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terça-feira, abril 13, 2021

Informações complementares sobre o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) [ Entendendo a religião Yoruba - Pt. 52]

 

Informações complementares sobre o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run)

 

  • Vou agora dar uma série de informações que coletei ao longo dos anos, espero que sejam úteis. Elas não mudam nada do que eu já falei sobre esse grupo e fenômeno, mas, dentro da religião são informações importantes.

  • Existem várias divindades infantis na sociedade youruba, dependendo da região: Ẹgbẹ́, Ẹgbẹ́run, Arágbó, Ẹgbẹ́ Ọ̀gbà, Koóri, Kónkóto, dàda e Elérìkò. Elas estão relacionadas com crianças.

  • Existem vários nomes para se referenciar aos egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Apesar de serem vários nomes eles se referem a mesma coisa, são o hábito dos yorùbá de terem vários nomes para a mesma coisa, nomes que podem variar de acordo com a região. São eles:

  • Arágbó – Espírito de crianças, seres da florestas

  • Ẹgbẹ́ ou Ẹgbẹ́run – Vivem na água ou madeira

  • Elére – Donos as imagens de madeira

  • Os Orixá (Òrìṣà) ligados a água e principalmente Iroko, são ligados a eles. Iroko é o caminho dos mortos porque os corpos dos mortos não eram enterrados, eram deixados nas árvores de Iroko. Os mitos dizem que eles se reúnem nas árvores de Ìrókò. Os caminhos para desligar um renascido do egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run), normalmente passa por Ìrókò.

  • Os Orixá (Òrìṣà) ligados a água são aqueles que se recorre para ter filhos quando isso não acontece naturalmente. São eles que pegam os espíritos no egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e desta forma estão também ligados.

  • A proteção mais comum para colocar nas crianças recém-nascidas para afastar os companheiros do Ìrònà são tornozeleira de metal, de ferro – Ẹgbà, que não fazem barulho . A tornozeleira é colocada em ambas as pernas e eles dizem que elas vão ancorar eles no mundo.
    Essas tornozeleiras são as peças mais encontradas em capelas e egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run).
    O uso de tornozeleiras de metais foi uma evolução do desenvolvimento da própria sociedade Yorùbá, da sua metalurgia. As primeiras tornozeleiras, as mais antigas que se tem notícia eram feitas de búzios e estavam ligadas a Olóòkun, assim como essa divindade estava ligada a proteção das crianças, lembrando que em quase todas as regiões Olóòkun é masculino, somente em Ifé é que é feminino.

  • Segundo Ifá (Ìwòrì Méjì) o barulho afasta eles, assim existe um outro tipo de tornozeleira: Aro, ìkù ou Ṣaworo. Elas possuem guizos e devem fazer barulho o tempo todo, também são os principais adornos nas capelas dedicadas a Àbíkú.

  • A crença popular é que as almas pré-natais e todos os companheiros invisíveis vivem em árvores nas florestas. O significado do nome pode mudar nas regiões devido a língua tonal, mas sempre está ligado às imagens de madeira – Ère.

  • Em Ọ̀yọ é usada a palavra Elérèé, que significa aquele que é encontrado em feijão. Isso é devido ao feijão fradinho ser a comida preferida deles.

  • As crianças nascidas em circunstancias anormais. Incluindo rituais de fertilidade ou depois de apelo a Orixá (Òrìṣà), algumas vezes são chamadas de crianças espirituais. Isso é uma tradição yorùbá.

  • Em Ibadan, existe uma divindade chamada Elérìkò, uma divindade feminina, ambivalente, ligada a esses espíritos. Ela ajuda ou atrapalha, traz doenças para unir os Aràgbó. Elérìkò é imprevisível. Quando aplacada dá filhos e brinca com as crianças na luz do dia. Quando desagradada assedia crianças no seu sono, aflige com doenças, as mata e leva suas almas para o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Elérìkò é de Ibadan.

  • Não é usado instrumento de percussão para egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) porque o barulho os afasta.

  • Egúngun também é considerado como adequado para ajudar com os problemas de Àbíkú. Eles tem um tipo de Eégún chamado Egúngún Ọlọmọyọyọ, é um espírito ancestral de pequenas crianças.
    Egúngún é também Àghòbí ou Àwòbí, é um mascarado de Ọ̀wọ usado para perdir virilidade aos homens, fertilidade às mulheres e que as crianças nasçam bem formadas. Eles usam o Ṣaworo porque o barulho repele o perigo.

  • Em Aṣípa, as mães de Àbíkú e estéreis amarram o Gèlè e Ọ̀já (panos usados para prender as crianças ao seu corpo) em árvores na capela de Ẹwúrùm uma divindade local dos espíritos das crianças.

  • O rita de fertilidade, para ter filho é chamado de Ìgbàjá que significa amarrando a faixa da criança. Existe um ritual muito bonito feito para a fertilidade com isso.
    A mulher deve carregar uma boneca de madeira nas costas, usando Gèlè e Ọ̀já, ela deve dançar para atrair os filhos. Também pode ser usado chifre de búfalo com osun.

  • As crianças nascidas pela interferência de Olóòkun são chamadas de Èkìnẹ̀ ou Ọmọlókun.

  • O conceito de egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) existe entre os Yorùbá, os Akan, os Nupe, os Ìgbò e os Hausa.

  • Iyajanjàsá é o nome da mulher que é lider dos garotos no egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Olóìkó é o líder das meninas.

  • Awaiyé é o nome da floresta sagrada dos Àbíkú, fica na Nigéria, ela existe de fato e é lugar de peregrinação de pessoas pedindo a proteção contra os Àbíkú. Esta floresta é o local para onde olofin Alawiye trouxe os primeiros Àbíkú.

  • No Àiyé os espíritos do egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) ficam no quintal das casas, assim como em Pântanos e riachos. Os mitos, em Cuoco, descrevem, pântanos e riachos (principalmente estes) como sendo o local para se depositar as oferendas para os Àbíkú. Além disso árvores são usadas porque eles são considerado espíritos das árvores. O motivo do quintal ser preferido é que as placentas eram enterradas no quintal das casas, assim os Àbíkú ou oe egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) se reuniam no local de suas próprias placentas.

  • Crianças Àbíkú não são enterradas ou são enterradas longe da família. Os corpos muitas vezes são jogados no mato. Marcas são feitas nos corpos para reconhecer os Àbíkú se nascerem de novo.

  • Crianças que nascem com partes da membrana na cabeça, podem ser Àbíkú, são chamadas de Salàkó ou Tàlàbí.

  • Crianças que nascem cabeludas também são associadas a egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) e ligadas a Dada.

  • Doenças em crianças muito novas pode estar associado ao chamado da sociedade.

  • As folhas usadas para afastar Àbíkú são Ijà àgborín, Lárà Pupa e Ìdí.

  • Em ifá existem diversos Ofo pa manter os Àbíkú no Àiyé quebrando o vínculo dos nascidos com o egbe (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run). Os ritos mais eficiente são os que envolvem Orixá (Òrìṣà) de proteção.

  • A restrição de iniciação de Àbíkú no Candomblé é coerente. Se Àbíkú nasceu para morrer, durante a iniciação é feito o ritual de morte e renascimento do iniciado. Em função disso Àbíkú não pode passar por esse ritual de morte visto que poderia morrer de fato. Desta maneira não se trata apenas de não raspar a cabeça de um Àbíkú, não se pode é encenar sua morte.

  • Em Ifá o principal Akọṣẹ para tratar Àbíkú está no Odù oxé (Ọ̀ṣẹ́) Ògúndá.

  • Também o Odù Ìdí Méjì é usado para prendê-los na terra.

  • O Ìrònà também é chamado de mercado Tòkútókú, que é para onde vão os morrem jovem.

  • No Odù Òsá Méjì o Bàbáláwo Adedoja, tem uma história na qual a sociedade egbé (Ẹgbẹ́) órun (Ọ̀run) envia Àbíkú para punir a pessoa.

  • As placentas eram enterradas no quintal das casas, dentro de um jarro coberto com folha de dendezeiro e búzios.

  • Durante a gravidez a mulher com risco de Àbíkú, deve usar roupa vermelha e guizos. A roupa vermelha na criança repele os companheiros. Também são feitos pós com folhas especiais para passar no corpo e em um amuleto colocado no pescoço da criança.

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