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quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Cuidados que devemos ter em relação a Santeria

Cuidados que devemos ter em relação a Santeria


De nosso lado, nós aqui no Brasil temos um comportamento que não podemos repetir com os cubanos. Vou falar de Candomblé porque é o que conheço, mas, o mesmo se aplica aos demais cultos de orixá.

No candomblé o sacerdote de uma nação acaba conhecendo outras nações. Muitos conseguem ser multiespecialistas, porque no fundo a base comum é muito grande. Temos uma grande complexidade no candomblé, são 3 etnias, 2 religiões, 2 cultos e muitas nações diferentes. Apesar desta variedade, temos no candomblé muito sincretismo interno e as pessoas, com as devidas restrições, acabam aprendendo o seu e um pouco dos outros.

Em função disso, nossa longa história de convivência nos permitiu compartilhar algum conhecimento comum e dessa forma muitas pessoas entendem a diversidade do candomblé, sabem comentar um pouco sobre os outros e alguns até mesmo tem bastante conhecimento. Com isso nos acostumamos a tratar o candomblé como um todo e comentar sobre isso, apesar de o candomblé ser uma grande heterogeneidade.

Esse conhecimento cruzado trouxe um efeito negativo que foi o das pessoas acharem que todo o candomblé seja uma coisa só e facilmente integrável e intercambiável, gerando assim problemas litúrgicos e outras confusões teológicas, mas isso é algo com o qual já lidamos ha bastante tempo.

O mesmo comportamento não pode ser repetido para a santeria. Santeria não é candomblé, não tem nada a ver. Não podemos tratá-los como parte do nosso todo e achar que entendemos eles e que eles nos entendem. Nós não os entendemos e eles não nos entendem.

Não podemos tratá-los como se fossem iguais, como mais uma nação e estender o conhecimento que temos para eles buscando apenas as diferenças. Esse comportamento serve, com restrições, apenas para o candomblé mas não serve para a santeria. Nada do que sabemos ou fazemos serve para eles.

As pessoas de Umbanda tendem a se impressionarem com o Candomblé e demais cultos de Orixá. A Umbanda é uma grande prática com pouca teoria. Os cultos de orixá tem uma grande teoria e uma prática infinitamente menor, mas, as pessoas de apaixonam pelo conhecimento que não tem. Muitas, anos mais tarde, vão descobrir que perderam tempo saindo da Umbanda ou do Catimbó e indo para o Candomblé, por exemplo,

O mesmo fenômeno pode ocorrer com pessoas da Santeria. São cubanos e brasileiros bobos que saem agressivamente se promovendo e falando isso e aquilo de odu e dizendo nomes que as pessoas não conhecem. Pessoas menos preparadas se impressionam, mas esse farol todo é apenas lixo.

Dito esse monte de coisas que coloquei aqui e nos 2 textos anteriores, surge em fim a primeira questão.

Eu não tenho dúvida que os cubanos e brasileiros santerizados não sabem nada de candomblé, isso é claro para mim. Uns porque nunca souberam os outros porque já se confundiram com o pouco que sabiam.

Será que eles se preocupam em deixar isso claro quando lidam em suas consultas com pessoas que sejam do Candomblé ou de outro culto de orixá?

Eles deixam claro que não fazem parte do candomblé? Que não são iguais ao candomblé? Que não entendem de candomblé?

Será que eles deixam esta grande diferença de lado e se comportam, junto aos iniciados que o procuram, ou mesmo aos curiosos, como se fossem parte do mesmo conjunto?

Percebem o problema?

Uma coisa é como eles se comportam no atendimento a pessoas comuns, que nunca passaram por nada. Este é um caso simples. Mas e se a pessoa é de um culto de orixá, praticante?

Qualquer um pode ir a Ifá. Ifá está aberto a todas a pessoas. Um Iyawo, Egbon ou Ogan ir a Ifá não significa que ele esteja insatisfeito com sua casa e seu culto, apenas diz que essa pessoa quer consultar com um outro tipo de oráculo ou quer uma consulta com uma pessoa que não o conheça.

Essa pessoa não deve ir a Ifá para tratar coisas de orixá e mesmo que fosse, caberia ao Bàbáláwo se posicionar de forma a não entrar nesta área. Se a pessoa, então, vai para tratar de assunto de sua vida, não cabe a Bàbáláwo inserir a questão de Orixá no assunto, não é ético ou correto.

Ele não deve comentar, ensinar ou criticar.

Este procedimento deve ser adotado por qualquer Bàbáláwo, seja ele cubano, cubanizado ou brasileiro ligado ao nosso culto de orixá. Isso é chamado de ética. Se o Bàbáláwo conhece apenas a santeria o assunto deve ser proibido, porque essa pessoa nada tem a adicionar.

Ifá tem enorme contribuição à vida das pessoas. Um bom ifá será sempre um esplêndido instrumento de deus, Olodumare, para nos ajudar na nossa vida. O Bàbáláwo tem muito o que se preocupar e deve deixar Orixá para o culto de Orixá.

Se a pessoa entra em Ifá para ser Bàbáláwo mas carrega uma frustração de não ser Babalorixá, isso é muito ruim. A pessoa tem que saber o que ela é e o que ela não é. Se ela não sabe quem é como vão ajudar a outros.






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