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domingo, julho 28, 2013

As cerimonias de Nascimento Yorùbá Parte 2 de 3 A cerimonia de nome

As cerimonias de Nascimento Yorùbá

Parte 2 de 3

A cerimonia de nome

Introdução

Algumas pessoas, tipicamente acadêmicos, me questionam as vezes sobre as fontes que uso para os textos que escrevo. Eu entendo que muitos deles estudam alguma coisa lendo livros de outros. Muitos são compiladores e pouquíssimos, como Verger por exemplo fazem qualquer pesquisa de campo ou vivenciam qualquer coisa sobre a qual escrevem. Eu acho que tem um tal princípio que não podem, ou não devem, se envolver com o pesquisado.
Em religião isso é muito curioso porque não estamos tratando de ciência e sim de fé e também do supernatural. Além disso estamos tratando das mesmas coisas repetidas por diversos, enfim, é o mesmo assunto. Mas, eu tenho sempre o cuidado de citar autores quando faço transcrições literais. Faço isso porque não acho nada mais brilhante a dizer do que aquela pessoa já disse. Na maior parte das vezes o que escrevo vem de mim mesmo influenciado pelas “N” coisas que leio.
Sou cuidadoso com fontes. É muito fácil inventar coisas nesta religião.
A cerimônia a seguir foi descrita por Ayo Salami. Não encontrei esta descrição em nenhum outro lugar.

Cerimonia de Nome

A cerimônia de nome é um evento basicamente social. É a apresentação para a sociedade da criança que nasceu. A família apresentará a criança e seus nomes. Uma criança Yorùbá pode ter até 3 nomes. O nome de deus, o nome do oráculo e o seu nome civil.
O nome de deus é dado em função de situações ligados ao nascimento. É muito aplicável quando se trata de crianças que nasceram em condições não normais, com dificuldades no nascimento, etc. Imagino que os Yorùbá sempre tenham uma boa frase que se comprime em um nome para caracterizar ao nascimento de qualquer criança.
O segundo nome é escolhido pelo Bàbáláwo através do Odù que foi riscado. É uma questão muito subjetiva. O Bàbáláwo supõe alguma coisa e submete a Ifá. O terceiro nome é o nome civil.
É uma cerimônia bem simples. A parte litúrgica envolve alimentar a boca da criança com uma série de alimentos importantes. Este é o ritual importante. Para as pessoas convidadas será oferecida uma refeição baseada em uma comida votiva.
A questão da data e cerimônia é bastante confusa nas referências. Quando eu vejo essas referências sempre levo em consideração que quem escreve pode não saber de fato tudo sobre o que escreve ou não quer dizer. Eu vou dizer aqui o que considero ser o razoável.
A cerimônia para determinar o Odù, chamada de Ikoxéwaiye ou Éxéntaye ou Ikoxedaye deve ser feita entre o terceiro e o oitavo dia após o nascimento. Após esta cerimônia até um período de até 3 meses após o nascimento deve ser feita a cerimônia de nome e a de Imori. A cerimônia de Imori pode ser feita junta com a primeira cerimônia.
A cerimônia de nome assume maior importância para os meninos do que para as meninas. O primeiro motivo é que o menino não troca de nome. A menina vai trocar de nome quando se casar. Além disso a menina deixa a casa dos pais e vai viver com a família do noivo, as pessoas entendem que as meninas deixam a família e se transferem para outra família, por esta razão tudo para os meninos tem mais importância, ele permanece na família.
Esta cerimônia, socialmente falando, mostra para a comunidade que a linhagem da família se preserva através do nascimento de uma nova criança, um presente de Olodumare.
O segundo simbolismo é a alimentação da boca. Eles entendem que após saciada a boca rezará pelo bem de quem a alimentou. Dessa maneira a primeira coisa que fazemos é alimentar a boca da criança.
Em relação a ser feito alimento para ser oferecido à comunidade isto tem relação com Oxun, que segundo Ayo Salami, no Odù Oxéotuwa, criou a ideia de cozinhar para visitantes no dia do nome. Isto foi na cerimônia de nome do filho de Oxun, Oxéotuwa. Ela se ofereceu para cozinhar para todos os Orixá como um sinal de boas vindas para eles, buscando assim a bênçãos deles para o seu filho. Mais uma vez, se você alimenta uma pessoa esta pessoa depois de saciada irá agradecê-lo por isso. Deve ser feita uma comida votiva, uma comida de Oxun.
A Cerimônia de nome é uma cerimônia pública e social. Os seguintes elementos devem ser reunidos:
  • Mel
  • Sal
  • Pimenta da costa (atare)
  • Azeite (dende ou oliva)
  • Agua
  • Dinheiro
  • Doces
  • Obì
  • Gin
  • Orogbo
De cada elemento deste deve ser reunido apenas uma pequena quantidade. Todos esses materiais devem ser colocados em um prato ou bandeja e cobertos. Serão colocados na frente do moderador ou sacerdote.
A agenda é a seguinte:
  • Iwure Ibere (preces de abertura)
  • Prece para cada elemento sendo colocado na boca da criança
  • A explicação do Odù da cerimônia Ikoxéwaye com o nome escolhido nessa cerimônia.
  • O nome civil da criança
  • As preces de conclusão
  • A festa
A cerimônia inicia com o moderador explicando a todos os presentes o motivo deles estarem ali, como toda a liturgia Yorùbá inicia. Logo a seguir ele fará as preces de abertura e poderá cantar versos de Ifá que tenham a finalidade de abençoar e proteger a criança.
Cada um dos alimentos que estão no prato será então colocado na boca da criança, junto com uma reza específica para cada um deles, no tradicional estilo Yorùbá que também temos no Candomblé.
Esta colocação de alimentos na boca da criança é simbólica. Uma pequena porção do alimente deve ser colocada na boca da criança, não é necessário que ela coma ou engula.
A cerimônia segue conforme a agenda estabelecida e se conclui com a confraternização de todos com a comida servida.


A SEGUIR A CERIMONIA DE IMORI

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