virá submeter-se a ti. ”
Naquele
tempo Odú tinha o poder; toda coisa que ela dizia se realizava. Ela
diz a Òbàrisà que os dois, ela e ele, devem morar juntos, no
mesmo lugar.
Òbàrisà
faz naquele lugar o culto de sua cabeça com o caracol. Bebe a água
do caracol, contida em sua concha e oferece-a a Odú, Comem juntos a
carne do caracol. O humor de Odú se acalma. Declara que jamais
comeu algo tão bom.
Òbàrisà
diz a Odú que não lhe escondeu nenhum de seus segredos, mas que
ela, por seu lado, lhe escondeu o segredo de seu poder. Odú mostra
a Òbàrisà o segredo da roupa de Eégún. Juntos adoram Eégún.
Odú reveste a roupa, mas fala com voz normal. Não sabe falar com a
voz rouca dos ará òrun, a gente do além, os mortos. Regressam à
casa. Òbàrisà volta sozinho ao lugar de adoração, modifica a
roupa de Eégún, veste-a, pega o chicote de sua oferenda. Sai com a
roupa na rua e fala com a voz rouca de Eégún.
Todo
mundo sente medo, a própria Odú fica assustada, mas reconhece a
roupa e, assim, sabe que Òbàrisà está dentro. Envia seu pássaro
empoleirar-se nos ombros de Eégún. Tudo aquilo que Eégún diz age
pelo poder do pássaro.
Dessa
maneira o poder que foi dado a Odú, Iya Nla, é
imenso porque ele é o poder que estava no Àiyé, no mundo que
vivemos.
Com
o afastamento de Olódùmarè o mundo se descontrola e os Orixá
(òrìṣà) ou Odù tem que procurá-lo, distante, mas
acessível por Exu (Èṣù).
Com
a criação de Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) esse passa a ser o
invocador do poder do Axé (àṣẹ). Não se sobrepõe a Exu (Èṣù)
e sim se alia a esse poder e ganha desse o poder se ser o único a
invocar Exu (Èṣù).
O
papel de Exu (Èṣù) também fica muito claro. Ele não é um Orixá
(òrìṣà) comum como muitos entendem, principalmente no Candomblé.
Exu (Èṣù) no sistema religioso está em uma linha distinta. Ele é
o transportador do Axé (àṣẹ), é o policial de Olódùmarè,
como Abimbola sempre o caracteriza, é o mensageiro de Olódùmarè,
levando ao conhecimento deste tudo o que ocorre no Àiyé.
Com Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) isso
não se modifica. Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) não é Exu (Èṣù)!
Ele é quem ganhou de Exu (Èṣù) o poder de ser o único a
invocá-lo. Assim toda a cerimônia que se necessite de Exu (Èṣù)
para a comunicação ou para o transporte de Axé (àṣẹ) deve ser
iniciar com a súplica a Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) para este poder
invocar Exu (Èṣù). Exu (Èṣù) já existia antes de Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá) continuou a existir depois. Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá)
foi coberto de honras pelos Odù, que o geraram e também por Exu
(Èṣù).
Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá) foi criado por Oxun (Ọ̀ṣun) o poder feminino,
junto com o Axé (àṣẹ) dos demais Odù, masculinos. Ele é o
resultado de todo o Axé (àṣẹ) que Olódùmarè deu para os Odù
quando vieram ao mundo, mais o componente feminino.
Outra
coisa que esse texto deixa claro é o poder superior e supremo de
Olódùmarè sobre o mundo e sobre os Orixá (òrìṣà).Ele não só
esta acima como também controla o mundo. Somente divindades
especiais têm acesso a ele, Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) teve mas se
manteve calado. Exu (Èṣù) tem acesso e fala e ouve.
O
mundo era controlado por Olódùmarè. A natureza só funcionava
porque Olódùmarè a controla. Foi ele quem conferiu o poder aos
Orixá (òrìṣà). Dessa maneira a tese de que essa seria uma
religião politeísta é inválida. Religiões politeísta são
caracterizadas por deuses em nível de igualdade e que competem entre
si, são independentes. Esse Odù não mostra nada disso.
Mostra
uma divindade superior e absoluta e outras que agem no mundo como
seus braços. Mostra de fato uma divindade distante que recebe
informação através de Exu (Èṣù) e nem sempre sabe de tudo o
que ocorre no mundo.
Existe
um outro verso no qual descreve quando os Orixá (òrìṣà)
disseram a Olódùmarè que eles tomariam conta do mundo. Olódùmarè
então deixou por conta deles. O que ocorreu foi igualmente o caos,
as coisas da natureza pararam de funcionar e eles tiveram que voltar
a Olódùmarè. Lamento apenas não poder transcrever aqui esse
verso.
Enfim
o que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) sozinho mostra é a supremacia de
Olódùmarè sobre os demais Orixá (òrìṣà). Dessa forma
caracterizamos 2 coisas importantes com esse verso. A primeira é que
essa não e uma religião politeísta porque existe uma divindade
superiora. O termo acadêmico mais próximo é o de uma religião
Henoteísta. Mas, essa é uma discussão ruim porque sempre é
carregada de ignorância e preconceito mas esse texto traz isso a
tona.
Eu
acho importante citar isso para caracterizar que os Orixá (òrìṣà)
não são elementos da natureza como querem algumas
pessoas
que se influenciam com as correntes europeias
nas quais as divindades politeístas são de fato a própria
natureza. Isso é um sincretismos menor que equipara essa religião
Yorùbá a outras sem correspondente real. Somos muito prejudicados
por esse
sincretismo
europeu essa associação com religiões lúdicas ou com o pantheismo
grego.
Contudo
não estamos lidando com uma religião monoteísta. Devemos lembrar
que a caracterização de uma religião como monoteísta ou não é
um processo preconceituoso feito apenas por uma corrente religiosa
predominante, que são as religiões Abraâmicas, Cristãos, Judeus e
Islâmicos. Monoteísmo não pode ser entendido como um termo
genérico, e sim como um termos que caracteriza esse conjunto de
religiões. Assim monoteístas serão elas praticamente, o resto será
alguma coisa diferente.
O
importante não é classificar uma religião e sim entendê-la.
Quando se entende de fato não vai se dizer que temos um Panteão de
deuses, porque esse termo não se aplica pertence unicamente a uma
outra religião que é politeísta. Não vamos dizer que nossos
deuses são elementos da natureza porque isso não condiz com a
realidade, pertence a uma outra religião. É preciso enfim entender
o que a religião faz de bem para as pessoas, como as orienta a viver
como as ajuda a viver melhor.
Continuando
no tema principal, o seguinte texto, também do Odù Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá) foi obtido do babaláwo Oyègbadé Ọlátọ̀nà,
que é o Òjùgbọ̀nà awo de Òṣogbo.
...Olódùmarè
os saudou
e
perguntou sobre a décima sétima pessoa
Olódùmarè
perguntou para eles “por que
vocês
não se consultam com ela?”
Eles
responderam, “É porque
ela
é a única mulher entre nós”
Olódùmarè
disse, “Não isso não pode ser assim!
Oxun
(Ọ̀ṣun) é a principal mulher”
Olódùmarè
disse,
“Boríborí,
é seu babaláwo em Irágberí,
é
parte do oráculo de Oxun (Ọ̀ṣun).
Egba
(Ẹ̀gbà) seu babaláwo em Ìlukàn,
é
parte do oráculo de Oxun (Ọ̀ṣun).
Èṣe,
que È seu babaláwo
em
Ìjẹbú Ẹrẹ̀
é
parte do oráculo de Oxun (Ọ̀ṣun).
Átomú
seu babaláwo na cidade de Ìkìre
é
parte do oráculo de Oxun (Ọ̀ṣun)
Estes
babaláwo
Eles
permitem que uma pessoa faça negócios
eles
permitem que uma pessoa tenha ganhos
mas
eles não permitem que uma pessoa leve seus ganhos para casa
Olódùmarè
disse
“O
que vocês eram ignorantes
é
o que vocês agora sabem.
Voltem
ao mundo
e
consultem com Oxun (Ọ̀ṣun)
Nesses
versos Olódùmarè deixa claro que nada poderá ocorrer sem Óxun e
que seu poder é necessário para os seus pares masculinos. O poder
de Óxun (Ọ̀ṣun)
é
exercido através de seus 4 poderosos mensageiros: Boríborí
(vencedor), ẹ̀gbà (paralisia), èxe (ofensas) e atómú (captor
capaz e forte). Eles são parte do oráculo de Óxun e vieram com ela
no princípio da existência.
O
poder de Óxun é materializado nas mulheres através da Ajé, as
mais temidas, as mais poderosas e as mais reverenciadas mulheres no
culto Yorùbá.
Ajé
manifesta o poder no ponto de vista Yorùbá. Elas são misteriosas,
difíceis, poderosas, temíveis e onipresentes. Elas mantêm o
equilíbrio entre as diversas forças do mundo espiritual e mundano.
Foram elas que impediram os Odù de trabalhar e levaram a criação
de Oxéotuwa.
É
Óxun
(Ọ̀ṣun)
com seus “babalawo” que podem impedir que tudo o que deveria
ocorre ocorra. Ela tem o poder do impedimento.
Muito
mais do um orixá (Òrìṣà) primordial é Óxun
(Ọ̀ṣun)
nesta religião a representação do poder feminino em sua essência,
isso a torna individualmente o mais importante orixá (Òrìṣà) da
religião.
Este
texto que estou publicando, dessa maneira não fala de um Odù,
ele fala do equilíbrio estabelecido por Olódùmarè
para a vida no Àiyé.
O que está aqui documentado é o modelo de equilíbrio entre o poder
de Olódùmarè,
dos orixá (Òrìṣà), de Ifá e de Exú
(Èṣù).
A
seguir estão os importantes versos de Oxéotuwa. Ao ler o texto
tenham atenção nos meus comentários e pensem no significado maior
do que estão lendo.
Oxéotuwa
(Ọ̀ṣẹ́-Otùwá)
Parte
1
...que
devia consultar
o
porta-voz-principal-do-culto-de-Ifá;
a
nuvem está pendurada por cima da terra...
Babaláwó-dos-tempos-imemoriais,
os-”siris”-estão-no-rio
a-marca-do-dedo-requer-yererosun
(yẹ̀rẹ́ròsùn - pó adivinhatório de Ifá).
Estes
foram os Babaláwó que jogaram Ifá para
os
quatrocentos irunmale
(Irúnmalẹ̀), senhores do lado direito, e jogaram Ifá
para os duzentos irunmale
(Irúnmalẹ̀), senhores do lado esquerdo.
E
jogaram Ifá para Oxun (Ọ̀ṣun),
que
tem uma coroa toda trabalhada de contas,
no
dia em que ele veio a ser o décimo sétimo dos
irunmale
(Irúnmalẹ̀) que vieram ao mundo,
quando
Olódúmarè enviou os Orixá (òrìṣà),
os
dezesseis, ao mundo,
para
que viessem criar e estabelecer a terra.
E
vieram verdadeiramente nessa época.
As
coisas que Olódúmarè lhes ensinou
nos
espaços do Orun (ọ̀run) constituíram os pilares de
fundação
que
sustentam a terra para a existência de todos
os
seres humanos e de todos os Ebora (ẹbọra).
Olódúmarè
lhes ensinou que
quando
alcançassem a terra,
deveriam
abrir uma clareira na floresta, consagrando-a
a
Orò, o Igbò orò.
Deveriam
abrir uma clareira na floresta, consagrando-a
a
Eégún, o Igbó-Eégún que seria chamado Igbó-Opa
(Igbó-Ọ̀pá).
Disse
ele que deveriam abrir uma clareira
na
floresta consagrando-a a Odù-ifá, o Igbó Odù,
onde
iriam consultar o oráculo a respeito das pessoas.
Disse
ele que deveriam abrir um caminho para os Orixá (òrìṣà)
e
chamar esse lugar igbó Orixá (òrìṣà), floresta para
adorar os Orixá (òrìṣà).
Olódúmarè
lhes ensinou a maneira como deveriam resolver
os
problemas de fundação (assentamento) e adoração dos ójubo
(ọjúbo) (lugares de adoração)
e
como fariam as oferendas
para
que não houvesse morte prematura,
nem
esterilidade, nem infecundidade,
que
não houvesse perda,
nem
vida paupérrima, não houvesse nada
de
tudo isso sobre a terra.
Para
que as doenças sem razão
não
lhes sobreviessem,
que
nenhuma maldição caísse sobre eles,
que
a destruição e a desgraça não se abatessem sobre eles.
Olódümarè
ensinou aos dezesseis Orixá (òrìṣà) o que
eles deveriam realizar
para
evitar todas essas coisas.
Ele
os delegou e enviou à terra,
a
fim de executarem tudo isso.
Parte
2
Quando
vieram ao òde-àiyé, a terra,
fundaram
fielmente na floresta o lugar de adoração de Orò, o
Igbó-Orò.
Fundaram
na floresta o lugar de adoração de Eégún.
Fundaram
na floresta o lugar de adoração de Ifá que chamamos Igbo òdú.
Também
abriram um caminho para os Orixá (òrìṣà), que chamamos
igbó-òòsa.
Executaram
todos esses programas visando a ordem.
Se
alguém estava doente, ele ia consultar Ifá ao pé de
Ọ̀rúnmìlà (Ọ̀rúnmìlà).
Se
acontecia que Eégún podia salva-lo, dir-lho-iam.
Seria
conduzido ao lugar de adoração na floresta de Eégún,
ao
Igbo-igbalé (Igbó-ígbàlẹ̀).
para
que ele fizesse uma oferenda a Egúngún.
Talvez
que um de seus ancestrais devesse ser invocado como Eégún,
para
que o adorasse, a fim de que esse Eégún o protegesse.
Se
havia uma mulher estéril,
Ifá
seria consultado, a respeito dela,
a
fim de que Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) pudesse indicar-lhe a
decocção
de
Oxun (Ọ̀ṣun) que
ela deveria tomar.
Se
havia alguém que estava levando uma vida de miséria, Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) consultaria Ifá, a respeito dele.
Poderia
ser que Orò estivesse associado à sua própria entidade
criadora.
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) diria a essa pessoa que
é
a Orò que ela devia adorar.
E
ela seria conduzida à floresta de Orò.
Eles
seguiram essas práticas durante muito tempo.
Parte
3
Enquanto
realizavam as diversas oferendas, eles não chamavam Oxun
(Ọ̀ṣun).
Cada
vez que iam à floresta de Eégun,
ou
à floresta de Orò,
ou
à floresta de Ifá.
ou
à floresta de òòṣà,
a
seu retorno, os animais que eles tinham abatido,
fossem
cabras,
fossem
carneiros,
fossem
ovelhas,
fossem
aves,
entregavam-nos
a Oxun (Ọ̀ṣun)
para que ela os cozinhasse.
Preveniram-na
que quando ela acabasse de preparar os alimentos,
não
devia comer nenhum pouco, porque deviam ser
levados
aos Malè, la onde as oferendas são feitas.
Oxun
(Ọ̀ṣun) começou a usar o poder das mães ancestrais —
ìyá-mi-àjẹ́
- e a estender sobre tudo o que ela fazia
esse
poder de ìyá-mi-àjé, que tornava tudo inútil.
Se
se predissesse a alguém que ele ou ela não fosse morrer,
essa
pessoa não deixava de morrer.
Se
fosse proclamado que uma pessoa não sobreviveria,
a
pessoa sobrevivia.
Se
se previsse que uma pessoa daria a luz um filho,
a
pessoa tornava-se esteril.
Um
doente a quern se dissesse que ele ficaria curado
não
seria jamais aliviado de sua doença.
Essas
coisas ultrapassavam seu entendimento,
porque
o poder de Olódúmarè jamais tinha falhado.
Tudo
o que Olódúmarè lhes havia ensinado eles o aplicavam,
mas
nada dava resultado.
Que
era preciso fazer?
Parte
4
Quando
se congregaram numa reunião,
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) sugeriu que,
já
que eles eram incapazes de compreender o que se
estava passando por seus próprios conhecimentos,
não
havia outra solução senão consular Ifá novamente. Em
conseqüência, Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) trouxe seu instrumento adivinhatório,
depois
consultou Ifá.
Contemplou
longamente a figura do Odù que apareceu
e
chamou esse Odù pelo nome de ọ̀ṣẹ́tùwá,
Ele
o olhou em todos os sentidos.
A
partir do resultado definitivo de sua leitura,
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) transmitiu a resposta a todos os outros
Odù-àgbà.
Estavam
todos reunidos e concordaram que não havia outra
solução para todos eles,
os
Orixá (òrìṣà)-irumale (Irúnmalẹ̀), senão
encontrar um homem sábio e instruido que pudesse ser enviado a
Olódúmarè
para
que mandasse a solução do problema
e
o tipo de trabalho que devia ser feito para o restabelecimento da
ordem,
a
fim de que as coisas voltassem a normalizar-se, e
nada
mais interferisse em seu trabalho.
Diziam
que tudo o que acontecesse,
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà), deveria ir até a Olódúmarè.
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) ergueu-se. Serviu-se de seu
conhecimento para utilizar a pimenta,
serviu-se
de sua sabedoria para tomar nozes de obi,
despregou
seu òdùn (tecido de rafia) e o prendeu no seu ombro,
puxou
seu cajado do solo,
um
forte redemoinho o levou, e
ele
partiu até os vastos espaços do outro mundo para encontrar
Olódúmarè.
Parte
5
Foi
la que Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) reencontrou èṣù òdàrà.
èṣù
já estava com
Olódúmarè.
èṣù
fazia sua narração a Olódúmarè.
Explicava que
aquilo
que estava estragando o trabalho deles na terra
era
o fato de eles não terem convidado a pessoa que constitui a décima
sétima entre eles.
Por
essa razão, ela estragava tudo.
Olódúmarè
compreendeu.
Assim
que Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) chegou,
apresentou seus agravos a Olódúmarè.
Então
Olódúmarè
lhe disse que deveriam ir e
chamar
a décima sétima pessoa entre eles
e
leva-la a participar de todos os sacrifícios
a
serem oferecidos.
Porque,
além disso,
não
havia nenhum outro conhecimento que Ele lhes pudesse
ensinar
senão
as coisas que Ele já lhes havia dito.
Parte
6
Quando
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) voltou a terra,
reuniu
todos os Orixá
(òrìṣà)
e
lhes transmitiu o resultado de sua viagem.
Chamaram
Oxun (Ọ̀ṣun) e lhe disseram que ela deveria
segui-los
por
todos os lugares onde deveriam oferecer sacrifícios,
mesmo
na floresta de Eégún.
Oxun
(Ọ̀ṣun) recusou-se:
ela
jamais iria com eles.
Começaram
a suplicar a Oxun (Ọ̀ṣun) e ficaram prostrados um
longo tempo.
Todos
começaram a homenageá-la e a reverenciá-la.
Oxun
(Ọ̀ṣun) os maltratava e abusava deles.
Ela
maltratava Orixá (òrìṣà nlá)
maltratava
Ògún,
maltratava
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà)
maltratava
Osayin (Ọ̀sányìn),
maltratava
Oranfe (Ọranfe),
ela
continuava a maltratar todo mundo.
Era
o sétimo dia, quando Oxun
(Ọ̀ṣun) se apaziguou.
Então
eles lhe disseram que viesse.
Ela
replicou que jamais iria,
disse,
entretanto, que era possível fazer uma outra coisa
já
que todos estavam fartos dessa história.
Parte
7
Disse
que se tratava da cqriança que levava no seu ventre. Somente se eles
soubessem como fazer para que ela desse a luz
uma criança do sexo
masculino,
isso
significaria que
ela
permitiria então que ele a substituísse
e
fosse com eles.
Se
ela desse a luz uma criança do sexo feminino,
podiam
estar certos de que essa questão
não
se apagaria em sua mente.
Ficariam
ai pedaços, pedaços e pedaços.
E
eles deveriam saber com certeza que
esta
terra pereceria;
deveriam
criar uma nova.
Mas
se ela desse a luz um
filho-homem,
isso
queria dizer que,
evidentemente, o próprio Olódúmarè os
tinha ajudado.
Assim
apelou-se para Orixá (òrìṣà) lá e para todos os
outros Orixá (òrìṣà) para saber o que
deveriam fazer para que a criança fosse do sexo masculino.
Disseram
que não havia outra solução
a
não ser que todos utilizassem o poder — Axé (àṣẹ) —
que
Olódúmarè tinha
dado a cada um deles; cada dia
repetidamente
deveriam
vir, para que a criança nascesse do sexo masculino.
Todos
os dias iam colocar seu àṣẹ — seu poder —
sobre
a cabeça de Oxun (Ọ̀ṣun),
dizendo
o que segue. "Você Oxun
(Ọ̀ṣun)!
Homem
ele devera nascer, a criança que você traz em si!"
Todos
respondiam "assim seja", dizendo
“tó!”
acima de sua cabeça...
Assim
fizeram todos os dias, até que
chegou
o
dia do parto de Oxun (Ọ̀ṣun).
Ela
lavou a criança.
Disseram
que ela deveria permitir-lhes vê-la.
Ela
respondeu "não antes de nove dias".
Quando
chegou o nono dia,
ela os convocou a todos.
Esse
era o dia da cerimônia do
nome, da qual se originaram
todos
as cerimônias de dar o nome.
Mostrou-lhes
a criança,
e
a pôs nas mãos de Orixá (òrìṣà).
Quando
Orixá (òrìṣà nlá ) olhou atentamente a criança
e
viu que era um menino,
gritou:
"Músò"..
.! (hurra.. .!)
Todos
os outros repetiram "Músò"...!
Cada
um carregou a criança;
depois
o abençoaram.
Disseram:
"somos gratos por esta criança ser um menino".
Disseram:
"que tipo de nome lhe daremos?"
Orixá
(òrìṣà) disse: "vocês todos sabem muito bem que
cada
dia abençoamos sua mãe com nosso poder
para
que ela pudesse dar a luz uma criança do sexo masculino,
e
essa criança deveria justamente chamar-se
À-Ṣ-Ẹ-T-Ù-W-Á
(poder trouxe ele a nos)"
Disseram:
"acaso você não sabe que foi o poder do Axé (àṣẹ),
que
colocamos nela, que forçou essa criança a
vir
ao mundo,
mesmo
se antes ela não queria vir a terra sob a forma de uma criança do
sexo masculino?
Foi
nosso poder que a trouxe a terra."
Eis
por que chamaram a criança Axétua (Àṣẹtùwá).
Parte
8
Quando
chegou o tempo,
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) consultou o oráculo Ifá acerca da
criança,
porque
todos devem conhecer sua origem e destino
colheram
o instrumento de Ifá a para consultá-lo.
Eles
o manipularam e o adoraram.
Era
chegado o momento de consular Ifá a respeito dele,
para
saberem qual era seu Odù, para
que
o pudessem iniciar no culto de Ifá,
Levaram-no
a floresta de Ifá,
que
chamamos Igbodu, onde Ifá revelaria que Oxé (Ọ̀ṣẹ́) e
Otua (Otùwá) eram seu Odù.
Este
foi o resultado que ele deu a respeito da criança.
Orunmila
(Ọ̀rúnmìlà) disse: "a criança que Oxé (Ọ̀ṣẹ́)
e Otua (Otùwá) fizeram nascer,
que
antes chamamos Axétua (Àṣẹtùwá)",
disse,
"chamemo-la antes de Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá)."
Foi
por isso que chamaram a criança
com
o nome do Odù de Ifá que lhe deu nascimento,. Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá).
Àṣẹtùwá
era o nome que ele trazia anteriormente.
Assim,
a criança participou do grupo dos outros Odù,
ao
ponto de ir com eles a todos os lugares onde se
faziam
oferendas na terra.
Foi
assim que todas as coisas que Olódúmarè lhes tinha ensinado
deixaram
de ser corrompidas.
Cada
vez que proclamavam
que
as pessoas não morreriam,
elas
realmente sobreviviam
e
não morriam.
Se
diziam que as pessoas seriam ricas,
elas
tornavam-se realmente ricas.
Se
dizem que a mulher esteril conceberia,
ela
realmente dava a luz
A
própria Oxun (Ọ̀ṣun) deu a essa criança urn nome
nesse dia.
Disse
ela: "Oxo (Oṣó) a gerou" (significando que a
criança era filho do poder mágico);
porque
ela mesma era uma Ajé (àjẹ́)
e
a criança que ela gerou e um filho homem.
Disse
ela: "Akin Oxo (Akin Oṣò )",
(
Akin Oxo : poderoso mago; homem bravo dotado de um grande
poder sobrenatural)
eis
o que a criança será!
É
por isso que eles chamaram Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) de Akin Oxo
(Akin Oṣò ),
entre
todos os Odù Ifá e entre os dezesseis Orixá
(òrìṣà) mais anciãos.
Depois
eles disseram que em qualquer lugar onde os maiores se reunissem,
seria
compulsório que a criança fosse um deles.
Se
não pudessem encontrar o décimo sétimo membro,
não
poderiam chegar a nenhuma decisão e se dessem um conselho não
poderiam ratificá-lo.
Parte
9
Sobreveio
uma seca na terra.
Tudo
estava seco!
Não
havia orvalho!
Fazia
três anos que tinha chovido pela última vez.
O
mundo entrou em decadência.
Foi
então que eles voltaram a consultar Ifá,
Ifá
àjàlàiyé”.
Quando
Orunmila (Ọ̀rúnmìlà) consultou Ifá àjàlàiyé disse
que deveriam fazer uma oferenda, um sacrifício, e preparar a
oferenda de maneira que chegasse a Olódúmarè,
para
que Olódúmarè pudesse ter piedade da terra
e
se ocupasse dela para eles.
Porque
Olódúmarè não se ocupava mais da terra.
Se
isso continuasse a destruição seria inevitável;
era
iminente.
Somente
se pudessem fazer a oferenda,
Olódúmarè
teria sempre misericórdia deles.
Ele
se lembraria desles e zelaria pelo mundo.
Foi
assim que prepararam a oferenda.
Eles
colocaram:
uma
cabra,
uma
ovelha,
um
cachorro e uma galinha,
um
pombo,
uma
preá,
um
peixe,
um
ser humano, e
um
touro selvagem,
um
pássaro da floresta,
um
pássaro da savana,
um
animal doméstico.
Todas
as oferendas,
e
ainda dezeseis pequenas quartinhas cheias de azeite de dendê
que
eles juntaram nesse dia.
E
ovos de galinha, e
dezesseis
pedaços de pano branco puro.
Prepararam
as oferendas apropriadas usando folhas de Ifá,
que
toda oferenda deve conter.
Fizeram
um grande carrego com todas as coisas.
Disseram
então, que o próprio Èjì-Ogbè deveria levar essa oferenda
a Olódúmarè.
Ele
levou a oferenda até as portas do Orun (ọ̀run)
mas
não lhe foram abertas.
Èjì-Ogbè
voltou à terra.
No
segundo dia ọ̀yẹ̀kú-méjì a carregou,
ele
voltou.
Não
lhe abriram as portas.
Ìròsùn
méjì
ọ̀wọ́rín
méjì
ọ̀bàrà
méjì
ọ̀kànràn
méjì
ọ̀sá
Méjì
iká
méjì
òtùrùpọ́n
méjì
Otùwá
méjì
ìrẹ̀tẹ̀
méjì
ọ̀ṣẹ́
méjì
òfún
méjì
Mas
não puderam passar,
Olódúmarè
não abria as portas.
Assim
decidiram que o décimo sétimo entre eles
deveria
ir e experimentar seu poder,
antes
que tivessem que reconhecer que não tinham mais nenhum poder,
Parte
10
Foi
assim que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) foi visitar certos babaláwo,
para
que eles consultassem o oráculo para ele.
Esses
Babaláwo traziam nomes de
vendedor-de-aceite-de-dendê
e
comprador de azeite-de-dendê.
Ambos
esfregaram seus dedos com pedaços de cabaça.
Jogaram
Ifá para Akin Oxo (Akin Oṣò ) o filho de Eninarè
(aquela-que-foi -colocada-na-senda-do-bem, referindo-se a Oxun
(Ọ̀ṣun))
Disseram
que deveria fazer uma oferenda;
disseram,
quando ele acabasse de fazer a oferenda,
disseram,
ali, ele seria coberto de honras;
disseram,
sucederá que
a
posição que ele alcançasse,
disseram,
essa posição seria para sempre
e
não desapareceria jamais.
Disseram,
as honras que ali receberia,
disseram,
o respeito, seriam intermináveis.
Disseram:
“Você verá uma anciã no seu caminho”,
disseram,
“faça-lhe o bem”.
Assim
quando Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) acabou de preparar a
oferenda, seis pombos
seis
galinhas com seis centavos e
quando
estava em seu caminho,
ele
encontrou uma anciã.
Ele
carregava a oferenda no caminho que levaria a Exu (èṣù)
quando
encontrou essa anciã na sua rota.
Essa
anciã era da época em que a existência se originou.
Disse:
"Akin Oxo (Akin Oṣò )!
à
casa de quem vai você hoje?"
Disse:
"eu ouvi rumores a respeito de todos vocês
na
casa de Ọlọfin que
os
dezesseis Odú mais idosos levaram uma oferenda
ao
poderoso Orun (ọ̀run)
sem sucesso".
Disse:
"assim seja".
Disse:
"é sua vez hoje?"
Disse:
"é minha vez".
Disse:
"tomou alimentos hoje?"
Respondeu
ele: "eu tomei alimentos".
Disse
ela: "quando você chegar a seu sítio,
diga-lhes
que você não irá hoje".
Disse
ela: "esses seis centavos que você me deu",
Disse,
há três dias não tinha dinheiro
para
comprar comida.
Disse:
"diga-lhes que você não irá hoje".
Disse:
"quando chegar amanhã, você não deve comer,
você
não deve beber antes de chegar ali".
Disse:
"você deve levar a oferenda".
Disse:
"todos esses que ali foram, comeram
da
comida da terra,
essa
é a razão por que Olódúmarè não lhes abriu a porta!"
Quando
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) voltou à casa de Oba Ajàlàiyé,
todos
os Odú IFÁ estavam reunidos iá.
Disseram:
"você deve estar pronto agora,
é
sua vez hoje de levar a oferenda ao Orun (ọ̀run),
talvez
a porta seja aberta para você!"
Disse
ele que estaria pronto no dia seguinte,
porque
não tinha sido avisado na véspera.
Parte
11
Quando
chegou o dia seguinte, Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) foi encontrar Exu
(èṣù),
e
lhe perguntou o que deveria fazer.
Exu
(èṣù) respondeu: "Como!
Jamais
pensei que você viria me avisar
antes
de partir".
Disse
ele: isso vai acabar:
hoje
eles lhe abrirão a porta!"
Perguntou
ele:
"Tomou
algum alimento?"
Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá) lhe respondeu que uma anciã lhe tinha dito na
véspera; que ele não devia comer- absolutamente nada.
Então
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) e Exu (èṣù) puseram-se a caminho.
Partiram
em direção aos portões do Orun.
Quando
chegaram lá,
as
portas já se encontravam abertas;
encontraram
as portas abertas. Quando levaram a oferenda a Olódumarè e Ele
(Olódumarè) a examinou,
Olódumarè
disse: "Haaa!
Você
viu qual foi o último dia que choveu na terra?!
Eu
me pergunto se o mundo não foi completamente destruido.
Que
pode ser encontrado lá?"
Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá) não podia nem abrir a boca para dizer qualquer
coisa.
Olódùmarè
lhe deu alguns "feixes" de chuva.
Reuniu,
como outrora, as coisas de valor do Orun (ọ̀run),
todas
as coisas necessárias para a sobrevivência do mundo, e deu-lhas.
Disse
que ele, Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá), deveria retornar.
Quando
deixaram a morada de Olódùmarè,
eis
que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) perdeu um dos "feixes" de
chuva.
Então
a chuva começou a cair sobre a terra.
Choveu,
choveu, choveu, choveu, choveu...
Quando
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) voltou ao mundo,
em
primeiro lugar foi ver Quiabo.
Ele
encontrou Quiabo.
Quiabo
tinha produzido vinte sementes.
Quiabo
que não tinha nem duas folhas,
um
outro não tinha mesmo nenhuma folha em seus ramos.
Voltou-se
em direção à casa do Quiabo escarlate,
Ilá
Iròkò tinha produzido trinta sementes.
Quando
chegou à casa de Yáyáá,
esse
havia produzido cinqüenta sementes.
Foi
então até à casa da palmeira de folhas exuberantes,
que
se encontrava na margem do rio Awónrín Mogún.
A
palmeira tinha dado nascimento a dezesseis rebentos.
Depois
que a palmeira deu nascimento a dezesseis rebentos, ele voltou
à
casa de Oba Ãjàlàiyé,
Axé
(àṣẹ) se expandia e se estendia sobre a terra.
Sêmen
convertia-se em filhos,
homens
em seu leito de sofrimento se levantavam,
e
todo o mundo tornou-se aprazível,
tornou-se
poderoso.
As
novas colheitas eram trazidas dos plantios.' O inhame brotava, o
milho amadurecia, a chuva continuava a cair,
todos
os rios transbordavam, todo mundo era feliz.
Quando
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) chegou, carregaram-no para montar num
cavalo, estavam mesmo a ponto de levantar o cavalo do chão
para
mostrar até que ponto as pessoas estavam ricas e felizes.
Estavam
de tal forma contentes com ele,
que
o cobriram de presentes,
os
que estavam à sua direita,
os
que estavam à sua esquerda.
Começaram
a saudar Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá):
"você
é o único que conseguiu levar a oferenda ao Orun (ọ̀run),
a
oferenda que você levou ao outro mundo era poderosa!
Sem
hesitação, rápido, aceite meu dinheiro
e
ajude-me a transportar minha oferenda ao Orun (ọ̀run)!
Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá)! Aceite rápido!
Oxétua
(Ọ̀ṣẹ́tùwá), aceite minha oferenda!"
Todos
os presentes que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) recebeu,
os
deu todos a Exu Òdàrà.
Quando
os deu a Exu (èṣù),
Exu
(èṣù) disse:
"Como!"
Há
tanto tempo ele entregava os sacrifícios, e
não
houve ninguém para retribuir-lhe a gentileza.
"Você
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá)!
Todos
os sacrifícios que eles fizerem sobre a terra,
se
não os entregarem primeiro a você,
para
que você os possa trazer a mim,
farei
que as oferendas não sejam mais aceitáveis".
Eis
a razão pela qual
sempre
que os Babaláwo fazem sacrifícios,
qualquer
que seja o Odú Ifá que apareça e qualquer que seja a questão,
devem
invocar Oxetua para que envie as oferendas a Exu.
Porque
é só de sua mão que Exu (èṣù)
aceitará
as oferendas
para
levá-las ao òde òrun.
Porque
quando Exu (èṣù) mesmo
recebia
os sacrifícios das pessoas da terra
e
os entregava no lugar onde as oferendas são aceitas,
eles
não demonstravam nenhum reconhecimento pelo que ele fazia por todos,
até
o dia em que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) teve de carregar o
sacrifício,
e
Exu (èṣù) foi abrir o caminho apropriado para o òrun,
para
alcançar a morada de Olódùmarè,
quando
se abriram as portas para ele.
A
qualidade de
gentileza que Exu (èṣù) recebeu de Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá)
era
realmente muito valiosa para ele Exu (èṣù).
Então
ele e Oxetua decidiram combinar um acordo pelo qual
todas
as oferendas que deveriam ser feitas
deveriam
ser-lhe enviadas por intermédio de Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá).
Foi
assim que Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá) se converteu rio entregador de
oferendas para Exu (èṣù).
Exu
òdàrà, foi assim que ele se converteu em
O-portador-de-oferendas-pera-Olódúmarè-no-poderoso-òrun.
É
assim como este Odú Ifá explica, a respeito de Exu (èṣù) e
Oxétua (Ọ̀ṣẹ́tùwá)
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