Iniciação de crianças no Candomblé
Eu
gostaria de aproveitar um tema que surgiu essa semana para falar
deste assunto de iniciação. Após este texto postarei um texto
antigo do Blog que fala sobre esse assunto de iniciação, mas eu
gostaria primeiro de falar sobre a questão de iniciação de
crianças.
Em
primeiro lugar, manifesto que sou contra a iniciação de crianças
no Candomblé ou em qualquer religião iniciática. Sou mais contra a
iniciação de crianças do que a iniciação de adultos. Já me
manifestei aqui no BLOG contrário a iniciação indiscriminada de pessoas
como parte do processo de professar ou praticar essa religião.
Sou
contra a iniciação obrigatória.
O Candomblé é um religião iniciática, mas o catolicismos também é e existem iniciações e iniciações.
O Candomblé é um religião iniciática, mas o catolicismos também é e existem iniciações e iniciações.
As
pessoas, no geral, têm que ter espaço na religião sem serem obrigadas a se
iniciarem. Para mim, como esta no texto s seguir, a iniciação como ato
obrigatório é apenas parte do processo mercantil.
Antigamente
era parte do processo de controle e submissão ao dirigente, porque
pessoas iniciadas devem submissão e pessoas não iniciadas, com liberdade de ir e vir, não
aturam qualquer coisa. Iniciar quem quisesse frequentar uma casa era
a forma de 1) submeter a pessoa a hierarquia da casa; 2) criar laços
mercantis.
Devemos
lembrar que no geral no Candomblé e seus dirigentes eram pessoas
muito simples e humildes, pessoas que por sua própria conta se
sentiam intimidadas com a presença de uma pessoa com estudo formal,
profissão e independência. Tudo o que elas não eram. Eram pessoas que tinham dificuldade em se impor como líder apenas pelas qualidades de liderança e inspiração que deveriam suscitar nas pessoas.
Para
controlar as pessoas nas casas os dirigentes usavam 2 coisas: a falta e o
controle da informação e a iniciação.
A Informação sempre foi uma moeda de troca, você se submetia porque queria aprender e a informação era controlada a conta gotas.
A Informação sempre foi uma moeda de troca, você se submetia porque queria aprender e a informação era controlada a conta gotas.
Mas,
além do dirigente, existe toda uma corte que quer também exige
hierarquia na casa. Como dizem, dá dinheiro para uma pessoa mas não dá
poder.
Para esse contexto o melhor processo era o de iniciação, feitura, porque a pessoa se submetida a um novo contexto social, um mundo paralelo ao mundo real no qual sua posição social mudava. As casas de Candomblé sempre foram um grande mundo paralelo, uma realidade alternativa.
Para esse contexto o melhor processo era o de iniciação, feitura, porque a pessoa se submetida a um novo contexto social, um mundo paralelo ao mundo real no qual sua posição social mudava. As casas de Candomblé sempre foram um grande mundo paralelo, uma realidade alternativa.
Esse
modelo de Candomblé iniciático não é o modelo que as pessoas
querem e a religião precisa. As pessoas têm que ter autonomia e
incentivo para permanecerem como abians ou frequentadores a vida
toda. Veja, não é para tolerar abians, é para incentivar a permanecer como abian.
A
religião católica é iniciática também, mas, ela não quer que todo mundo
vire padre, monge ou freira. Imagine se para você ser católico você
tivesse que ser no mínimo um monge.
O
que a religião precisa é aprender com as outras que já se estabeleceram no contexto da universalização, mas, enquanto os
Pais de Santo dependerem de fazer ebó e feitura para viver, isso vai
ser impossível. Só depois que essa geração de gente que vive
disso passar é que começa a melhorar.
As pessoas buscam em uma religião a fé, a crença em deus, a necessidade de se sentirem queridas e protegidas pelo divino. Buscam a esperança de uma vida compropósito, buscam a proteção do divino para suas dúvidas incertezas e problemas, buscam o conforto do colo de deus. Buscam se sentir pessoas melhores enquanto vivem.
É isso o que as pessoas buscam em uma religião. Ninguém entra em uma religião para servir a deus, as pessoas entram em uma religião para viverem com deus.
As pessoas buscam em uma religião a fé, a crença em deus, a necessidade de se sentirem queridas e protegidas pelo divino. Buscam a esperança de uma vida compropósito, buscam a proteção do divino para suas dúvidas incertezas e problemas, buscam o conforto do colo de deus. Buscam se sentir pessoas melhores enquanto vivem.
É isso o que as pessoas buscam em uma religião. Ninguém entra em uma religião para servir a deus, as pessoas entram em uma religião para viverem com deus.
É neste
contexto que eu digo que não existe sentido em se iniciar uma criança.
A
feitura do Candomblé, hoje, não é um processo feito para ser fácil ou
agradável. É um processo longo e que exige muito esforço e
sacrifício pessoal. Muita gente ainda transfere para a iniciação o mecanismo de submissão e ressocialização no mundo paralelo do terreiro. Não sou a favor de submeter crianças ao
processo atual.
Vão
criar um novo ou melhorarão o atual para que crianças possam se adaptar, tirando o que é desnecessários? Ótimo, todo mundo vai ganhar.
Não tem sentido a continuidade da forma como muitas coisas são
feitas. A feitura tem que ser um momento para trazer boas lembranças
a vida toda, mas a feitura não é feita para ser um spa.
Você
levaria uma criança para fazer a trilha de Santiago de Compostela?
Pois é, é a mesma coisa.
Minha opinião é que o processo é para adultos que estejam com muita vontade.
Minha opinião é que o processo é para adultos que estejam com muita vontade.
Em
segundo lugar, uma feitura é uma responsabilidade grande com a
religião, crianças não podem assumir essa responsabilidade sem
saber o que querem para sua vida, não se pode fechar portas na vida
da criança, ele tem que ter todas abertas para decidir onde vai.
Não se trata de dizer que a vida religiosa do iniciado seja ruim, mas das obrigações e disciplina que ela traz para a pessoa versus o que a vida sem aquilo representa.
Sem essa de que é tudo igual, claro que a pessoa se inicia porque traz para si uma nova rotina e vivência, no Candomblé são feitas feituras, não é feito esse comércio de iniciações para qualquer coisa que cubanos e nigerianos trouxeram.
A feitura é um processo intrusivo na vida da pessoa.
A minha opinião, ja dita aqui, é que as pessoas tem um tempo para decidir isso. Também digo que o que precisamos na religião é apenas de abians, muitos. Poucos iniciados e muitos abians, como nas demais religiões, uma proporção de seguidores muito mais do que de sacerdotes e iniciados.
Um terreiro não pode ser uma fábrica de feituras.
Não se trata de dizer que a vida religiosa do iniciado seja ruim, mas das obrigações e disciplina que ela traz para a pessoa versus o que a vida sem aquilo representa.
Sem essa de que é tudo igual, claro que a pessoa se inicia porque traz para si uma nova rotina e vivência, no Candomblé são feitas feituras, não é feito esse comércio de iniciações para qualquer coisa que cubanos e nigerianos trouxeram.
A feitura é um processo intrusivo na vida da pessoa.
A minha opinião, ja dita aqui, é que as pessoas tem um tempo para decidir isso. Também digo que o que precisamos na religião é apenas de abians, muitos. Poucos iniciados e muitos abians, como nas demais religiões, uma proporção de seguidores muito mais do que de sacerdotes e iniciados.
Um terreiro não pode ser uma fábrica de feituras.
Por
último deixo claro que não veja nada demais em frequentar
Candomblé, fazer ebó, fazer Bori ou fazer feitura. Tudo isso é
normal. Não vejo nenhum tipo de agressão para ninguém, não vejo
problema na pessoa ficar careca, depois o cabelo cresce.
As
liturgias do Candomblé, quando bem feitas são como qualquer
liturgia de qualquer religião.
Exceto
se existe uma razão muito forte como, por exemplo, saúde, nenhuma
criança precisa ser iniciada. Quando ela se tornar adulta poderá
fazê-lo com calma e maturidade.
As pessoas tem sempre que fazer as coisas por opção e com informação.
Para uma criança ainda falta muito tempo para ela aprender alguma coisa e decidir o que deseja e como deseja viver.
As pessoas tem sempre que fazer as coisas por opção e com informação.
Para uma criança ainda falta muito tempo para ela aprender alguma coisa e decidir o que deseja e como deseja viver.
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