QUAL É O MELHOR DEUS A ESCOLHER?
Existe
uma questão que tem origem nas religiões abraâmicas, em geral e
que afeta todos em qualquer religião. Essa questão é que eles
confrontam as demais
religiões devido a seu entendimento de que somente eles se ligam ao
verdadeiro deus.
As religiões abraâmica são: Judaísmo, catolicismo e suas
variações e até mesmo o islã.
Os
abraâmicos, todos eles, entendem que somente eles têm,
através de sua religião, o contato com o deus verdadeiro e que
outras religiões tem outra coisa mas essa outra coisa não é o deus
de verdade, porque só eles conhecem o deus de verdade. Se você
acredita em deus somente pode ter acesso a ele através deles,
porque, de acordo com eles, deus veio em pessoa, em forma humana,
falar com a gente e eles, os abraâmicos, materializam através da
religião deles o que deus disse que é para ser feito por nós e
assim eles representam a verdadeira religião de deus.
Para
eles essa questão é tão séria que eles disputam entre si, entre
os abraâmicos, quem é que está certo ou mais certo. Para os que
não seguem uma religião abraâmica esse posicionamento é, no
mínimo, desanimador. É muito difícil argumentar sobre isso,
discutindo se isso está adequado a uma visão de um deus supremo em
sua grandeza se o outro lado, os opositores, abordam o assunto de
modo tacanho, disputando a propriedade de deus.
A
posição deles, de deter a propriedade da verdadeira relação, leva
a conclusão de que tem que existir, alternativamente, vários
deuses, semi-deuses, falsos deuses ou demônios (eles usam várias
denominações pejorativas) que são as divindades referenciadas
pelas outras religiões. Eles não negam as demais religiões, mas,
na minha visão, as classificam como fantasias humanas e
invencionices ou as definem como crendices ligadas aos espíritos
errados, ou seja, uma substituição do deus verdadeiro por uma outra
coisa qualquer, uma vez que, somente eles, estão ligados ao deus
verdadeiro.
Chamo
a atenção de dois tipos de abordagem que eles usam para tratar as
demais religiões. Na primeira eles as referenciam como hereges ou
pagãs e na segunda dizem que são influencia ou manipulação do
diabo. Ambos argumentos representam projeções reais e sinceras da
teologia deles para o tema.
A
palavra pagão não deveria ser nenhuma ofensa e significa apenas
quem não é cristão, assim metade do mundo é pagão. Se
considerarmos a definição de pagão ser quem não é batizado,
então 65% do mundo é pagão. Contudo na maior parte do contexto do
seu uso ela é usada como uma ofensa, como qualificadora de uma
pessoa que não crê ou se liga ao verdadeiro deus, aquele que
somente eles têm. A palavra não é usada como um substantivo para o
outro e sim como um adjetivo para qualificar o outro.
Em
relação a ligar o diabo às demais religiões, isso é genuinamente
o entendimento teológico deles. Eles entendem que existe um diabo
que faz oposição a deus e que o mundo que vivemos é controlado
pelo diabo. Esse diabo quer levar as almas ao inferno e nos afastar
de deus, que apesar de ser onisciente e onipresente está sempre
distante e deixa o diabo controlando o mundo, influenciando as
pessoas para o mal e nós temos que resolver isso sozinhos.
Neste
modelo teológico as religiões não abraâmicas, as pagãs, são uma
das formas do diabo afastar as pessoas do deus verdadeiro e por isso
essas pessoas devem ser cooptadas e salvas delas.
Considerando
que todas ou a maior parte das religiões pagãs (não cristãs) não
acredita nem no diabo e muito menos em um inferno, incluindo nisso os
próprios judeus, é quase impossível discutir esse argumento com
eles. Acaba virando apenas uma ofensa barata, porque para discutir
isso você tem que entrar na teologia deles visto que nas demais isso
é inexistente.
Por
fim, chamar de herege é apenas um não argumento. Isso é muito
usado quando tratamos de divergências teológicas que surgiram na
formação da religião deles. Quando surge uma divergência
teológica, como, por exemplo, acreditarmos que deus se manifesta em
outras religiões ou que o diabo não existe ou mesmo que Jesus não
era o próprio deus em pessoa, a classificação de “heresia”
encerra o tema sem mais discussões. Heresia é algo que já foi
tratado e refutado e os hereges condenados como tal.
O
curioso é que o sentido da palavra herege é tão simples como o da
palavra pagão, signifa apenas o de ser uma “opção”. Assim uma
heresia é uma opção por outro entendimento é uma escolha ou
divergência de uma ortodoxia mas assim como foi feito com a palavra
pagão, de substantivo vira um adjetivo.
A
verdade é que eles definem as outras religiões da forma como
querem, mas, no fim, o que é comum a todas essas definições é que
somente eles tem o absoluto, o único e o verdadeiro deus. São
vários argumentos idiotas e fantasiados e que se resumem a apenas
isso.
Eu
vou focar minha argumentação no Judaísmo e no Cristianismo. O
Judaísmo tem que ser incluído porque, apesar de ser uma religião e
um povo muito pequeno, seus livros sagrados foram usados pelo
Cristianismo e seu entendimento disso é a origem de tudo. O Judaísmo
não tem relevância mas entrou no tema por causa disso. O foco real
é o Cristianismo.
Falar
do islã seria uma abordagem mais fácil. Ele poderia ser mencionado
amplamente como um excepcional exemplo negativo de tudo o que vou
falar. Ele se encaixa como uma luva em tudo, mas é muito pouco
conhecida e sua desconstrução como religião passaria apenas pela
sua historicidade, de maneira que, para o que eu quero mostrar ele
não é necessário.
Farei
aqui muitas afirmações sobre os Judeus e ao Cristianismo em relação
a teologia e história e que certamente conflitarão com as
informações que muitos têm. Entendam que essas informações, que
usarei, foram obtidas de historiadores e eu as cito baseado no que
aprendi deles, de maneira que não estou inventando historia. Claro
que também incluo minhas observações ou análises e isso é o que
se pode esperar de uma obra autoral e opinativa que trata de
religião.
Por
que a história entre nesse tema religioso e teológico? Devido a
historicidade, inventada pelos judeus, sempre ser o principal
argumento utilizado por judeus e cristãos para sua superioridade
teológica e também para impor que o monoteísmo é a única opção
legítima de uma religião. Parece incrível mas já ouvi dezenas de
pessoas que iniciam ou baseiam sua argumentação sobre sua fé ou
sobre sua religião baseadas na historicidade do relato bíblico.
Vejam,
ninguém pode basear sua crença ou explicar sua fé dizendo se
apoiando em supostos relatos históricos, porque se os relatos forem
questionados e descredibilizados como verdade e historicidade, como
ficará sua fé?
Qualquer
discussão tem que se basear em argumentos consistentes e claros e
para isso, ao longo das próximas páginas, eu vou explicar um pouco
a estrutura de religiões (porque sem isso não dá para falarmos de
religião), explicar que a historicidade bíblica é inexistente e
que, finalmente, o monoteísmo não foi uma orientação de deus.
Depois disso podemos tratar de deus e teologia em bases mais
civilizadas e no final vou poder explicar qual é a causa da reação
estrutural que as religiões abraâmica tem que ter contra outras
religiões, mesmo que estas se dirijam ao mesmo deus que elas.
Sobre
o uso de fontes históricas nesse tema preciso fazer um alerta
importante. Não sei se todos sabem, mas, a recuperação de
informações históricas, ou melhor a criação da história é
feita a partir de pesquisa textual, quando disponível e,
principalmente, arqueológica. Contudo, esse é um absoluto exercício
de criatividade interpretativa. O pesquisador olha as parcas
evidências que encontra e da cabeça dele constrói a imagem do que
seria o passado, de modo que sempre haverão fontes com posições
diferentes. Cabe a cada um pensar no que está lendo, avaliar sua
relevância absoluta ou relativa ao tema e decidir o que considerar.
Assim, o senso crítico de quem lê é o que define a história e não
os pesquisadores que a geraram. Quem ouve ou lê aqueles relatos é
quem vai dar credibilidade a eles, porque eles tem que convencer
pessoas comuns.
A
informação histórica mais importante e que muito poucos sabem é
que somente após o século IV AEC,
com o fim do exílio babilônico, foi que os judeus escreveram, muito
tardiamente em relação ao que seria a cronologia original, toda a
sua história que está na Bíblia criando um novo
passado e também uma nova religião. Essa escrita foi
feita por 2 grandes grupos de escribas profissionais e orientada
pelos sacerdotes do segundo templo de Jerusalém. É isso que
concordam todos os pesquisadores que consultei. O que não se sabe é
o quão profundo foi essa reconstituição e se ela preservou alguma
coisa da memória anterior ou copiou majoritariamente mitos
pré-existentes no levante. Isso é ainda inconclusivo.
Esta
é uma informação importante que por si só já muda o entendimento
da Bíblia em relação a sua historicidade, uma vez que não foi
escrita quando os tais “fatos” ocorreram e muito menos pelos seus
autores, como você foi levado a pensar. Não estamos tratando do
caso de escribas que ouviram os relatos dos autores e escreveram os
textos, estamos lidando com escribas que escreveram por conta deles e
de sua criatividade os textos como se fossem os autores.
Creio
que você pode estar chocado e incrédulo mas é isso mesmo. Foi
baseado nessa historicidade bíblica que você e todos assumiram que
deus quer o monoteísmo como modelo correto. O monoteísmo é o que é
porque é isso o que está na Bíblia. Entretanto e se
isso nunca existiu? E se deus jamais procurou aquelas pessoas
dizendo que deviam ser apenas monoteístas?
Para
sua informação, a Tanakh é o nome que se dá ao o conjunto de
textos judeus que mais ou menos é o que chamamos de antigo
testamento. Ela deva ser, na verdade, considerada como uma obra
literária, mitológica e teológica, com eventos e personagens
criados. A Septuaginta, como é chamada a primeira tradução para o
grego deste códex judaico, feita no Egito, foi a base do AT.
Com o que já se sabe hoje, sem qualquer sombra de dúvida, ela não
pode ser considerada um relato
histórico, apesar de ter sido feita para simular isso.
A
Tanakh, como um códex, foi elaborada por uma casta de sacerdotes
judeus vindos de longa estadia na Babilônia e foi baseada em uma
soma de revisão histórica, interpolação e teses teológicas
posteriores (com enorme influência babilônica), tudo isso
disfarçado como se fosse a história real, só que retro-projetada.
Atualmente não existe nenhuma dúvida sobre essas minhas afirmações.
Também
não existe nenhuma dúvida de que ela foi escrita a partir do século
IV AEC e o que existia antes era
apenas a tradição oral de pelo menos 2 povos muito
distintos, que possuíam histórias distintas e ancestres distintos,
um localizado no Sul, Judá e outro no Norte, Israel. Assim,
diferente do que você imaginava até esse momento, estes fatos e
situação relatada coloca toda essa obra, o AT, deslocada dos
eventos motivadores de suas histórias e dos autores que você
imaginava que fossem. O AT é um livro religioso baseado em mitos.
É
importante citar que isso não ocorreu apenas
no códex do AT. O NT
também não é uma obra autoral, ele surge mais através de um
processo dêutero autoral do que pseudo autoral. Os livros e
principalmente as cartas que compõe o novo testamento, apesar de
muito mais recentes e feitas, diferente do AT, em um tempo em que,
comparativamente, havia maior alfabetização e facilidade de
material de escrita, foram escritos, no século I, a partir de, pelo
menos, 50 anos após a morte de Jesus (muito poucos), a maior parte
do material possivelmente só foi escrita do século II em diante.
Isso, apesar de os colocar distante dos fatos e autores originais os
situa muito mais próximo das fontes do que o AT.
Paulo
é sem nenhuma dúvida o personagem mais importante do NT, chegam a
chamar o cristianismo de religião paulina, só que existem 2 Paulos
diferentes, o real, o histórico, que é mostrado em algumas cartas e
o que está retratado em Atos dos Apóstolos, que é o Paulo
mitológico. Das 21 cartas paulinas que existem no NT, apenas 7
cartas são atribuídas ao Paulo Histórico e mesmo assim contêm
algumas camadas de interpolações. As demais cartas são todas
dêutero paulinas ou pseudo paulinas.
A
partir do século IV EC,
surgiu a auto-proclamada ortodoxia católica (ninguém os elegeu,
eles se auto-elegeram), iniciou a construção do catolicismo que
conhecemos hoje, mas esse processo levou vários séculos para se
consolidar e foi se afastando intencionalmente e gradualmente da
origem judaica. Apesar da suposta origem judaica, o catolicismo
floresceu e se expandiu em um ambiente helênico. Nos primeiros
séculos era majoritária a influência helênica na teologia.
Você
deve estar assustado com tantas afirmações estranhas e qual a razão
de isso ser relevante para esse tema, mas, sim, tem relevância
porque define a raiz do problema que estou tratando.
Este
não é um texto feito para questionar a Bíblia como texto sagrado
de uma ou várias religiões. O que estou trazendo são informações
que já existem, divulgadas por historiadores em livros e artigos e
que desfazem a historicidade atribuída a estes textos e isso nos
permite discutir teologia e religião como devem ser e não competir
teologia contra história, como fazem os cristãos.
Assim,
como eu disse, o AT, antigo testamento, é uma obra literária e
mitológica baseada em textos judaicos, o novo testamento é uma obra
literária, teológica e mitológica greco-romana de maneira que,
nenhum dos dois livros representa a história real como querem fazer
todos acreditarem. Esse é o ponto importante, esses livros NÃO SÃO
história ou descrição de fatos.
Vocês
podem, ainda, não entender porque estou citando a questão de fatos
históricos e a Bíblia, mas, vou explicar mais uma vez. A
razão é que a base dos argumentos deles, judeus e cristãos,
para sustentar sua posição de supremacia ou monopólio na relação
com deus, tem como pedra fundamental a afirmação de que a Bíblia
é um relato histórico e na Bíblia é definida uma relação
direta e exclusiva com o próprio deus supremo como tendo sido
trazida por esse mesmo deus. Por isso preciso trazer esse assunto a
tona, porque não dá para questionar a tese de propriedade da deus,
que eles têm e o monoteísmo, que eles criaram, se não iniciarmos
pelo questão de historicidade da Bíblia. Não podemos discutir com
um fantasma ou espantalho.
Repito,
que meu
objetivo, aqui,
não é falar
da historicidade
bíblica,
isso é um problema
orgânico dos
judeus, minha
questão são as
consequências para a humanidade dos problemas causados pela invenção
da supremacia da
relação com o deus supremo, que
eles criaram para eles,
ter sido adotada pelo cristianismo que
é a religião que influencia mais da metade do mundo. A
construção desta
propriedade afetou
a relação de cristãos e da população em geral com as outras
religiões, tirando delas, no entender deles, o direito a sua
própria relação com
deus e deslegitimando
as demais religiões como parte do contexto maior
de deus.
Não
se trata de questiona a opção religiosa que milhões de pessoas
pelo cristianismo. Trata-se de questionar o efeito que isso tem sobre
outros milhões de pessoas que creem em deus mas não acreditam que
essa relação entre nós e deus seja através do modelo desenhado
pelo cristianismo. Uma metade não aceita a não opção da outra.
Pelo
lado teológico essa abordagem, como explicou Baruk de Spinoza em seu
livro Tratado teológico-político, retirou de deus a sua verdadeira
grandeza, ele deixou de ser o deus supremo e virou um fantoche judeu
e cristão.
Já
vi muitas pessoas inteligentes e cultas que sempre,
preferencialmente, tomam esta atalho e resumem essa questão da
supremacia da relação com deus, que o cristianismo têm, devido a
Bíblia ser, na posição deles, histórica e ela descrever fatos nos
quais, claramente, deus estabeleceu uma relação direta entre ele e
os judeus criando a religião e principalmente o monoteísmo. Elas
partem primeiro da fé religiosa em deus e se apoiam no formato de
relato histórico que foi dado a Bíblia ao misturar uns poucos
livros teológicos com a história romanceada de um povo.
Observem
que apesar de essas pessoas não serem judeus elas recorrem a
historicidade inventada pelos judeus para fundamentar suas posições.
Atualmente existem inúmeras e consistentes fontes que contestam a
historicidade desse textos Judeus, existe, na verdade, toda uma área
científica em torno disso, com dezenas de pesquisadores e livros
publicados, mas essas pessoas, inteligentes, apesar de serem
profundos estudiosos de religião e criadores de teologia ignoram ou
fingem ignorar essas fontes.
Vou
afirmar aqui, repetidas vezes, que não tenho nenhum foco nos judeus,
apesar de eles serem muito citados aqui. Eles não tem nenhuma
relevância histórica. Foi somente através do cristianismo que ele
ganharam relevância. Sem o cristianismo seriam mais um pequeno povo
do Levante. Os cristãos ao criarem sua religião, por motivos que
hoje eu critico mas que historicamente muitos já o fizeram também,
se ligaram a origem judaica do Cristo e trouxeram a religião
inventada pelos judeus apenas no século IV AEC para si e para
o conhecimento do mundo.
O
cristianismo, que na minha visão e de outros nunca deveria ter
buscado essa raiz Judaica, teve que recorrer ao mesmo estratagema que
os sacerdotes do templo de Jerusalém usaram antes e criaram um deus
para eles, substituindo o deus que os judeus haviam criado antes. Eu
vou explica mais tarde e em detalhes, criticamente, esse movimento,
mas uma visão teológica sobre esse processo, claramente, mostra que
com a vinda de Jesus, deus redefine sua relação com a humanidade em
outras bases, cria uma nova aliança e é criado o caminho para uma
nova religião (o que realmente ocorreu), uma religião aberta e
universalista com valores e ética elevados.
No
meu ponto de vista religioso, Jesus é o rompimento de deus com a
religião e o monoteísmo inventando (do nada) pelos sacerdotes do
tempo de Jerusalém. O que eu penso é que infelizmente esse
movimento (ruim) do templo retorna através da auto-proclamada
ortodoxia cristã, a patrística e mais uma vez estraga algo que
poderia ter sido bom, reatando o cristianismo com o judaísmo ruim
criado pelo templo de Jerusalém.
Com
essa inclusão, na minha opinião, essa auto-proclamada ortodoxia
cristã foi obrigada a transformar Jesus em deus (como ocorreu
no século IV). Esta transformação foi forçada e artificial e, por
séculos, não foi aceita, sendo continuamente rediscutida em
concílios, gerando divisões e mostrando, até hoje, que era uma
definição ruim.
Atualmente,
a ortodoxia cristã foge dessa questão da transformação de Jesus
em deus respondendo que é uma heresia e nem segue com qualquer
justificativa.
Conforme
citei, minha opinião é que isso foi devido a uma razão
político-teológica. Era necessário aos cristãos substituírem a
relação de exclusividade com deus que os judeus inventaram para si
nos seus livros (dos judeus). Uma vez que, como esses livros foram
incorporados ao cânone católico era necessária um nova definição
dessa relação, uma nova aliança e um novo deus, que substituísse
a relação que os judeus fizeram só para si.
Vou
dar um exemplo de como era importante a criação de um deus próprio.
Em torno do século VII os árabes tentaram de aproximar dos judeus e
de sua religião. Eles não tinham uma religião moderna, convivam
com um politeísmo desordenado e nesse tempo, conviviam com o
cristianismo com sua abordagem inclusiva e aberta e com os judeus. Os
judeus recursaram a sua aproximação dizendo que a religião deles e
o deus deles era só para eles, que eram judeus. O compromisso de
deus era com eles e deus jamais os aceitaria. Os árabes então
procuraram Mohamed, porque em medina ele se anunciava como profeta do
deus dos judeus e dos cristãos e assim surgiu o Islã esse mal que
assola a humanidade. Isso não é mito, é fato real e mostra a visão
judaica da propriedade de deus e essa relação maluca que eles
inventaram com o monoteísmo.
Assim,
para os cristãos, Jesus teve que obrigatoriamente virar deus para
que os católicos tivessem independência e a mesma relação de
exclusividade que os judeus inventaram para eles. Com isso, os
cristãos também podem repetir que a religião deles é também a
verdadeira, porque deus, veio pessoalmente até nós, através de
Jesus, para criar a nova religião através da nova aliança
superando as estorinhas que os judeus inventaram.
Observem
essa equivalência construída. Os judeus, no seu livro de mitos,
fazem o deus supremo vir até eles para construir uma aliança
especial, sem qualquer justificativa e exclusiva para eles judeus. Os
cristãos, passam a usar os livros judaicos, mas, fazem no seu
próprio codex, novamente o deus supremo vir até eles, através da
transformação de Jesus em deus e estabelecer uma nova aliança, uma
que substitui a anterior. Os judeus são substituídos e deixam de
gozar o status, que eles mesmos inventaram para si, de povo
escolhido.
Observem
que a teologia que definiu Jesus como sendo deus é apenas política
e tinha que ser obrigatoriamente feita pelos cristãos.
Teologicamente isso jamais foi facilmente aceito, foi origem de
muitos questionamentos e heresias, o tema se estendeu por diversos
concílios e houve algumas poucas divisões formais. Contudo isso
nunca foi um assunto teológico e a organizada ortodoxia católica
jamais aceitaria qualquer tipo de contra-argumentação. É absoluta
perda de tempo querer discutir isso hoje ou em qualquer tempo, isso
jamais foi um tema teológico.
Ao
trazer o códex judaico (ruim) para dentro do seu códex, a
Patrística não teve outra saída que não fosse recriar deus
através de Jesus e com isso defini uma nova relação dele com a
humanidade. Vou aprofundar isso em outro capítulo.
A
realidade é que para as
pessoas e comunidades helenizadas do século I a IV, que
verdadeiramente adotaram Jesus por sua vontade, divulgaram seus mitos
e expandiram a religião, Jesus era tipicamente um semi-deus e foi
assim reconhecido por muito tempo até o transformarem, por decreto,
em deus.
Temos
uma luta de teologia
inventada. Para
fazer frente a historicidade que no
século IV AEC os judeus
inventaram junto com uma
relação de propriedade de deus,
os católicos no século
IV EC, criam um
Jesus-deus e
se libertam
do judaísmo
apesar
de terem adotado o códex judeu. Contudo,
ao fazerem isso, se colocam no mesmo lugar dos judeus ao
serem
igualmente obrigados a
alegar a propriedade da
relação com deus em
sua religião.
Por
que eu afirmo que são obrigados a alegar a propriedade exclusiva?
Se
eles reconhecerem
que seus livros são
mitos e não história,
como sempre falaram que
eram
e, principalmente, que
o deus supremo visto
pelas outras religiões é o mesmo deles, como
fica a teologia deles
frente
as teologias das demais religiões, que
são diferentes das
deles mas tem origem no
mesmo deus ou seja, tem
a mesma inspiração divina que eles?
Mas
como fica a religião cristã sem um diabo? Sem inferno? Com várias
vidas? Sem apocalipse? Sem nascermos condenados? Sem o deus
onisciente? Sem o retorno de Jesus? Porque isso só eles têm. Não
sei se você se lembra ou sabe mas, o antigo testamento, o códex
original não tem nada disso escrito ali.
Minha
visão é que o castelinho
de cartas
desaba, porque se eles
aceitarem
deus com uma teologia diferente, mostra,
através das diferenças, que alguém errou ou não contou a verdade.
Deus teria enganado
eles? Essa questão da propriedade de deus é muito mais
dramática e séria do que você imagina e isso está no núcleo da
intolerância religiosa. Existem
construções teológicas basilares, que
foram criadas em concílios e que
dependem da supremacia deles
em relação a deus e
vou mostrar isso mais à
frente.
Após
essa desconstrução da relação de exclusividade e propriedade de
deus pelos cristãos, podemos voltar ao tema principal deste
capítulo, o da multiplicidade de “deuses”. Temos, de fato,
muitos deuses? Temos o deus dos judeus, o deus dos cristãos, o deus
dos hindus, o deus dos chineses, etc..?
Qual
é o melhor deus a ser escolhido nessas opções?
O
que isso muda na nossa vida?
Ao
escolhermos um deus e uma religião mudamos nossa vida e,
principalmente, o nosso destino?
Por
exemplo, os cristãos terão uma vida e um pós-vida diferente dos
induístas? Depois que você morrer, vai ter uma porta para os
cristãos entrarem, outra para os induístas? Outra para os
espíritas? Já pensarem nisso?
Por
quê eles tem esse problema da supremacia do deus deles e as demais
religiões não têm?
Se
temos muitos deuses, qual devemos escolher? Qual é melhor? O deus
deles ou os outros deuses?
Se
tratamos deus como Olódùmarè
ou
Brahma , teremos escolhido o deus errado?
Bom,
antes de seguir tenho que dizer que esse assunto é bem extenso, dá
para falar muitas e muitas horas sobre isso
e, assim, eu escolhi um viés entre os muitos possíveis, um
que eu entendo ser mais simples para abordar o tema.
Além
disso, neste texto, vou estar falando da forma como as religiões
abraâmicas, que eu citei, tratam essa questão de deus e por essa
razão estarei referenciando muito os judeus e o Judaísmo, apenas
porque o entendimento e história deles está na origem dessa
questão. Não tem nenhuma razão especial e este tema não é
destinados somente aos judeus.
Primeiro vamos a uns números
oficiais sobre religião no mundo em 2023:
32% é cristão (50% católico)
0,2% é judeu
23% é muçulmano
Total abraâmico – 55%
7% é budista
15% é induísta
Total Indi – 22%
15% é sem religião mas creem
de alguma forma em deus
3% são ateus
4,8% - tem outras religiões e
crenças
Podemos
entender várias coisas com esses números.
A
primeira é que eles, os abraâmicos, são apenas metade da
população do mundo. A outra metade não pensa igual a eles.
A
segunda é que, de fato, deus fez um bom trabalho através dessa
religião, partindo dos judeus, que são menos do que um traço na
estatística, ele convenceu metade do mundo a seguir esta religião.
Inclusive explorar esse tema, de porque e como deus espalhou essa
religião pelo mundo já seria um tema enorme.
A
terceira é que os ateus são apenas 3% do mundo, eles são menos do
que qualquer religião, são 3 traços, mas, querem dominar o
discurso. Eles conseguem isso devido aos 15% que creem em deus mas
não tem religião, como sempre esse pessoas ficam em cima do muro
mas sempre caem do lado ateu, prejudicando todo mundo.
O
grupo Indi é muito relevante mas o induísmo é geográfico e não
vai crescer mais, ele está associado a uma população é induísmo
é como o Judaísmo. O grupo budista na verdade deve ser agrupado com
ateus e os sem-religião. O induísmo não desenvolve uma relação
com deus ele promove que nós homens podemos seu o próprio deus,
assim, budistas e ateístas são similares. Quando juntamos com os
sem-religião temos 33% da população que não veem necessidade de
se relacionar com deus.
Eu
gostaria de abordar diretamente a questão de existir ou não vários
deuses, mas, tenho que fazer um pouco diferente. É necessário
explicar isso em uma determinada ordem, para que isso possa ser
entendido, caso contrário vai ser inútil, assim tenham um pouco de
paciência.
Vamos
então a um argumento teológico simples
– como eu prometi – para iniciar, mas, para isso,
precisamos não tomar partido de nenhuma religião, porque não dá
para olhar essa questão estando de ante mão preocupado em afirmar a
posição de uma delas.
Nas
gêneses das outras religiões, que não as abraâmicas,
um deus supremo também criou tudo do nada.
Essa constatação é muito
importante porque nivela todas ou quase todas as religiões no senso
comum de que existe um deus supremo.
Nenhum mito é igual ao outro,
em alguns aparecem mais ou menos deuses, em alguns existem
justificativas para a criação e os detalhes, a riqueza do relato e
o simbolismo varia entre eles. Contudo, sem nenhuma coincidência,
todos esse mitos refletem essencialmente a forma humana de se
relacionar entre si, mostrando, como óbvio, que as pessoas apenas
contaram as histórias de uma maneira que as outras
pessoas pudessem entender. Esta
última frase é a coisa mais importante.
Não podemos examinar esses
textos buscando exatidão histórica ou descritiva porque são textos
humanos e foram escritos para descrever um contexto super-humano para
humanos entenderem e foram feitos por outros humanos.
Vou me deter um pouco nesse
tema.
Muitos criticam os livros
sagrados das demais religiões como obras fantasiosas, com um monte
deuses, filhos, brigas, etc. Mostram coisas fantásticas. As
principais críticas a isso vem dos abraâmicos porque eles,
justamente como eu disse, fundamentam seus livros como se fossem
sempre a história real. Como vou explicar mais adiante eles fizeram
essa emulação. É o mesmo com os cristãos, é assim com os
muçulmanos. Todos tem em comum a afirmação de seus livros não
serem fantasias e sim história porque intencionalmente os desenharam
assim.
Sobre os épicos e textos das
demais religiões, como eu já citei, são históricas e poemas
feitos por humanos para humanos entenderem as informações e são
baseados na cultura, valores de cada sociedade à época que foram
feitos. São feitos intencionalmente para pessoas comuns entenderem
as mensagens. As narrativas não têm o objetivo de contar uma
história real e sim de trazer para as pessoas o entendimento e o
sentimento do todo e da mensagem, sem recorrer a erudição e também,
permitem que eles facilmente memorizarem essas histórias. É mais
fácil lembrar de uma história ou de um poema e depois analisar ou
explicar seu significado, do que decorar apenas os significados.
Assim essas histórias,
fantásticas e incríveis, trazem lições, valores, moral, ética,
exemplos e dezenas de outros atributos humanos como as suas virtudes
ou os seus defeitos. Elas conseguem contextualizar, para qualquer
pessoa, uma dimensão grande do mundo, de deus e da existência, com
toda a sua complexidade, usando para isso a metáfora da própria
vida humana.
Tem idiotas que ao longo da
história disseram que deus era uma criação humana e que refletia
as pessoas, ou seja, que as pessoas criavam deus a sua semelhança e
que por essa razão isso tudo era bobagem, era o ser humano criando
um deus a sua imagem. O pior não é um idiota escrever isso, é
outras pessoas repetirem isso.
É claro que deus é descrito
como humano ou reflete nosso modelo humano ou mesmo as histórias e
mitos de criação, cosmologia, teogonia serem sempre épicos e
aventuras humanas. Eles são feitos por humanos e para humanos
entenderem.
Assim o homem não cria
artificialmente um deus igual a ele. Nós explicamos deus através de
nós mesmos, sua criação. Isso hoje chamamos de Analogia Entis e
contrasta com a chamada Analogia Fídelis. Humanizar deus não o
torna uma criação humana, apenas reflete a forma como nós
conseguimos explicá-lo. Na analogia entre o criador e a criatura, a
criatura reflete o criador.
Uma história na qual um deus
único e solitário cria o tudo do nada, sem motivação ou
explicação, não é melhor do que outras que mostram um deus maior
e outros menores criando o mundo e as pessoas, baseados em um motivo
qualquer, conflito entre eles, etc. Tudo como se estivesse ocorrendo
entre nós mesmos. O que é mais simples? explicar assim ou falar de
física quântica?
Como você vai descrever deus
ou a criação para as pessoas comuns? Como uma coisa amorfa, uma
energia maior e envolvente, etc… Sério? Você acha que alguém
vai dar atenção ou entender isso?
Mitos são sempre símbolos,
são feitos para serem isso e feitos para serem interpretado e
explicados aos humanos. Esse é o normal. O anormal é você criar um
livro de mitos e dizer que é história real, que deve ser entendido
de forma literal quando é conveniente ou de forma simbólica quando
é melhor para você, que é o que os protestantes fazem o tempo
todo. Mais idiota ainda é você pegar um codex feito para emular um
livro histórico e criar interpretações fantasiosas para justificar
sua teologia.
Quem é o maior idiota? O que
se baseia em mitos fantástico feito para serem interpretados e para
entender a criação, deus e o sentido da vida ou o que acha que um
livro de mitos, descaradamente inventado, é verdadeiro e por isso
você deve acreditar nele?
Muito mais curioso é o caso
católico.
A teologia, que é a interpretação da Bíblia, que eles seguem não
está na Bíblia, jamais esteve, foi uma criação humana feita
através de concílios. Ela estabelece um henoteísmo efetivo e foi
baseada, na minha visão e outros especialistas no zoroastrismo,
mitraísmo, maniqueísmo, filosofia grega entre outras fontes. A base
do catolicismo são textos apócrifos e não o cânone. Existem
teologias baseadas em filosofia e em apócrifos ou mesmo gerada
apenas porque eles quiseram. Os teólogos fazem uma enorme ginástica
com palavras e frases soltas na Bíblia para criarem amarrações.
É por isso que teólogos
católicos, que são pessoas inteligentes, não discutem teologia com
protestantes com a Bíblia na mão. É impossível. Mas não estão
errados, a teologia católica esta claramente definida e padronizada
e é transmitida pelos padres e teólogos. No modelo católico você
tem que ouvir o padre para entender a nossa relação com deus e o
sentido de nossa vida.
Os teólogos católicos sabem a
origem da Bíblia e sabem como foi feita e não vão pagar o mico de
se basear em um livro com textos inventados. Por essa razão que os
católicos não se preocupam com a questão de historicidade da
Bíblia. Nunca se preocuparam, até mesmo incentivaram as pesquisas.
O protestantismo nunca foi uma
reforma, é uma nova religião ligada a ortodoxia judaica do templo
de Jerusalém. Por isso que eles dialogam com tanta facilidade com os
judeus ortodoxos e se afastam dos cabalistas.
Assim, quem é de fato o idiota
nisso? Os cristãos ou as demais religiões?
Voltando ao tema principal, o
mais importante é que o exame da teologia mostra que as outras
religiões, grandes ou não, reconhecem a existência do mesmo
deus supremo e da mesma criação unificada presente no Judaísmo.
As narrativas normalmente são
na forma de versos épicos e trazem variações na maneira de se
entender o mesmo assunto com mais ou menos detalhes.
Não se pode ficar confrontando
detalhes e mostrando defeitos ou lacunas nas narrativas de cada uma
delas, como os abraâmicos gostam de fazer para ter razão. Até,
porque, o texto deles não resiste a uma análise de qualquer pessoa
com inteligência mediana.
A comparação de uma gênese
simples e sem graça, como a judaica, versus outra épica e cheia de
detalhes, de outras religiões, não vai levar a nenhuma conclusão
importante. As histórias da criação sempre serão obras humanas
feitas para humanos entenderem. O que importa é o sentido geral do
tema e, nesse sentido, o fácil entendimento da presença do deus
supremo é constante nas religiões.
Então,
seguindo o que estou explicando, não podemos ter vários
deuses supremos criando o mundo de forma diferente ou mais de uma
vez.
O
que temos então são várias fontes, independentes, relatando
a presença do mesmo deus supremo criando tudo. Esta é uma
consciência coletiva, que atribui a um deus supremo a origem da vida
e do mundo.
Como
consequência do que estou dizendo, não podemos ter Yahweh de um
lado criando o universo só para os judeus e de outro Brahma
e Olódùmarè,
por exemplo, fazendo o mesmo para hindus e africanos do centro-oeste.
Só temos 1 universo e 1 mundo para ser criado, não vivemos em
universos paralelos.
Como
outras religiões também relatam um deus supremo e como não podem
haver 2 ou mais deuses supremos, temos que estar tratando do mesmo e
único deus supremo, que existe e criou tudo. Mas esse deus é
entendido ou traduzido por povos diferentes de maneiras diferentes.
Esta
variedade e também coincidência é a maior prova da existência de
deus.
Entendam
que, nenhum deus, passou um fax para os humanos contando a história
da criação (Os únicos que acreditam que deus passou um faz são os
muçulmanos).
As
gêneses sempre são obras humanas feitas para humanos entenderem e
sempre surgiram quando não havia escrita e foram documentadas em
escrita muito posteriores a sua origem.
Assim,
não existe, de fato, um deus a escolher, não existe deus melhor a
ser escolhido, uma vez que, como eu afirmo, estamos tratando
do mesmo deus, apenas com nomes diferentes.
Como
consequência dessa minha afirmação, as demais religiões também
são manifestações do mesmo deus supremo. Isso é o que um
observador independente, que não esteja comprometido com nenhuma
dessas visões, pode facilmente concluir.
O
meu argumento é, desta maneira, simples de entender, deus, em
todo o mundo e ao longo dos séculos sempre esteve junto das pessoas,
se anunciando e com isso estabelecendo religiões. Ele sempre buscou
proteger e orientar a humanidade, como um todo a encontrar sua melhor
versão humana.
Na
visão de todas as religiões o mundo, o universo e toda a humanidade
é obra de deus. A obra é o todo e não apenas uma parte. Claro que,
contrário a essa minha visão muitos vão se levantar,
principalmente os abraâmicos. Vão dizer que estou fazendo uma
salada, misturando tudo e que tudo é a mesma coisa, que deus é
único e apareceu para eles e blablablá.
Mas
não é isso que eu falo. Eu não penso que é tudo igual. Todas as
religiões são diferentes e a razão disso é humana e
não divina.
Minha
visão é que cada pessoa deve escolher apenas uma religião e basear
sua fé nas mensagens desta religião e desconsiderar as outras. Se
escolheu a melhor ou não isso é de cada pessoa. Eu reconheço
religiões ruins e boas por critérios objetivos, mas cada pessoa
deve fazer sua escolha.
E por que escolher apenas uma?
Porque cada religião tem uma consistência teológica contida nela.
Existe orientações, indicações, proibições e modelos a serem
seguidos e isso só faz sentido com o entendimento da teologia e com
o devido equilíbrio das coisas.
Eu
sugiro que essa escolha deve ser também baseada em sociedade e
cultura, não vejo sentido em alguém aqui no Brasil querer ser
induísta. Religião é importante, tem propostas diferentes para
você entender e viver sua vida, mas escolher uma é uma escolha
pessoal e cada um viva com a escolha que fizer.
Por
fim, é minha posição que você deve ter uma religião ao invés
apenas de crer em deus. Ter uma religião significa você aceitar e
se submeter as mensagens e orientações de deus. Significa você
mudar quem é e mudar sua vida baseado no que deus transmite através
do entendimento desta religião. A pessoa que adota uma religião
está aberta a dar e receber de deus. Quem crê sem adotar uma
religião quer apenas receber de deus.
Vocês
podem estar confusos, nesse momento onde eu quero chegar, mas, calma
isso vai ficar claro.
O
que eu estou afirmando agora é que não temos um deus melhor ou
verdadeiro a escolher. É o mesmo deus supremo para todos no mundo.
Você não pode acreditar em um deus supremo e ao mesmo tempo duvidar
das outras religiões que também reconhecem o mesmo deus supremo. Se
você faz isso, é você que está acreditando em um deus menor ou no
seu diabo preferido.
O
problema com os abraâmicos, nessa questão, é que a teologia deles
depende da afirmação de serem únicos e de terem a única verdade.
Sem isso o castelo de cartas deles desaba, por isso são tão
agressivos nessa questão. Esta é a razão da intolerância. A raiz
disso está na criação, artificial do monoteísmo e vou ter que
explicar isso.