A comemoração do Natal e o Candomblé
Eu gostaria de colocar algumas posições
sobre a questão do Natal e do Candomblé.
A
chegada do Natal traz um certo dilema para os religiosos mais
conscientes. Certamente não traz nenhum problema para aqueles alienados e
inconsequentes.
Mas, uma pessoa que durante todo o ano abre a boca cheia de dentes para se dizer sacerdote de uma religião como Candomblé deveria pensar muito em como se portar nesse período do ano. Afinal não pode existir nada mais rizível e sem cabimento do que pessoas que se chamam de sacerdotes do Candomblé, falando em menino jesus, presépio, louvando o nascimento do messias e salvador, citando a biblia, se dizendo espíritas, etc...
Coisas que cabem muito bem a um católico praticante, a um padre mas não a uma pessoa que representa uma outra religião.
Mas, uma pessoa que durante todo o ano abre a boca cheia de dentes para se dizer sacerdote de uma religião como Candomblé deveria pensar muito em como se portar nesse período do ano. Afinal não pode existir nada mais rizível e sem cabimento do que pessoas que se chamam de sacerdotes do Candomblé, falando em menino jesus, presépio, louvando o nascimento do messias e salvador, citando a biblia, se dizendo espíritas, etc...
Coisas que cabem muito bem a um católico praticante, a um padre mas não a uma pessoa que representa uma outra religião.
E
não me venham com argumentos de ecumenismo, ou que respeita muito
Jesus, ou que seus orixas estão baixo de Deus e Jesus, ou que já foi
batizado naquela religião e por isso tem que respeitar pelo resto da
vida. Isso, é no mínimo, ridículo. Todo sacerdote inteligente respeita
as demais religiões, deve até se informar sobre elas, mas, jamais, por
mais que conheça ou tenha conhecido se manifesta por elas.
A
pessoa que é sacerdote de uma religião tem por dever transmitir e viver
de acordo com a Fé que ela representa. Um sacerdote não é apenas um
simpatizante ou um frequentador. Ele é um pilar da religião. Se ele tem
Fé naquilo que representa ele deve viver a sua vida com os elementos de
sua fé. Isso não significa que as demais religiões sejam ruins,
significa apenas que em algum momento aquela pessoa fez uma opção por
um modo de vida muito especial e por uma forma específica de compreender
a sua existência.
Se
enquadram na categoria de sacerdotes, os babalorixás, as iyalorixás, os
egbon, os ogans e ekeji e todos os iyawos. Essas pessoas se iniciaram
em ritos que as transformou em portadores de axé e dessa maneira
sacerdotes, que de acordo com a estrutura clerical do Candomblé, tem
funções específicas.
Para esses iniciados minha palavra é: dignifiquem a opção religiosa que fizeram. Transmitam a sua religião. Se não conhecem a sua religião então, procurem aprender. Parem de citar a biblia e Jesus. Parem de citar Kardec. Isto é ridículo. Procurem na sua religião a fonte de inspiração para o que querem transmitir. Procurem na sua religião os exemplos que tem que dar.
Dessa
maneira a primeira coisa que eu estou chamando a atenção é que sim,
sacerdotes do Candomblé devem observar um respeito e uma distância de
ritos natalinos católicos. Devem observar o que falam e se manter
distantes dos acontecimentos religiosos. Nada de missas, novenas, e
discursos falando de Jesus, Maria e toda a família. Devem se dar ao
respeito e transmitir esse respeito.
O
comportamento do Candomblecista não deve ser diferente das pessoas de
outras religiões como Judeus, Hinduistas, Budistas, etc... Lembrem-se,
existem muitas religiões no mundo e todos passam pela mesma situação. Eu
não vejo Rabinos falando de Jesus e do nascimento do salvador, mas,
vejo candomblecistas falando isso.
Assim
a primeira coisa é respeito e distância. Se você já foi católico e
montou presépio, esqueça! Isso não te pertence mais. A gente não deve
misturar nossas questões pessoais, origens e preferências com a prática
do sacerdócio que deve servir de exemplo para outras pessoas.
Eu não vejo problema nos Candomblecistas incorporarem o Natal como uma comemoração de integração da família e de fraternidade. Existe na prática muito mais no natal de ser uma comemoração da fraternidade do que do catolicismo. Já é assim no nosso dia a dia.
Para
a religião Yorùbá, a família é o núcleo mais importante. Tudo o que
valoriza a família e exalta as relações familiares e fortalece os seus
lações esta completamente alinhado com a religião Yorùbá. No Candomblé
infelizmente isso é muito esquisito, por isso que eu em muitas coisas
menciona e religião Yorùbá e não o Candomblé.
Religião
é uma coisa para se cultivar em família, com toda a família. O templo
religioso, o espaço religioso e suas cerimônias é uma lugar para ser
frequentado pela família toda, todos juntos. A maior parte da casas
transformou o terreiro em um lugar tão esquisito e tão ruim que muita
gente não tem coragem nem de recomendar nem de levar sua família.
Esta
errado o babalorixá que não respeita seus yawos como mães ou pais de
família. Esta errado o babalorixá que faz com que a família religiosa
seja mais importante que a carnal ou que as obrigações religiosas sejam
mais importantes do que as obrigações, deveres e lazer familiar. A
família é o núcleo mais importante na religião Yorùbá.
O
Natal é assim uma excelente oportunidade para as pessoas de uma
religião que valoriza a família e a descendência comemore e exalte isso.
O Candomblecista deve se integrar ao Natal como a sua celebração da
família e da fraternidade, porque um outro valor muito importante é o da
sociedade. Uma pessoa é parte de uma sociedade e não existe sentido em
uma vida sem que essa pessoa seja útil para sua sociedade.
O
Candomblecista pode dessa maneira se integrar completamente ao período
natalino, como uma oportunidade também sua, não deixando os seus
seguidores perdidos entre a omissão e a adoção de ritos de outra
religião. Deve se posicionar e ter apenas o cuidado de não se integrar
aos católicos com a comemoração religiosa deles, que é apenas uma parte
do Natal. Nada de referências a Jesus, aos Reis magos, etc... Se a
pessoa não sabe o que dizer nesse período, procure primeiro aprender ou
ficar de boca calada.
Festas, presentes, amigos ocultos, jantares familiares são bem vindos. Comemore seus amigos.
Quero
lembrar a todos que Deus é uma palavra de todos, não significa Deus dos
católicos. O Deus católico é Javé, ou Jeová. O dos candomblecistas é
Olódùmarè.
E para os Umbandistas? Fácil o Natal é uma festa também para eles. A Umbanda não é uma religião afro-brasileira, é uma religião brasileira e tem base católica. O Natal é um elemento perfeitamente absorvível por ela e seus sacerdotes podem se posicionar como quiser.
E para os Umbandistas? Fácil o Natal é uma festa também para eles. A Umbanda não é uma religião afro-brasileira, é uma religião brasileira e tem base católica. O Natal é um elemento perfeitamente absorvível por ela e seus sacerdotes podem se posicionar como quiser.
Contudo lembro a todos que o Natal não é uma festa católica em sua essência.
O Natal é e sempre foi uma festa pagã, ou seja, não cristã. Montar
arvore de natal, papai noel em trenó e com saco de presentes nas costas,
não faz parte do catolicismo.
Quem
quiser conhecer a origem do natal basta da uma googada e ver que o
Natal não é uma festa católica é apenas uma festa que os católicos se
apossaram, aqui alguns exemplos:
Ma, não vou falar aqui sobre sua origem e sim sobre o processo de como se apossaram dessa data, porque isso é importante.
A
Igreja católica tomou conta do mundo ocidental, não somente pelo poder
da palavra, competindo com outras correntes religiosas, mas,
principalmente pelo poder da espada e da opressão. Isso não tira o
brilho de sua mensagem ou de sua importância para formar pessoas
melhores, mas, apenas foi um caminho sujo que baniu religiões e obrigou
as pessoas à adotarem. Sempre existiram muitas religiões, várias delas
com mensagens igualmente boas. Mas o catolicismo corrompeu o processo
natural da história e competiu deslealmente. Nem mesmo o Islã fez isso. O
Jihad é uma guerra interior, o Islã quer conquistar o coração das
pessoas e por isso nunca proibiu o culto das demais religiões em lugares
que foram conquistados por povos que eram mulçumanos (mesmo sendo essa
religião oficial do estado).
Mas
existiam tradições que eram muitos fortes no povo e não adiantava a
imposição para acabar com isso. Nesses casos a Igreja usava a estratégia
do sincretismo. Assim nas datas especiais de outras religiões eram
criadas datas e comemorações católicas que se realizavam
concomitantemente com os festejos concorrentes, com o tempo (dezenas e
centenas de anos) e com a imposição em paralelo do catolicismo, as
pessoas acabavam esquecendo da razão original e se fixavam somente na
comemoração católica.
Foi assim com o hallowenn, o dias de ação de graças, o natal, etc...
Essa
é a principal razão pela qual me oponho ao sincretismo. É um processo
destrutivo. Não tem nada de riqueza cultural para a religião que perde. A
cultura do povo pode se enriquecer com o sincretismo através da criação
de novos movimentos e formatos, mas, nunca a religião.
Marcos, vejo três "rituais" distintos no natal e o primeiro deles é o comercial, que se apossou do caráter pagão da árvore, dos presentes, do papai noel, das renas, duendes, etc. O segundo, que guarda um caráter mais religioso, é o presépio católico e a representação mítica do nascimento. Tem muito católico que só monta árvore e os demais adereços comerciais da festa, outros fazem só o presépio e têm aqueles que fazem as duas coisas.
ResponderExcluirO sentido comercial, entendo que se tornou global e não tem problema se o candomblecista o realizar, mas sem misturar uma mensagem católica ao meio.
Lenny,
ResponderExcluirsim. Você tem toda a razão. Montar uma arvore de natal não tem nada de católico.
Fazer uma festa com a família e trocar presentes, não tem nada de católico.
De acordo com a religião Yoruba, a gente veio ao mundo para ser feliz, e isso ai é ser feliz.
Montar presépio, ir na missa do galo ou similar e fazer apologia ao cristo salvador, é coisa para católico.
Acho que muito do que acontece hoje em dia vem dessa onda new age que não conhece nada de nada e apregoa que devemos rezar para jesus, buda, alá, jeová, kryshna, duendes e fadas. O problema disso é que tem muita gente no candomblé que tem essa visão new age, seja por desconhecimento, seja por opção mesmo.
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