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sábado, maio 18, 2024

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

 

PARA QUE PRECISAMOS DE UMA RELIGIÃO?

 

Depois de ter exposto o processo que gera as religiões temos que reuni-los novamente com a razão correta para que eles façam sentido e você não continue achando que meu único objetivo foi falar mal do cristianismo.

Eu tive que falar isso tudo, até aqui, para poder dizer algo bem simples, que a religião não determina a existência de deus e, assim, podem existir mais de uma religião para nos ligar a deus, porque o deus supremo é divino e as religiões, todas elas, são obras humanas inspiradas por ele. O que muda nelas é a forma que as pessoas entendem deus. Mas as religiões são uma parte fundamental da fé em deus.

Assim, tive que explicar que as tais palavras sagradas de deus são, na verdade, palavras de homens. Isso é assim em todas as religiões, tive um foco aqui no caso da Bíblia porque ele é icônico, mas, é o mesmo para todas as religiões.

Assim eu falei as coisas nesta sequência:

1) religião não determina a existência de deus – A religião é uma expressão humana de deus. Não é deus que cria a religião, são as pessoas que criam para poderem transmitir o que entendem de deus. Deus inspira as pessoas.

2) Não pode existir apenas 1 religião para nos ligar a deus – Claro, se religião é uma criação humana então muitas pessoas podem concebê-las. Deus sendo supremo e influente a todos, em todo o mundo e não apenas em um lugar, vai gerar o mesmo processo em muitas pessoas. Claro que nem todas vão querer criar uma religião nova, mas não existe possibilidade de alguém ter o direito de dizer que só ele tem a de verdade.

3) O mesmo deus supremo se manifesta ao redor do mundo através de religiões diferentes.

4) Como as religiões são criações humanas e são inspiradas por deus, podemos ter mais de uma religião inspirada pelo mesmo deus e naturalmente serão diferentes. A forma como cada pessoa entende e decide formatar esse entendimento é humano e, assim, distinto. Ninguém tem como afirmar que possui a melhor interpretação.

O mesmo deus, supremo, inspirará pessoas diferentes em muitos lugares e pessoas diferentes entenderão essa manifestação de maneira distinta, formatando seu entendimento baseado na visão pessoal.

Mesmo ateus ou céticos, que não acreditam em deus, entendem esse argumento de que, se existe um deus e ele é supremo, isso se dará dessa maneira, de forma isonômica. A influência, atenção, do deus supremo, o criador de tudo, que gera o fenômeno da fé e da religião não pode ser direcionada. Ela tem que ocorrer na humanidade inteira da mesma forma ao mesmo tempo.

Se o livre arbítrio é um dogma comum às religiões, fica claro que é deus não pode ter certeza onde sua semente religiosa vai prosperar. Ou você crê no livre arbítrio que permite até mesmo o mal humano ou isso não existe e somos apenas marionetes de Deus.

No meu entendimento a religião é um componente basilar no modelo humano criado por deus. Deus precisa que isso floresça para a humanidade funcionar e assim ele espalha essa iniciativa pela humanidade.

Pensando de forma racional, nesse momento você poderia ter uma dúvida honesta que é, por que um deus supremo precisa da religião? Por que a principal raiz religiosa do mundo diz que somos obrigados a adorar e amar, o tempo todo, um deus que é supremo? Essa questão é importante e define a própria existência de deus e é isso que vou abordar.

A minha resposta honesta é que deus, o supremo, não precisa ser amado. Ele não exige adoração e veneração. Qualquer religião que diga que deus necessita disso significa que as pessoas que criaram essa religião não entenderam o objetivo disso.

O modelo de amar a deus porque ele quer ser amado e que temos que fazer isso para nos salvar do inferno eterno é apenas teologia estúpida e barata feita por sacerdotes que queriam controlar as pessoas, uma vez que, além dessa necessidade, existe a obrigatoriedade de recorrer a eles, sacerdotes, como intermediários de deus. Isso é muito evidente.

Para não estender demais esse tema interessante, o que eu penso é que, como já citei, a religião é um dos pratos da balança da vida e o outro é o livre arbítrio. A equação da vida humana não fecha sem isso. Não pode haver livre arbítrio, sem junto com ele, não tivermos a opção da religião. Um sem o outro seria condenar as almas ao pior destino, não porque nascemos mal ou condenados, mas porque temos que, junto com a absoluta liberdade, ter uma ética que nos diz o que é o correto e que nos orienta a desenvolver a nossa melhor versão.

Deus não podia dar ao ser humano, sua criação, a capacidade de tudo, de até querer ser deus, de um lado, sem o que equilibrar todo esse poder de outro. A religião, com seus valores e ética supra-humanos, trazendo essa busca da relação com deus em contraste com a possibilidade de viver sem ele, é o que nos mantêm inteiros como humanidade. Por toda a nossa história foi a religião que inseriu valores e ética nas relações humanas criando uma sociedade continuamente melhor. Nós somos a balança que equilibra esses 2 poderes, o de poder fazer tudo e o de fazer tudo com valores e ética. Cabe a nós, de nossa iniciativa, sem interferência, buscar as virtudes, porque essa própria busca faz parte do livre arbítrio.

Na minha visão é muito fácil e ingênuo para os ateus, que já encontram um mundo e uma humanidade adequadamente moldados pela religião alegarem que a religião não é necessária, que é tudo uma invenção humana. Mas foi deus e a religião que caminharam junto com a humanidade por toda a sua história e em todos os lugares do mundo.

Nunca estivemos sozinhos nessa vida, o deus supremo através de suas emanações, divindades, nos assiste, com limites e o que temos que dar para deus, em troca, é a virtude e o bom caráter. No mundo que eu vejo através da religião existe espaço para o bem e o mal, o mal não é permanente é sempre superado porque o bem é que as pessoas buscam.

Chamo a atenção para essa dualidade livre-arbítrio x religião. Essa é uma equação muito importante no complexo sistema de nossa vida. Nós recebemos o livre arbítrio que nos permite fazer o que quisermos, brincarmos de deus ou o de demônio, criarmos vida, beleza ou de nos destruirmos. Nós fazemos tudo isso, mesmo os excessos não importam porque o equilíbrio do bem e da ética sempre prevalece e o desvio sem volta para o bem, é uma questão de tempo.

Não existiu até hoje nenhum futuro distópico que se realizasse. A busca real da utopia é o que prevalece. Isso é o resultado, como eu citei dessa equação da vida que contrapõe o livre arbítrio e a religião em nossa vida. Por mais tenebrosa que fosse a realidade por mais sombrio que parecesse o futuro a humanidade sempre se corrigiu para que o bem prevalecesse. Não somos uma humanidade desassistida de deus ou sem propósito de vida e coletividade. Se fosse isso e se o livre arbítrio fosse na verdade a evidência da ausência de deus, jamais teríamos chegado onde chegamos.

Os próprios ateus são a maior prova da existência de deus, sob vários aspectos. Um deles mostra que podemos viver, como senhores da vida e da razão. Não temos obrigações ou deveres em nossa vida que não seja viver e acreditar e nós mesmos. Aliás isso caracteriza os ateus, acreditarem apenas neles mesmos.

Desta maneira, esse pequeno grupo na humanidade, uns 5%, mostram que o livre arbítrio existe e deus nos deu isso em nossa existência. Mas, apesar disso, de forma inexplicável, espontânea e incontrolável, 95% da humanidade, sabendo que pode viver por ela mesma, busca se ligar a deus através das religiões, centenas delas. Os ateus funcionam como o grupo de controle que mostra que a tese religiosa de termos recebido de deus o livre arbítrio é verdadeira.

Apesar de opcional, a relação com deus e o uso da religião com seu objetivo primário de nos fazer pessoas melhores é a opção preferencial das pessoas. Essa relação com deus se acomodou da forma como era mais adequada a cada população, se materializando com simplicidade ou complexidade de acordo com o desenvolvimento de cada povo, isso nunca foi importante. O que é importante é que qualquer pessoa pode observar em todas essas manifestações a preocupação de trazer valores e ética para a humanidade e fazer pessoas melhores, sempre.

Cada pessoa, devido a livre arbítrio fez sua opção por essa relação com deus da forma e com a intensidade que definiu e assim construiu sua vida entre a liberdade de ser e fazer o que seu ser determinasse e as regras e orientações de deus que ela aderia por iniciativa própria.

Estamos tratando assim de opções livres e reais. As pessoas nascem com a opção do livre arbítrio e não podem se recusar a ela, mas, podem por escolha e opção escolherem por deus e suas orientações.

O livre arbítrio é real e importante, ele mostra que não existe essa tese religiosa caótica e absurda que deus pré-determina a vida e o destino e que somos apenas marionetes de sua vontade. Defender o livre arbítrio é uma das obrigações de uma pessoa religiosa e que acredita de fato em deus. O livre arbítrio dá sentido e justifica a fé em deus.

Mas o livre arbítrio também tem como consequência a variabilidade da criação humana, com a religião como parte disso. A mensagem de deus está em nós e também é inspirada por ele, continuamente através de seus mensageiros. Acredito que isso nunca cessou e nunca cessará. Pessoas morrem e nascem para uma nova vida que é um livro em branco e precisam ser novamente inspiradas por deus, esse processo não tem fim.

Em função de nossa liberdade e inteligência podemos fazer o que quisermos inclusive criar religiões boas e não boas, simples ou complexas demais. Podemos inclusive nos equivocar no entendimento e inserir o mal na religião. Deus não pode controlar isso. Deus não controla o que fazemos em nossa vida e o rumo que tomamos. Nenhuma religião honesta pode propor algo diferente disso porque a realidade comprova essa afirmação.

Deus nos inspira e influencia, mas, nossas ações consecutivas a isso são opções e criações nossas. Não existe nenhuma evidência que mostre deus interferindo em nossas ações e destino. Mais uma vez, essa afirmação que faço é respaldada pela realidade, pelo mundo real. Tanto é assim que existem pessoas que duvidam da existência de deus e que associam tudo o que ocorre na vida e no mundo a causas naturais e a casualidade.

Chamo a atenção que, quando fazemos afirmações de teorias sobre a vida e sobre deus, temos que respaldar o modelo que propomos imediatamente no concreto, no mundo real. Teorias e modelos só tem validade de podem ser comprovados. Uma teoria ou modelo não pode ser confirmado por outra teoria ou modelo adicional ou maior. Se for assim estamos criando apenas romance e literatura e não explicando o mundo real.

Dessa forma o modelo que explica o livre-arbítrio, religião, deus e ateus se confirma pela forma como reflete o mundo real que vivemos. Um é previsto pelo outro.

A outra evidência importante é, como iniciei e não concluí, a existência de religiões boas a más. Eu já tratei e expliquei, nesse modelo, porque temos muitas religiões. Também já tratei porque temos muitas divindades junto com deus. O que tenho que concluir é porque temos religiões ruins.

As escolhas e a criação humana são resultados do livre arbítrio. Lembro que não somos guiados por deus, somos inspirados e procuramos a deus por nossa opção. Não existe nesse modelo o pré-determinismo e o destino estabelecido. O que existe é a autonomia. Quando iniciamos uma obra humana podemos realizar o que quisermos, nenhuma mão divina vai nos tirar de nosso caminho.

Repetindo, esse modelo de autonomia é parte de todas as boas religiões, a separação dos mundos natural e supernatural e a auto-determinação humana está na própria obra Teogonia de Hesíodo. Como venho repetindo a teologia prevê a existência dos ateus e do próprio erro humano.

Essa equação de existência tem um desvio natural, que é a realidade de pessoas criarem e seguirem religiões ruins. A pessoa inicia esse processo com uma boa ideia ou com uma boa inspiração mas desenvolve isso como entende que deve ser. Desta maneira está fora do próprio controle de deus especificar como uma religião deve ser ou de aceitar ou não uma religião. Tudo o que já tratei até aqui fundamentam isso, mas, serei específico.

Religião não é uma criação de deus, é uma criação humana. Deus não nos obriga a buscá-lo, fazemos isso por opção. A religião é o estabelecimento de um modelo humano de entender deus e sua mensagem e apesar de ser uma inspiração de deus e buscar refleti-lo é somente uma criação humana para humanos entenderem a mensagem de deus, assim, é parte de nossa autonomia e arbítrio.

Podemos inclusive produzir o mal humano, fazer arte feia e música ruim. Podemos fazer coisas que não funcionam, pontes que caem e barcos que afundam. Podemos matar pessoas e fazer guerras. Da mesma maneira, podemos fazer religiões ruins. O arbítrio para fazer tudo isso está na mesma categoria de autonomia que temos. A mesma liberdade que temos de ir a deus por opção também temos para modelar essa relação. Não vai existir a mão de deus interferindo nisso assim como não tem a mão de deus interferindo em nossas criações ruins. Não é a mão de deus de cria uma religião, é a mão humana.

Na verdade estou sendo impreciso e posso ser mal interpretado. Como religioso eu acredito na mão de deus na nossa vida, mas, isso ocorre por nossa opção e com limites. O tempo todo vemos a mão de deus na vida, mas isso é feito, sempre através das pessoas e nos limites que impõe a separação do mundo natural e supernatural.

Se criamos uma religião ruim e com informações ruins ou uma interpretação ruim da relação com deus, isso apenas afeta as pessoas que decidem acreditar naquilo. Essas pessoas erram nisso assim como podem errar em qualquer coisa nessa vida e o problema será com elas próprias e a performance de sua vida. As pessoas podem sofrer mais do que outras porque escolheram uma religião ruim assim como sofrerão por qualquer decisão errada que tomarem na sua vida.

Se deus permite que pessoas sejam comunistas, que acreditem e preguem uma corrente ideológica que nunca deu certo, nunca prestou para nada, baseada em teorias ruins e que foi responsável direta pela morte de mais de 100.000.000 de pessoas, porque não pode permitir que existam religiões ruins e mal-feitas?

Por estas razões o modelo que desenho aqui é mostrado pela própria vida. A teoria é confirmada pela prática e os desvios e problemas fazem parte do próprio modelo.

Dessa maneira, esse é o sentido de existirem religiões como uma inspiração de deus. Além disso, esse modelo que mostro de livre arbítrio de um lado e religião de outro, justifica a própria existência de deus, uma vez que é equilíbrio demais para ser apenas uma coincidência.

Igualmente é coincidência demais, religiões no mundo todo trazerem sempre o mesmo modelo de equilibrarem livre arbítrio com a tese religiosa e deixando cada pessoa decidir o que fazer.

O entendimento errado são as pessoas que dizem que somos obrigados a amar e adorar um deus supremo como se ele necessitasse disso. Também achar que deu colocaria o livre arbítrio em nossa vida, a separação do supernatural e do mundo natural se fossemos apenas marionetes na mão dele. Também outro entendimento errado é existir todo esse mundo e complexidade para que na verdade tenhamos nascido para sofrer no inferno. Mas todas essas teologias existem.

Se todos entendem que existe um deus e ele é supremo e criador, como já tratamos, então toda a humanidade é sua obra e ele a influencia e atua da mesma maneira em todo o mundo e para todas as pessoas. As regras tem que ser as mesmas para todos.

Finalizando esta é a razão de deus criar a religião. Ele não precisa de adoração, nós precisamos da religião.

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