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sexta-feira, agosto 24, 2012

Quando a vaidade cega a fé

Quando a vaidade cega a fé


Existem alguns assuntos chatos de serem tratados. Este é um desses. Este tema é dirigido aquelas pessoas que se chatearam com o Candomblé, que querem se aproximar ou que se afastaram.

Neste texto, vou incluir Ifá nisso também.


Eu digo a essas pessoas. O orixá é muito maior do que tudo isso.

Esta religião é incrível. Digo isso não com emoção mas com razão. Sou uma pessoa que se interessa por religião e já conheci ou vivi algumas delas. Estou nesta por opção e não por falta de opção.

Poucas religiões oferecem uma teogonia rica e também uma filosofia de vida tão satisfatória. A riqueza da teogonia é uma coisa que atrai as pessoas, porque as impressiona, mas elas deveriam se preocupar com a filosofia.

Vou então fazer alguns comentário preciosos.

Vejam, muitos babalorixás são pessoas escolhidas por Orixá. Pessoas com vocação para a coisa, para lidar com pessoas e com a fé. Não falo aqui em erudição, esqueça isso, estou falando na capacidade humana de lidar com a diferença e com seres humanos. isso significa, paciência, tolerância e uma enorme atitude positiva. Poucos tem isso e muito poucos são os escolhidos.

Ser um sacerdote, de qualquer religião, não é uma coisa ligada a conhecimento. É ligada a vocação pessoal e designação divina. O Divino escolhe seus reais representantes. O escolhido terá que desenvolver o conhecimento sobre a religião, seus valores e sua moral. Mas, também é mais importante a capacidade de lidar com pessoas para transmitir isso.

Muita gente se declara Babalorixá ou Iyalorixá sem ter recebido isso do seu Orixá. Sim, entendam isso, o cargo de Babalorixá e Iyalorixá nesta religião, o chamado oye, é uma coisa que se recebe do divino, do Orixá. Não é uma coisa que que cada pessoa decida ter. Assim, aos montes, às centenas, pessoas se declararam como tendo um cargo que nunca receberam. Eles, apenas, foram atrás de quem os desse ou, igualmente pior,  simplesmente se declaram como tal, sem nenhuma base.

Esses são os piores enganadores. Porque não tem a capacidade de serem o que se declaram. Talvez, hoje em dia sejam a maioria.

O que estou dizendo é bem sério e vou dar informações complementares para que cada um entenda com quem se envolve.

A pessoa entra na religião como uma pessoa comum. Passa a frequentar uma casa e participar de eventos públicos. Com o passar do tempo ela se aproxima da casa e faz as primeiras liturgias de iniciação, se transformando em um Abian, um simpatizante e crente. As pessoas podem, ou melhor, deveriam se manter assim por muito tempo (anos). Na minha visão 90% das pessoas poderiam ser Abian em uma casa por toda a sua vida.

O estágio seguinte é ser um iniciado, um feito, um Iyawo. Este é um passo muito sério e muito importante e que muda a vida da pessoa. Não representa um aprofundamento da relação da pessoas com a religião, representa, apenas, um aprofundamento da relação da pessoa com a casa que ela frequenta, porque assume responsabilidades e se sujeita a uma rígida estrutura hierárquica.

Um Iyawo NÃO é uma pessoa mais devota ou crente à sua religião do que um Abian. É somente uma pessoa que escolheu um caminho específico para sua vida.

O processo de iniciação não é um processo simples. Ele leva 7 anos no mínimo para ser concluído. O motivo disso é que ele apenas se encerra quando se cumpre um ciclo de obrigações que complementam a iniciação.

A Feitura é a primeira obrigação. Depois disso existe a obrigação de 1 ano, depois a de 3 anos e por fim a de 7 anos. Com essas 4 obrigações se completa o ciclo de feitura do iniciado (outras obrigações são eletivas e não obrigatórias). Durante esse tempo o Iyawo será uma pessoa de baixa hierarquia em uma casa de Orixá. Ele terá acesso gradativo ao conhecimento (bem gradativo) e terá muito pouca participação em liturgias. Um Iyawo é apenas um Abian que esta em processo de formação.

Mas o processo nem sempre se conclui em 7 anos. Aliás, nunca poderá ser concluído com menos de 7 anos. Devido a questões de calendário da casa, disponibilidade da pessoa em tempo e recursos financeiros, este ciclo de iniciação pode ser arrastar por muito mais anos. Mas, como eu disse, JAMAIS vai durar menos do que 7 anos.

Depois da última obrigação a pessoa troca de status na casa e passa a ser um Egbon, palavra Yoruba que significa um "mais velho". Só depois de ter alcançado este status é que a pessoa passará a ter acesso a conhecimento mais profundo da função sacerdotal. Isso se e somente se o Balaorixá ou Iyalorixá da casa se dispuser a ensiná-lo. De fato a formação de um sacerdote começa quando esta pessoa conclui o seu ciclo de iniciação com a obrigação de 7 anos, mas não tem data para ser concluída.

Muito mais do que teoria o Candomblé é feito de prática. Assim a pessoa vai levar muitos anos para poder aprender com a pratica de casos reais.

Durante todo o tempo em que a pessoa é um Iyawo o Babalorixá da casa poderá perceber se o Iyawo terá ou não o Oye de Babalorixá dado pelo seu Orixá. Isso é um conjunto de observações que vão da vontade da pessoa, da sua aptidão para aprender e lidar com pessoas a finalmente a disposição do seu Orixá em que ele possa ser um sacerdote.

Observe que o Oye é importante porque designa que a pessoa poderá ter poderes (axé) para ter uma casa só para si. A maioria esmagadora das pessoas chega a condição de Egbon sem receber isso. Contudo isso não é uma problema, essa pessoa vai ganhar um cargo na casa em que esta e seguirá a sua religião da mesma forma.

Porque religião é muito mais do que cargos. Religião é feita para tornar você uma pessoa melhor.

Uma casa grande é uma casa forte.

Observe que durante todo o ciclo de iniciação a pessoa esta ligada a casa e a pessoa que o iniciou. Este é um vínculo muito forte e não existe nesta religião a opção da pessoa simplesmente sair de uma casa para e ir para outra durante este ciclo. A pessoa pode se movimentar entre casas enquanto é Abian e depois que é Egbon. Durante o ciclo de iniciação a pessoa esta ligada a casa e não deve mudar isso. 

Cada pessoa deve pensar muito bem antes de iniciar uma feitura. NÃO pode existir o caso da pessoa que vai a um jogo de búzios e sai dali com iniciação marcada. Menos de 6 meses depois a pessoas já esta passando por um feitura!!  Isso é o primeiro erro capital que se comete, um erro para a vida toda.

NÃO existe isso na religião. Ninguém sai de uma mesa de jogo para uma iniciação. 

Existem exceções, mas, uma iniciação é um processo de opção. Você vai escolher aquele caminho e também vai escolher a pessoa que irá iniciá-lo e a casa em que vai frequentar.

Você pode passar por muitas mesas de jogo antes de decidir fazer alguma coisa. Pode inclusive frequentar muitas casa durante muitos meses antes de tomar qualquer decisão. Anos e anos podem se passar antes de você decidir isso. Possivelmente você poderá tocar a sua vida como Abian passando apenas com Boris.

Se iniciar é uma decisão que deve partir de: entender o que isso significa para sua vida no sentido de o que aquilo vai adicionar em sua vida - Isto é o mais importante; quanto tempo vai ser envolver;  com quem esta se envolvendo.

Lembre-se de que, a questão de, com quem, é mais abrangente. Você deve avaliar a pessoa que o iniciará como também as demais pessoas da casa onde se iniciará. Você deve procurar um meio onde se sinta confortável.

O processo de iniciação é um processo longo e caro hoje em dia.

Explicado como é o processo de iniciação, podemos começar a entender a questão da vaidade nas casas.

A primeira questão, e mais simples de entender, é que existem por ai, aos milhares, pessoas que não tem o direito de serem Babalorixá e Iyalorixá. Sim, pessoas que não receberam esse direito e que se auto-declararam Babalorixá. A Vaidade delas é mais forte do que razão. Essas pessoas, quando percebem que não vão receber naquela casa ou daquela pessoa esse Oye e não vão ter espaço para aprender a sê-lo, elas simplesmente saem da casa, pulando de casa em casa até achar alguém de este Oye para ela. Normalmente isso será uma troca financeira.

Existe também uma prática de trocar de casas e até mesmo de nação.... durante o período de iniciação com o objetivo de esconder iniciações não feitas. A pessoa passa por tanto lugar que você perde a origem dela. 

Mas a vaidade não tem limite e um dos casos mais comuns e pior é o de Pai de Santo de Umbanda que se acha o tal, e que decide que também vai ser de Candomblé. Mas veja, essa pessoas tem uma casa, é dirigente da sua casa, de Umbanda claro. Alguém acha que essa pessoa vai virar Iyawo e ficar 7 anos submetido a uma função de baixa hierarquia? Jamais.

Essas pessoas fazem apenas feitura e a obrigação de 1 ano, e somem da casa, se dizendo Babalorixá. Muitos nem se submetem  isso, apenas inventam que fizeram isso. Vão a uma casa em outra cidade ou estado, dão um Bori e voltam dizendo que foram feitas. Outras se dizem filhos de um Babalorixá que já morreu.

A maioria das pessoas que troca de casa, que dá obrigação e outro estado, que troca de tradição religiosa (ou nação para muitos) é para esconder sua origem. Existem sim casos de pessoas que tem que deixar sua origem (mais do que deveria existir), contudo, mudar sua trilha, dando cada obrigação com  uma pessoa diferente, inventando que brigou ou que o iniciador morreu ou se mudou é a forma mais comum de apagar uma história errada.

Também tem gente que toma a obrigação de 7 anos e abre uma casa. Veja, não dá para ser Babalorixá com 7 anos de feito. Você vai precisar de mais 7 para poder aprender a ser um.

A Vaidade faz essas pessoas passarem por princípios e sobre a ética para atingirem o status que querem.

Contudo, mesmo 
no grupo que recebeu isso por merecimento e direito temos o mesmo grave problema de vaidade.

Muitas delas são pessoas simples, mas que, quando chegam a essa posição passam a ter uma atenção ou um status que não tiveram antes. São bajuladas e se sentem muito importantes. Normalmente são mesmo, para aquelas pessoas que as querem bem.

Mas isto, a vaidade, as transforma. A reverencia e o tratamento que recebem na sua casa as fazem se sentir especiais. Dentro da casa delas, em uma função de candomblé elas são como reis ou como o próprio Orixá em terra - mas não são nada disso.

Cada vez mais essa vida de "glamour" as atrai e elas buscam então ficarem somente dedicadas para esta atividade, afinal, ali elas são tratadas como divindades e fora dos seus muros são pessoas comuns.

Depois elas começam a frequentar e convidar outras "divindades", claro! Ela trata um outro, como ela, de forma sublime e será também tratada por este como um superior. Assim  cria-se um circulo vicioso. Você tem que convidar e bajular para ser convidado e ser bajulado.

Tem que dar festas para ser convidado para festas!

Uma pessoa comum passa então a ser um Rei. Pior, gente, ele acredita mesmo nisso.

Imagine pessoas que são discriminadas na sociedade por opções sexuais normais ou mesmo esdrúxulas, por condição social e mesmo por falta de formação, dentro dos seus  muros e nos muros dos amigos, claro,  eles viram autoridades, com gente botando a cabeça no chão para eles.

Coloque neste contexto qualquer minoria ou maioria social, da no mesmo. Se, e somente se, o seu caráter não for muito superior ele irá se perder.

E o orixá? e a RELIGIÃO?  -   esqueça!

A satisfação pessoal e o glamour se tornam maiores. Mas, ela tem que ser mais importante, saber mais e falar mais complicado. Passam a inventar coisas.

A vida com Orixá não tem glamour. É de fato uma repetição. Os mesmos problemas com pessoas diferentes. Dar obrigação, fazer ebó, jogar, fazer orixá, etc...  Será sempre isso, mas, não tem o que inventar. Esse é o objetivo, ajudar pessoas. O novo são as pessoas que se ajuda.

É muito duro ser um babalorixá. Não justifica a popularidade que isso tem. É popular porque as pessoas estão erradas no que fazem!


Tomem cuidado também com as pessoas despreparadas. 

São pessoas que nunca receberam o cargo e nunca se prepararam para isso. Elas decidiram, vou ser Babalorixá (ou Iyalorixa, lembrem...). Essas pessoas nunca aprenderam como deveriam e o que deveriam.  Nunca ficaram em uma casa de candomblé para aprenderem o suficiente. Nunca receberam os necessário fundamentos e obrigações.

São pessoas estranhas à religião.

Quando uma pessoa se diz Babalorixá e continua tocando para Umbanda, dá consulta com guia de Umbanda, recebe Exu e Pombo-gira, é porque não entendeu a religião que ele entrou. Ele não entendeu o que é Orixá ou nunca soube.

Uma pessoa de Candomblé de verdade não busca a Umbanda para resolver seus problemas pessoais ou financeiros, ela resolve isso com seu Orixá e Exu.


Também temos o caso das pessoa que transformam ou criam desde o início uma casa de comércio religioso. O candomblé é feito de obrigações e ebós, tudo cobrado,  quanto mais filhos de santo mais dinheiro se ganha.

Além disso existem os "crientes".

Quando o filho de santo - FDS - vira cliente, a coisa acabou. Jamais podem ser nivelados.

Uma casa de orixá não pode tratar FDS como se fosse cliente. Se você encontra ou esta em uma casa assim, esta perdendo o seu tempo.

Claro que as coisas dão trabalho no Candomblé e claro que muitas vezes uma comunidade resolve manter o seu Babalorixá, mas, existe uma diferença entre isso e uma pessoa que não tinha profissão e qualificação e resolveu ganhar a vida como Babalorixá.

A pessoa que faz isso como profissão, vai sempre querer um carro novo, uma viagem nova, uma roupa nova, etc...


O ultimo caso relevante das pessoas que perdem a Fé (ou nunca tiveram) são aquelas que se "cansam" de cuidar de Orixá e ai começam a inventar. Querem cuidar de egun, de Ajé, de cigano, de tarot, de kabalah, e sei lá mais do que.

Essas pessoas apenas PERDERAM a sua fé.

QUEM TEM FÉ EM ORIXÁ NÃO PRECISA DE MAIS NADA.


E Ifá mudou isso??

Não piorou.

Esqueça designação divina, esqueça uma longa preparação, a pessoa entre e em 7 dias vira awofakan, mais um tempo, um monte de dinheiro e mais 7 dias vira Babalawo e ai, acha que é deus em terra.

Os neo-babalawo, imberbes, são a praga da religião. Não sabem nada em um dia, no outro são babalawo, decoram tratados, fazem turismo na África e viram especialistas em tudo, estão ai dispostos a ensinar a religião a todos e afirmam que Orixá nasce em um Odu e basta ele riscar e rezar um Odù que aquele Orixá já estará ali, do lado dele resolvendo tudo o que ele quer.

Olha, entendo perfeitamente o que essas pessoas dizem, mas, fui de Candomblé, eu vi como Orixá nasce de verdade, eu vi Orixá, só quem tocou, abraçou e sentiu o calor e candura  de um Orixá, junto com sua expressão e energia sabe o que é um Orixá.

Riscar um Odù e rezar para ele aparecer? Mais me parece aqueles filmes de invocação de demônios, se tudo fosse assim tão simples seria fácil, sem dúvida o Ifá cubano é igual a Umbanda, teve uma Iyalorixá que conviveu muito com cubanos me falava isso, aquele tambor deles era uma Umbanda, e da mesma forma os cubanos fazem aqueles pontos no chão, bandeiras, circulos coloridos para invocar Orixá, igual a Umbanda mesmo.

Mas como podem neófitos na religião receberem da mão de um homem, com a maior facilidade, sem nenhuma confirmação divina que não seja aquela própria pessoa que da´e cobra por isso (nada é de graça), se sentir como se fosse " o escolhido" e sair por ai dando aula e explicações como um especialista em tudo sem nunca ter sabido nada. A pessoa nunca teve nenhum reconhecimento, ganha um cargo e já se considera superior?

A vaidade cega a fé.

A vaidade leva a pessoa a aceitar cegamente coisas que se ela parasse um momento para refletir, ela própria entenderia que não poderiam ser. a vaidade de quem recebe e a vaidade de quem faz.

Títulos comprados, obrigações compradas, alakas vistosos, filás brilhantes, elekés gigantes não o fazem uma pessoa melhor. 

O que o faz uma pessoa melhor é a referência de pessoas que te consideram, pessoas que você mudou a vida.

Mas ao invés de fé o que essas pessoas procuram é atender sua vaidade, a vaidade de ser grande, a vaidade de ser importante e a vaidade de se impor.

 

23 comentários:

  1. Olá Marcos, nos dias atuais em sua grande maioria as casas de Candomblé estão assim mesmo, mais pelo Status do que pela Fé, sou filho desse, neto daquele e por ai vai. Espero que as pessoas possam refletir à respeito do assunto, e não se esqueçam. "A ganância e o medo da perda são as raízes que sustentam a arvore do mal".

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  2. Só para complementar existe um fato curioso à respeito, as casas estão ficando sem pessoas para ajudar na realização dos trabalhos internos, claro que são aquelas que se dispuseram a tratar seus filhos como clientes, ou seja, se não tem nenhum vinculo fraternal para que saber se tudo esta bem, para que fazer aquela visita de final de semana, para que colaborar com o que quer que seja. Um abraço e felicidades.

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  3. Só para complementar existe um fato importante que esta acontecendo, é que a maioria das casas de candomblé estão ficando sem pessoas para ajudar nos trabalhos internos, claro que são aquelas que se dispuseram a tratar seus filhos como clientes, pois se não tem nenhum vinculo fraternal para que saber se tudo esta bem, ou quem sabe aquela visita do final de semana que quase sempre se transforma em aprendizado. Quando precisar faço ebó pago e tudo certo. Um abraço e felicidades.

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    1. Marcio,

      sim, de fato. A grande diferença da abordagem Ilê do Candomblé versus a abordagem do lukumi por exemplo é a da comunidade. Quando o dirigente transforma a sua relação em uma relação comercial o vinculo se perde. Pode demorar um pouco, mas, com o tempo as pessoas que não são mais bobas percebem isso e, se elas estão pagando, então não tem que dar nada. Quando for o ebó dela, o jogo dela ou a obrigação dela ela vai pagar como qualquer um e receber como cliente.
      Não importa se ela paga mais ou menos. Como ela paga quer se tratada como tal.
      O vinculo da comunidade é com a troca, cada um se esforça e sacrifica pelo outro. Se o dirigente não faz parte disso o circulo se quebra.

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  4. Marcus,
    Li seus textos e identifiquei que você conhece muito bem do que escreve. Só gostaria de abrir uma parêntesis quando fala que alguém precisa de 7 anos para tratar da sua espiritualidade. Parte do princípio que tempo faz parte da consciência humana mas não da espiritualidade. Logo, tempo não quer dizer nada!!! Meu babá diz ....os orixás não precisam da gente , somos nós que precisamos deles , orixá não te pede nada, absolutamente nada , até mesmo porque orixá não tem consciência . A partir do momento que ele acopla ori sim..... Ori é o orixá mais importante, nós somos orixás vivos.....nenhum outro orixá está acima de ori. Grave isso, nenhum!!!! Ase irê ooooooooooooooo. Forte Abraço Walter Fernandes

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    1. Walter,

      Eu não falei de Ori nesse texto. Um dia eu posto os versos de ogunda meji, owonrin meji, ogbe ogunda, eji ogbe e outros que falam sobre o assunto, encaixando a questão do Orixá. Mas, não tem nada difícil é só ter tempo para escrever.

      Eu tenho que confessar que não entendi o sentido de sua colocação no geral, assim, vou me fixar apenas em um ponto. Eu não disse que alguém precisa de 7 anos para tratar de espiritualidade, primeiro porque especificamente eu nunca uso esta expressão. Sou muito dogmático no que eu faço aqui e esta colocação leva ao lado mais esotérico e sincrético do qual eu sou um opositor, assim procuro ser muito cuidadoso com algumas coisas.

      O que eu disse foi que o processo de feitura no Candomblé, que leva a se formar um egbon ou um babalorixá/iyalorixá, toma, no mínimo 7 anos. Possivelmente mais, porque tem que dar tudo muito certo para uma pessoa fechar este ciclo com 7 anos. Mas nunca uma feitura se fecha com menos do que isso. Não existe egbon ou babalorixá com menos de 7 anos. Quando isso ocorre é apenas um "malfeito".

      Mas, esse tempo, é o núcleo do ciclo. A pessoa tem que passar alguns anos (mais de 3) frequentando a casa (tomando só bori e ebó) para poder decidir que aquela é a casa certa. Depois da obrigação de 7 anos ela vai gastar uns outros tantos anos (que tal mais uns 7...) para aprender algo direito, porque enquanto ela é um Iyawo não participa de nada. Se participa é porque é outro "malfeito". A gente aprende vivendo e participando e isso toma tempo.

      Foi isso o que eu expliquei sobre cronologia. Essa coisa de gente que nasce feita, Orixá ou jogo que diz que a pessoa já esta pronta, não fazem parte do universo da minha religião.

      Ok? Mas grato por participar e colocar sua opinião, o Blog é para isso mesmo!

      Um grande abraço

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Bem, o que estudo e sei é que em Ifá não existe tempo, o que vale é o empenho de cada um . Em Ifá são as iniciações pela qual passamos que indicam a hierarquia da espiritualidade, não necessariamente o tempo. Tudo isso com a permissão de Ifá ,consultado através do Opelê ou Ikin por um Babalawo. O jogo de búzios na verdade, só deveria ser manipulado por mulheres visto que sua forma assemelha-se à genitália feminina.

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    4. Walter,
      Observe que todo o texto foi feito para o Candomblé onde existe a liturgia e dogmática que eu expliquei.

      O Blog aborda tanto o culto de Orixá como o de Ifá, se centrando na religião Yoruba.

      Sobre o seu comentário em relação a búzios, sugiro ler o texto no blog sobre o uso de búzios com Ifá. Vai esclarecer bastante sobre a origem e uso do oráculo.

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    5. Ifá ensina, no Odù Irete-Gbe, que se não for através dos oráculos de Ikin e Opele, nenhum outro oráculo possui tal capacidade de investigar e revelar o Odù e o legitimo Orisa de qualquer pessoa. Sendo assim, fica bem claro que, Ifá se refere à incapacidade de outros oráculos que são hipotéticos, como o Obi, Ikako, Ipepe, Merindilogun (os 16 Búzios)

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  5. ÈBÒ
    (Empenho por melhorias)

    É pertinente dissertar e, com isso, lançar luz sobre o que muito se propaga e se pratíca ritualmente, mas às vezes não se tem o profundo ou necessário conhecimento sobre o mesmo: ÈBÓ.

    ÈBÓ é um termo que de acordo com a sua amplitude funcional, coexistem alguns conceitos e definições para o mesmo. A definição mais recorrente para a palavra yoruba – ÈBÓ – significa: empenho, sacrifício, sacrificar, esforço próprio, cota e pagamento para uma específica transformação na vida.

    Todas as pessoas deveriam saber que todo èbó (sacrifício executado, pago, cumprido, executado em qualquer denominação litúrgica), e para ser completado, sempre deve ser muito bem elaborado e concebido como uma espécie de “carta objetivamente escrita”, saindo da superficialidade imediatista e coletiva para adentrar numa atmosfera matematicamente precisa, onde a individualidade de cada Òrí (Òrìsà da consciência) é rigorosamente levada em consideração, bem como a ordem criteriosa da escolha de cada item e a sequência cronológica de uso dos mesmos. Exaustivamente consultando o Oraculo Ifá, seja com Opele, Ikin ou Obi-Abata.

    O conhecimento, o discernimento, a perspicácia e o respeito às tradições do culto à Ifá/Orisa, ocasionarão do ritual de èbó algo concreto, palpável, sentido, significativo e com a eficácia esperada pelo consulente em questão; pois qualquer um que ousa executar qualquer tipo de Èbó, antes de qualquer coisa, o oficiante necessita conhece profundamente tudo sobre as formulas e formas, que serão orientadas por Ifá, devido a individualidade e necessidade da pessoa em questão, a fim de atingir de forma eficaz algumas varias formas de Magias, mais conhecidas como:
    Awure - (magia para algum tipo de boa sorte),
    Oogun - (medicina bem elaborada),
    Èbó Etutu - (empenho de apaziguamento espiritual, a fim de uma transformação espiritual no físico),
    Agbotutu - (preparação com folhas frescas para várias finalidades medicinais ou espirituais),
    Adimu - (alimento elaborado para a captação da força de um Èbòraá/Òrìsà, mais conhecido como comida seca),
    Èbó-Riru - (trabalho muito exaustivo executado somente por Oluwo diante de Opon-Ifá com a finalidade de transformar um Odù que está atuante em uma frequência IBI [má sorte] para ajustá-lo IRE [boa sorte]). Pois só com este tipo de Èbó (Èbóriru), é que capacita impedir vários e possíveis eventos desfavoráveis ou terríveis, os quais já estão em evidencia ou ainda estão para se manifestar no caminho da pessoa necessitada de passar por este tipo Èbó especial; conhecido também como Èbó-Opon, Èbó-Ifá ou mais comumente como Èbóriru.

    Outro aspecto bastante interessante que precisa ser dissertado é com relação ao fato de que qualquer tipo de Èbó, em hipótese alguma, se faz necessário tentar convencer o cliente à ter ou desenvolver algum tipo de “FÉ cristã” para se obter alguma solução através de um Èbó executado. Pois a eficácia de qualquer que seja o Èbó (magia), acontecerá da forma como se espera (na finalidade envolvida no processo dos elementos utilizados de forma bem consciente e sábia pelo Babalawo), mas nem sempre de forma imediata, até porque o processo de ajustamento de uma Magia através de um Odù-Ifá, pode levar o tempo de 07, 21, 28, 49 até 90 dias para atingir o resultado para repor tudo em seus eixos na vida da pessoa.

    Ainda na questão de Fé, todo conhecedor de fato sobre execuções de Èbó, sabe que todo Ebó é considerado um remédio que cura algo, e por ser um remédio, ele sempre fará o seu efeito desejado, seja com FÉ ou sem nenhum tipo de Fé. Mas que fique bem claro que isso se trata de Èbó e, sobre a manifestação da força de um Èbórà/Orisa na vida de seu devoto, que pode até conseguir milagres através de sua dedicação e orações cotidianas, dia a dia.

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  6. Foi a partir de tudo isso, que originou-se o reinventado culto afro-descendente, completamente desestruturado, cheio de romantismo, rituais recriados e folclores públicos através de apresentações de Orisa’s equivocadamente personificados em reis ou rainhas já falecidas, que numa roupagem luxuosa e nada original , longe da essencial de Deus, hoje inovados eles demonstram atributos cheios de futilidades, egos, vaidades, defeitos de caráter etc., Mas tudo isso baseado simplesmente em MITOS culturais criados a partir das guerras civis entre os Dahomeanos, Oyo, Ondo, Ifon etc., Portanto, hoje, vemos uma evidente cultura de papagaios, de pessoas que escutam e insistem em repetir tudo que ouvem e praticam tudo que veem. Enquanto outros mais ousados, ainda criam mais e mais rituais como supostos Ebó ou rituais impressionantes aos seus membros que e vibram e louvam achando ser Orisa.

    É assim que esses verdadeiros charlatões, fazem de tudo para convencer e tirar dinheiro, por avareza, dos que possuem menos conhecimentos ou até nenhum. E, considerando o dito popular: “Em terra de cego quem tem olhos é Rei”. Assim, esses supostos sacerdotes insistem em se auto afirmar-se como sacerdotes ou sacerdotisas que sabem tudo, mas na realidade não conhecem é nada, muito menos sobre o seu próprio e real Èlédà. Os que conduzem muitas “pessoas sérias” à se perderem, perderem o seu tempo numa vida de ilusão ou romantismo espiritual cheias de futilidades , alguns chegam preciosamente à perder o tempo de 01, 03, 05, 07, 14, 21, 30, 50 ou até mais anos numa vida cheias de mentiras com nome de tradicionalismo Afro.

    Certamente, algumas pessoas de Ori enfraquecido (Oribururu) perdem tempo na ilusão mesmo, outros por puro romantismo indiferente ou arrogância, enquanto outros infelizes (Oriburuku) chegam a pagar muito caro por sua má escolha, contraindo grandes sofrimentos, as vezes com morte na família, doenças crônicas, perdas financeiras, miséria total, má sorte no amor, separações, inimizades, traições, desonras, desconsideração, desrespeitos, traumas, abusos, penúrias, exploração, escravismos, indiferença do próprio Orisa etc. Mas, já há outras pessoas de Ori forte, que por desígnio de Olodunmare, Ori e Èsú ainda tentam abri-los olhos à descobrir o bom caminho e, infelizmente ainda assim insistem no erro de viver na profunda tolice, teimosia, afobação, medo de perder status, impulsividade, burrice, vaidade, caprichos, oposições, contestações, soberba, arrogância etc. Esses, por si só, infelizmente escolhem viver na lama da sua utopia, até o fim da sua vida, sem jamais mais saber o que é verdade ou mentira, vivendo em um grande vazio interior, sem a capacidade de orientar qualquer pessoa, quando mais executar rituais sérios e bem direcionados.

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    1. e diante de tudo que você citou o que me diz das pessoas que vão para outras casas, e são entituladas verdadeiros incertos, segundo consta as más línguas?

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  7. A Magia Ifaista = bruxaria em Ifá – É executada somente por Bàbàláwó, Onisegun ou Oloogun, aqueles que são expert no assunto, os quais trabalham quase sempre em comum acordo, a fim de solucionar algum tipo de problema que já atingiu ou ainda atingirá um ser humano. Como consta em um dos relatos de Ifá, onde Ele diz que é melhor prevenir do que curar. Portanto, ninguém trabalha sozinho, sempre existe alguém mesmo que oculto por traz de sacerdote.

    Portanto, não é necessário ter “fé” para ver ou sentir os efeitos sutis ou agudos de uma Magia realizada por uma pessoa capacitada e/ou legitimada (pela ciência física ou espiritual). De tal forma, que os efeitos das Magias não devem ser confundidos pelos conceitos, concepções ou influências espiritas, católicas, cristãs etc.

    Quando um sacerdote especulador (sem conhecimento) ou sacerdotisa que não possui de fato as profundas noções sobre as exatas formas e as fórmulas usadas na composição de um Èbò, Ritual, isso se torna muito perigoso para si mesmo ou para quem se está executando um ritual! Pois ao manipular elementos que não se conhece profundamente ou não se tem experiência de fato sobre esta ciência, fatidicamente estarão colocando as vidas das pessoas inocentes em risco. E se tratando de executor e inocente, na lei de espiritualidade mão existe inocente, porque quem procura sempre acha algo bom ou ruim para se experimentar, através das suas intenções...

    Por isso, é fundamental conhecer profundamente as forças que estarão despertando durante um ritual de èbó, bem como conhecer os antídotos que podem ser usados em eventuais situações de surpresas.

    A prática do ritual de èbó no Brasil, realizada indiscriminadamente por pessoas sem caráter (charlatão), deveria ser crime, e mais, deveria ser motivo de ação judicial, contra esses tipos de praticantes que insistem em se afirmam ter o conhecimentos de anos e anos, quando na verdade não conhecem nem a si mesmo, e só se baseiam na arrogância do que ouvem dentro de seus grupos, sociedades, sem qualquer noção real do é Orisa de fato e o que é Magia ritual. Pois assim, expõe ”inocentes” aos mais diversos riscos, uma vez que a prática de charlatanismo cresce assustadoramente no país, se configurando numa espécie de “um tiro no escuro”.

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  8. Os Ifaístas, principalmente os Babalawo, sabem que o cosmo é dividido em duas metades. A direita está habitada pelas forças do Bem e a parte esquerda está habitada pelas forças Malignas conhecidas como Ajogun.
    As forças malignas possuem uns nove inimigos implacáveis terríveis que são:
    Ikú Oníkò - (morte),
    Àrùn - (doença – a esposa de Ikú),
    Òfò - (perda),
    Anifé - (separação conjugal – ou má sorte no amor),
    Ègbà - (paralisia),
    Èjòràn - (problemas de varias orden: confusões–disputas-fofocas etc.),
    Èpè - (maldição- pragas),
    Iká - (perversidade – crueldades)
    Èwòn - (prisões em vários sentidos, falta da liberdade física – ou qualquer outron tipo de prisão), a qual evolui muito como força sobrenatural, em algumas sociedades contemporâneas. E a última é Èse (todo resto dos males não mencionados), por exemplo, uma dor de estômago é um ataque de Ajogun igualmente a lepra, dor de cabeça, gripe, desanimo, aspiração à suicídio, malária, varicela, sarampo, câncer etc.

    Estas forças manifestadas, no corpo ou na vida comum, como malignas são em total de 200+1, sendo que este “+1” dá origem para que apareçam novos Ajogun, tais como HIV, câncer, anemias, leucemia, depressões, deficiências emocionais, indecisões, escolhas erradas, solidão e até novas doenças.

    Só através de Ifá, os Èbòrà conhecidos mais usualmente como Òrìsà, ou divindades benévolas, que habitam o lado direito, somam 400+1, tal como no outro exemplo, eles abrem espaço que apareçam novas e mais novas divindades “Òrìsà”, a fim de auxiliar correções em auxílios na vida do ser humano contra tais forças Ajogun. De tal forma que o cosmo de Ifá/Orisa é muito elástico e, quando algo é ofertado de forma correta, então gera um perfeito equilíbrio entre o ser humano e a natureza.

    Para os reais Ifaistas o número de animais sacrificados não é muito importante, comparado ao que observamos as chacinas de animais aqui no Brasil, onde tudo isso ocorre de forma desordenada e sem uma definição exata.

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  9. Quando na nossa realidade temos que ter em mente que quando executamos até um simples Èbó para determinada pessoa que sofra algum mal, como exemplo: No Ifaismo chamamos de “troca” com a presença de um Odù e um determinado Èbòrá/Òrìsà, quando ocorre a troca de um animal sacrificado, a fim de fornecer a solução de problema, isto sim que é sensato e irrevogável. Pois tudo é executado sob horas e horas de exaustivas orações e pedido de permissão, até chegar ocorrer a “troca”

    Pois é corretíssimo, ocorrer uma “troca” para um tipo de doença (Ajogun), usando uma oferenda para um determinado Èbòrà/Òrìsà através de um Odù-Ifá e, dividido em ambos os lados do cosmo para formar o equilíbrio, sempre se compartilha tudo com o Òrí-Èlèdà (a força Òrìsà da c,onsciência ativa na cabeça física da pessoa).

    1 - Obs: Aqueles que possuem uma consciência fechada e incapaz de entender o universo das curas de Ifá e, se por acaso persistem na mais total ignorância. Só lamento, a vida segue no seu rumo certo. E não cabe discutir sobre os ditames de Ifá/Orisa. - Uma prova disso, no Odù-Okanran-Meji, o próprio Sango diz: Todo aquele que ousa contestar Ifá é um KOLORI (louco).

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  10. Anônimo,

    Grato pela participação.

    No Blog existe uma postagem sobre Ebó. Minha posição é a mesma quando diz que o ebó feito por "operador" competente independe de Fé. Se você faz o que tem que ser feito os seus efeitos ocorrerão. A questão é saber com o que se pode comprometer.

    Eu tenho atualizado algumas postagens antigas com novas informações e abordagem. Essa será uma das a serem reeditadas, mas, tenho outras antes.

    O ebó é o grande bem e o mal desta religião. Através dele corrigimos a vida, mas, virou a tradução da religião, as pessoas veem o Orixá como um comedor de ebó e de dinheiro em troca de favores. Também já escrevi isso no textos sobre a criticas às trocas entre o orun e o aiye.

    Enfim, mais importante do que falar mal é ensinar. Porque falar mal qualquer desqualificado pode e ensinar somente as pessoas de espirito elevado e autruistas se dispõem a fazer.

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  11. Só gostaria de esclarecer que o intuito dos textos não é falar mal de nada ...somente expor uma opnião!!!

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    1. Walter,

      ao expormos a nossa opinião poderemos, sempre estar falando mal de alguém e bem de outrem. Quem entra na chuva é para se molhar. A gente deve ter sempre certeza de que a gente diz o que pensa. O resto cada um julga, não da para ser sempre popular, assim como nunca se esta totalmente errado ou totalmente certo.

      Quando a gente da a opinião e gente tem a oportunidade de também ouvir pessoa que pensam diferente

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  12. Já que deu a permissão de ser parcial vamos lá:


    Referente às equivocadas e desnecessárias “obrigações de tempo” de; 1, 3, 7, 14 e 21 anos, como ocorrem nos cultos afro-brasileiros (Ketu, Efon, Jeje, Nago, Angola etc. Compreendendo que em Ifá, não é o tempo de iniciação que fornece quaisquer reconhecimentos/méritos à qualquer pessoa pós-iniciada, até porque, esse conceito e regra hipotética são completamente desnecessárias em Ifá. Porquanto, toda pessoa iniciada em Ifá, automaticamente, ganha méritos e honrarias já ao passar pela Iniciação, e ao longo do tempo apenas irá adquirindo e amadurecendo os conhecimentos obtidos com os estudos e suporte dos Babalawo e do sumo sacerdote Oluwo. Mas, todo iniciado é ciente que é só Ifá quem indica o caminho que a pessoa irá desempenhar e as responsabilidades respectivas, no tocante a vida pessoal ou vida missionária.

    Quanto a necessidade de rituais para manter o alinhamento com a essência do próprio Orisa em si, o devoto ganha conhecimento e autoridade, a fim de saber como conservar o seu alinhamento com o seu próprio Orisa-Olori, isso já no período da iniciação. Posteriormente a iniciação, todo iniciado já estará bem ciente e com a responsabilidade de manter a sua conexão através da execução de rituais ajustados a sua necessidade pessoal ou sacerdotal, que geralmente pode ser necessário executar de 5 em 5 dias, 15 em 15 dias, 28 em 28 dias, 90 em 90 dias, 06 em 06 meses, ou no mínimo uma vez por ano. Assim irá adquirindo mais e mais alinhamento, conhecimento, pratica e eficácia em tudo que venha a executar na sua própria vida. Pois, enquanto o iniciado não consegue atingir o seu devido alinhamento e a harmonia com o plano espiritual, através dos seus próprios esforços, perceberá claramente o quanto necessita de mais e mais empenhos para alcançar os merecidos favorecimentos. E, é através do empenho que perpetra seguras transformações na vida, preenche a alma enriquecendo o espírito, atrai bênçãos necessárias, juntamente provê prestígio, reconhecimento e honraria. De forma que a recompensa de tudo isso, chega segura e justamente com o desempenho mediante a capacidade obtida para ajudar qualquer pessoa que necessite do seu conhecimento ao longo da jornada. Isso sim, é a magia e a moral da religião Ifá. Todo o resto, é puramente deslumbre, ilusão, vaidade, futilidade, pobreza de espírito e segundas intenções.

    Como eu disse acima, o que Ifá considera não é o tempo e sim a capacidade obtida através do conhecimento, estudos, legitimação, execução de sacerdócios e rituais anuais, mensais, quinzenais, semanais ou cotidianos. Nesse sentido, o culto de Ifá parece enfadonho, mas na sua realidade é bem leve, e, contudo a priori no culto de Ifá é respeitar o livre arbítrio em todos os sentidos. Portanto, se uma pessoa não quiser se empenhar por melhorias na sua própria vida, também não terá sentido algum fazer qualquer tipo de reivindicação. Mas, relativamente, todo aquele que se empenha e não ainda conseguiu ver a sua gloria, significa que ainda faltam mais empenhos para atingir o ápice da sua espiritualidade

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  13. Olá amigos bom dia, lendo o artigo dos dois irmãos, resolvi comentar à respeito expondo também minha opinião. Bom, culto a Ifá no Brasil eu ainda não tive a oportunidade de conhecer como também não conheço nenhum Bàbáláwo, a não ser que seja um legítimo africano, pois o período de aprendizado é durante toda sua vida, e todos nós sabemos que são escolhidos à partir dos 08 anos de idade quando demonstram Dom para tal prática de Oráculo. Quanto ao candomblé, este sim é do Brasil, ou seja é nosso, com suas práticas e rituais reinventados aqui e todos conhecem a história, portanto digo, sem ofensa a ninguém, esta é minha opinião nada mais. Ingênuo? não sei. Tolo? pode até ser, mas não consigo imaginar meu filho pedindo a benção pela manhã, e minha resposta ser "Automática", Deus te abençoe. Não; quero abraça-lo desejando realmente que o seu dia seja abençoado, ou minha mulher me procurando para nos relacionarmos intimamente sem que exista um sentimento, desejo real para que tudo seja "verdadeiro". Quanto ao estudo, acredito que melhorar nossos conhecimentos é uma obrigação, pois tudo tem que ter um sentido, uma causa ou motivo, porque é o que a pessoa acredita; por favor, não é ofensa ou desmerecer o STATUS de ninguém, como disse anteriormente é apenas a minha opinião. Exercitar minha fé maquinalmente ou como se fosse uma receita de bolo, jamais; Mente aberta e o coração em paz, para mim, fé, realização e desenvolvimento espiritual é isto. Grande abraço e felicidades. Lembrem-se: com fanatismo e rigidez exagerada, você não apenas esgota-se, fere os outros e rouba de si mesmo sua força vital.

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  14. Walter,

    estou em função e não posso responder. Na segunda respondo.

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  15. Acredito que seu posicionamento desagrade uma imensa parcela da comunidade.É de grande benefício o esclarecimento,para a comunidade e principalmente para os que pensam em ingressar no candomblé.A forma como aponta a questão das "vaidades" e "aspirações", é uma realidade que ninguém tem coragem de se pronunciar,um tabu, uma coisa mal resolvida que está sempre pairando.Simplesmente concordar ou não com o seu texto, parcialmente ou na íntegra, nem vem ao caso,a questão é conviver com a realidade que coexiste ao que se apresenta como a "correta", a que está dentro da liturgia, preencher o hiato que existe em um elo que não sei afirmar se foi perdido ou propositalmente desviado para justificar necessidades particulares e conveniências.

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