Mais algumas informações sobre o assunto de sacrificios
Como disse no texto anterior, esse assunto é muito chato, mas, uma vez que comecei vou até o fim.
Um amigo me mandou uma mensagem com algumas informações interessantes que eu resolvi destacar, assim, antes de terminar a abordagem do assunto, como vou explicar adiante eu gostaria de postá-las.
O texto anterior já ficou bastante grande, lamento, mas, quem leu deve ter observado que existem 2 partes. A primeira aborda um outro ponto que me incomoda em muitas conversas que é a necessidade de qualificação da religião frente ao modelo Cristão. A segunda é a parte do sacrifício em sí, dessa maneira, se quiser se fixar na conversa sobre sacrifício, basta ler só essa parte, eu, contudo, entendo que devemos sempre tratar esse conversa de forma ampla, por isso adicionei a parte sobre monoteismo, que na minha visão é parte disso.
Mas o amigo me deu as seguintes informações adicionais:
Mas penso que pode ser importante você citar que entre os Judeus o sacrifício não é mais realizado para expiação dos pecados, pois não há templo de Salomão, pois se houvesse, os ortodoxos estariam sacrificando cordeiros até hoje. E se algum dia vier a ser construído um novo templo, eles vão voltar a praticar o sacrifício novamente.
Devemos lembrar também que entre os Samaritanos (grupo étnico que vivem quase hermeticamente em Israel, a prática do sacrifício ritual é realizada todos os anos na páscoa judaica. Isso porque para os Samaritanos o lugar mais sagrado não era o Templo de Salomão, mas sim o monte Gerizim, onde continuam a realizar o sacrifício do cordeiro.
Eu já sabia sobre o templo de Salamão, não quis engordar ainda mais o texto anterior com muitos exemplos para não ficar muito denso e perder o foco do assunto. Mas, como estamos continuando o assunto, o tema vem bem a calhar. Os Judeus sempre sacrificaram para DEUS e só pararam porque o tempo de Salomão foi destruído pelos Romanos depois de um segundo levante dos Judeus contra Roma.
Enquanto o templo existiu milhares de cordeiros foram sacrificados anualmente. Todos para Jeová, o Deus dos Judeus, que é o mesmo Deus dos cristãos. Dessa maneira, Deus, o todo poderoso, sempre pediu e aceitou sacrificios de animais. Tinha predileção por animais grandes, carneiros.
A segunda informação que eu desconhecia, é muito interessante. Não sabia, mas, faz todo o sentido. Se esta seita não usava o templo de Salomão então ela pode e deve sacrificar até hoje animais para DEUS. Isso faz parte da religião deles.
Outro ponto que não podemos esquecer é a comida Kosher. Os Judeus mais ortodoxos e entendamos ortodoxos no sentido correto da palavra. que é o que faz o certo, o que segue sua religião como ela é, só devem comer carne de animais sacrificos por Rabinos. Esses Rabinos tomam todo o cuidado para fazer esse sacrificio de acordo com sua liturgia e retiram todo o sangue do animal antes.
Os judeus vão então procuram então os lugares que vendem comida kosher, a que foi preparada de acordo com os ritos da religião. Mas eles fazem isso no seu dia a dia.
No Candomblé é a mesma coisa. Em um terreiro quando se esta em meio a um grande procedimento liturgico o sacrificio é usado para gerar alimento e esse alimento será consumido nos muitos dias por todos os que trabalham na casa.
Não seria interessante então abordar os cristãos com isso? Quando perguntado sobre sacrificios, perguntar também como é o sacrificios deles ou mesmo porque eles também não sacrificam para Deus, que certamente gosta muito.
E sem essa história de que Jesus acabou com isso... nada disso, isso não é verdade. Ele nunca tocou nisso ou em qualquer parte do Judaismo, muito menos nessa. Os primeiros cristãos se julgavam uma seita judaica e exigiam dos cristão a circuncisão. Foram os Romanos que acabaram com isso quando destruiram o templo de Salomão, fazendo os Judeus de Jerusalem se mudarem e dessa maneira quebrando a sua froça política e permitindo a assenção dos Gregos. Posteriormente Paulo de Tarso mudou tudo isso e reescreveu o Cristianismo, ou melhor, definiu o cristianismo que conhecemos hoje. Na minha visão, depois de Jesus, Paulo de Tarso foi a figura mais importante do Cristianismo. Ele criou a religião.
Mas, tem mais uma informação:
...Sem contar os Islâmicos, que não só sacrificam, como o fazem com a cabeça dos animais voltada para Meca. Regras que inclusive são obedecidas por abatedouros que exportam carnes para a comunidade Islâmica. A prática do sacrifício portanto não é uma exclusividade de religiões matriz africana, mas algumas, como a Católica envolve até rituais antropofágicos. Mas o fato de não realizarem o sacrifício ritual não impedem que eles sacrifiquem para a alimentação. E podemos chamar a atenção para um fato aqui: alguns vão tentar desqualificar as divindades africanas por considerarem que é um ato bárbaro e primitivo oferecer sangue a eles, mas novamente vale ressaltar que o Deus dos samaritanos e dos judeus e dos islâmicos é o mesmo Deus Abraamico.
Dessa maneira, os abraamicos, Judeus, Cristãos e os Islâmicos fazem isso até hoje, só que escondem.
No caso do Candomblé, como nas demais citadas, isso faz parte de liturgias do circulo mais interno, mas se constrói muita mística e exagero sobre isso, claro que, alimentada pelo próprio Candomblé. Certa vez conversava com uma antiga Iyalorixá sobre jogo de búzios e ela me contou uma passagem interessante.
Ela dizia que o Babalorixá dela antes de sentar na mesa de jogo para atender seus clientes, passava na cozinha para saber o que estava faltando na casa para aquele dia ou semana e qual o estoque de comida e carne na dispensa. Os ebós que ele iria dizer que eram necessários, assim como a quantidade de animais que ele pedia para o cliente dependia diretamente da situação da dispensa dele.
O tamanho do ebó e a necessidade de sacrifícios era ditada pela quantidade de bocas para alimentar no terreiro dele e não em função daquilo que era necessário. Quem paga um ebó nunca se preocupa se todo o material que comprou foi usado e muito menos o que vai ser feito com a carne dos animais.
E foi assim que se construiu essa mística sobre sacrificios no Candomblé.
Outro fator usado para dimensionar a necessidade de farinhas, grãos e animais era o quanto o Babalorixá queria cobrar. Se o jogo indicasse poucos elementos ele iria engordar com outros não definidos pelo jogo para que o ebó ficasse maior dessa maneira justificar o quanto ele cobrava. Quanto mais material e animais, mais caro ficava.
Lamento decepcionar as pessoas mas é assim que o mundo real é feito.
No próximo texto vamos abordar qual o sentido do uso liturgico disso.
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