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terça-feira, abril 13, 2021

O que o Bàbáláwo pode fazer para ajudar? [ Entendendo a religião Yoruba - Pt. 51]

O que o Bàbáláwo pode fazer para ajudar?

 

Não é a finalidade deste livro ser um grimório de soluções, aqui o objetivo é falar da religião, mas, vou dar algumas indicações.

Primeiro quero deixar claro que a expectativa de que realizar oferendas de comidinhas e objetos é um caminho para resolver problemas é uma ilusão boba. Não acredite que oferecer “comidinhas” vai solucionar situações sérias e graves. A solução de problemas passar por recorrer ao oráculo com o seu pleito e pedir a intervenção de um Orixá (Òrìṣà) para a situação. Não será o Babalorixá (Bàbálórìṣà), a Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) ou o Bàbáláwo oferecendo umas comidinhas em algum lugar que os problemas serão resolvidos.

A solução dos problemas com egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) passa por quebrar o vínculo com a sociedade para que o renascido, a criança possa seguir o seu desenvolvimento. É isso que é feito. Assentar, iniciar ou montar Exú (Èṣù) são idiotices completas, caça-níqueis.

As indicações das liturgias são encontradas nos próprios mitos sobre egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e Àbíkú ou nos versos de Ifá. Além disso verger tem alguns Òfó que ele documentou em seu livro sobre folhas Yorùbá.

As liturgias mais efetivas passam pelo envolvimento de um Orixá (Òrìṣà) na questão, orixás como Xangô (àngó) e principalmente Ìrókò. Somente os Orixá (Òrìṣà) pode ajudar a quebrar esse vínculo. Existem rituais que são feitos em rios.

O culto Gélede (Gẹ̀lẹ̀dẹ́) a Ìyá Nlá é especializado nessa questão, mas, ele não foi trazido para o Brasil, aliás nenhum lugar da diáspora de forma que é necessário obter rituais equivalentes.

Além de Orixá (Òrìṣà) Egúngún pode também ser um caminho para proteger do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). O motivo é a ligação desta questão com a linha familiar, o egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e o Àbíkú é acima de tudo um assunto de família.

Pode ainda ser necessário manter uma oferenda anual por vários anos para o egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) de modo a mantê-los longe.

A grande questão é que para lidar com o isso o sacerdote, seja o Bàbáláwo, o Babalorixá (Bàbálórìṣà) ou a Iyalorixá (ÌyálÒrìṣà) terão que se aprofundar e entender os motivos, os rituais e as liturgias, isso não se trata apenas de fazer ebó (ẹbọ), eles não resolvem, trata-se de entender as questões para poder mediar uma solução com o egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run).

Não se trata de recorrer a soluções de magia ou agressivas. Trata-se de amor e carinho, acima de tudo, de convencer essa alma a desejar viver no Àiyé e de acomodar as expectativas dos seus companheiros.

Eu não posso aqui dar todas as fórmulas, o que estou afirmando é que, sim existem soluções que o Bàbáláwo ou pessoa com conhecimento poderá atuar, mas, que isso terá que ser algo bastante pensado e planejado e, acima de tudo, contar com o amor de todos os envolvidos.

Para bebes os yorùbá adotam o uso de tornozeleiras de proteção. Esse instrumento deve ser usado.

 

 

Conclusão

Depois deste extenso texto, pouca coisa resta a falar. O maior desafio aqui é aceitar o modelo teológico que é o resultado de minhas pesquisas, experiência e análises. Esse modelo não muda muito o que se fala hoje sobre egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), mas o pouco que muda, transforma tudo o que se pensa. Uma mudança pequena com grande impacto.

Ele parte de 3 pilares: A localização no Ìrònà, a composição do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) com os espíritos infantis mortos em condições não normais e a questão da origem do nascimento através de Orixá (Òrìṣà). Claro que tem muito mais detalhes e informações, mas tudo deriva em sua base dessas 3 coisas.

A partir desta base é possível desmontar o modelo furado e que precisa de uma enorme complexidade para ficar de pé. Como eu sugiro, aplique a lâmina de Occam nos dois modelos e o que fica é o que eu proponho.

Não inventei isso, diferente do outro o que proponho é baseado nos mitos, nos versos e na teologia e cosmogonia como um todo, como um conjunto coeso e consistente.

Por fim eu lembro que o modelo que eu proponho suporta toda a prática e todos os bons conhecimentos que se têm sobre o tema sem necessidade de fazer qualquer tipo de malabarismo.

Mais, ainda, as indicações e recomendações práticas que devem ser tomadas baseadas no modelo que estou propondo são muito mais objetivas, simples e conduzem a uma solução direta e simples dos problemas que desafiam os Bàbáláwo em relação ao egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Mesmo os sacerdotes do culto de Orixá (Òrìṣà) serão mais efetivos se adotarem essa linha de pensamento mais fácil de entender, de explicar e de atuar.

Essa proposta é assim ninguém tem nada a perder, apenas a ganhar. Aliás, quem tem a perder é quem vende iniciações para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), assentamentos para egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e ebós votados para motivos criativos.

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